quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

E se um meteorito nos cair em cima?

É mais provável do que se pensava. Muitos explodem na atmosfera e outros caem no mar. A ameaça hoje chama-se Apophis e pode embater na Terra em 2036.


“ De repente o céu dividiu-se em dois e o fogo apareceu sobre a floresta. Todo o lado norte ficou coberto de fogo. Nesse momento fiquei tão quente que não o consegui suportar, como se a minha camisola estivesse a arder. Queria tirá-la, mas de repente o céu fechou-se, houve um grande trovão e fui projectado alguns metros. Depois disso ouvi um barulho como se rochas estivessem a cair ou canhões a disparar e a terra tremeu. Quando o céu abriu, um vento quente corria entre as casas. Mais tarde vimos que muitas janelas estavam partidas.”


O relato é de S. Semenov, um russo que há exactamente um século vivia em Vanavara, na zona central da Sibéria. O homem provavelmente morreu sem saber o que viu ás 7h17 daquela manhã de 30 de Junho de 1908, quando se preparava para tomar o pequeno-almoço. Não foi o único a partir na ignorância. Foram precisos muitos anos para se saber exactamente o que em poucos minutos destruiu 2150 km2 de floresta (mais de 80 milhões de árvores); provocou um movimento sísmico equivalente a um terramoto de grau 5 na escala de Richter; fez os barómetros em Inglaterra registar uma onda de choque atmosférica que deu volta ao globo; causou a formação de nuvens a grande altitude que reflectiam a luz solar e permitiam ler os títulos dos jornais à meia-noite em alguns locais da Europa e da Ásia; e provocou uma explosão de cerca de 15 megatoneladas de TNT (mil vezes a potência de Little Boy, a bomba largada em Hiroxima, em 1945).


As duvidas sobre o que aconteceu permaneceram durante anos. A revolução bolchevique, a Primeira Guerra Mundial e o isolamento da região adiaram as expedições ao local, que só foi visitado em 1921 pelo cientista russo Leonid Kulik. Desde logo concluiu que o desastre de Tunguska (assim baptizado por ter ocorrido sobre o rio com o mesmo nome) tinha sido provocado por um meteorito. Mias tarde Kulik conseguiu convencer o governo a financiar nova expedição, que chegou em 1927. Para sua surpresa não encontrou nenhuma cratera que indicasse o ponto de impacto. 


As árvores destruídas continuavam a marcar a rota do meteoro e na zona de explosão ainda havia algumas de pé, com pequenos ramos. A ausência de uma cratera motivou, durante décadas, diversos rumores sobre o sucedido, inclusive a queda de um OVNI – Tunguska tornou-se um local de culto para aqueles que procuram vida extraterrestre e o desastre foi várias vezes mencionado na série Ficheiros Secretos como um dos grandes mistérios da humanidade.
Hoje, a opinião unânime entre os cientistas é que o meteorito ou asteróide, depois de entrar na atmosfera, acabou por não resistir à pressão e explodiu a cerca de oito quilómetros de altitude. Até há alguns anos, julgava-se que pra provocar uma destruição semelhante, o corpo celeste teria de ter entre 50 e 80 metros de diâmetro. No entanto, um estudo recente do Sandia National Liboratory, no Novo México, publicado no Internacional Journal of Impact Engineering, indica que o asteróide poderia ter apenas 30 a 50 metros. Através de uma simulação num supercomputador, a equipa liderada pelo cientista Mark Boslough concluiu que o meteoro entrou na atmosfera a 15km por segundo, num ângulo de 35º sobre o horizonte. A onda de choque terá embatido no solo a 180km por hora e provocado vários equivalentes a um furacão de categoria 3.
Além de detalhar o que sucedeu há 100 anos na Sibéria, o trabalho de Boslough permite outra conclusão: os meteoritos mais pequenos também são perigosos. “ Os pequenos asteróides são muito mais do que os grandes e explodem antes de chegar ao solo. Só os que têm mais de 100 metros é que fazem crateras”, explica o cientista.


