sexta-feira, 30 de setembro de 2016

As Orientações Sexuais


Como a orientação homossexual passou a ser considerada como uma legítima possibilidade, a maioria de heterossexuais ficou desorientada.
A maior parte das pessoas é heterossexual, acham que assim está muito bem e, em abono da verdade, nunca se lhes colocou outra hipótese. Em função disso mesmo, consideram, ainda que íntima e secretamente, as pessoas que não são como elas próprias- quer dizer, as que são homossexuais ou as que, ao longo da vida, vão estabelecendo relações sexuais amorosas, umas vezes com homens outras com mulheres - seres curiosos ou aberrantes (dependendo este último considerando de muitos e variados factores que não vêm agora para o caso).

Como há uns tempos para cá a orientação homossexual passou a ser considerada, pelos poderes e pelos saberes que organizam estas coisas, como uma legítima possibilidade – e foi descartada a correlação com doença, vício, deformidade, genes tortos, mau carácter, delinquência e outras suspeições de equivalente conotação negativa - , a tal maioria de pessoas heterossexuais ficou com a curiosa preocupação de, afinal, ser igual a uns tantos (que julgava diferentes) e não saber bem como se resolve esta moderna dissonância cognitiva.

E se fôssemos nós?

É que (estão a ver?) se ser homossexual ou heterossexual é mais ou menos a mesma coisa, então porque é que uns são de uma maneira e outros de outra? Se não é uma escolha, uma decisão, uma compulsão nem uma malformação do desejo mas apenas e tão-só uma casualidade biográfica, entre outras, como é que se faz para controlar o desatino do destino (ou será da estranheza da própria condição humana?).

Mais complicado ainda: se a orientação sexual não é uma construção assim tão estável como isso, o que é que pode acontecer, num futuro mais ou menos próximo ou distante, aos que conhecemos e a nós próprios?

Quem é que garante que o nosso devoto marido não nos troca um dia por um senhor bem-posto, em vez da incontornável secretária com menos vinte anos?
Quem é que nos diz que a nossa filha adolescente, tão feminina, tão preocupada com toilletes, não se vai apaixonar pela sua melhor amiga?

Quem é que nos garante que um dia destes não nos baralhamos e na ressaca de uma separação violenta, daquelas que nos põem cheios de raivas pelos «queridos» do sexo oposto, nos envolvemos, sem dar por isso, com quem não devemos? (Será devemos? Queremos?...)

Como calculam, ninguém garante nada a ninguém. Ainda assim, vale a pena reparar que há orientações e desorientações sexuais, como aliás em tantos outros assuntos.

Desorientações

As orientações, como o próprio nome indica, seguem direitinhas a fila esperada e no caso da sexualidade são convicta e firmemente homossexuais e heterossexuais. 

As desorientações, por seu turno, e como convém à designação, têm momentos e experimentam-se como podem e sabem: muitas vezes mal – independentemente de serem homo ou hetero.

Fonte: Revista Noticia Magazine
Texto: Isabel Leal (Psicóloga)
Foto de : José Fragateiro
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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Paranóia


Entende-se por paranóia o conjunto de perturbações de carácter que pode traduzir-se em orgulho excessivo, na desconfiança em susceptibilidades fora de controlo, na falsidade do julgamento e em interpretações erróneas. Estas disfunções podem provocar reacções agressivas e fazer com que o individuo atinja um estado delirante. Nestes  casos, o doente pode desenvolver um delírio paranóico de interpretação, de perseguição ou de reivindicação. Antigamente designava-se por este termo um delírio crónico de interpretação sistematizada, com conservação aparente da clareza e da lógica do pensamento.
A paranóia crónica pode resultar de lesões cerebrais, do abuso de anfetaminas ou do consumo excessivo de álcool. A esquizofrenia ou a doença maníaco-depressiva são também outra das causas. Pode também manifestar-se em pessoas desconfiadas e sensitivas que parecem emocionalmente frias e se melindram facilmente.
Já a paranóia aguda – uma crise com duração inferior a seis meses – pode surgir em indivíduos com perturbações prévias da personalidade e que sofrem alterações radicais no seu meio ambiente. Nestes indivíduos, se existe uma personalidade vulnerável e predisposta a um factor de intenso stress, o resultado pode ser uma ruptura psicótica mais ou menos transitória.

