segunda-feira, 20 de março de 2017

D. Maria I - A Rainha Louca

D. Maria I perdeu o juízo com medo das penas do inferno



A primeira mulher que governou Portugal morreu faz hoje dia 20 de Março, 201 anos. D. Maria I (1734-1816) subiu ao trono com a promessa de apaziguar a sociedade portuguesa, crispada pelas medidas reformadoras impostas com pulso de ferro pelo Marquês de Pombal. Logo nos primeiros meses de reinado, em 1777, decretou um indulto geral que libertou perto de 800 presos – entre nobres (incluindo familiares dos Távoras, como a Poetisa marquesa de Alorna, que estava fechada no convento de Chelas desde 1759), eclesiásticos (como o Bispo de Coimbra e vários jesuítas) e, sobretudo, gente do povo. Foram iniciativas como esta que logo associaram à nova rainha o cognome de a Piedosa.
A demissão de Pombal, a mudança de pessoal político – embora tivessem continuado no Governo alguns discípulos do marquês – e a influência recuperada pela alta nobreza caída em desgraça no reinado de D. José fizeram com que este período ficasse conhecido como a “Viradeira”.
A Aristocracia era encabeçada pelo marido (e tio) da rainha, D. Pedro III, irmão de D. José. À falta de atractivos físicos aliava o rei consorte a pouca inteligência. Na corte puseram-lhe a alcunha de “capacidónio”: era uma das suas palavras preferidas e com ela se referia às pessoas a quem tencionava atribuir um cargo, depois de ter apanhado de ouvido que alguém era “capaz e idóneo” para determinado emprego…
Além da sua nobreza, também a Igreja regressou ao poder com a Viradeira. D. Maria era extremamente devota e a sua religiosidade exacerbada tocava as raias da superstição, já desde os tempos de princesa na corte do avô D. João V. Por altura da sua aclamação, um viajante francês escreveu que o confessor a convencia a gastar em penitências o tempo que deveria empregar com mais utilidade para o bem do povo. No entanto, era precisamente esse confessor – D. Frei Inácio de S. Caetano, arcebispo de Tessalónica e inquisidor-geral, nomeado ainda pelo Marquês de Pombal – quem acalmava os exageros da devoção que atormentavam D. Maria.

A Rainha Maria I e o rei D. Pedro III de Portugal

A morte de D. Pedro III, em 1786, afectou-a, mas o grande golpe na sua saúde mental foi a dupla perda que sofreu em 1788. A 11 de Setembro, morreu com um ataque de bexigas, o filho mais velho, o príncipe herdeiro D. José, com 27 anos.
Poucos meses depois, a 29 de Dezembro, morreu D. Frei Inácio de S. Caetano. Sucedeu-lhe como confessor da rainha o inquisidor-geral o bispo do Algarve, D. José Maria de Melo, um dos homens mais reaccionários da corte.
O novo confessor atormentava constantemente a soberana, lembrando-lhe as penas que o pai, D. José I, estaria a sofrer no inferno por ter consentido a política de Pombal. Não perdia uma oportunidade de alimentar a perturbação de D. Maria, dividida entre os deveres de rainha e de filha – recusava-se a condenar a memória paterna, o que resultava numa incessante tortura psicológica. As notícias da Revolução Francesa encontraram-na num estado de grande fragilidade. Acabou por perder completamente o juízo.
No princípio de 1792, a rainha foi sangrada e levada a banhos, mas, no dia 10 de Fevereiro, os mais prestigiados médicos do reino assinaram um boletim confirmando que “a saúde de Sua Majestade no estado em que se acha” não lhe  permitia ocupar-se dos assuntos de Estado. Tinha 57 anos e estava, oficialmente, louca.

D. João VI

O príncipe D. João (futuro D. João VI) passou a governar em nome da mãe, mas só em Julho de 1799 assumiu o título de príncipe regente. A última aparição pública de D. Maria I em Portugal foi a 27 de Novembro de 1807, no dia em que a corte embarcou para o Brasil, para escapar à evasão francesa, comandada por Junot. Perante a confusão geral da fuga, a rainha, já com 73 anos, teve um assomo de lucidez, resistindo a descer do coche: “Mais devagar! Diriam que fugimos.”
Morreu no Rio de Janeiro, com 81 anos. Está sepultada na Basílica da Estrela, em Lisboa.

