O Lar dos heróis
Os vikings acreditavam
que os guerreiros mortos em combate viveriam na companhia de Odin em Valhalla,
o mais belo e conhecido salão da cidadela de Asgard, o mundo dos deuses. Com o
seu telhado feito de escudos assentes num travejamento de lanças, Valhalla era
um grandioso recinto dourado, com 540 portas, por cada uma das quais podias
passar 800 guerreiros em simultâneo. Aí chegavam os combatentes chacinados nas
batalhas, guiados pelas Valquírias, as virgens guerreiras que participavam nas
batalhas e decidiam quem vivia e quem morria, ao mesmo tempo que escolhiam
aqueles que mereciam entrar em Valhalla. Entre estes distinguiam-se os
‘berserks’, a quem Odin inspirava o furor guerreiro, ao ponto de se
desenvencilharem da armadura para que nada tolhesse a sua força sobrenatural.
Às Valquírias cabia
escolher, no campo de batalha, aqueles que pela sua bravura fossem dignos de
confiança de Odin, ao lado do qual deveriam lutar em Ragnarok, o combate que se
há-de travar no fim dos tempos.
Chegados a Valhalla, os
guerreiros escolhidos passavam os dias em treino de combate, lutando uns com os
outros, bebendo cerveja e hidromel que as Valquírias lhes serviam. Chegada a
noite era tempo de se banquetearem na companhia de Odin, o qual, no entanto, só
os acompanhava nas libações, deixando a comida aos dois lobos que sempre o
acompanhavam.
Os guerreiros
retemperavam então as forças com um cozinhado de javali que tinha o condão de
os rejuvenescer. O próprio javali era mágico, sendo devorado em cada noite
para, no dia seguinte, estar de novo inteiro e pronto a ser novamente
cozinhado. Após o banquete, os heróis mortos de Valhalla caíam num sono
profundo, do qual só despertavam pela manhã, ao som do galo, para recomeçarem
de novo os combates. E assim até à batalha final.
Fonte: Revista Domingo
Magazine /Correio da Manhã
Autor: Manuel Rosado
Fotos da net
© Carlos Coelho