Fonte: Revista Nova Gente (Dicionário de Saúde)
Foto da net
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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

D. João de Castro

Um Génio raro


Cientista excepcional, militar brilhante, grande administrador: mas o que fez de D. João de Castro um caso raro foi, sobretudo, a sua indiferença perante as riquezas materiais.

Viveu apenas 48 anos de 1500 a 1548, segundo se julga, embora não haja uma certeza absoluta quanto ao ano de nascimento. É , em todo o caso, bem pouco tempo, se comparado com tudo o que este homem fez, sempre ao serviço da coroa, primeiro no Norte de África e depois na Índia, de que foi governador e vice-rei.
Ainda hoje, para todos aqueles que retêm na memória um pouco da história Portuguesa, D. João de Castro é uma figura familiar. Sobretudo por causa do segundo cerco de Diu, que ficou famoso, e após o qual ele quis dar a própria barba como penhor de um empréstimo destinado a reconstruir a fortaleza, que ficara completamente destruída. Mas, justamente porque o episódio não está esquecido, não vamos insistir sobre Diu nem sobre os outros feitos militares de D. João de Castro; focaremos antes, aqueles aspectos, hoje menos conhecidos, da sua vida e da sua personalidade, a começar pelos trabalhos científicos, sobretudo nos domínios da geografia e das ciências náuticas.

TINGIS,LVSITANIS,TANGIARA
(Tânger, a gravura de Braun e Hogenberg de 1572, foi a praça onde o futuro 14.º governador e 4.º vice-rei da Índia se estreou nas armas e onde mereceu a distinção de ser armado cavaleiro.)

Diga-se antes de mais, que este homem recebeu, na infância e na adolescência, uma excelente educação; tal como o infante D. Luís, irmão de D. João III, teve, entre outros mestres, o muito célebre Pedro Nunes. No entanto a ciência, para ele, teria de esperar: como qualquer outro moço fidalgo, frequentador da corte (o pai era governador da Casa do Cível e vedor da fazenda real), a sua primeira actividade foi guerreira e desenrolou-se no norte de África – ele próprio escreveu, aliás, que “em África me nasceram as barbas”. Foi para lá com 18 anos e  só regressou nove anos mais tarde, mas já era então alguém: reconhecendo o seu valor, D. Duarte de Meneses, governador de Tânger, armara-o cavaleiro e recomendara-o por carta a D. João III. Cumpriu depois outras missões navais e militares; e finalmente, em 1538, embarcou para a Índia na armada do vice-rei D. Garcia de Noronha, seu cunhado, que devia ir socorrer Diu, prestes a sofrer o primeiro cerco.

Viagem científica

Segundo se pensa, esta missão de D. João de Castro era mais científica do que militar. Haveria diversas matérias em cujo estudo a coroa portuguesa estava interessada – entre elas, a determinação rigorosa das longitudes e latitudes em alto mar e a qualquer hora do dia, uma questão com incidências políticas e diplomáticas porque estava em causa a delimitação das áreas de influência de Portugal e Castela no Oriente, em cumprimento do tratado de Tordesilhas; e esta era apenas uma parte do “programa” científico dessa primeira viagem para a Índia. 

Três dos desenhos incluidos por D. João de Castro nos seus famosos "roteiros"

(Porto de Dabul)

(Rio e povoação de Chaul)

(Ilustração do roteiro de Goa a Diu)

No seu cumprimento, a actividade de D. João de Castro, a bordo do navio Grigo, foi verdadeiramente espantosa: observou e descreveu fenómenos naturais, aves e peixes; estudou o regime dos ventos e as correntes; descobriu algo da maior importância, ou seja, que as agulhas das bússolas sofrem desvios quando se encontram na proximidade de massas metálicas – o que acontecia facilmente num navio profusamente guarnecido de peças de artilharia. E com tudo isto e muito mais, recolheu os elementos que lhe permitiram elaborar o primeiro dos seus célebres roteiros, itinerários acompanhados de mapas, ilustrações e informações diversas, que ainda hoje impressionam quem os estuda.

