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quinta-feira, 21 de maio de 2020

Cristo-Rei



O cristo-Rei foi construído em 1959, com o dinheiro dos fiéis e destinava-se a agradecer a Deus o facto de Portugal não ter participado na II Guerra Mundial. Nessa altura, a cerimónia que decorreu com pompa e circunstância, reuniu 300 mil pessoas e contou também com a presença da imagem de Nossa Senhora de Fátima, que, na altura, saía, assim, pela sexta vez do santuário mariano.


Dia 17 de Maio assinala-se o 61.º aniversário do santuário de Cristo-Rei, em Almada.
História

1934 - O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel G. Cerejeira, passeia-se pelo Rio de Janeiro e fica abismado com a imponência de Cristo Redentor, desejando construir algo semelhante em Lisboa.

1940 - Os bispos portugueses, reunidos em Fátima, decidem que será erguido um monumento ao sagrado Coração de Jesus se Portugal for poupado à II Guerra Mundial, iniciada no ano interior.

1949 - Portugal não entra na guerra, após uma campanha nacional de recolha de fundos, é colocada a primeira pedra, no dia 18 de dezembro.

1959 - A 17 de Dezembro (Dia de Pentecostes), o Cristo-Rei é inaugurado. A imagem de Nossa Senhora de Fátima marca presença na cerimónia, na qual estiveram os cardeais do Rio de Janeiro e de Maputo.

Fonte: Revista Maria / Ronnie Venâncio
Fotos da Net
© Carlos Coelho

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Convento de Nossa Senhora do Desterro (Monchique)



O Convento de Nossa Senhora do Desterro é um antigo convento dos frades da Terceira Ordem Regular de São Francisco, localizado no concelho de Monchique, no distrito de Faro, em Portugal. Foi fundado em 1631, e apresenta uma arquitetura no estilo Manuelino. O edifício foi gravemente danificado pelo Sismo de 1755, tendo depois sido reconstruído. Posteriormente foi expropriado e dividido em várias parcelas, tendo sido algum tempo depois abandonado, chegando a um avançado estado de ruína. O complexo do Convento incluía igualmente uma magnólia monumental, que foi classificada em 1947, mas que acabou por morrer em 2016.




O convento está situado no alto de um cerro, junto à vila de Monchique, possuindo acesso por um arruamento denominado de Caminho do Convento. O convento situa-se num local arborizado, de onde se desfruta de um amplo panorama sobre a vila de Monchique.

Arquitetura e composição




O edifício do convento foi construído no estilo Manuelino. Tem uma forma de quadrilátero, cuja zona oriental era ocupada pelo primeiro átrio, onde foi instalado um brasão de armas da família Silva, e pela nave da igreja e capela-mor. O átrio era denominado de portaria, sendo utilizado, segundo uma tradição local, para oferecer alimento aos pobres da vila.
A face Norte era composta por uma antiga sacristia e uma capela, enquanto que a área Sul era formada por outras celas, e a fachada da igreja com a sua torre. O lado poente consistia na frente da mesma capela e por diversas celas, sendo também aí situado o refeitório e outra entrada do convento. 


Junto aos lados do refeitório situavam-se as mesas para os frades, enquanto que ao fundo existia uma mesa mais pequena, provavelmente para o superior do convento e outros membros importantes. A parede por detrás desta mesa estava decorada com um painel de azulejos, representando o quadro A Última Ceia, de Leonardo da Vinci.


No canto esquerdo da sala, junto à entrada, estava situado um púlpito para a leitura, enquanto que no lado direito localizava-se a cozinha. No espaço central do edifício situava-se o claustro, rodeado por uma arcada com corredor, decorado como painéis de azulejos representando cruzes da Via Sacra. Na face Sul do claustro estava a entrada para a casa mortuária. O convento estava dedicado a Nossa Senhora do Desterro, cuja imagem foi guardada na Ermida de São Sebastião.


O complexo do convento incluía igualmente uma quinta, onde se situa a Fonte dos Passarinhos, que já esteve decorada com azulejos representando aves. 