Devido ao movimento de rotação da terra, se o asteróide de Tunguska tivesse caído quatro horas mais tarde, a cidade imperial de S. Petersburgo teria sido arrasada. Já no que toca Lisboa, Mark Boslough não tem dúvidas: “ Um asteróide muito pequeno, com 40 metros de diâmetro, podia destrui-la.” Ainda assim, o cientista diz que é mais provável a capital portuguesa ser atingida por um terramoto do que por um meteoro. “ A maioria explode demasiado alto na atmosfera para ser uma ameaça. A probabilidade de alguém ser morto por um asteróide é de uma num milhão”, diz.
No entanto, as hipóteses têm vindo a aumentar com a descoberta de novos corpos celestes. Tem sido assim ao longo das últimas décadas. Em 1980 havia apenas 86 asteróides conhecidos a uma distância próxima da Terra. Dez anos mais tarde o número tinha subido para 170. No ínicio do ano 2000 eram 921. Hoje, de acordo com os números da NASA, são para cima de 5576 e novos corpos são descobertos todos os meses.
Mais importante: na viragem do milénio eram conhecidos 300 objectos que ultrapassavam um quilómetro de diâmetro. Actualmente, esse registo já vai nos 747. A preocupação poderá aumentar com as observações dos cientistas a estenderem-se para lá daquela que é conhecida como a Cintura dos Asteróides, entre Marte e Júpiter. Em 1992, os astrónomos da Universidade do Havai e do Massachusetts Institute of Technology, David Jewitt e Jane Luu, localizaram uma gigantesca região de asteróides que começa em Neptuno. Baptizada de cintura de Kuiper, contém pelo menos mil objectos suficientemente grandes para serem vistos da Terra. Ou seja, têm mais de 100 km de diâmetro. São os chamados “assassinos de planetas”.
A probabilidade de um meteorito destruir uma cidade também é baixa devido à composição da Terra. Com 70% do planeta coberto de água, é mais comum um  objecto vindo do espaço cair nos oceanos do que num dos cinco continentes. Assim se explica a existência de poucas crateras provocadas por meteoritos e foi essa lógica que levou a geofísica Dallas Abbott, da Universidade de Columbia, a passar a última década no fundo do mar à procura de crateras que não tivessem sido provocadas por vulcões. “Esperava encontrar entre 10 e 100 crateras com menos de 180 milhões de anos e talvez uma com menos de 1 milhão de anos com 20 km de diâmetro ou mais largas”. Foi por isso que ficou “surpreendida” por ter encontrado 14 marcas de quedas de jovens asteróides de grandes dimensões, num período curto em termos geológicos.


Uma das descobertas “mais excitantes” para a cientista foi a da cratera no golfo de Carpentária, a norte da Austrália. Abbot acredita que um objecto com 300 metros de diâmetro atingiu o golfo no ano 536. Um objecto desse tamanho podia libertar tanta energia como mil bombas nucleares. “ Esperamos relacionar as nossas descobertas a factos da História da humanidade, mas ainda estamos a trabalhar nisso”, diz. Alguns relactos da época, incluindo do historiador bizantino Procópio, dão contas de céus nublados, fracas colheitas e Verões frios entre 536 e 537. Mas, como o asteróide caiu no mar, os efeitos passaram rapidamente.


Muito mais preocupante foi o que Abbot descobriu ao largo da costa de Madagáscar, no Oceano Índico. No fundo do mar, a cientista encontrou indícios da queda de um objecto espacial com três a cinco quilómetros de diâmetro há cerca de 4800 anos. O seu impacto terá provocado um tsunami com 180 metros de atura (várias vezes superior ao de 2004) que atingiu o Oceano Pacífico. Se tivesse caído em terra, o seu impacto teria levantado uma gigantesca nuvem de pó e grande parte do continente africano teria entrado numa idade do gelo.
Alguns cientistas afirmam que ocorreu um processo semelhante a esse na América do Norte há 13 mil anos e que levou à extinção dos mamutes, tigres-dentes-de-sabre e outros animais selvagens. Em 2005, uma equipa liderada por Richard Firestone, do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, na Califórnia, chegou à conclusão de que “um cometa de 10km, que talvez se tenha composto a partir dos restos de uma explosão de uma supernova, pode ter atingido a América do Norte há 13 mil anos”. Para defender esta tese, a equipa de Firestone realizou análises do solo por toda a América do Norte e, na maioria delas, encontrou irídio, um elemento raro na Terra mas comum no espaço. A explosão deste corpo celeste sobre o Canadá (não existe cratera) terá alterado o clima de uma forma tão radical que começou ai um período de arrefecimento global.