Esse roteiro inicial, De Lisboa a Goa (1538), foi imediatamente seguido por outro, De Goa a Diu (1538-1539), o que tem uma clara lógica; depois de a armada do novo vice-rei chegar a Goa, os turcos decidiram levantar o cerco a Diu, mas D. Garcia de Noronha quis, ainda assim, deslocar-se até lá e D. João de Castro acompanhou-o, comandando uma galé; deste modo, teve a oportunidade de prosseguir o seu trabalho cartográfico. Quanto ao terceiro roteiro que chegou até nós (pois terá havido um outro que se perdeu), elaborou-o quando após a morte de D. Garcia, o seu sucessor no governo da Índia, D. Estêvão da Gama – filho de Vasco da Gama, comandou uma expedição a Suez para tentar destruir as naus turcas. Esse objectivo não foi conseguido, porém da viagem, em que D. João de Castro comandou o galeão Coulão Novo, sairia, como ficou dito, mais um roteiro, de Goa a Suez, também conhecido como Roteiro do Mar Roxo (1541).


Todos estes trabalhos não são, evidentemente, best-sellers da literatura light mas, nos meios científicos, deram ao seu autor uma reputação, a nível europeu, de grande cientista – hidrógrafo, cartógrafo, observador e, até, filósofo.

Os amigos

O rei D. João III (em cima, a sua estátua em Coimbra) sempre reconheceu o valor de D. João de Castro. Por isso o nomeou como vice-rei.

(O Infante D. Luís, irmão do rei D. João III, foi um amigo de toda a vida)



Um homem tão Excepcional teve também amigos excepcionais. Mencione-se o infante D. luís, um dos príncipes mais inteligentes que houve em Portugal; e o ilustre Pedro Nunes, não só o seu mestre, mas também um amigo. 

O célebre matemático Pedro Nunes, foi mestre de D. João de castro e, mais tarde seu amigo

Outros amigos eram o Conde de Castanheira, o melhor ministro de D. João III, e D. Rodrigo Pinheiro, que foi arcebispo de Braga. Na Índia, D. João de Castro viria a suscitar a amizade e a ardente admiração de D. Cristóvão da Gama, o jovem filho do navegador, que viria a morrer na Etiópia.

E, no fim da sua vida, travou forte amizade com S. Francisco Xavier; este foi um dos seus confessores que assistiram ao seu pensamento.

(S. Francisco Xavier assistiu aos últimos momentos do vice-rei)


Qualidade rara

Quando D. João de Castro regressou à Índia, que entretanto deixara em Janeiro  de 1542 para voltar a Portugal, talvez não previsse que regressaria em breve aquela terra, dessa vez como governador – nomeação  que terá aceite a contragosto, julga-se que por insistência do infante D. Luís. Era um cargo espinhoso e de muitos trabalhos; ele desempenou-o no entanto com brio e ânimo: Em breve teve de enfrentar nova ameaça da praça de Diu – foi o tão celebrado segundo cerco, em que D. João perdeu o seu segundo filho, D. Fernando: Depois de ter libertado a praça e derrotado decisivamente o inimigo, e depois de ter iniciado as obras de reconstrução da fortaleza – a história das barbas… -, regressou a Goa onde entrou à maneira dos antigos triunfadores romanos, com a maior pompa e circunstância que se possa imaginar. Mas, seguramente, este triunfo à romana era simplesmente ditado por razões políticas; porque também   muito seguramente a nossa história conhece bem poucos chefes militares que fossem tão ascéticos, tão indiferentes à ostentação, tão modestos nos seus hábitos como este homem que pouco comia, ainda menos dormia, que em campanha vivia como qualquer soldado e que se gastava em trabalho – terão sido, aliás, estes excessos de renúncia, esta dureza para consigo próprio, que apressaram o seu fim.
Feitas as contas, os nós governo da Índia durou somente cerca de três anos, porém esse período foi muito rico em acontecimentos – e, vamos lá, em heroísmo. Já no final, veio de Lisboa ordem real que lhe prolongava o mandato, mas agora com a dignidade de vice-rei D. João de Castro gozou esta dignidade durante escasso tempo: morreu a 6 de Junho de 1548, assistido, nos seus últimos momentos, por S. Francisco Xavier.
Sim: apesar de tudo, apesar dos “fumos da Índia”, esse ainda era um tempo de heróis e de santos…

A Renúncia ao Ouro



Esta foi a característica mais extraordinária de um homem que teve inúmeras oportunidades para enriquecer. De regresso do seu serviço de nove anos em Tânger, não pediu ao rei qualquer mercê. Em 1535, quando Carlos V lançou uma ofensiva contra Tunis, com o auxílio Português, D. João de Castro tomou parte da expedição, com o infante D. Luís. No final, o imperador resolveu pagar dois mil ducados a cada capitão, mas ele recusou-se a receber esta quantia. Recusou também, na sua primeira partida para a Índia, a capitania de Ormuz. É verdade que aceitara, antes, a comenda de Salvaterra, mas fê-lo, ao que parece, somente pela honra, já que o proveito – ou seja, o rendimento – era muito reduzido. Tanto quanto se sabe, apenas pediria ao rei uma mercê: algum terreno em Sintra, para “arredondar”, digamos assim, a área da sua quinta da Penha Verde, que era património herdado. 

