quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

E se um meteorito nos cair em cima?

É mais provável do que se pensava. Muitos explodem na atmosfera e outros caem no mar. A ameaça hoje chama-se Apophis e pode embater na Terra em 2036.


“ De repente o céu dividiu-se em dois e o fogo apareceu sobre a floresta. Todo o lado norte ficou coberto de fogo. Nesse momento fiquei tão quente que não o consegui suportar, como se a minha camisola estivesse a arder. Queria tirá-la, mas de repente o céu fechou-se, houve um grande trovão e fui projectado alguns metros. Depois disso ouvi um barulho como se rochas estivessem a cair ou canhões a disparar e a terra tremeu. Quando o céu abriu, um vento quente corria entre as casas. Mais tarde vimos que muitas janelas estavam partidas.”


O relato é de S. Semenov, um russo que há exactamente um século vivia em Vanavara, na zona central da Sibéria. O homem provavelmente morreu sem saber o que viu ás 7h17 daquela manhã de 30 de Junho de 1908, quando se preparava para tomar o pequeno-almoço. Não foi o único a partir na ignorância. Foram precisos muitos anos para se saber exactamente o que em poucos minutos destruiu 2150 km2 de floresta (mais de 80 milhões de árvores); provocou um movimento sísmico equivalente a um terramoto de grau 5 na escala de Richter; fez os barómetros em Inglaterra registar uma onda de choque atmosférica que deu volta ao globo; causou a formação de nuvens a grande altitude que reflectiam a luz solar e permitiam ler os títulos dos jornais à meia-noite em alguns locais da Europa e da Ásia; e provocou uma explosão de cerca de 15 megatoneladas de TNT (mil vezes a potência de Little Boy, a bomba largada em Hiroxima, em 1945).


As duvidas sobre o que aconteceu permaneceram durante anos. A revolução bolchevique, a Primeira Guerra Mundial e o isolamento da região adiaram as expedições ao local, que só foi visitado em 1921 pelo cientista russo Leonid Kulik. Desde logo concluiu que o desastre de Tunguska (assim baptizado por ter ocorrido sobre o rio com o mesmo nome) tinha sido provocado por um meteorito. Mias tarde Kulik conseguiu convencer o governo a financiar nova expedição, que chegou em 1927. Para sua surpresa não encontrou nenhuma cratera que indicasse o ponto de impacto. 


As árvores destruídas continuavam a marcar a rota do meteoro e na zona de explosão ainda havia algumas de pé, com pequenos ramos. A ausência de uma cratera motivou, durante décadas, diversos rumores sobre o sucedido, inclusive a queda de um OVNI – Tunguska tornou-se um local de culto para aqueles que procuram vida extraterrestre e o desastre foi várias vezes mencionado na série Ficheiros Secretos como um dos grandes mistérios da humanidade.
Hoje, a opinião unânime entre os cientistas é que o meteorito ou asteróide, depois de entrar na atmosfera, acabou por não resistir à pressão e explodiu a cerca de oito quilómetros de altitude. Até há alguns anos, julgava-se que pra provocar uma destruição semelhante, o corpo celeste teria de ter entre 50 e 80 metros de diâmetro. No entanto, um estudo recente do Sandia National Liboratory, no Novo México, publicado no Internacional Journal of Impact Engineering, indica que o asteróide poderia ter apenas 30 a 50 metros. Através de uma simulação num supercomputador, a equipa liderada pelo cientista Mark Boslough concluiu que o meteoro entrou na atmosfera a 15km por segundo, num ângulo de 35º sobre o horizonte. A onda de choque terá embatido no solo a 180km por hora e provocado vários equivalentes a um furacão de categoria 3.
Além de detalhar o que sucedeu há 100 anos na Sibéria, o trabalho de Boslough permite outra conclusão: os meteoritos mais pequenos também são perigosos. “ Os pequenos asteróides são muito mais do que os grandes e explodem antes de chegar ao solo. Só os que têm mais de 100 metros é que fazem crateras”, explica o cientista.