Neste momento, a NASA tem sob observação 210 corpos celestes com possibilidade de embater na Terra num futuro próximo (http://neo.jpl.nasa.gov/risk/) , apesar de essa probabilidade ser reduzida. Aquele que mais tem chamado a atenção dos cientistas é o 99942 Apophis, descoberto a 19 de Junho de 2004, que tem uma hipótese em 45 mil de colidir com a Terra em 2036. Com apenas 300 metros, o seu impacto teria uma força semelhante à de 60 mil bombas de Hiroxima.
Os astrónomos têm-se preocupado em estabelecer as rotas precisas dos asteróides para conseguir prever algum possível impacto. “Na última década  descobrimos a órbita da grande maioria de asteróides conhecidos e sabemos que não vão atingir a Terra (ou pelo menos é improvável que tal aconteça)”, explica Mark Boslough. “ Deviriamos enviar um emissor para o Apophis rapidamente para garantirmos que a Terra não estará na sua rota. Quanto mais depressa for feito, mais tempo teríamos para descobrir o que fazer se houver uma trajectória de impacto.”
Quem esta de acordo com Boslough é Rusty Schweickart, antigo astronauta e actual director da Fundação B612. Criada a 7 de Outubro de 2002, esta instituição (baptizada com o nome de asteróide de O Principezinho, de Antoine Saint-Exupéry) tem por objectivo conseguir “alterar significativamente a órbita de um asteróide de uma forma controlada até 2025.” Nesse sentido, a fundação elaborou uma simulação por computador  com um corredor de risco definido, onde o Apophis poderia embater. Dessa rota fazem parte a Rússia, Califórnia, México, Nicarágua, Costa Rica, Colômbia e Venezuela. Depois cairia no Atlântico. Além dos milhões de mortos, a queda do Apophis provavelmente daria origem a um violento tsunami.


Para já há  poucas formas de interceptar um objecto espacial. Com algum tempo de aviso, Mark Boslough diz que seria possível recorrer a tractores gravitacionais – algo que atraísse os asteróides para longe da gravidade terrestre.
No imediato, teria de se recorrer a uma “intercepção nuclear”. No entanto, o processo não é tão simples como parece em filmes como Armageddon, no qual uma equipa de astronautas vai colocar uma bomba nuclear no objecto espacial. A par da impossibilidade de o fazer, um tratado internacional em vigor desde 1963 proíbe o uso de armas nucleares no espaço. Segundo o cientista, esta seria a parte de mais fácil resolução do problema: ”Acredito que haveria um acordo se a alternativa fosse a aniquilação do planeta.”
http://neo.jpl.nasa.gov/stars/

Quedas assinaladas por descobertas recentes

A maioria dos meteoritos não chega a embater no solo. Muitos explodem no ar. Os que atingem o planeta têm grandes hipóteses de cair no Oceano.


- Tunguska – A ausência de uma cratera intrigou os cientistas durante anos. Hoje acredita-se que o meteoro explodiu a cerca de oito quilómetros de altitude, no centro da Sibéria, em 1908. Destruiu 2150km2.

- Golfo de Carpentária – A cratera de um meteorito com 300 metros foi localizado a norte da Austrália por Dallas Abbott. Terá caído no ano 536. Relatos da época dão conta de céus nublados, fracas colheitas e Verões frios.


- Madagáscar - Ao largo deste país africano, Dallas Ababott encontrou indícios da queda de um objecto espacial com três a cinco quilómetros há cerca de 4800 anos. Terá provocado um tsunami com 180 metros de altura.


- América do Norte – Em 2005, uma equipa liderada por Richard Firestone apresentou provas da queda de um meteorito no Canadá há 13 mil anos que matou animais como mamutes e tigres-dente-de-sabre e originou uma idade do gelo.


Fonte: Revista Sábado
Texto: Nuno Tiago Pinto
Fotos da Net
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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Use e abuse da Gelatina

Fortalece os ossos e os tecidos


Esta sobremesa, tão adorada pelos mais pequenos, contém muitas proteínas que fornecem aminoácidos essenciais para a boa saúde do organismo.

Rica em Colagénio
A partir dos 25 anos, o organismo começa a reduzir a concentração de colagénio. Sem este, o tónus muscular sofre uma diminuição, fazendo com que os ossos, pele, unhas e cabelos se tornem nemos resistentes e percam elasticidade e brilho. A gelatina é uma aliada! Coma-a.

Isenta de gorduras
O colagénio reforça os tendões e os ligamentos que unem os músculos aos ossos. A gelatina ajuda na nutrição destes tecidos, mantendo a hidratação e a integridade das articulações, desempenhando um papel importante na prevenção e no tratamento de dores articulares, artroses e osteoporose. É isenta de gorduras.

Como consumir?
Pode ser adquirida em folhas, pó com sabor, ao natural ou em cápsulas; mas há diferença entre a gelatina que compramos no supermercado e a vendida em casas de produtos naturais.
A gelatina que compramos nas grandes superfícies contém colagénio em menor quantidade e muito açúcar.