(A Quinta da Penha Verde em Sintra, era o principal património de D. João de Castro e também o seu refúgio)

Por outro lado, o episódio da barba, dada como penhor, tem uma explicação: na época a barba era um símbolo de honra e de prestígio varonil; ora, ao terminar o cerco de Diu, D. João de Castro não tinha consigo nem fortuna nem valores, porque gastara tudo na defesa e na governação da Índia. 

(A Ermida de Nossa Senhora do Monte, mandada construir na quinta por D. João)

Só tinha a honra para dar como penhor. Enfim, já pouco antes da sua morte, teve de pedir que a administração lhe fixasse um pequeno subsídio para se manter, pois gastara, mais uma vez, todos os seus fundos em navios, armamento, etc.                                                                                              
Fonte: Revista Super Interessante
Por: João Aguiar
Carlos Coelho

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Império do Luxo (Capitulo I)

Diamantes quase eternos


Existe no nosso planeta um território sem fronteiras. É um espaço cujo limite será o infinito povoado por cidadãos, que evoluem noutra dimensão apenas através de gostos exóticos e exclusivos. Chama-se Império do Luxo.


Desde a criação do Homem, que se verificou uma luta pelo direito à diferença. Se politicamente os esforços vão no sentido inverso, socialmente constata-se que o acesso a um estilo de vida mais restrito, a aquisição de bens especiais e a vaidade humana, são realidades indestrutíveis. Diferente entre iguais, é o objectivo próprio da ambição individual de cada ser. A pensar nesta mesma filosofia, nasceram personalidades cuja vida foi dedicada a proporcionar aos outros o acesso àquilo que só muito dinheiro consegue garantir.


Num universo repleto de marcas, de ideias consumistas e de autênticos ícones sociais, iremos descobrir ao longo de 10 capítulos, quem inventou, encontrou, promoveu e fabricou, os mais apelativos produtos de aparato e ostentação, que conhecemos através dos rótulos, com que sonhamos. E se tudo começou com a fricção de duas pedras, que originaram o fogo, a nossa história também se pode iniciar da mesma forma, mas apenas com uma: o diamante!

Erotismo



A imagem feminina como se pode apreciar através de Isabeli Fontana está permanentemente associada a jóias, quase transmitindo a ideia de que tudo quanto é belo será raro… e caro!

São mundialmente conhecidas, marcas que comercializam jóias de excepção: Tiffany’s, Van Cleef & Arpels, Cartier, Boucheron, Fred, Harry Winston e tantos outros joalheiros, cujas criações ofuscam tanto pelo trabalho de lapidação, como pela imaginação que constitui o seu design, sempre diferente e permanentemente capaz de surpreender pela originalidade, qualidade e meticulosidade aplicadas na sua elaboração. Por detrás desta enorme visibilidade, esconde-se uma empresa que explora o famoso minério, desde a África do Sul até á Rússia: De Beers!


Criada e controlada pela família Oppenheimer, esta multinacional com escritórios espalhados pelo Mundo inteiro, tem a sua sede em Juanesburgo, onde o Harry, Frederick, bisneto do fundador, gere este império avaliado em biliões de dólares, que sozinho representa metade das erxportações de toda a África do Sul.(Harry e Nicky Uma sucessão quase dinástica na família Oppenheimer)


(Harry e Nicky Uma sucessão quase dinástica na família Oppenheimer)

Responsável por cerca de 85 por cento da extracção mundial de diamantes, a De Beers pode ser considerada monopolista no mercado do “brilho”. De origem Holandesa, a família Oppenheimer prima pela descrição e por um comportamento quase tímido. Deve salientar-se que nesta esfera, os negócios se tratam com enorme confidencialidade, embora transpirem alguns números. Em 1977 por exemplo, a De Beers pagou á União Soviética o montante de 500 milhões de dólares, pelos direitos exclusivos da comercialização de diamantes retirados do subsolo soviético.
A dinastia Oppenheimer, e a sua megaempresa, mantêm-se com enorme destaque na liderança internacional do mercado de pedras preciosas, criando uma dependência absoluta, aos seus compradores finais, ou seja a joalharia mundial.

