domingo, 21 de outubro de 2012

Odin


O Deus Supremo

Odin, chefe dos deuses e senhor do Universo, era filho dos gigantes de gelo Bor e Bestia. Juntamente com os seus irmãos, Ve e Vili, Odin derrotou o gigante Ymir, com o corpo do qual formou o mundo, tendo em seguida criado o homem e a mulher.
Governante dos deuses e homens, Odin era, ao mesmo tempo, deus da sabedoria e da guerra, protector das famílias e “pai dos tempos”, Senhor de muitos disfarces, aparecia geralmente sob a forma de um velho alto e barbudo, cego de um olho, que tinha sacrificado para poder beber do poço da sabedoria. Como senhor dos exércitos empunha habitualmente a lança Gungnir, feita pelos gnomos, também autores de Draupner, o anel do poder que Odin ostenta. Esta figura fantástica, que se alimentava apenas de vinho, cavalga Sleipnir, o extraordinário cavalo de oito patas, comanda os lobos Geri e Freki, fazendo-se acompanhar para todo o lado por dois corvos, Huginn e Munnin (Pensamento e Memória), aos quais ordena que voem pelo mundo, para que ele tudo possa inspeccionar.

Como deus das batalhas, Odin era não só propiciador de vitórias, como anfitrião dos guerreiros tombados em combate, que ele acolhia num vasto recinto dourado, com escudos por tecto e paredes formadas por lanças, designado por Valhalla, o paraíso dos bravos. Mas Odin era também um insaciável pesquisador de conhecimento, na busca do qual não só perdeu um olho, como se sacrificou a si próprio na árvore Yggdrasil, onde se aprisionou durante nove dias e nove noites. Trespassado por uma lança, Odin procurou aí através do sofrimento, atingir o conhecimento oculto, que veio a atingir com a revelação das runas, símbolos alfabéticos do Norte da Europa, usadas em rituais mágicos, para lançar encantamentos ou atribuir poderes sobrenaturais aos objectos em que eram escritas.

Fonte: DomingoMagazine Autor: Manuel Rosado
Por: C@rlos@lmeida

sábado, 20 de outubro de 2012

Fertilidade


“Entre nós, os primeiros filhos estão a nascer quando as mulheres têm mais ou menos 30 anos. Quer dizer, coincidentemente com a fase em que em termos estritamente biológicos, a fertilidade começa a declinar.”

Há muitas maneiras de as pessoas serem férteis: nos afectos que prodigalizam, nas ideias que recriam e desenvolvem, nas atenções que dispensam, nas narrativas que produzem e ajudam outros a crescer, no que constroem e é, em si mesmo, marcante ou sentido por alguém como tal.

A fertilidade de alguns escritores, artistas, ideólogos e também a de desconhecidos nossos, que se desmultiplicam em gestos e atitudes que, consensualmente, cremos produtivos, está ai todos os dias a dizer-nos que ser fértil não acaba nem começa no ter filhos.

Apesar disso, apesar dos múltiplos sentidos que a fertilidade pode ter, acho que irremediavelmente a associação vai direitinha para a capacidade de procriar. Parece mais acessível e de prazer mais imediato ter filhos que fazer obra. Parece que ter filhos é um dado da Natureza, que se deve estimar e cumprir e que, ainda por cima, tem a enorme vantagem de nos fazer iguais aos outros, de testemunhar do nosso estado adulto e do nosso desejo de dádiva e de continuidade.

Acontece que nós, seres humanos, tratamos a Natureza com despudorado laxismo. Não lhe ligamos muito. Escrevemos sobre ela, e a propósito dela, discursos curiosíssimos: uns pouco em alguma sintonia e uns muitos à completa revelia dos caminhos que ela parece indicar. Uns desses tortuosos resultados é aquele que se prefigura hoje na questão da fertilidade humana.

Entre nós, os primeiros filhos estão a nascer quando as mulheres têm mais ou menos 30 anos. Quer dizer, coincidentemente com a frase em que, em termos estritamente biológicos, a fertilidade começa a declinar. Depois de termos decidido que os anos abaixo dos 20 eram impróprios para a conceção, em nome de uma longevidade humana cada vez maior, de uma necessidade de diferenciação escolar e profissional crescente, de uma imaturidade psicológica e social óbvias, fazemos agora o mesmo com os 20, mais ou menos pelos mesmos motivos.