Basílica da Estrela

Basílica da Estrela


A Basílica da Estrela, em Lisboa, entregue às Carmelitas Descalças de Santa Teresa, foi a grande obra edificada no reinado de D. Maria I. Mas outras medidas ficaram para a história.
A Iluminação pública das ruas da capital; imposta à força (e paga com um tributo legal) pelo intendente da polícia Pina Manique, em 1780, foi um acto de civilização. Tal como a criação da Academia das Ciências de Lisboa, em 1779, por iniciativa do Duque de Lafões e do Abade Correia da Serra. Pina Manique foi também o impulsionador da Casa Pia, em 1783.

Fonte: Revista Notícias Sábado
Texto/Autor: João Ferreira (Histórias da História)
Fotos da Net
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terça-feira, 7 de março de 2017

Índia

 Índia - Em busca do Império Vijayanagara


Tesouro incalculável, as ruínas da antiga Cidade de Hampi são dos destinos mais procurados do estado de Karnataka, no sul da Índia. Os seus 35º templos são a memória do esplendor de Vijayanagara, o maior império depois do mongol.



Já contávamos encontrar grandes surpresas na Índia. No entanto, Hampi, o imponente complexo de Templos históricos do sul do estado de Karnataka, superou as espectativas. Aqui não afloram vãs nostalgias daquele poderio distante ou da magnificência das suas construções, cenários de uma vida de ostentação e requinte. Pelo contrário, tudo é mais uma recordação imortalizada do distante esplendor indiano. Sentimos isso ao lado dos brâmanes e das belas mulheres de sari, cuja pele dourada contrasta com os tons turquesa brilhantes das fúchsias, os vermelhos e os azuis, como há mil anos. 


Frequentado principalmente por viajantes nacionais, o local é uma espécie de espelho no qual a grandeza desses tempos idos, do místico e do sagrado, dos ritos e histórias de séculos perdidos, fazem reviver pedras e pintura como se tudo estivesse a acontecer aqui e agora. “Like the painting, right? “, Pergunta Suri, o guia, que esconde um sorriso malicioso a cada paragem. 


Nestes templos, as origens reconstroem-se no presente. Os trajes antigos, as jóias falsas das adolescentes, as inúmeras vacas deambulantes e um elefante que entrega bênçãos de água parecem cenas tiradas dos quadros e estátuas de 1300.


Elefante santifica família

Partindo de Bangalore, a capital do Sul. Famosa por dominar o mercado mundial de software, em concorrência com a China e Estados Unidos, o encontro com o parque arqueológico exige que se percorra um caminho que se contorce ao ritmo do mudra (dança com as mãos). 

    
A estrada segue a sua melodia em cada aldeia por onde passamos, enquanto nos campos entre aldeias predominam os verdes dos campos de arroz, em plena época de colheita. Há também mulheres e meninas que caminham pelos bordos destes ressaltos em busca de um rio ou canal para lavar as roupas que levam á cabeça, em grandes tinas coloridas.

Hemakuta Hill 

Algumas horas depois, chegamos ao espectacular Royal Orchid, o hotel de cinco estrelas que nos introduzirá no esplendor asiático, nas massagens ayuevédicas e nos alimentos afrodisíacos, dando inicio a um turbilhão de contrastes difícil de acomodar na mente. The Sacred Center . O Centro Sagrado
The Sacred Center . O Centro Sagrado

Perto dali, a cidade vizinha de Hospet é a passagem intermédia para chegar ao destino: lá vamos nós, evitando as ultimas vacas a toque de buzina, uma habilidade demonstrada por Suri, também nosso motorista. Conduzirá o grupo durante vários dias para percorrer Karnataka, o diamante em bruto do sul da Índia, de Hampi é a estrela.

Virupaksha Temple ou Templo Pampapati

Meca turística da região e Património da Humanidade consagrado pela UNESCO na década de 1980, a reserva tem grande valor para arqueólogos e arquitectos de todo o mundo. Ainda hoje é preservada e estudada pelo Archaeological Survey of Índia. Hampi foi a capital de quase toda a Índia austral, onde se fundou um dos reinos mais ricos da terra, o Império Vijayanagara, recordando entre outras coisas pelos seus comerciantes de diamantes.