Bailes, guerras e comunicação


Talvez o leitor não saiba que os colares, anéis, pulseiras, brincos ou coroas, elaborados com diamantes de diversos tipos e origens, partilham a sua matéria prima com simples cabos eléctricos, que recorrem ao diamante industrial, específico de determinadas minas, para obter melhor qualidade de transmissão.
As guerrilhas africanas, assim como as suas eternas lutas pelo podes, são financiadas, com alguma regularidade, pelo nobre minério, que não é aparentemente tão inocente como aparenta, quando colocado em volta de um pescoço de Hollywood, de uma aristocrata austríaca, ou de um modelo da casa Cartier. Para além do fascínio que reconhecidamente exerce sobre as mulheres, esta simples pedra, responsável por tantos conflitos, pode também salvar vidas.
Também no cinema os diamantes ornamentaram os mais ilustres corpos, dando o mote a numerosos filmes como A Pantera Cor-de-Rosa Volta a Atacar, Pequeno-Almoço no Tiffany’s, Os Diamantes são Eternos – 007 e tantos outros.
Sempre que as palavras luxo e riqueza são mencionadas, a joalharia está presente. Mesmo nas grandes convulsões internacionais, nas crises económicas, ou nas crashes bolsistas, os diamantes são a melhor forma de transportar dinheiro. O pequeno volume que ocupam e, o interesse que criam à sua volta, permitem ao seu detentor a rápida realização de liquidez. Antuérpia é historicamente a plataforma giratória para transacções rápidas, mas Nova Iorque também tem um estatuto de relevo. As grandes marcas de joalharia que já citámos, e eventos ao estilo dos Oscars de Hollywood, do festival de Cannes ou dos Bailes do Mónaco, são apenas o lado mediático de um negócio multimilionário, insensível a tendências de moda ou á ditadura feroz dos estilistas. Eles são intemporais. Como cantava Shirley Bassey, Diamonds are Forever… (Os Diamantes são eternos) ou será que a saudosa Marylin Monroe detinha a verdade ao interpretar Diamonds are a Girl’s Best Friend? (Os Diamantes São os Melhores Amigos da Mulher?).

Portugal na Rota


No Século XVI, os portugueses descobrem o caminho marítimo para a Índia. Na altura eram os judeus que controlavam o mercado mundial de diamantes, cujas extracções se concentrava justamente em território indiano. A comunidade judaica estabelecida em Portugal, e na época constituída por judeus não europeus, rapidamente fez acordos com os oficiais da armada portuguesa, para que os mesmos negociassem as valiosas pedras, directamente em Goa, transportando-as depois para Lisboa a bordo das caravelas lusas, transformando-a na entrada europeia para este mercado.

Burton – Taylor


Em 1966 foi extraída de uma mina sul-africana, uma gema fabulosa com cerca de 244 carates. Adquirida pela casa Harry Winston, a pedra foi talhada e polida em forma de pêra e posteriormente vendida a Vera Krupp, mulher do rei do aço, Alfred Krupp, agora com “apenas “ 66 carates, ficando conhecido por Krupp Diamond. Três anos depois a sua proprietária levou a leilão, sendo a Cartier, quem venceu a licitação. No dia seguinte, o actor Richard Burton, comprou-a ao conhecido joalheiro, por montante não revelado, e ofereceu-o à sua mulher Elizabeth Taylor, passando então a ser conhecido por Diamante Burton – Taylor.
Dez anos após esta oferta, Elizabeth leva novamente a jóia a leilão, obtendo três milhões de dólares, por parte de um comprador saudita. A verba foi oferecida pela actriz a um fundo de solidariedade, para a construção de um hospital no Botswana, curiosamente um país com enormes jazidas deste minério, mas escandalosamente pobre! Nos nossos dias, o valor seria substancialmente superior, mas regista-se o acto de nobreza da famosa actriz.