Ficamos assim, com a década dos 30 e uma parte da dos 40 como fase procriativa, em que a vida está arrumada, o conforto a garantir às crianças já é possível e todos os precisos parecem nos conformes.

Aí, acontece cada vez mais frequentemente descobrir-se que a criança que se deseja não vem. Que os tratamentos disponíveis não são milagreiros e também eles são atentos à idade dos progenitores. Mais de 35 anos já merecem um olhar esguelhado. Descobre-se que afinal os homens também não são tão férteis quanto a tradição garantia e que muitas vezes o esforço de ter um filho se torna numa aventura traumática e complexa. Depois vem o espanto, o descrédito:

Como é que ninguém me disse que eu, tão novo para tantas coisas, já sou velho para outras?”

Provavelmente ninguém disse, porque felizmente não é sempre assim, mas lá que a situação começa a ser parecida com um problema, começa. Ainda agora uma mulher de 36 anos, com ar de menina, me dizia que um dia talvez gostasse de ter filhos. Espero que esse dia não seja um qualquer tarde de mais.

 
Autor: Isabel Leal
Professora de Psicologia
Clínica no ISPA
Fotos da net
Por: C@rlos@lmeida

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Sicília

 

Palermo
 
Velha demais de 2500 anos, Palermo foi fundada pelos Fenícios no século VII a. C. com o nome de Ziz, “a flor”. Conquistada, dominada e perdida por vários povos e culturas, a cidade conheceu romanos, árabes, normandos e bizantinos, entre outros. As vicissitudes por que passou culminaram no século XX, com os bombardeamentos que foi sujeita durante a II Guerra Mundial. Também as marcas do tremor de terra de 1968 ainda hoje são visíveis, e alguns bairros, muito destruídos, nunca chegaram a recuperar o esplendor de outros tempos.
 
A cidade conheceu períodos de prosperidade a que se seguiram tempos de decadência. Este ciclo repetiu-se ao longo dos anos e deixou um precioso património arquitetónico e cultural que constitui a mais-valia de Palermo.
 
 
A cidade italiana está em permanente atividade e parece nunca descansar. Quem chega rapidamente coloca de parte o automóvel alugado, pois o trânsito é caótico e os“palermitas”conduzem de forma intimidatória. Assim, o melhor é mesmo escolher um hotel central e visitar a cidade a pé.
 
 
Dividida em bairros cujos nomes remontam às origens da urbe, palermo é uma cidade que tem muitos dos seus monumentos mais importantes concentrados na zona histórica. As duas principais avenidas, Maqueda e Corso Emanuele, cruzam-se na famosa Praça Quattro canti, que se encontra rodeada de palácios datados do século XVII, de fachadas côncavas ricamente trabalhadas. Esta pequena praça é considerada por muitos o local ideal para o começo da visita à velha cidade.
Os mosaicos bizantinos da capela Palatina, no Palácio dos Normandos, e da Igreja La Martorana são de tal forma admiráveis que constituem como que o ex-libris de Palermo. O imponente edifício da catedral remonta ao tempo dos Normandos, mas sofreu sucessivas alterações, que vieram desvirtuar a traça original. Contudo, quem o visita não fica indiferente à sua generosidade.
Os habitantes de palermo gozam de uma reputação duvidosa, inúmeras vezes retratada em filmes que fazem parte da história do cinema. Hoje em dia a cidade é bastante mais segura do que há duas décadas. O ambiente é acolhedor e mesmo nos bairros mais degradados é possível passear com segurança. Os negócios escuros, se os há, fazem-se à margem dos turistas que invadem a zona, sedentos de se embrenharem nas estreitas ruas, repletas de história, e de absorverem o seu mágico perfume oriental.
Texto: Peres Rodrigues
Fonte: Revista Caras



 