Nesta quinta também estava situada uma magnólia, que de acordo com a tradição, foi levada da Índia pelo fundador do convento, e que foi classificada como de Interesse Público em 1947. A árvore, que chegou a ser a maior magnólia da Europa, foi considerada um dos ex-Libris do concelho de Monchique. 


Na altura do seu falecimento, tinha um tronco com 5,58 m de perímetro à altura de 1,30 m, uma copa com cerca de 30 m de diâmetro, e uma altura de 27 m, tendo a sua idade sido calculada em mais de 200 anos.



História

o convento foi fundado no ano de 1631 por Pero da Silva, que ocupou depois a função de Vice-Rei da Índia. O convento pertencia à Franciscanos Terceiros. A sua criação está ligada a uma lenda, na qual dois mareantes que estavam em perigo no oceano fizeram uma promessa de construir uma igreja na primeira povoação em território português que vissem à chegada. Segundo a mesma lenda, um dos navegantes trazia consigo uma pequena imagem de Nossa Senhora em marfim, oriunda da Índia, que após o seu falecimento foi venerada como relíquia pelos frades do convento. Durante uma tempestade em 1834, um dos frades teria levado a imagem dentro do hábito, tendo sido entregue a uma senhora para a guardar.




O edifício foi destruído pelo Sismo de 1755, tendo sido depois reconstruído. Foi encerrado em 1834, no âmbito do processo de extinção das ordens religiosas em Portugal, tendo sido nacionalizado e vendido em hasta pública em 1842. Foi vendido em frações a vários proprietários, passando a ter uma utilização residencial. Posteriormente o complexo foi abandonado, tendo chegado a um avançado estado de ruína.


Em 1911, João Ribeiro Cristino da Silva relatou, num artigo da revista O Occidente, que a igreja do convento já se encontrava parcialmente arruinada. 


Em 1915 terá sido feita a primeira referência à magnólia, no Boletim Trimestral da Associação Protetora da Árvore, onde foi relatado que «a soberba Magnólia de Monchique que representa a melhor árvore, do género, de que por enquanto temos conhecimento.». Em 1947, a magnólia foi classificada como de Interesse Público pelo Diário do Governo n.º 105, Série II, de 8 de Maio.
Durante a Década de 1970, o convento, então já em ruínas, foi ocupado por várias pessoas de baixos recursos, incluindo um casal que assinou um contrato com os proprietários para o arrendamento do edifício. Em 1983, a autarquia iniciou o processo para a aquisição dos terrenos do convento, tendo dois anos depois conseguido já obter várias partes do edifício. Em 2003, foi aberto o concurso público internacional para a realização de obras de recuperação no edifício do convento, e em 2004 o projeto foi autorizado pelo Instituto Português do Património Arquitetónico, no valor de cerca de cinco milhões de Euros. Em 2007, as antigas instalações do convento estavam ocupadas por uma família de sete indivíduos, que tinham montado estruturas para animais domésticos no claustro.
A magnólia morreu em 2016, após um período de doença de cerca de dez anos. Em Março de 2017, a autarquia organizou uma iniciativa em sua memória, no âmbito do Dia da Árvore, que incluiu a plantação de dez magnólias por crianças, seis no local da antiga árvore, duas na Escola EB 23 Manuel do Nascimento e outras duas na Quinta da Vila, junto às Piscinas Municipais. Em 29 de Abril desse ano, a Vicentina - Associação para o Desenvolvimento do Sudoeste organizou uma peça teatral no convento, no âmbito do programa Momentos Fantásticos com o Património – Sítios com história. Também em 2017, a autarquia de Monchique estava a preparar a aquisição do convento, devido ao seu valor histórico e ao estado de ruína em que se encontrava. Este processo foi complicado devido ao grande número de proprietários, tendo o presidente da Câmara Municipal, Rui André, explicado que a autarquia estava a propor a compra das partes cujos donos eram conhecidos, enquanto que as restantes porções seriam expropriadas. O fim destas obras seria reabilitar o edifício, de forma a garantir a segurança dos visitantes, e a possibilitar a organização de eventos culturais ou religiosos na antiga igreja. O passo seguinte seria a instalação de um ou hotel ou pousada de luxo que aproveitaria parcialmente o convento e os terrenos em redor. O projeto aprovado em 2004 incluía a instalação de 28 camas em 24 quartos, dois dos quais em suite e outros dois preparados para mobilidade reduzida. No piso térreo seriam instaladas uma receção, um espaço para o culto religioso e outro para a sacristia, duas salas de estar de dimensões diferentes, sendo a maior ligada à sala para refeições para hóspedes, uma cozinha, instalações sanitárias e uma sala de refeições para funcionários. No primeiro andar estaria a entrada principal, uma receção com sala de estar, um escritório para a administração, treze quartos duplos, uma suite e um quarto para deficientes, e um espaço para vários serviços. O segundo andar seria ocupado por sete quartos, uma sala de estar com bar, e a copa de piso. Os terrenos em redor do convento também seriam recuperados, incluindo os tanques e a emblemática Fonte dos Passarinhos, e seria instalada uma piscina, um espaço técnico e instalações sanitárias. Nesta altura, também tinha sido criada uma petição pública para a recuperação do convento e alojar a família residente no seu interior, mas falhou em obter apoio suficiente para este empreendimento.