Fonte: Revista Nova Gente
Texto: Miguel Soares
Foto da net
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domingo, 25 de setembro de 2016

Álvares Sagrado


O processo de canonização de Nuno Álvares Pereira “está no bom caminho”, garantiu o cardeal Português José Saraiva Martins, prefeito da Causa dos Santos no Vaticano.
O Santo Condestável seria assim o 11º Santo português. Conhecido também como o Beato Nuno de Santa Maria, cujo dia que lhe é dedicado celebra-se a 6 de Novembro, Nuno Álvares Pereira nasceu em 1360 e faleceu em 1431. Desempenhou um papel fundamental na crise de 1383 -1385, que culminou com a chegada ao trono de Portugal de D. João I .

Fonte: Revista Focus

Foto da net
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sábado, 24 de setembro de 2016

Bróculos


Propriedades curativas e protectoras
São ricos em fibra, betacaroteno (provitamina A), vitaminas C e K, minerais antioxidantes (zinco e selénio). Também contêm substâncias que ajudam a aumentar as defesas e, aumentar a acção das enzimas responsáveis pela desintoxicação, fortalecem as defesas do organismo. Possuem um composto (sulfurafano) de grande interesse na prevenção do cancro. Para tirar o maior partido deste alimento, o melhor é refogá-lo ou cozinhá-lo a vapor. Recomenda-se uma porção por dia, mas as virtudes deste vegetal não ficam por aqui, ora veja…
É uma excelente fonte de fibra e de baixo valor calórico;
Melhora a pele e as mucosas, por ser rico em vitamina A;
É rico em cálcio, fulcral para prevenir a osteoporose, e em vitamina C.

Fonte: Revista Maria
Foto da net
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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Búzios

Conchas mitológicas


O Búzio é um molusco que possui uma concha em forma espiral. É o próprio animal que a constrói ao longo da sua vida, através da segregação de minerais que ficam depositados junto á abertura da concha, local onde vive a maior parte do tempo. Diz a cultura popular que é possível ouvir o som do mar, se encostarmos o nosso ouvido à “boca” do búzio. Independentemente da veracidade da história muitos atribuem uma conotação simbólica a estas conchas, talvez pela sua beleza ou pelo eco que produzem.
Os maiores exemplos desta simbologia são os jogos de búzios, uma prática da cultura Yoruba, muito comum em África e no interior brasileiro. Estes rituais permitem aos sacerdotes e médiuns das comunidades contactar com os Orixas, as divindades mitológicas desta cultura. O jogo mais conhecido é o Merindilogun, que consiste em lançar 16 búzios e analisar as combinações de resultados, ou seja se a concha cai com a abertura para cima ou para baixo. São 256 as combinações possíveis e existem várias formas de arremessos. 


São as proporções de abertos e fechados que vão definir o Odu, que nestas culturas simboliza o caminho de vida que cada pessoa tem. Existem muitas variações deste jogo. Umas envolvem cânticos invocatórios noutras fazem-se perguntas directamente aos Orixas, outras ainda exigem um conjunto mais elaborado de acessórios. Todos estes rituais têm origem turca muitíssimo remota e são para nós – europeus – realidades muito distantes, a que muitas vezes associamos a ideia de crendice.


No que diz respeito aos portugueses, continuamos a preferir coleccionar as conchas e admirar a sua beleza ou a imitar outras culturas e fazer alguns ornamentos típicos de verão, como brincos e fios para o pescoço. Os mais práticos e defensores da nossa tradição preferem-nos bem grelhados com molho de manteiga. No entanto, há também quem continue a procurar nos búzios o fundo do mar.

Fonte: Jornal DN
Texto: João Silva
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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Bordalo Pinheiro

A cerâmica exótica de Bordalo Pinheiro

'Gato Bizantino' é o título da peça; na realidade, é um escarrador na forma de gato oriental, com decoração a amarelo no corpo castanho com arabescos em relevo e um ratinho na forma de pega da tampa. 



'Bola com Nêsperas' foi também feita na transição para o século XX, tem decoração em alto relevo com dois ramos de nespereira com frutos, desencontrados, sobre o bojo.  


’Lagartixa’ é o titulo obvio de uma jarra cilíndrica de boca larga e base redonda. 


Fantasia é uma exuberância de base esférica com gargalo alto e asa dupla ornamentada de ramos, rosetas e máscaras em relevo, que tal como as outras peças mencionadas foi feita por Rafael Bordalo Pinheiro. 