Krishna Temple

Os seus 350 templos em ruínas, 83 deles recuperados e visitáveis, foram esculpidos até ao inimaginável, ornamentando-se cantos, ângulos, tetos e lugares que vemos apenas com o auxílio de uma lanterna, dando vida a cenas de dançarinos e músicos, de sexo e espiritualidade, de animais míticos e deuses virtuosos de mãos múltiplas. 

Lakshmi Narasimha Templo

Situa-se a sul de Hampi. Num único bloco de pedra com cerca de 6.7 m de altura foi esculpida a estátua de Narasimha. Narasimha (significa nas línguas locais meio-homem, meio leão-leão) é esta é uma das dez encarnações de Vishnu. A estátua foi recentemente restaurada. 

Em frente ao tempo está o famoso carro de pedra (Stone Charriot ou Kallina Ratha), um símbolo da perfeição artística do Império Vijayanagara. Não é um carro, como um nome sugere, mas sim um santuário construído em forma de um carro.


Stone Charriot ou Kallina Ratha

Todos vivem esculpidos na rocha. Não muito longe, logo que amanhece desperta um mundo que flutua entre o comércio e a vida religiosa quotidiana. Montam-se ali as tendas dos feirantes e arranca a venda de tecidos, alimentos e pós sagrados, bem como sabão e champô para quem quiser banhar no Rio Tungabhadra. Suri conta que por detrás da torre de Virupaksha, ao longe, o rio fornece imagens menos turísticas, mais rurais, onde os habitantes locais rezam e lavam as suas roupas. “Eu quero estar allí agora que nace el sol.

The King's Balance 

Esta estrutura, o Tulapurushandana, fica a sudoeste do templo Vittala. É composto por dois pilares esculpidos em granito, unidos por uma trave horizontal também de granito.

Podemos fazer muito bonitas imágenes”, explica em portunhol Fernando Quevedo, conhecido fotógrafo de O Globo e intrépido perseguidor de leões na savana africana. Claro que o seguimos. Em poucos minutos chegamos à costa e imediatamente somos surpreendidos por um desses rituais de que tanto tínhamos ouvido falar: algumas mães dão banho aos filhos, enquanto um elefante santifica com água da sua tromba a família de um bebé recém-nascido. Longos saris estão estendidos nas escadas e anciãos com metade do corpo debaixo de água agradecem aos céus, rodeados de templos que depressa ficam sob a fúria do sol escaldante. Uma autêntica porta aberta para a Índia milenária.



Ramachandra Temple ou Hazara Rama Temple 

O templo fica num pátio rectangular, com entradas viradas para o leste. Encontram-se vários relevos nas paredes internas e externas. O Templo pode ter sido exclusivamente para uso real.

O fim do Imperio Vijayanagara

Também chamada “Cidade da Vitória”, Hampi deu três gerações de chefes hindus durante dois séculos. No seu Centro Sagrado erguem-se os templos de Krishna e Achyuta Raya, assim como pinturas, gravuras, esculturas e estátuas sagradas. 


Lotus Mahal - (Palácio da Rainha)

Era um palácio para a rainha, que tem, entre outras coisas, tubos com água corrente. a sua construção foi posterior ao período Vijayanagara, mostrando esta estrutura influências islâmicas.

Uma destas chama especialmente a atenção: é Narasimha, divindade sulista de mãos virtuosas, a reencarnação do deus Vishnu em homem-leão. A ele e aos outros dois deuses centrais do hinduísmo, Brahma e Shiva, não pouparão honrarias os sacerdotes, brâmanes e pagadores de promessas. 


Pushkarani 

Também chamado Stepped Bath, ou Queen's Bath, era um projecto desenhado para banhos. Estes poços submersos foram criados para proporcionar alívio do calor durante o dia. Teria sido coberto quando a cidade era ocupada. 

Ali perto, no Centro Real, ergue-se o templo de Hazara Rama, os estábulos de pedra onde a rainha recolhia os elefantes., a piscina para festas e o seu incrível palácio. Mas é o templo Vitthala e o seu Palácio da Música que nos deixam fascinados. 