Devido ao movimento de rotação da terra, se o asteróide de Tunguska tivesse caído quatro horas mais tarde, a cidade imperial de S. Petersburgo teria sido arrasada. Já no que toca Lisboa, Mark Boslough não tem dúvidas: “ Um asteróide muito pequeno, com 40 metros de diâmetro, podia destrui-la.” Ainda assim, o cientista diz que é mais provável a capital portuguesa ser atingida por um terramoto do que por um meteoro. “ A maioria explode demasiado alto na atmosfera para ser uma ameaça. A probabilidade de alguém ser morto por um asteróide é de uma num milhão”, diz.
No entanto, as hipóteses têm vindo a aumentar com a descoberta de novos corpos celestes. Tem sido assim ao longo das últimas décadas. Em 1980 havia apenas 86 asteróides conhecidos a uma distância próxima da Terra. Dez anos mais tarde o número tinha subido para 170. No ínicio do ano 2000 eram 921. Hoje, de acordo com os números da NASA, são para cima de 5576 e novos corpos são descobertos todos os meses.
Mais importante: na viragem do milénio eram conhecidos 300 objectos que ultrapassavam um quilómetro de diâmetro. Actualmente, esse registo já vai nos 747. A preocupação poderá aumentar com as observações dos cientistas a estenderem-se para lá daquela que é conhecida como a Cintura dos Asteróides, entre Marte e Júpiter. Em 1992, os astrónomos da Universidade do Havai e do Massachusetts Institute of Technology, David Jewitt e Jane Luu, localizaram uma gigantesca região de asteróides que começa em Neptuno. Baptizada de cintura de Kuiper, contém pelo menos mil objectos suficientemente grandes para serem vistos da Terra. Ou seja, têm mais de 100 km de diâmetro. São os chamados “assassinos de planetas”.
A probabilidade de um meteorito destruir uma cidade também é baixa devido à composição da Terra. Com 70% do planeta coberto de água, é mais comum um  objecto vindo do espaço cair nos oceanos do que num dos cinco continentes. Assim se explica a existência de poucas crateras provocadas por meteoritos e foi essa lógica que levou a geofísica Dallas Abbott, da Universidade de Columbia, a passar a última década no fundo do mar à procura de crateras que não tivessem sido provocadas por vulcões. “Esperava encontrar entre 10 e 100 crateras com menos de 180 milhões de anos e talvez uma com menos de 1 milhão de anos com 20 km de diâmetro ou mais largas”. Foi por isso que ficou “surpreendida” por ter encontrado 14 marcas de quedas de jovens asteróides de grandes dimensões, num período curto em termos geológicos.


Uma das descobertas “mais excitantes” para a cientista foi a da cratera no golfo de Carpentária, a norte da Austrália. Abbot acredita que um objecto com 300 metros de diâmetro atingiu o golfo no ano 536. Um objecto desse tamanho podia libertar tanta energia como mil bombas nucleares. “ Esperamos relacionar as nossas descobertas a factos da História da humanidade, mas ainda estamos a trabalhar nisso”, diz. Alguns relactos da época, incluindo do historiador bizantino Procópio, dão contas de céus nublados, fracas colheitas e Verões frios entre 536 e 537. Mas, como o asteróide caiu no mar, os efeitos passaram rapidamente.


Muito mais preocupante foi o que Abbot descobriu ao largo da costa de Madagáscar, no Oceano Índico. No fundo do mar, a cientista encontrou indícios da queda de um objecto espacial com três a cinco quilómetros de diâmetro há cerca de 4800 anos. O seu impacto terá provocado um tsunami com 180 metros de atura (várias vezes superior ao de 2004) que atingiu o Oceano Pacífico. Se tivesse caído em terra, o seu impacto teria levantado uma gigantesca nuvem de pó e grande parte do continente africano teria entrado numa idade do gelo.
Alguns cientistas afirmam que ocorreu um processo semelhante a esse na América do Norte há 13 mil anos e que levou à extinção dos mamutes, tigres-dentes-de-sabre e outros animais selvagens. Em 2005, uma equipa liderada por Richard Firestone, do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, na Califórnia, chegou à conclusão de que “um cometa de 10km, que talvez se tenha composto a partir dos restos de uma explosão de uma supernova, pode ter atingido a América do Norte há 13 mil anos”. Para defender esta tese, a equipa de Firestone realizou análises do solo por toda a América do Norte e, na maioria delas, encontrou irídio, um elemento raro na Terra mas comum no espaço. A explosão deste corpo celeste sobre o Canadá (não existe cratera) terá alterado o clima de uma forma tão radical que começou ai um período de arrefecimento global.