Durante o Incêndio de Monchique de 2018, o edifício esteve ameaçado pelas chamas, tendo sido salvo devido à intervenção dos filhos do casal, apesar da imprensa ter anunciado que o convento tinha sido destruído.

Foto: net
© Carlos Coelho

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

A Construção do Teatro de S. Carlos


Lisboa, que o Marquês de pombal reconstruíra com cera pomposidade, sob as directrizes dum plano audacioso aformoseamento, não possuía teatro próprio para ópera. Os teatros do Salitre, do Bairro Alto e da Rua dos Condes eram edifícios sem condições artísticas e higiénicas. Neles o público apertava-se aflitivamente, ouvindo mal e vendo com dificuldade.
Foram alguns negociantes e capitalistas da nossa capital que tomaram a iniciativa de dotarem Lisboa com um teatro lírico que fosse capaz de ombrear, em aspecto arquitectónico, luxo e condições acústicas, com o famoso S. Carlos de Nápoles. Merecem, sem dúvida, referência especial esses seis beneméritos cujos nomes andam esquecidos na penumbra do tempo – Anselmo José da Cruz Sobral, Joaquim Pedro Quintela, Jacinto Fernandes Bandeira, João Pereira Caldas, António Francisco Machado e António José Ferreira Sola.

(Joaquim Pedro Quintela, 1º Conde de Farrobo.)

O arquitecto José da Costa e Silva incumbiu-se do risco, e serviu de modelo o Teatro de S. Carlos de Nápoles, que um incêndio mais tarde, destruiria. Joaquim Pereira foi o competentíssimo mestre das obras.
Pina Manique, o célebre intendente da polícia, homem enérgico, a quem Lisboa deveu grandes melhoramentos, interessou-se pela construção do novo teatro, e, por isso, quis vê-lo depressa erguido, facilitando a escolha de bons operários e a aquisição cuidada e económica dos materiais necessários.

(Vista exterior do "Real Theatro de S. Carlos", em 1893)

Vencendo as maiores dificuldades, Pina Manique contribuiu, como muito acertadamente escreveu Fonseca Benevides, «para a pronta conclusão do edifício». As obras, iniciadas a 8 de Dezembro de 1792, estavam terminadas seis meses depois, e os lisboetas daquela época podiam assistir, assim, a deslumbrantes espectáculos de ópera.

(O Theatro Real de São Carlos durante a primeira metade do século XIX)

Imagine o leitor moderno que essas obras, no seu admirável conjunto, incluindo também o terreno, custaram 165.845$196 réis!
Na construção do Teatro de S. Carlos trabalharam os mais hábeis pedreiros, carpinteiros, serradores, entalhadores, marceneiros, funileiros, douradores e estucadores.