Elephant stables - Estábulo dos Elefantes

Este quadro mostra  a posição de soldados e comerciantes, uma amostra da prosperidade do Império

Era um conjunto de grandes estábulos, para abrigar os elefantes cerimoniais da casa real. a área na frente deles era um ponto de parada para os elefantes e para as tropas. esta estrutura mostra também a influência islâmica nas suas cúpulas e pórticos arqueados. o quartel dos guardas estavam localizados ao lado do estábulo dos elefantes.

Vittala Temple

Situado a nordeste de Hampi, em frente à vila de Anegondi, é um dos principais monumentos da cidade. É dedicado a Vittala, acredita-se que data do século 16. Uma das características notáveis do Templo Vittala são os pilares musicais. Cada um dos pilares que sustentam o telhado do templo principal é suportado por um pilar que representa um instrumento musical.

Pilares de Pedra no Templo de Vittala 

“Cada uma das colunas que aqui vêem foi construída com uma nota musical, do dó ao si. Think at the time… quando cada canto deste templo, iluminado pelas estrelas, soava segundo os golpes que os mestres da música davam com pequenos ferros em cada coluna. É nem mais nem menos que o triunfo da beleza, da arte e da mente, há séculos e séculos atrás.”, Pode ler-se. É uma maravilha musical esculpida à mão.

Mas tudo tem um fim, e o Império Vijayanagara e dos seus palácios foi em 1565. Apesar do seu grande poderio (o maior depois dos mongóis), os sultões muçulmanos do Decão aliaram-se e venceram-nos na batalha de Talikota, recorrendo a uma antiga prática de conquista e subjugação: a destruição imediata dos santuários e templos que hoje percorremos. Apesar de estarem em ruinas são muito visitados. 

Este Templo dedicado as Senhor Shiva foi construido muitos metros abaixo do nível do solo. Por esta razão, o Templo está alagado muitas vezes, limitando assim a entrada para as áreas interiores.


Underground Shiva Temple

Os vizinhos do Norte do país, os feirantes de Hospet e das aldeias limítrofes também rezam aqui como num templo activo. Descalçam-se como fazem em casa e dão inicio a manifestações com ofertas de frutas, juntando as mãos, fazendo movimentos circulares, inclinações e alguns cânticos, até que o ritual hindu lhes chegue à alma. Alguns sacerdotes distribuem água e cada um bebe-a na palma da sua mão, enquanto o fumo do sândalo em incenso vai subindo pelas colunas esculpidas e penetra nas pequenas cavidades dos deuses de pedra. O mundo aparente e o real, o que alimenta o corpo e a alma, são aqui a mesma coisa. A Índia sagrada mantém-se viva.

Fonte: Jornal Buenos Aires /http://ferias-paratodos.blogspot.pt
Texto/Autor: Paul Donadio/ http://ferias-paratodos.blogspot.pt
Tradutora: Aida Macedo
Fotos: Wikipedia /http://ferias-paratodos.blogspot.pt
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segunda-feira, 6 de março de 2017

Luís XI de França

Um órgão original


Luís XI de França, que no seu país soube criar o regime absoluto e foi o rei sinistro que mandou matar no cadafalso de Halles o infeliz Jacques d’Armagnac, duque de Nemours, era dado a excentricidades que, vistas à luz de hoje, provocam a censura. Conta-se que um dia, já cansado de ouvir os instrumentos do seu tempo, tão apreciados em festas cortesãs, resolveu falar com De Baigné, abade e director solícito da banda de música do palácio, a quem incumbiu de fazer um aparelho musical que lhe andava na imaginação como realidade consoladora dos seus ócios. O abade escutou o soberano com todo o acatamento, e principiou a construir esse maravilhoso instrumento. Tratava-se simplesmente de um órgão de porcos.
De Baigné escolheu porcos de várias idades e tamanhos, dividindo-os em diferentes grupos, conforme a qualidade sonora dos seus grunhidos. Em seguida, com admirável mestria, colocou-os em fila dentro de uma barraca de campanha, e perto desta pôs o teclado, em que os martelos, sob a acção dos movimentos, obrigavam a funcionar instrumentos pontiagudos, que feriam os porcos, os quais, ao experimentarem a dor provocada por tão cruel processo grunhiam desesperadamente.
De Baigné sentava-se em frente do teclado, e logo o aparelho começava a funcionar: o ruido dos suínos tornava-se ensurdecedor e convertia-se num espectáculo horrível. Luís XI alegrava-se ante o sofrimento dos pobres animais, e os palacianos que o cercavam gabava a invenção que lhe permitia ouvir sons gratos aos seus ouvidos.

