Um órgão original
Luís XI de França, que no
seu país soube criar o regime absoluto e foi o rei sinistro que mandou matar no
cadafalso de Halles o infeliz Jacques d’Armagnac, duque de Nemours, era dado a
excentricidades que, vistas à luz de hoje, provocam a censura. Conta-se que um
dia, já cansado de ouvir os instrumentos do seu tempo, tão apreciados em festas
cortesãs, resolveu falar com De Baigné,
abade e director solícito da banda de música do palácio, a quem incumbiu de
fazer um aparelho musical que lhe andava na imaginação como realidade
consoladora dos seus ócios. O abade escutou o soberano com todo o acatamento, e
principiou a construir esse maravilhoso
instrumento. Tratava-se simplesmente de um órgão
de porcos.
De Baigné escolheu porcos
de várias idades e tamanhos, dividindo-os em diferentes grupos, conforme a
qualidade sonora dos seus grunhidos. Em seguida, com admirável mestria,
colocou-os em fila dentro de uma barraca de campanha, e perto desta pôs o
teclado, em que os martelos, sob a acção dos movimentos, obrigavam a funcionar
instrumentos pontiagudos, que feriam os porcos, os quais, ao experimentarem a
dor provocada por tão cruel processo grunhiam desesperadamente.
De Baigné sentava-se em
frente do teclado, e logo o aparelho começava a funcionar: o ruido dos suínos
tornava-se ensurdecedor e convertia-se num espectáculo horrível. Luís XI
alegrava-se ante o sofrimento dos pobres animais, e os palacianos que o
cercavam gabava a invenção que lhe permitia ouvir sons gratos aos seus ouvidos.
Fonte: Almanaque Diário de
Notícias
Texto/Autor: Desconhecido
Foto da Net
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