(Interior do Teatro)

O Teatro, que, por proposta de Pina Manique, recebeu a denominação de S. Carlos, foi inaugurado em 30 de Julho de 1973, com a ópera La ballarina amante, de Cimarosa.

Fonte: Almanaque Diário de Notícias
Texto/Autor: Desconhecido
Foto da net
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segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Mosteiro da Batalha

De “casa de oraçam” a panteão da Casa de Avis



Nascido de uma promessa feita por D. João I na tarde de 14 de Agosto de 1385, véspera da Assunção, O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha, é a primeira e principal obra do tardo-gótico nacional.

Emblema legitimador da Dinastia de Avis, o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, assim consagrado pelo sucesso do exército português na Batalha de Aljubarrota, é a primeira e principal obra do tardo-gótico nacional. Em vésperas da batalha, D. João I prometera construir uma “casa de oraçam”, mas o magnífico complexo iniciado em 1388 cedo ultrapassou essa modesta intenção. 


(Afonso Domingues)

Deve-se a Afonso Domingues o projecto geral da igreja, que adquiriu uma feição flamejante a partir de 1402, ano em os trabalhos passarem a ser dirigidos por Huguet, mestre de provável origem catalã. 
Terá sido ele a concluir o abobadamento do templo (incluindo a abóbada estrelada da Sala do Capítulo) e a realizar a fachada principal e a Capela do Fundador.


 (Abóbada estrelada da Sala do Capítulo)

A cenográfica e monumental frontaria foi revestida por uma “máscara” ornamental verticalizante, e o seu portal ilustra uma composição triunfal da igreja, presidida por Deus entronizado. A Capela do Fundador, em construção em 1426, foi destinada a panteão da Casa de Avis, nela repousando D. João I e D. Filipa de Lencastre e quatro dos seus filhos. 


(Túmulo de D. João I e D. Filipa de Lencastre)

Ao longo do século XV, praticamente todos os monarcas aqui deixaram a sua marca. D. Duarte patrocinou a construção a construção das Capelas Imperfeitas, obra que ficou inacabada ao nível do abobadamento, possivelmente por morte de Huguet. Em meados da centúria edificou-se o Claustro de D. Afonso V, propositadamente antiflamejante, desprovido de decoração.
Com D. Manuel edificou-se a grandiosa entrada para as Capelas Imperfeitas, mas a ruptura imposta por este rei no seio da Casa de Avis determinou que outros monumentos beneficiassem do seu directo patrocínio. Durante um século, a Batalha foi o centro simbólico do reino e o complexo então edificado á a marca inequívoca do dinamismo que caracterizou o Portugal quatrocentista.

Fonte: Paulo Almeida Fernandes/ Ippar

Depoimento

O Mosteiro que nasceu duma promessa de D. João I

 (D. João I)

O Mosteiro de Santa Maria da Vitória ou da Batalha, uma das obras mais conseguidas da arquitectura Portuguesa, nasceu duma promessa feita por D. João I na tarde do dia 14 de Agosto de 1385, véspera da Assunção. Perante a iminência do confronto em Aljubarrota, com as tropas de rei de Castela, D. João I solicitou o apoio da Virgem, prometendo-lhe erguer, em caso de vitória, um mosteiro: estava em jogo a sua coroa e, portanto, a independência de Portugal. 


(Batalha de Aljubarrota)
A vitória sorriu ao Rei português, que assim, em boa consciência, se apressou a cumprir aquele voto. Dois ou três anos após a batalha, iniciava a construção dum mosteiro que se assumia como símbolo do assentimento divino à aclamação de D. João I como rei de Portugal. Ganhara legitimidade definitiva a sua subida ao trono; ganhava foros de vontade divina a própria independência de Portugal – tudo se consubstanciando simbolicamente nesse mosteiro, entregue pelo rei aos dominicanos.