Fonte: Almanaque Diário de Notícias
Texto/Autor: Desconhecido
Foto da Net
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domingo, 5 de março de 2017

Tiróide

Tiróide ou Triplo Reaquecedor?



A tiróide produz e liberta para a circulação sanguínea as denominadas hormonas tiroideias, as tiroxinas T3 e T4, cuja função é a de obter diversos efeitos no metabolismo e desenvolvimento do corpo, por exemplo, para a utilização da gordura corporal, a temperatura basal, a frequência cardíaca, a pressão arterial, os estados de humor, a velocidade cerebral…
Para a tiróide funcionar bem, há que ter em conta que ela necessita de duas hormonas que são geradas noutros órgãos, a hipófise e o hipotálamo, que produzem, respectivamente, as hormonas TSH e TRH, e ainda que exista um bom equilíbrio da imunidade, pois muitas vezes a origem das doenças da tiróide é a falha na imunidade, ou seja, quando o organismo fabrica anticorpos (“defesas”) contra si próprio, neste caso contra a tiróide, resultando quase sempre em quistos e nódulos, para além dos erros na quantidade de tiroxinas fabricadas. Acontece por exemplo, na tiróide de Hashimoto, muito frequente em Portugal. Os problemas de tiróide são muito comuns, sendo mais frequentes nas mulheres do que nos homens, e traduzem-se em hipertiroidismo quando há excesso de hormonas tiroideias e hipotiroidismo quando há falta destas.


O hipertiroidismo, torna o organismo “acelerado”, sendo o mal estar evidente, podendo desenvolver: palpitações, transpiração excessiva, ansiedade, tremores, perda de peso, intolerância ao calor, queda de cabelo, fraqueza geral, exoftalmia…
Já o hipotiroidismo, causa uma “lentidão” no organismo, promovendo por exemplo, aumento de peso, fadiga física e mental, dores sem causa aparente, obstipação, etc.
A medicina chinesa, identificou os quadros clínicos de disfunção tiroideia há três mil anos, enquadrando a tiróide num órgão não material, que designa por Triplo Reaquecedor, tendo funções que incluem as da tiróide e as da imunidade; ao regula-lo, pela acupunctura e fitoterapia, equilibra a tiróide em particular e os metabolismos em geral, tratando com sucesso os hipo e os híper “tiroidismos”. Curiosamente pelo mesmo mecanismo estabiliza a imunidade, o que beneficia igualmente os que sofrem de tiróide por auto-anticorpos.

Fonte: Revista Nova Gente
Texto: Dr. Pedro Choy
Foto da net
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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Drácula - Vlad Tepes

Drácula, sangue por sangue



Para os ocidentais, Vlad Tepes é o Conde Drácula. Para os Romenos é um príncipe sanguinário mas justo, o defensor do povo, que só empalava traidores e ladrões.

As opiniões dos historiadores romenos dividem-se alguns comparam Vlad Tepes a Drácon de Atenas (legislador grego do século VII a.C.) e veem-no como um génio político; outros consideram-no um celerado sádico.
“O Empalador” continua a ser uma figura muito presente no imaginário colectivo e dos decepcionados com a sociedade de hoje, a corrupção e a injustiça invocam-no novamente, como fez outrora o grande poeta romeno Mihai Eminescu (no final do Século XIX): “Porque não voltas, Senhor Vlad, o Empalador?”


O historiador Bogdan Ioan critica a tendência de alguns estudiosos para fantasiar sobre Vlad Tepes. Alerta para que a historiografia romena tem tendência para apresentar o voivoda (príncipe) como protector dos pobres e dos justos, bem como um governante organizador. Para Bogdan, “O Empalador” foi “um tirano brutal e um monstro desumano”. “Deviamos ter vergonha, e não apresenta-lo como um modelo de bravura e patriotismo”, escreveu.