Fonte: Revista Maria
Texto/Autor: Dr. Custódio César (nutricionista)
Fotos da net
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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Selam, a menina australopiteca


Depois de milhares de horas de escavações durante cinco anos, uma equipa de antropólogos desenterrou, finalmente, o esqueleto de uma menina de 3 anos que viveu há 3,3 milhões de anos – e que surge assim perante os nossos olhos como a criança mais antiga até hoje conhecida.
Foi encontrada na região de Dikika, no Nordeste da Etiópia, onde terá morrido devido a uma inundação, e ali ficou, coberta por areias e rochas, adormecida no tempo.
Neste regresso à luz do dia, a criança foi rebaptizada pelos antropólogos de Selam – que significa ‘paz’ em armárico, a língua etíope -, embora a revista Nature, que anunciou a descoberta, tenha falado dela como «a filha de Lucy», por esta ser tida pelo nosso antepassado mais antigo até há pouco conhecido e por pertencer à mesma fase histórica, a dos Australopithecus afarensis.
Mas Selam terá vivido 150 mil anos antes de Lucy e o seu estado de conservação é bem melhor: tinha o crânio, a face e o tronco praticamente intactos, além de partes dos membros superiores e inferiores.
Os investigadores acreditam que podem, através dela, desvendar muito mais sobre o modo de vida dos seres que são considerados os nossos mais remotos antepassados.

Fonte: Revista Visão
Texto/Autor: Desconhecido
Foto da Net
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domingo, 18 de dezembro de 2016

A Necrópole de Alcácer do Sal


Perto de Alcácer do Sal, a pouco mais de mil metros para o ocidente, existe uma vasta necrópole, cuja exploração tem prendido, de há meio século a esta parte, as atenções de distintos arqueólogos, como por exemplo, o sr. dr. Vergílio Correia que dedicou uma larga actividade ao estudo da interessante região.
Todo o espólio da necrópole de Alcácer do Sal, é composto por coisas romanas e coisas anteriores ao domínio Romano em Portugal. Daqui se pode facilmente concluir que a necrópole foi utilizada durante um largo período.


Dos inúmeros objectos que lá foram encontrados e cujo estudo pode prestar óptimos esclarecimentos ao investigador de diversos povos habitantes desta zona, reproduzimos uma interessante falcata, uma adaga de antenas e a empunhadura de um escudo.

Falcata é uma espada de folha curta e recurva que se encontra com frequência na península, principalmente ao sul, e que já no século V era usada pelos guerreiros gregos.


Não é fácil determinar como entrou o seu uso na Iberia, no entanto, introduzida por via guerreira ou comercial, o que é certo é que este instrumento se encontra em quantidade por toda a região da Meseta.


A mais rica Falcata que se conhece, é de Almedinilla, e constitui uma bela peça, de maravilhosa execução, encantadoramente decorada com motivos característicos Jónicos.
A Falcata que reproduzimos, apresenta ainda duas braçadeiras da bainha, tam largas como o bocal, o que indica que ela era rectangular, á maneira grega.


A adaga de antenas encontra-se também em Espanha meridional e central e abunda segundo a sistematização de Jimpera, no século IV e princípios do III.

Esta arma que foi introduzida nas coortes romanas por altura da segunda guerra púnica, depois dos formidáveis movimentos bélicos dessa época, que arregimentaram mercenários de toda a conca mediterrânica, era dsnominada, pela sua origem, por hispânica, e usada sobre a coxa direita.


A empunhadura de que igualmente damos reprodução é idêntica aos fragmentos de peças congéneres que foram encontrados em Almedinilla e que passaram para o Museu Arqueológico de Madrid.

Fonte: Almanaque Ilustrado O Século (1931)
Texto/Autor: Desconhecido
Fotos da net
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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Cerveja

A Loura que todos associam ao verão
Uma aliada da saúde

Já sabíamos que é a bebida alcoólica mais consumida em todo o Mundo. O que nunca se disse é que a cerveja protege contra os enfartes.

(A Estela de Hamurabi, onde estão escritas as leis mais antigas sobre a cerveja, no Museu do Louvre, em Paris)

A primeira cerveja de que há conhecimento foi fabricada há cerca de 5500 anos, pelos sumérios, um povo que habitava a Mesopotâmia. A estes é atribuída uma notável arte cervejeira a partir de um cereal que mais tarde seria chamado de cevada. Por ser uma nutritiva e agradável fonte de líquidos, era distribuída aos trabalhadores.

(Na altura essa bebida foi baptizada de Cerevisia, provavelmente em homenagem a Ceres, conhecida como sendo a “deusa das plantas que brotam” )(principalmente dos grãos).

(O primeiro documento escrito relatando o processo de produção de cerveja é uma placa de barro com inscrições cuneiformes, chamado de Hino à Ninkasi, escrito por um poeta Sumério, datado de 1800 a.C. Porém o Hino em si prova-se muito mais antigo que a escritura encontrada.)