Em 1387, D. João I casa com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, Duque de Lencastre, fortalecendo por laços familiares os acordos do Tratado de Aliança Luso-Britânica, que perdura até hoje. Depois da morte em 1390 de João de Castela, sem herdeiros de D. Beatriz, a ameaça castelhana ao trono de Portugal estava definitivamente posta de parte. A partir de então, D. João I dedicou-se ao desenvolvimento económico e social do país, sem se envolver em mais disputas com a vizinha Castela ou a nível internacional. Teve como chanceler João das Regras que defendia a centralização do poder real. A partir de certa altura associou ao governo o filho D. Duarte.


(Casamento de D. João I e D. Filipa de Lencastre)


Quando o rei quis armar os seus filhos cavaleiros, estes propuseram a conquista de Ceuta, no Norte de África, em 1415, uma praça de importância estratégica no controle da navegação na costa de África que é conquistada a 21 de agosto. Após a sua conquista são armados cavaleiros, na anterior mesquita daquela cidade, os príncipes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. Entretanto, na véspera da partida de Lisboa, falecera a rainha D. Filipa de Lencastre.

(Bandeira pessoal de D. João I com a sua divisa «Pour bien».)

A sua importância espelha-se na sua grandeza. Afonso Domingues delineou-o e iniciou-o; Huguet conclui-o. Se o primeiro arquitecto avaliza soluções arcaizantes, o segundo introduz novidades do tardo-gótico europeu.
Entretanto D. João I decidira erguer a Capela – do Fundador – destinada a panteão familiar. A luz generoza que ilumina esse espaço cria uma ambiência mágica que aprofunda o simbolismo do mosteiro, simbolismo continuado por D. Duarte ao fazer outro panteão que, como os eu reinado, ficou incompleto – as Capelas Imperfeitas. Nelas se cumpre, afinal, o destino do Mosteiro da Batalha, quando D. Manuel quis concluí-las: Mateus Fernandes, derradeiro grande mestre batalhino, insuflou-lhes formas vibrantes de prodigiosa imaginação. E, se ficaram inacabadas, a verdade é que esse último sopro criador, na sua intrigante “incompletude” adensa a imagem simbólica de uma nação que aí se revê e contempla.

Fonte: Jornal Diário de Notícias
Texto/Autor: Professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
José Custódio Vieira da Silva
Fotos da net
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domingo, 26 de maio de 2013

Palácio Nacional da Pena

Símbolo da arquitectura romântica nacional


Residência real de veraneio, o Palácio Nacional da Pena constitui uma das expressões máximas do romantismo aplicado ao património edificado no século XIX em Portugal.

A cerca de 30 quilómetros de Lisboa, no cimo da serra de Sintra, ergue-se, em majestade, o símbolo maior da arquitectura romântica nacional, o Palácio Nacional da Pena.


Residência real de veraneio, este paço acastelado foi mandado construir por D. Fernando de Saxe Coburgo-Gotha (1816-1885) com quem a nossa rainha D. Maria II (1819-1853) contraiu matrimónio a 9 de Abril de 1836, na Sé de Lisboa.
Na construção do Palácio foram aproveitadas as ruínas de um pequeno convento já existente neste local, mandado edifica no século XVI pelo Rei D. Manuel I, em comemoração da segunda viagem do navegador Vasco da Gama à India.
O pequeno convento Jerónimo de Nossa Senhora da Pena estava, no momento em que foi adquirido pelo rei-consorte em 1838, em avançado estado de ruína na sequência do terramoto que arrasou Lisboa em 1755 e da extinção das ordens religiosas, decretada em 1834.

O projecto inicial consistia na recuperação do antigo convento, mas a pequenez das instalações para os fins em vista levou o mecenas à ampliação da construção com um conjunto de novas construções a que se chamou o Palácio Novo. Este projecto de maior envergadura, que corresponde á parte do edifício de tonalidade amarela e revestido a azulejos, teve a colaboração do barão Von Eschwege, engenheiro de minas alemão que se encontrava entre nós.