Tanto bom quanto mau. E vilão?


Outros historiadores, como Constantine C. Giurescu, justificam os seus actos de crueldade com o superior interesse da nação: “As torturas e as execuções não eram caprichos; tinham a sua razão de ser num mundo onde ainda não tinha sido inventado o principio da  diversidade de opinião”. Os massacres teriam, portanto, justificação, já que visavam instalar ordem e a honestidade, e consolar o reino.


No entanto, a imagem mais desfavorável de Vlad, “O Empalador”, encontra-se nas crónicas germânicas e eslavas. Alguns especialistas desacreditam-nas totalmente, dizendo que são absolutamente falsas. Outros embora conscientes de que contêm elementos inventados, destinados a impressionar um público ávido de sensionalismo, acham que são documentos com valor histórico.


O historiador Lucian Boia acredita que se criou em torno de Vlad Tepes um mito de Rei duro, mas justo, que matava os nobres gananciosos e corruptos: “ É uma mitologia que ainda está muito viva na Roménia e de que os romenos  deviam passar a desconfiar. É o característico culto romeno do líder, resultado de uma sociedade camponesa, respeitosa do príncipe. Vlad Tepes é o soberano que tem sempre razão, contra uma elite ávida de riqueza e poder. O seu sucesso prendeu-se com a veneração por um povo insuficientemente politizado, que adora os dirigentes, sejam eles príncipes, reis, presidentes comunistas ou pós-comunistas”.


Outro historiador, Neagu Djuvara, descreve, no seu livro O Scurt? Istoire a Românilor Povestit? Celor Tineri (Breve história dos romenos contada aos jovens), a execução por empalação: “Era uma agonia terrível. Espetava-se uma grande estaca no chão e o condenado era como que crucificado nela. Depois – coisa terrível só de se dizer – untava-se um pau com sebo e introduzia-se-lhe entre as nádegas; mas muito lentamente, para não causar morte imediata. Não devia perfurar o fígado nem o coração, antes se pretendia que saísse pelo pescoço. E o homem ficava em exposição, para que os corvos lhe comessem os olhos”.


Embora lhe tenham criado uma imagem de monarca justo, próximo do povo, as crónicas eslavas contam, que certa vez, o voivoda ordenou a reunião dos mendigos e doentes do território, trancou-os numa casa, alimentou-os à saciedade e, em seguida, ateou fogo ao edifício.

Um tirano demente e vingativo


Os saxões da Transilvânia contam-se entre as vítimas de Vlad Tepes. Descontentes com as facilidades comerciais concedidas pelo governante romeno, os saxões de Sibiu e de Brasov deram apoio e abrigo a vários pretendentes ao trono. Como resultado, “O Empalador” cruzou várias vezes as montanhas dos Cárpatos para assolar as aldeias da região de Tara Barsei (Burzenland, no Sul da Transilvânia). Rezam as crónicas que o governante confiscou a fortuna de 600 comerciantes de Burzenland, antes de os empalar.
As crónicas descrevem também o cinismo do voivoda: terá obrigado um pretendente ao trono a cavar a sua própria sepultura antes de o matar; e terá empalado o comandante otomano Hamza com uma vara maior do que a de outros turcos.


Uma das histórias eslavas que, ao que parece, era leitura de cabeceira de Ivan, “ O Terrível”, narra um episódio em que alguns turcos se recusaram a descobrir-se perante ele; Vlad ordenou que os turbantes fossem pregados às suas cabeças. Está escrito que, certa vez, na estrada, encontrou um homem com uma camisa suja; foi a casa dele e mandou empalar a mulher ali mesmo, para puni-la pela sua preguiça.
O que é garantido, para lá das histórias improváveis surgidas da imaginação delirante dos contemporâneos, é que Vlad Tepes foi um homem de rara crueldade, mesmo para a época. O original do seu famoso retracto, que aparece nos manuais escolares, está ainda hoje no castelo de Ambras, perto de Innsbruck, num museu dos horrores, entre outras monstruosidades imortalizadas em pintura.