Neste momento, a NASA tem sob observação 210 corpos celestes com possibilidade de embater na Terra num futuro próximo (http://neo.jpl.nasa.gov/risk/) , apesar de essa probabilidade ser reduzida. Aquele que mais tem chamado a atenção dos cientistas é o 99942 Apophis, descoberto a 19 de Junho de 2004, que tem uma hipótese em 45 mil de colidir com a Terra em 2036. Com apenas 300 metros, o seu impacto teria uma força semelhante à de 60 mil bombas de Hiroxima.
Os astrónomos têm-se preocupado em estabelecer as rotas precisas dos asteróides para conseguir prever algum possível impacto. “Na última década  descobrimos a órbita da grande maioria de asteróides conhecidos e sabemos que não vão atingir a Terra (ou pelo menos é improvável que tal aconteça)”, explica Mark Boslough. “ Deviriamos enviar um emissor para o Apophis rapidamente para garantirmos que a Terra não estará na sua rota. Quanto mais depressa for feito, mais tempo teríamos para descobrir o que fazer se houver uma trajectória de impacto.”
Quem esta de acordo com Boslough é Rusty Schweickart, antigo astronauta e actual director da Fundação B612. Criada a 7 de Outubro de 2002, esta instituição (baptizada com o nome de asteróide de O Principezinho, de Antoine Saint-Exupéry) tem por objectivo conseguir “alterar significativamente a órbita de um asteróide de uma forma controlada até 2025.” Nesse sentido, a fundação elaborou uma simulação por computador  com um corredor de risco definido, onde o Apophis poderia embater. Dessa rota fazem parte a Rússia, Califórnia, México, Nicarágua, Costa Rica, Colômbia e Venezuela. Depois cairia no Atlântico. Além dos milhões de mortos, a queda do Apophis provavelmente daria origem a um violento tsunami.


Para já há  poucas formas de interceptar um objecto espacial. Com algum tempo de aviso, Mark Boslough diz que seria possível recorrer a tractores gravitacionais – algo que atraísse os asteróides para longe da gravidade terrestre.
No imediato, teria de se recorrer a uma “intercepção nuclear”. No entanto, o processo não é tão simples como parece em filmes como Armageddon, no qual uma equipa de astronautas vai colocar uma bomba nuclear no objecto espacial. A par da impossibilidade de o fazer, um tratado internacional em vigor desde 1963 proíbe o uso de armas nucleares no espaço. Segundo o cientista, esta seria a parte de mais fácil resolução do problema: ”Acredito que haveria um acordo se a alternativa fosse a aniquilação do planeta.”
http://neo.jpl.nasa.gov/stars/

Quedas assinaladas por descobertas recentes

A maioria dos meteoritos não chega a embater no solo. Muitos explodem no ar. Os que atingem o planeta têm grandes hipóteses de cair no Oceano.


- Tunguska – A ausência de uma cratera intrigou os cientistas durante anos. Hoje acredita-se que o meteoro explodiu a cerca de oito quilómetros de altitude, no centro da Sibéria, em 1908. Destruiu 2150km2.

- Golfo de Carpentária – A cratera de um meteorito com 300 metros foi localizado a norte da Austrália por Dallas Abbott. Terá caído no ano 536. Relatos da época dão conta de céus nublados, fracas colheitas e Verões frios.


- Madagáscar - Ao largo deste país africano, Dallas Ababott encontrou indícios da queda de um objecto espacial com três a cinco quilómetros há cerca de 4800 anos. Terá provocado um tsunami com 180 metros de altura.


- América do Norte – Em 2005, uma equipa liderada por Richard Firestone apresentou provas da queda de um meteorito no Canadá há 13 mil anos que matou animais como mamutes e tigres-dente-de-sabre e originou uma idade do gelo.


Fonte: Revista Sábado
Texto: Nuno Tiago Pinto
Fotos da Net
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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Use e abuse da Gelatina

Fortalece os ossos e os tecidos


Esta sobremesa, tão adorada pelos mais pequenos, contém muitas proteínas que fornecem aminoácidos essenciais para a boa saúde do organismo.

Rica em Colagénio
A partir dos 25 anos, o organismo começa a reduzir a concentração de colagénio. Sem este, o tónus muscular sofre uma diminuição, fazendo com que os ossos, pele, unhas e cabelos se tornem nemos resistentes e percam elasticidade e brilho. A gelatina é uma aliada! Coma-a.