Fotos da net
C@rlos@lmeida

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Mango, o excêntrico

Não se trata de querer dar nas vistas. Não se trata de ser vaidoso. O que se passa é que o diferente é sempre atrativo, ainda que, como é o caso, isso se deva a uma aberração da Natureza. Este tubarão-port-jackson, amarelo fluorescente, é extremamente raro e a ciência explica  a sua cor luminosa como uma invulgar forma de albinismo, que impossibilita o tubarão de se camuflar no seu meio ambiente. Este port-jackson, de dois anos, recebeu o nome de mango e vive no Aquarium de Sydney, na Austrália, após ter sido apanhado numa rede de pesca. Uma fatalidade que lhe terá poupado a vida, já que o problema de pigmentação lhe permitiria sobreviver no seu habitat natural. Mango é por isso um excêntrico que todos desejam conhecer.
 
Fonte: Revista Caras

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Chá - O Aliado Oriental


Embora o frio e a chuva lhe assentem bem, o chá é mais do que uma paixão de Inverno. Ideal e receptivo, aconchega-se aos nossos estados de alma sem perder a personalidade.

As mãos treinadas na colheita de chá desenham as formas dos jardins do Assam, no Nordeste da Índia, retirando as folhas do verde absoluto. São mãos de mulheres, quase sem excepção e pesam-lhes todos os séculos do mesmo destino incontestado. Apesar disso, movem-se com destreza e sabedoria, rápidas como um vento outonal – escolhendo aqui, declinando ali – e recortam os arbustos à medida da perfeição que o chá exige, atentas a subtilezas que uma máquina seria incapaz de perceber.

Talvez haja, nesta tarefa artesanal sem princípio nem fim, uma certa semelhança com a caligrafia e a sua técnica contida e rigorosa, mas animada pelo essencial. Se uma carta manuscrita é portadora de identidade, também é certo que não existem dois chás iguais. Serão as folhas colhidas nos jardins do Assam – e em todos os jardins de chá do mundo – letras de um alfabeto que cada um de nós escreverá à sua maneira? Quase podemos assegurar: prepara-me um chá, dir-te-ei quem és… Ou então: prepara-me um chá, dir-me-ás quem sou.

Da Mão para o Bule


O chá foi um dos temas de eleição de António Mega Ferreira para o livro Uma Caligrafia de Prazeres (Texto Editora), um itinerário personalizado por certos lugares, ideias, vozes, aromas, paladares, livros e outras coisas que trazem significado à vida – e, além de significado, também beleza e intensidade. Os desenhos de Fernanda Fragateiro fazem luz sobre as palavras, discretamente.

Apesar de ter crescido «na convicção de que o chá era bebida essencialmente feminina, por contraposição ao café», Mega Ferreira tomou-lhe o gosto na adolescência, em companhia de um pequeno grupo de amigos, adeptos do bridge fora de horas. «O chá, que nunca deixei de frequentar, tornou-se com o tempo, a minha bebida de estimação: uma longa teoria de chás adorna a prateleira da cozinha, respondendo aos meus humores de momento», escreve.

De verão e de Inverno, convoca o chá para a mesa do pequeno-almoço e declara preferência por chás «fortes, escuros, apaladados», embora nem todos se prestem ao consumo matinal. Caso de um chá preto fumado, o Lapsang Souchong chinês, que acompanha com distinção pratos de carne de aves e aperitivos salgados ou condimentados. À tarde será sempre bem acolhido um chá perfumado como o Earl Grey. A resumir uma prática dos chás, haverá que ter em conta um só princípio: «deve-se beber chá quando nos apetece».

Geografias do Chá

 
O Chá é a bebida mais consumida no mundo, depois da água. Chá preto, chá verde, chá branco, chá semi-fermentado, chá fumado… todas as variedades têm origem na mesma planta, a Camélia sinensis. As diferenças procedem, essencialmente, da época de colheita, do método de fabrico, das características do solo e do clima, da qualidade da água e da forma de o preparar. Na China e no Japão, o chá verde é mestre e imperador; no Magrebe, bebe-se com folhas de menta e muito açúcar; os tibetanos juntam-lhe sal e manteiga de iaque; na Grã-Bretanha e na Irlanda, acrescenta-se-lhe quase sempre um pouco de leite…


Razão tem quem disse: «Por estranho que pareça, até agora a humanidade encontrou-se na chávena de chá. É o único cerimonial asiático que merece a estima universal». De Kakuzo Okakura, O Livro do Chá (ed.Cotovia) permanece, desde a publicação no início  do século XX, um legado fundamental da sabedoria do chá. Indissociável do budismo zen e do taoísmo, a cerimónia do chá japonesa faz parte de «uma religião da arte da vida».