O gosto romântico do rei-artista (como D. Fernando II ficou conhecido entre nós) aliado a uma versatilidade de interesses como as artes decorativas, a pintura, a escultura e o seu grande entusiasmo pelos espaços verdes levou á criação de um magnífico jardim romântico, sendo o parque da Pena um exemplo acabado do paisagismo pitoresco tão ao gosto da época plantado uma invulgar colecção de plantas e árvores que são hoje ex-libris do verde sintrense.


O Palácio Nacional da Pena constitui um exemplo de tendências arquitectónicas e decorativas ímpares do período romântico e da riquíssima personalidade de D. Fernando II. A estrutura arquitectónica de características únicas explorando o ideário nacional, o eclectismo e o exotismo oriental e islâmico criaram o programa romântico de todo o conjunto constituindo-se, espaço verde e espaço edificado, como “obra de arte total”.


Uma estrutura arquitectónica de características únicas emolduradas pela beleza da Serra de Sintra.

Fonte: Jornal Diário de Notícias
22 de Janeiro de 2006
Texto: José Manuel Carneiro / Ippar


Depoimento

Um bálsamo para os espíritos mais exigentes
É a coisa mais bela que tenho visto. Este é o verdadeiro Jardim de Klingsor – e, lá no alto, está o Castelo do Santo Graal.
Richard Strauss, referindo-se ao Palácio da Pena
Qualquer caminho que conduza o visitante a Sintra encontrará como marco de referência o Palácio da Pena, bem no alto da Serra de Sintra. Venhamos nós das praias, nesses dias únicos de fogosos entardeceres, ou do pouco romântico IC19, que entroncava algures na mítica Estrada de Sintra, o certo é adoçarmos o olhar quando entrevemos o Castelo da Pena.
A Pena é um lugar mágico a que não se escapa. Consta já desde o século XII que aquele era um local de devoção cristã por ter sido testemunhada a aparição de Nossa Senhora sobre uma penha. Mas será só com D. Manuel que o mosteiro da Pena viverá uma ampliação, permitindo receber, condignamente, a Ordem dos frades Jerónimos. Com o passar dos séculos começará a sua lenta degradação que culminará com a extinção das ordens religiosas em 1834.
Mas, tal como num conto de fadas de “era uma vez”, surge D. Fernando II que , em 1838, arremata em hasta pública por 700 mil réis o Mosteiro de Nossa Senhora da Pena, ressalvando o Diário do Governo que a compra se fazia “ com expressa cláusula de ficar o arrematante obrigado a cuidar da sua boa conservação(…), visto ser um monumento nacional, e conter uma Igreja um retábulo de primorosa escultura”.
D. Fernando apaixonou-se por Sintra e, após a morte de D. Maria II, casou, anos mais tarde, com a cantora lírica Elisa Hensler, a condessa d’Edla. E será a cumplicidade do casal que irá permitir o fabuloso nascimento do Palácio e Parque da Pena.
Convido-vos a visitar ambos, porque é ainda perceptível o desvelo aplicado na reabilitação do Palácio, bem como a exuberância patente nas múltiplas espécies arbóreas existentes no Parque.
Não posso nem quero terminar este meu singelo depoimento sem uma palavra de homenagem à direcção do Ippar e em particular ao Director do Palácio da Pena, que desde há alguns anos mantém uma perfeita ambiance, aguardando, em qualquer momento, a chegada do rei, para jantar…
Sem saudosismos do passado mas sabendo recriar a História, a Pena foi, e será um bálsamo para os espíritos mais exigentes. Para os restantes, comuns mortais, resta-nos o anseio do Poeta de uma outra Serra:
“Pelo sonho é que vamos!”
Fonte: Presidente da Câmara Municipal de Sintra
Dr. Fernando Seara
Por: CarlosCoelho

terça-feira, 19 de março de 2013

Torre de Belém

Grandes Monumentos portugueses
 
Jóia do estilo Manuelino e ex-líbris de Portugal
 
Construida em homenagem ao patrono de Lisboa, São Vicente, no local onde se encontrava ancorada a grande Nau, a Torre de Belém ficou a dever-se ao arquiteto Francisco de Arruda, que iniciou a sua construção em 1514.
 