Fonte: Jornal Evenimentul Zilei (Bucareste)
Texto/Autor: Andreea Dogar
Fotos da net
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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

É uma casa portuguesa


As casas de papel, ou casas de armar, popularizaram-se a partir da década de 1930, graças à inclusão em revistas e suplementos infantis de jornais.
Um País para recortar e colar.
Em Abril de 1934, a revista A Arquitectura Portuguesa alertava para a proximidade do dia em que o nudismo se tornaria «um império absoluto no mundo». Pensem no total desguarnecimento de roupas em certas zonas balneares, apliquem-no à arquitectura e verão o dia em que «toda a construção se reduzirá a paredes lisas com buracos». Não é particularmente excitante. Na verdade, corresponde ao cenário mais vulgar dos nossos horrendos subúrbios – reflexo do tempo em que «as cidades serão construídas por cubos ou outros sólidos», e os arquitectos se tornarão os «arquidesgraçados» do futuro», como então descrevia o autor do artigo. Ao arrepio deste prognóstico, as casas de armar representaram no entretenimento sólido pelas várias gerações de crianças. Além de cola e tesoura, pedia-se paciência e perfeccionismo, uma dupla hoje tão fora de moda como as pobres Manas Perliquitetes. Ideologicamente, representavam um Portugal globalizado á escala regional, um outro Portugal dos Pequenitos, para quem não tinha televisão nem automóvel. Numa viagem à roda do quarto, planificava-se e construía-se um país de papel. Num extremo, a casa minhota, de pedra granítica e balcão de madeira alpendrado, com a latada a fazer sombra e, por baixo, a corte dos animais. No outro, as brancas açoteias algarvias, de um cubismo radical e ofuscante, uma espécie de antípodas onde as pessoas andavam em cima do telhado, coisa estranha. Mas bastava seguir as instruções à risca e tudo fazia sentido.

Fonte: Revista Notícias Magazine
Texto: Carla Maia de Almeida
Fotos da Net
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domingo, 26 de fevereiro de 2017

Matar o Bicho


Este costume de matar o bicho data do século XVI, e com êle o dizer popular.
Em 1529 tendo morrido em Paris uma dama da côrte, ao fazerem-lhe a autópsia encontraram-lhe um bicho, ainda vivo, alojado no coração.
Os médicos fartaram-se de fazer experiências, aplicando vários ingredientes para matar o verme e só conseguiram mergulhando-o em aguardente. Foi daqui que nasceu o conselho médico quinhentista deste tratamento preventivo matinal.

Fonte: Almanaque Ilustrado O Século (1931)
Texto/Autor: Desconhecido
Foto da net
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sábado, 25 de fevereiro de 2017

Ilhas Errantes

Que desaparecem e aparecem desafiando todas as teorias científicas


Do ponto de vista das suas constantes variações, a Ilha do Falcão, uma das que fazem parte do arquipélago de Tonga, nas românticas paragens do Pacífico Sul, é, com certeza, a mais estranha de quantas se situam nas rotas, mais ou menos frequentadas, das carreiras de navegação. Um capitão de navios que no seu diário de bordo tinha registado a sua localização, comprimento e largura, poderá, breves tempos depois, ser desmentido por outro, que em sua busca tenha consumido bastantes quilos de combustível. De facto, a Ilha do Falcão aparece, aquece-se, altera-se e desaparece com irregulares intervalos, de meses ou de anos, sem a menor consideração pelos estudos ou observações dos cientistas.


Recebeu o seu nome do que na proa ostentava o orgulhoso navio de guerra «Falcão», navegando sob a bandeira de Sua Majestade Britânica. Em 1865, o comandante de barco assinalou a presença de um recife, que imediatamente proclamou propriedade inglesa. Doze anos depois. Outro navio britânico, o »Sappho», deu conta de haver divisado fumos de proveniência vulcânica saindo do solo da ilha. No ano de 1880, um comandante francês procurou, em vão, a jovem ilha. Cinco anos mais tarde, um navio inglês demandou as águas da ilha do Falcão e o seu comandante procedeu a rigorosas medidas, que revelaram uma extensão superior em três quilómetros à observada  em 1865 e uma diferença, para mais, de 45 metros na altura. Em Abril de 1894, um veleiro passou por cima do local onde estivera a ilha; três meses depois esta era novamente assinalada, desta vez com mais 7 quilómetros de comprimento. Dois anos decorridos, novo desaparecimento. Já no século XX, em Junho de 1927, a sua altura ascendia a 110 metros.