Os sumérios difundiram a sua técnica a outros povos da Antiguidade, como os Assírios e os babilónios, que por sua vez a passaram a hebreus e a egípcios, entre outros. Mas foram os romanos que a difundiram pela Europa. No inicio da Idade Média, os mosteiros Europeus dedicaram-se à fabricação da bebida, que adquiriu o seu sabor característico pelas mãos dos monges. No tempo da quaresma, os padres alimentavam-se exclusivamente da cerveja. Em Portugal, esta bebida é consumida desde o século XII.
Uma das características principais desta beberagem é a sua capacidade de formar espuma abundante e estável. Para que esta seja realçada, o copo deve estar limpo e seco, sem vestígios de gordura. As cervejas são ricas em aromas e gostos diversos, de acordo com as matérias-primas, o processo de produção utilizado e a levedura escolhida.

Os Portugueses e a Cerveja

Segundo dados fornecidos pela Associação Portuguesa de Produtores de Cerveja, no ano de 2003 produziram-se 735 milhões de litros desta bebida. O consumo total rondou os 601 milhões de litros, sendo que cada habitante bebeu aproximadamente 60 litros.

Cerveja Milagrosa

Beber cerveja de forma moderada apresenta vários benefícios para a saúde.
Coração – Ajuda a manter o nível de HDL, colesterol benéfico ao organismo. Diminui o risco de doenças cardiovasculares. Protege contra enfartes do miocárdio.
Cancro da Mama – Compostos presentes na cerveja podem inibir o crescimento do cancro da mama.
Digestão – A cerveja aumenta a produção de ácidos no estômago, estimulando o fluxo de sangue e facilitando a digestão.
Diurese – A cerveja tem um efeito diurético superior à água.

Matérias-Primas da Cerveja

Água – De preferência muito pura.
Cevada – Utilizada por ser muito rica em amido. Para a sua transformação em malte, os grãos são macerados em água até germinarem.
Lúpulo – Planta utilizada para aromatizar a cerveja. É ela que lhe confere o travo amargo que é característico desta bebida.
Levedura – É um organismo molecular que actua nos açucares provenientes do malte, transformando-os em álcool. O paladar e o carácter da cerveja dependem muito da levedura utilizada.

Fonte: Revista Nova Gente nº 1456
32/04/NG – Infografia Impala/ Luís Gaspar
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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

À procura do primeiro europeu



(Reconstituição facial do Menino de Lapedo)

Era uma vez uma espécie humana que passou da África para a Europa e se cruzou com outra por cá existente. A primeira era do Homo Sapiens, à qual pertencemos, a segunda  a do Homo Neanderthalensis, hoje extinta. Aconteceu isto há mais de 40 mil anos. A ideia de que o Sapiens e o Neandertal fizeram sexo à sombra de uma árvore do Éden não é nova, mas causa sempre um certo frisson. E foi agora reiterada num estudo publicado na Revista Proceedings of the National Academy of Sciences por uma equipa de investigadores integrada por portugueses, entre os quais o arqueólogo João Zilhão. O trabalho baseia-se em restos encontrados em 2003 numa caverna da Roménia, vindo as suas conclusões complementar as do achado, em 1998, do esqueleto da «criança de Lapedo» (com 25 mil anos), em Leiria, Portugal.

Fonte: Revista Visão
Texto/Autor: Desconhecido
Foto da net
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terça-feira, 22 de novembro de 2016

O Sangue

Líquido maravilhoso


Já pensaram alguma vez na complexidade e importância vital do sangue?
É um líquido precioso com a estrutura de um tecido especial que tem a faculdade de se infiltrar pelos demais tecidos orgânicos, levando a cada célula o oxigénio, a água, o equilíbrio iónico, enfim o alimento que lhe é indispensável.
Abandonado a si próprio depois de retirado da circulação, o sangue coagula e da retracção desse coágulo formado por fibrina encerrando nas suas malhas os glóbulos vermelhos e brancos, transuda um líquido amarelo citrino denominado – sôro.
Impedida a coagulação pela adição de um anticoagulante – o citrato de sódio, a hirudina ou a heparina – o sangue divide-se numa parte sólida constituída pelos vários glóbulos sanguíneos e uma parte líquida – o plasma.
Essa massa sólida de glóbulos sanguíneos contém, no total, cêrca de trinta mil biliões de glóbulos vermelhos, cinquenta biliões de glóbulos brancos e mil biliões de plaquetas.