A Torre de São Vicente de Belém foi mandada erguer por D. Manuel, destinando-se a terminar a nova obra de defesa da barra de Lisboa, iniciada por D. João II. O baluarte foi construído entre 1514 e 1520, tendo como arquiteto Francisco de Arruda, que provavelmente trabalhou sobre orientação de Boitaca. Destinava-se a substituir a Grande Nau, até então fundeada a meio do Tejo, cruzando fogo com a fortaleza de São Sebastião da Caparica.
 
A estrutura é construída pela torre de habitação acastelada, ainda de tradição medieval, e pela fortificação abaluartada, de conceção moderna e desenho poligonal, adaptada à primeira utilização de pirobalística em Portugal.
 
 
E é particularmente aqui, no projeto experimentalista do baluarte, que se revela o génio de um dos maiores arquitetos de D. Manuel. Recém-chegado do Norte de África, onde a sua já considerável experiencia fora aplicada nas obras de várias praças- fortes, Francisco de Arruda foi capaz de criar uma fortaleza digna da capital de vocação universal que era a efervescente Lisboa manuelina. A silhueta da torre, imponente e terrífica guardiã da cidade e do Tejo, porta da larga via marítima por onde se espraiava o Império, era também imagem do período áureo que se vivia no reino.
 
O baluarte tem disposição essencialmente funcional, cobrindo ampla área de fogo. A torre, de quatro pisos abobadados, é um eco assumido das tradicionais torres de menagem. Torre e baluarte possuem sugestivas guaritas cilíndricas nos ângulos, cuja tipologia reflete uma simbólica influência magrebina e orientalizante.
 
A minuciosa ornamentação manuelina, de inspiração fantástica, completa o discurso militar do conjunto, que sabe ainda evocar – na conjugação de perfil e função, e na poética de elementos como a amurada engalanada de escudos, ou as escotilhas e grossos calabres marítimos – a sua malograda antecessora feita de madeira.
Fonte: Sílvia Leite / Ippar
 
Emblema de prestígio da capital desde o séc.XVI
 
 
Construído como fortaleza, a Torre de Belém fazia parte do primeiro plano integrado de defesa de uma cidade. Neste aspeto fazia parte de um projeto pioneiro de D. João II, que envolvia a Fortaleza de Cascais e a de São Sebastião da Caparica, para defender a entrada da barra.
 
Temos de pensar que estávamos face a uma Lisboa muito cosmopolita, que tinha a atenção do mundo sobre ela e sobre todas aquelas coisas novas que chegavam desses outros mundos, de além-mar. Era o início de uma primeira globalização. Como dizia Fernando Pessoa, “ o mar passou a unir e já não a separar”.
 
Construída no tempo de D. Manuel, o monarca quis colocar à entrada da sua capital um emblema de prestígio. Por isso é que todas as insígnias reais estão postas em grande exuberância: o escudo de Portugal, a esfera armilar, a Cruz de Cristo. Essa arquitetura também constitui uma inovação. Deixa de ser o velho torreão medieval, sozinho, e passa a ter um corpo avançado, para o mar, como se fosse um galeão, à época, apresentando dois registos de fogo de onde os canhões podiam disparar contra quem indevidamente quisesse entrar em Lisboa.

 
 
Todos os povos têm elementos diferenciadores e penso que, nesse especto, a Torre de Belém constitui um pólo identificador de um país.
 
É um dos monumentos onde o estilo manuelino se assume como elemento diferenciador, que a UNESCO reforçou ao classificar a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos como património da Humanidade. Esta arquitetura tem realmente muito a ver com um povo que teve um contacto pioneiro, através da navegação, com outros povos, culturas e civilizações. E que com esse contexto e com tudo aquilo que recebeu expressou-a na sua arte e nos seus edifícios.
 
A época da construção da Torre de Belém foi aquela em que Portugal deu um dos seus maiores contributos à história da humanidade, o que a Torre, no lavor da sua pedra, consubstancia.
 
Depoimento
Isabel Cruz Almeida
Diretora do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém
Fonte: Jornal de Notícias
Mikii