Estão expostas, entre dezenas de outras peças deste artista português, na colecção do Museu de Cerâmica, nas Caldas da Rainha, criado oficialmente em 1983. O Museu encontra-se instalado na Quinta Visconde de Sacavém, conjunto arquitectónico construído na década de 1890 pelo segundo Visconde de Sacavém, José Joaquim Pinto da Silva, e é formado por um palacete  romântico revivalista, rodeado de jardins de traçado romântico. O conjunto apresenta profusa decoração com elementos arquitectónicos cerâmicos, nomeadamente azulejos do século XVI ao XX.
As colecções são constituídas por uma síntese representativa de vários centros cerâmicos do país e do estrangeiro, bem como uma mostra da produção cerâmica de Caldas da Rainha, do século XVI, destacando-se é claro um importante núcleo da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro. Atenção ainda para os núcleos de olaria, miniatura, cerâmica contemporânea de autor e azulejaria.

Fonte: Revista Domingo
Texto: Clara Bradala

Foto da net
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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa é um dos maiores poetas portugueses e o mais original de todos porque não foi só um poeta, foi muitos. Criou várias personagens – os heterónimos – a quem deu um nome, uma biografia, uma personalidade, e que, sendo ele, eram outros, escrevendo outras poesias, outras histórias, outros ensaios, diferentes dos seus.


Fernando António Nogueira Pessoa faria ontem 121 anos. Nasceu a  13 de Junho em 1888, em Lisboa. Aos cinco anos o pai morreu e quando a mãe voltou a casar, com o cônsul de Portugal em Durban (na África do Sul), a família mudou-se para aquela cidade, onde pessoa viveu dos 8 aos 17 anos, fazendo a maioria dos seus estudos em inglês, língua em que foram escritos os seus primeiros poemas. Desde cedo, revelou-se um jovem reservado, vivia num mundo só dele, mas esse era um mundo cheio de imaginação. Aos 17 anos voltou para Lisboa e nunca mais de lá saiu. Entrou no Curso Superior de Letras, mas logo o abandonou, sem acabar o primeiro ano. Preferia estudar sozinho na Biblioteca Nacional.
Entre 1910 e 1935, data da sua morte, não parou de escrever: sobretudo poesia, mas também prosa, ensaio, crítica literária. Milhares e milhares de folhas manuscritas e dactilografadas. Pouco foi editado enquanto foi vivo, mas muitos escritos seus foram publicados em revistas com as quais colaborava. A sua profissão era tradutor ou «correspondente estrangeiro em casas comerciais», como diria uma nota autobiográfica, acrescentando que «ser poeta e escritor não constitui profissão, mas vocação». E foi a esta vocação que dedicou toda a sua vida, que se confunde com a sua obra.


Nunca se casou, a única namorada que se lhe conheceu foi Ofélia, a quem escrevia muitas cartas de amor, e viveu grande parte da vida adulta com a família numa casa em Campo de Ourique, que é hoje a Casa Fernando Pessoa. Interessava-se por astrologia e até fazia horóscopos e cartas astrais, era frequentador de cafés e participava em várias tertúlias literárias – grupos de artistas e escritores que se juntavam para trocar ideias -, mas mantinha-se um homem discreto e talvez por isso o seu génio só foi completamente conhecido e reconhecido depois da sua morte. Segundo Richard Zenith, que escreveu uma pequena biografia de Pessoa, o poeta escreveu sob dezenas de nomes, uma prática que começou na infância, tendo chamado heterónimos aos mais importantes destes «outros eu», dotando-os de biografias, características físicas, personalidades e actividades literárias próprias. Algumas das suas maiores obras em português foram atribuídas aos três principais heterónimos poéticos – Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos – e ao «semi-heterónimo» Bernardo Soares.
Fernando Pessoa morreu em Lisboa, com apenas 47 anos, mas inscreveu o seu nome no grupo dos imortais da literatura portuguesa.
«O primeiro poema de Fernando pessoa foi escrito com sete anos. Tinha como título À minha querida mamã e dizia assim: «Ó terras de Portugal/ Ó terras onde eu nasci/ por muito que goste delas/ Inda gosto mais de ti.»

Fonte: Revista Terra do Nunca
Foto da net

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terça-feira, 20 de setembro de 2016

Quem é mais verde?