Os glóbulos vermelhos desempenham um papel importante pela substância que lhes dá a côr – a hemoglobina, substância química de composição muito semelhante á clorofila das plantas.
A quantidade de hemoglobina que passa pelos pulmões num segundo é cêrca de dez gramas de substância e ao nível dos capilares pulmonares fixa uma enorme quantidade de oxigénio, que conduz aos tecidos e aí descarrega.


A composição química da hemoglobina é como dissemos muito semelhante à clorofila das plantas, com a diferença que na composição da clorofila entra o magnésio e na da hemoglobina – o ferro.
O sangue humano contém aproximadamente 15 gramas de hemoglobina por 100c.c. e como a percentagem de ferro na hemoglobina é de 0,336% a quantidade de metal em 100c.c. é de cerca de 50 miligramas e de 4 gramas no sangue total do corpo humano.
A quantidade de hemoglobina que possue, em todo o seu sangue, um homem de altura e pêso médios, anda ao redor de 1 quilograma.
O sangue total pode fixar perto de 1200c.c. de oxigénio (200 c.c. por litro de sangue) e esta quantidade de oxigénio é utilizada pelos tecidos num tempo de cinco minutos em estado de repouso e numa simples fracção de minuto, durante o exercício muscular.
Importância de hemoglobina
Se por acaso não houvesse hemoglobina no corpo humano e fosse o plasma encarregado de transportar o oxigénio necessário à vida, quantos litros julgam os leitores que seriam necessários?
Em vez de cinco a seis litros, seriam necessários cerca de trezentos e cinquenta litros!


Ficaria o homem nesse caso com um volume cinco vezes superior à média em geral, transformando-se quási num… gigante Adamastor!
Os glóbulos vermelhos andam á volta de 4,5 a 5 milhões por milímetro cúbico, diminuindo nos casos anémicos, em geral na mesma proporção que a hemoglobina; em determinadas anemias esta baixa paralela não se verifica, como acontece na anemia perniciosa.
Êste facto constitui até um sinal importante de que os médicos se servem para orientação clinica. Os glóbulos rubros podem aumentar em certas circunstâncias como acontece em algumas doenças do sistema cardio-respiratório: enfisema, doença de Ayerza, em certos envenenamentos, doenças congénitas do coração e policitemias ou eritremias, em que a taxa por milímetro cúbico pode ser superior a 7 milhões e mais.
Os glóbulos rubros ou eritrócitos são formados na medula óssea – a que o povo vulgarmente chama o tutano – e destruídos pelas células (macrófagos) do baço, pela acção de substâncias hemolíticas do sangue ou por desintegração na corrente circulatória.
Tem-se observado estudando a perda diária de hemoglobina, que em estado normal se destroem perto de dez milhões de glóbulos vermelhos por segundo, com consequente igual regeneração pelos órgãos formadores do sangue. Os glóbulos brancos os leucócitos distinguem-se facilmente dos vermelhos por não possuírem hemoglobina e conterem um núcleo, enquanto que os glóbulos vermelhos dos vertebrados não têm núcleo, com excepção apenas dos camelídios.

Exército defensor


Os glóbulos brancos são muito menos numerosos que os vermelhos: a sua taxa oscila, em geral, entre 6000 a 8000 por milímetro cúbico.
Na primeira infância encontram-se valores bastantes superiores aos do adulto e até aos 7 ou 8 anos o seu número é normalmente mais elevado.
A contagem dos glóbulos brancos é de uma alta importância para os médicos, porque os orienta no diagnóstico de muitas doenças.
Assim os glóbulos brancos diminuem em algumas doenças como a febre tifóide, o sarampo, a febre-de-malta, kala-azar, a anemia perniciosa, etc, e aumentam em muitas outras, sendo geral êsse aumento em todos os estados inflamatórios e supurações.
Descoberto no final do século XVIII por Spallanzani, o glóbulo branco começou a ser conhecido sob o ponto de vista hematológico com Schultze, que lhe descreveu vários tipos, mas os progressos só se fizeram quando Paul Erlich, o descobridor do 606, deu a conhecer ao mundo científico os seus métodos de coloração ainda hoje seguidos na rotina laboratorial para o exame de esfregaços de sangue.
Os glóbulos brancos ou leucócitos são células semi-móveis de protoplasma contráctil semelhante ao das amibas e que poe duas qualidades primordiais, denominadas amibismo e diapedese, então particularmente aptos a entrarem em luta contra os microorganismos invasores.
Foi o sábio russo Elias Metchnikoff quem, pela primeira vez, notou esses fenómenos, designando essas células sob o nome de fagócitos.
Os glóbulos brancos são, portanto para o organismo humano uma espécie de oitavo exército na luta contra os infinitamente pequenos…
Suponham, por exemplo, o caso de uma apendicite: numa primeira fase há uma chamada de glóbulos brancos ao nível da mucosa do apêndice inflamado (a testa de ponte) e umas horas depois a medula óssea reage e entram precipitadamente na corrente circulatória um número bastante elevado, por vezes ainda jovens, tal como uma chuva de paraquedistas lançados com grande finalidade estratégica.