Isenta de gorduras
O colagénio reforça os tendões e os ligamentos que unem os músculos aos ossos. A gelatina ajuda na nutrição destes tecidos, mantendo a hidratação e a integridade das articulações, desempenhando um papel importante na prevenção e no tratamento de dores articulares, artroses e osteoporose. É isenta de gorduras.

Como consumir?
Pode ser adquirida em folhas, pó com sabor, ao natural ou em cápsulas; mas há diferença entre a gelatina que compramos no supermercado e a vendida em casas de produtos naturais.
A gelatina que compramos nas grandes superfícies contém colagénio em menor quantidade e muito açúcar.

Fonte: Revista Maria
Texto/Autor: Dr. Custódio César (nutricionista)
Fotos da net
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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Selam, a menina australopiteca


Depois de milhares de horas de escavações durante cinco anos, uma equipa de antropólogos desenterrou, finalmente, o esqueleto de uma menina de 3 anos que viveu há 3,3 milhões de anos – e que surge assim perante os nossos olhos como a criança mais antiga até hoje conhecida.
Foi encontrada na região de Dikika, no Nordeste da Etiópia, onde terá morrido devido a uma inundação, e ali ficou, coberta por areias e rochas, adormecida no tempo.
Neste regresso à luz do dia, a criança foi rebaptizada pelos antropólogos de Selam – que significa ‘paz’ em armárico, a língua etíope -, embora a revista Nature, que anunciou a descoberta, tenha falado dela como «a filha de Lucy», por esta ser tida pelo nosso antepassado mais antigo até há pouco conhecido e por pertencer à mesma fase histórica, a dos Australopithecus afarensis.
Mas Selam terá vivido 150 mil anos antes de Lucy e o seu estado de conservação é bem melhor: tinha o crânio, a face e o tronco praticamente intactos, além de partes dos membros superiores e inferiores.
Os investigadores acreditam que podem, através dela, desvendar muito mais sobre o modo de vida dos seres que são considerados os nossos mais remotos antepassados.

Fonte: Revista Visão
Texto/Autor: Desconhecido
Foto da Net
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domingo, 18 de dezembro de 2016

A Necrópole de Alcácer do Sal


Perto de Alcácer do Sal, a pouco mais de mil metros para o ocidente, existe uma vasta necrópole, cuja exploração tem prendido, de há meio século a esta parte, as atenções de distintos arqueólogos, como por exemplo, o sr. dr. Vergílio Correia que dedicou uma larga actividade ao estudo da interessante região.
Todo o espólio da necrópole de Alcácer do Sal, é composto por coisas romanas e coisas anteriores ao domínio Romano em Portugal. Daqui se pode facilmente concluir que a necrópole foi utilizada durante um largo período.


Dos inúmeros objectos que lá foram encontrados e cujo estudo pode prestar óptimos esclarecimentos ao investigador de diversos povos habitantes desta zona, reproduzimos uma interessante falcata, uma adaga de antenas e a empunhadura de um escudo.

Falcata é uma espada de folha curta e recurva que se encontra com frequência na península, principalmente ao sul, e que já no século V era usada pelos guerreiros gregos.


Não é fácil determinar como entrou o seu uso na Iberia, no entanto, introduzida por via guerreira ou comercial, o que é certo é que este instrumento se encontra em quantidade por toda a região da Meseta.


A mais rica Falcata que se conhece, é de Almedinilla, e constitui uma bela peça, de maravilhosa execução, encantadoramente decorada com motivos característicos Jónicos.
A Falcata que reproduzimos, apresenta ainda duas braçadeiras da bainha, tam largas como o bocal, o que indica que ela era rectangular, á maneira grega.


A adaga de antenas encontra-se também em Espanha meridional e central e abunda segundo a sistematização de Jimpera, no século IV e princípios do III.

Esta arma que foi introduzida nas coortes romanas por altura da segunda guerra púnica, depois dos formidáveis movimentos bélicos dessa época, que arregimentaram mercenários de toda a conca mediterrânica, era dsnominada, pela sua origem, por hispânica, e usada sobre a coxa direita.


A empunhadura de que igualmente damos reprodução é idêntica aos fragmentos de peças congéneres que foram encontrados em Almedinilla e que passaram para o Museu Arqueológico de Madrid.

Fonte: Almanaque Ilustrado O Século (1931)
Texto/Autor: Desconhecido
Fotos da net
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