De acordo com um estudo do Instituto Superior de Agronomia, as melhores vegetações em Portugal para reter CO2 são…


Os eucaliptos


Os montados de sobro


Os terrenos de pastagens

Considerado por muitos como uma praga para a biodiversidade nacional, o eucalipto conseguiu os melhores resultados, segundo a investigação, coordenada pelo professor universitário João Santos Pereira, cada hectare de eucaliptal retém entre 4,7 e 7,4 toneladas de CO2 por ano, contra 0,4 a 1,8 do montado.

Fonte: Revista Visão
Foto da net

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© Carlos Coelho 

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Felicidade e História

Será mesmo verdade que os felizes não têm história? E será que queremos mesmo essa ausência de história em troca da alegada felicidade? Ou é da história que conseguimos ter que retiramos a nossa felicidade? No fundo, história e felicidade, acontecimentos e emoções, são a fita métrica da nossa vida.


1 – É ponto assente que os povos felizes não têm história. Ainda assim suspeita-se da afirmação, ou pela descrença num qualquer estado de beatitude relativamente permanente a que se possa chamar de felicidade, ou pela circunstãncia de não se lobrigrar onde estejam os tais povos sem história.
Por demasiadas razões, provavelmente mais das pessoas que dos povos e mais individuais que colectivas, parece que a capacidade e o desejo de provocar acontecimentos, embarcar em ideias que têm consequências, viver emoções e significar os dias e a vida, chega e sobra para entrar numa especial corrente do tempo a que depois se chama história.

2 – Mas a ideia da afirmação percebe-se: são os não acontecimentos, a ausência de rupturas bruscas, a continuidade sem sobressaltos, o fluir dos dias de forma esperada e previsível que, ao não permitirem pontuações especiais e comemorações especiais, anulam um qualquer carácter histórico.
Por qualquer razão, algumas pessoas dispõem-se a adaptar à sua dimensão esta frase bonita e a fazerem de conta que não têm história, que tudo o que sentiram e viveram era exactamente o esperado e adequado e que por isso, pelo facto de não terem história são, têm de ser, felizes ou pelo menos contentinhas.

3 – Por qualquer razão, há como que uma espécie de vergonha em assumir para si mesmo que «tendo tudo para ser feliz» afinal não se consegue chegar lá. Que há pequenos acontecimentos de outros tempos, pequenas sensações do passado, minúsculos dizeres de pessoas que já desapareceram ou perderam importância , que regressam ciclicamente à mente, aos sonhos e influenciam o dia-a-dia, como se tivessem importância.
Mas queira-se ou não, o que aconteceu e o que se sentiu é, à escala individual, a forma de mensuração do mundo. Mais acontecimentos, maior espectacularidade, não se traduzem em maior sensibilidade ou emoção. Cada um tem a história que tem e, porque é a sua, é necessariamente a de referência e a mais importante.
Seguro mesmo é que as pessoas felizes também têm história. E sabem que a têm.

Fonte: Revista Notícias Magazine
Foto: Marta Torrão
Texto: Isabel Leal (Psicóloga)

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sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Como nasceu o queijo?

Sabes a lenda da descoberta do queijo?

Queijo, Tacuinum Sanitatis Casanatensis (século XIV)

O queijo existe há pelo menos seis mil anos e a sua origem ainda é uma incógnita! Há uma famosa lenda que conta que o primeiro queijo foi feito acidentalmente, como quase todas as boas invenções!

Diz a história um mercador árabe ao sair para cavalgar por uma região montanhosa, debaixo de sol escaldante, levou uma bolsa cheia de leite de cabra para matar a sede. Após um dia inteiro a galope, o árabe, mortinho de sede, pegou no seu cantil e deparou-se com uma grande surpresa o leite havia-se separado em duas partes!
Um líquido fino e esbranquiçado – o soro, e uma parte sólida – o queijo. A transformação deu-se devido ao calor do sol, ao galope do cavalo e ao material do cantil, uma bolsa feita de estomago de carneiro, qua ainda continha o coalho, substância que coagula o leite. O processo de fabricação do queijo até hoje segue esse mesmo princípio.


É feito através da coagulação do leite pela acção duma enzima extraída de um das partes do estomago dos bovinos. Sim, leste bem, uma das partes. Sabias que os estômagos dos bois e das vacas têm quatro partes? Na verdade as primeiras três são uma espécie de pré estomago mas… imagina só o tempo que estes animaizinhos demoram a fazer a digestão?!
Queijo, Tacuinum Sanitatis Casanatensis (século XIV)

Fonte: Revista DN
Foto da net
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