Mistérios da coagulação


Outros elementos figurados do sangue muito importantes para a coagulação apresentam-se como pequenos corpos redondos, ovais ou irregulares, de tamanho inferior aos glóbulos vermelhos e denominam-se plaquetas, globulinos ou hematoblastos.
Já pensaram alguma vez como se faz a coagulação do sangue? É um fenómeno bastante complexo cujo mecanismo suscita ainda duvidas. A teoria geralmente aceite hoje pelos biologistas compreende quatro elementos que se encontram no sangue normal: a tromboplastina dêsses minúsculos corpos denominados plaquetas, a protrombina que se encontra em solução na corrente sanguínea, fabricada no fígado á custa da vitamina K e o cálcio. Estas três substâncias actuam entre si para formarem um quarto elemento, a trombina, a qual, reagindo com o fibrinogénio do plasma, dá origem à fibrina. É esta fibrina que, encerrando nas suas malhas os elementos figurados do sangue, dá origem ao coágulo.
Por aqui se vê facilmente que todos os estados patológicos com perturbações da coagulação sanguínea são devidos a deficiências da tromboplastina, da protrombina, do cálcio ou do fibrinogénio.


Decerto já ouviram falar na hemofilia: é uma doença do sangue em que está seriamente retardada ou melhor impossibilitada a perfeita coagulação sanguínea. A doença é hereditária e ligada ao sexo (sex-linked) sendo transmitida pelas mulheres e sofrida pelos varões.
Uma das maiores transmissoras da hemofilia que a História nos relata foi a Rainha Vitória. Suas netas portadoras da mesma doença, vieram depois continua-la; a princesa Vitória Eugénia casou com o falecido rei Afonso XIII de Espanha transmitindo ao herdeiro do trono espanhol, o príncipe Afonso das Astúrias a herança… de um tempo de coagulação superior a uma hora!
O principe das Asturias faleceu em 1939 na Florida vitimado por uma enorme hemorragia em consequência de um desastre de automóvel.
Outra neta da Rainha Vitória, a princesa Alexandra, casou com o Czar da Rússia, Nicolas III e o seu único filho era também hemofílico. Felizmente para a corôa de Inglaterra, o filho mais velho da Rainha Vitória, mais tarde Rei Eduardo VII, não herdou o fatídico cromossoma X transmissor da doença e assim a casa de Windsor escapou à herança maldita. Ainda não se sabe com segurança qual a causa da hemofilia; supõe-se no entanto que seja devida a uma elevada resistência das plaquetas, que não se desintegraram completamente, libertando a tromboquinase necessária para o mecanismo da coagulação.
A coagulabilidade normal do sangue anda ao redor de 5  a 8 minutos, mas na hemofilia pode atingir uma hora e ainda mais!
Os grupos sanguíneos
Uma outra qualidade interessante do sangue é a imutabilidade do grupo sanguíneo.
É provável que você já tenha dado sangue para uma transfusão e lhe tenham verificado portanto o grupo.
Os grupos sanguíneos fôram descritos pela primeira vez por Landsteiner que em 1900 – 1901 admitia já a existência de quatro grupos.