Como poderemos nós, os náufragos da cidade, alguma vez entender isto? Como podemos ser salvos por um saquinho de chá desconsolado, a afundar-se na água quente de uma cafeteira inox?
Fonte:Revista NotíciasMagazine
Texto: Carla Maria de Almeida
Ilustrações retiradas de O livro de chá, de J.Duarte Amaral, Ed.Temas e Debates,2001
C@rlos@lmeida

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Tarzan

Da Selva para o Mundo

Tarzan nasceu em África mas tornou-se conhecido nos Estados Unidos, tendo mais tarde conquistado fãs em todo o planeta. Foi, sem dúvida, a maior personagem saída da imaginação de Edgar Rice Burroughs, um Norte-americano oriundo de Chicago que fez de tudo um pouco até criar o jovem “rei da selva”, numa vida tão recheada que dava uma história de aventuras.

Habituado a ler as “pulp magazines” do inicio do séculoXX, Edgar Burroughs cedo decidiu deitar mãos à obra e fazer, ele mesmo, várias novelas. Começou com “Dejah Thoris, Martian Princess”, depois intitulada “A Princess of Mars”, na qual utilizou o pseudónimo Normal Bean. A obra valeu-lhe 400 Dólares, uma fortuna para a altura, e funcionou como estímulo para continuar. Após a rejeição da segunda novela, o escritor não parou e em 1912 produziu o conto “Tarzan of the Apes”, que marcou o aparecimento de Tarzan no meio Literário.

A partir de então, seguiram-se as adaptações ao cinema, a primeira das quais em 1918 (a primeira película sonorizada sob a égide da MGM apareceu apenas em 1932, com o título “Tarzan, o Homem Macaco”), dando ainda mais popularidade ao seu autor.

Edgar Burroughs escreveu um total de 26 livros do Tarzan, foi o correspondente de guerra mais velho a operar no cenário do pacífico – aconteceu devido a ter ido viver para o Hawai – e chegou a ter uma editora livreira. Morreu a 19 de Março de 1950.

Fonte: Revista Domingo Magazine Correio da Manhã
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Jano


O Começo e o fim
Jano, o deus romano de cujo nome deriva o mês de Janeiro (Januarius, em latim), era uma das mais importantes divindades do panteão romano. Diz a lenda que, originário da Tessália, na Grécia, navegou até Itália, onde se estabeleceu na região do Lácio. Sob o seu reinado foram introduzidas as leis, a agricultura e o dinheiro, pelo que Jano surge, desde logo associado à transição da barbárie da civilização. Deus da mudança e do recomeço, entre os seus muitos atributos destaca-se o dom de conhecer o passado e o futuro, sendo por isso, habitualmente representado com duas faces, olhando em sentidos opostos. Tornou-se desta forma, o Deus que presidia às mudanças, do passado para o futuro, de um mundo para o outro, da paz para a guerra, do ano que finda para o ano que inicia.
Era sob a égide de Jano que os romanos iniciavam as sementeiras ou realizavam os casamentos; era a sua protecção que invocavam para os recém-nascidos e a sua bênção que pediam no começo de cada dia e de cada mês, bem como no início do ano, no primeiro dia do mês de Jano.
Deus do Céu e da Terra, simbolizados na sua dupla face, porteiro do Céu e mediador das preces dirigidas aos outros deuses, era pelas portas do templo a ele dedicado que passavam os comandantes das legiões quando marchavam para a guerra. Com eles partia Jano e, por isso, enquanto as hostilidades durassem, as portas do templo, situado no Fórum, ficavam abertas, só voltando a ser fechadas quando a paz regressasse e, com ela, Jano voltasse ao seu santuário.

Autor: Manuel Rosado
Foto da net