A classificação internacional hoje adoptada em todos os centros médicos é a seguinte: grupo O (dador universal), grupo A, grupo B e grupo AB (receptor universal).
Como se reconhece o grupo sanguíneo de um individuo?
Muito facilmente, usando sôros testemunhas ou hemo-testes (anti-A) e (anti-B) e pondo em presença dêsses soros os glóbulos vermelhos do dador ou do doente.
Se os glóbulos vermelhos não são aglutinados por nenhum dêstes soros, o indivíduo pertence ao grupo O (dador universal); se só são aglutinados os glóbulos pelo sôro (B) trata-se do grupo (A), se a aglutinação se produz com o sôro (A) o indivíduo pertence ao grupo (B) e no caso da aglutinação se verificar em presença de ambos os sôros, estamos em face de um grupo (AB) – receptor universal.
O próprio recém-nascido tem já segundo Riddel, um grupo sanguíneo que se mantém imutável em todas as circunstâncias através da vida.
Tem-se observado algumas vezes aglutininas transitórias que passam da mãe ao filho através da placenta, mas estas aglutininas desaparecem, no entanto, passados alguns meses.
Para maior garantia na escôlha de um grupo sanguíneo, deve fazer-se a prova cruzada que tem por objecto demonstrar se os glóbulos vermelhos do dador se podem misturar com o sôro do receptor e se a hematias ou glóbulos rubros do receptor se podem misturar com o sôro do dador sem que produza hemólise ou aglutinação.
Esta prova serve para controlar qualquer êrro na classificação do grupo sanguíneo e não deve portanto omitir-se.
A característica de grupo não é propriedade exclusiva dos glóbulos vermelhos mas existe em quási todas as células do organismo com excepção das células cartilagíneas, ósseas, do cristalino, corpo vítreo e cérebro.
Nos líquidos orgânicos também se observam substância especificas de grupo como por exemplo no leite e na urina, mas especialmente na saliva e no suco gástrico. No entanto só 70% dos indivíduos possuem estas propriedades de grupo fora dos glóbulos vermelhos.
A maior percentagem de indivíduos do grupo O enco9ntra-se na América e proximidades do Polo Norte. Na Europa a maior percentagem pertence ao grupo (A) e na África e na Ásia ao grupo (B).
O grupo (AB) é mais frequente na Ásia, principalmente entre os Persas, onde atinge a percentagem de 18% contra 5% apenas na Europa.
Numa gota de sangue existe, portanto, um pequeno mundo, fisiológico: água, sais, variados componentes minerais e orgânicos, hormonas e vitaminas, milhões de glóbulos vermelhos, milhares de glóbulos brancos e como afirmou Carrel, «do ajustamento recíproco das células e do meio dependem a saúde e a doença, a fôrça ou a fraqueza, a felicidade ou infelicidade de cada um de nós».

Fonte: Revista Ver e Crer nº 2 Junho 1945
Texto: Dr. Egidio Chaves
Fotos da net
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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Salzburgo

Na terra de Mozart


Entre ruas estreitas, casas antigas, igrejas com cúpulas verdes e montanhas imponentes, Salzburgo parece o cenário de um filme do século XIX. Ideal para dias de Outono com cheiro a lareira, e muita música.
Quase acreditamos que Mozart continua vivo. Quando se chega à pequena cidade de Salzburgo, na Áustria, tudo parece antigo, muito antigo. A paisagem é de presépio, com as ruelas, casas em pedra, imponentes teatros de de talha dourada e tectos pintados à mão, e há sempre em fundo sons de musica clássica.
Não há dúvida: é ma terra de música.


De Mozart à família Von Trapp – ou não tivesse sido este o cenário do filme Música no Coração. Em qualquer altura do ano é possível ver grupos de turistas a palmilhar os sítios onde foram gravadas cenas do filme… O melhor é trocar-lhes as voltas, pegar numa bicicleta e começar por conhecer a cidade com um passeio à beira do rio Salzach.

(O Imóvel mais famoso da Getreidegasse fica no número 9. Foi lá que nasceu, em 27  de Janeiro de 1756,Wolfgang Amadeus Mozart)

Termine na praça central e retempere forças no Café Tomasell, uma instituição local desde 1705, Mozart costumava passar por lá para beber um chocolate quente. Mas isso eram outros tempos, a especialidade da casa agora é o strudel de queijo e o tomaselliums café: moca, licor de Mozart e natas batidas com amêndoas lascadas. Imperdível.
A seguir descubra a rua principal, a Getreidegasse. Cheira a lareira e não faltam lojas de decoração de Natal (em qualquer altura do ano), instrumentos musicais e licores.


Se for uma quinta-feira, de manhã vá até ao mercado Verde de St. Andrews Church, que vende queijos, enchidos e compotas da melhor qualidade.
Já pela hora de almoço, não deixe o centro histórico sem uma passagem pelo Carpe Diem e experimente as entradas de salmão fumado, rosbife e carneiro servidas em cones de baunilha. 

(jardins de Mirabell )

Á tarde, entre um passeio pelos jardins de Mirabell e uma subida á encosta, para visitar o Museu de Arte Moderna, reserve o princípio da noite para um cocktail no lounge envidraçado do Hotel Stein. Fica no último piso, com uma vista soberba sobre a cidade.
Para jantar reserve mesa no Restaurante Magazin, um dos melhores da cidade. Peça ostras frescas antes de um cordeiro no forno.
O ideal é terminar o dia com um dos muitos concertos que se realizam diariamente, em salas lindíssimas. O preço médio ronda os 30 euros por pessoa e o repertório vai de Brahms a Strauss, passando, como não podia deixar de ser, por Mozart.

Fonte: Revista Sábado
Texto: Catarina Serra Lopes
Fotos da Net
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