Perante tamanhas divergências, um geógrafo americano, depois de se assegurar da consistência do solo, resolveu fazer investigações in loco. Por toda a parte, largamente disseminadas, encontrou cinzas e lavas, um quieto lago de água quente, no centro da ilha, e um monte com 150 m de altitude. A partir da data destes estudos, a ilha voltou a diminuir em extensão, largura e altura.
Durante a guerra de 1939/45 um escritor europeu sugeriu que a ilha do Falcão fosse o destino dos criminosos de guerra. Esta ideia, que não foi posta em prática recebeu entretanto, o aplauso de muitos.
Segundo uma das muitas teorias, a Ilha do Falcão é o produto das erupções intermitentes de um vulcão submarino. Nos períodos de inactividade vulcânica, ás águas do mar lavam as cinzas, desagregam a lava e a ilha desaparece.


Não se julgue, todavia, que a Ilha do Falcão é a única no Mundo a confundir navegantes e geógrafos. Duas outras ilhas, ao sul de Yokosuka, no mar do Japão, desapareceram em 1946. A Ilha de Fu, no Oceano Índico, submergiu-se no ano de 1948. No arquipélago das Novas Hébridas assinalou-se o aparecimento de uma nova Ilha em Novembro de 1949, descoberta pelo piloto de um avião comercial.
Bem perto da grande cidade de Nova Iorque há uma outra ilha, bem conhecida dos pescadores do Lago Tiorati. Esta tem o estranho hábito de vaguear, fugindo, qual tímida gazela, mal dela se afastam os olhos. Para evitar essas fugas, os pescadores atam-na a outra ilha por meio de fortes espias. Quando sopra o temporal, a ilha desaparece, voltando a surgir com a calmaria, muitas vezes longe do ponto onde se encontrava. No Inverno de 1953, os pescadores tiveram de a rebocar durante quase um quilómetro para a colocarem no local mais conveniente para as suas pescarias.

Fonte: Almanaque Diário de Notícias (1954)
Texto/Autor: Desconhecido
Foto da Net/Cnes Airbus/Orbassano
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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Panamá


Origem. Apesar do nome, acessório é do Equador
O Rei dos chapéus de palha

Ao longo de vários séculos, o panamá ganhou fama como o chapéu de verão nas elites ocidentais. Originário da América Latina, há muito que o seu uso se estendeu a todo o planeta e foram várias as figuras de estado que se tornaram fieis ao acessório. Harry Truman, Napoleão III e Eduardo VII são alguns dos exemplos. O seu período de ouro foi a primeira metade do século XX, mas ainda hoje o panamá é muito popular. Apesar da enorme evolução ao nível das cores e dos formatos, a aba circular em torno do chapéu continua a ser presença obrigatória. Os melhores modelos possuem milhares de tiras por centímetro quadrado, o que dá uma aparência diferente e mais requintada do que aquela que os chapéus de palha têm por norma.
Supõe-se que o panamá seja um descendente longínquo dos petasos, um género de chapéu proveniente da Grécia Antiga, que a civilização romana difundiu por toda a Europa. Cada país latino desenvolveu a sua versão e, ao longo dos séculos, foram vários os modelos que surgiram semelhantes ao actual panamá. Terá sido durante as conquistas espanholas que os chapéus de palha chegaram ao continente sul-americano, através das toquillas – modelo que os marinheiros utilizavam na época. O mais surpreendente é que o modelo panamá teve origem no Equador. Na verdade, as cidades Cuenca e Montecristi são as maiores produtoras deste acessório, que muitos consideram como o rei dos chapéus de palha. A importância do panamá na economia equatoriana é tão significativa que a própria revolução liberal de 1895 – liderada pelo herói nacional Eloy Alfzaro – foi financiada com as suas exportações. O nome “panamá” remonta apenas a 1906. Foi após a visita de Theodore Rosevelt ao país homónimo, durante a construção do canal que liga os oceanos atlântico e Pacífico, que o chapéu ficou assim conhecido. Milhares de exemplares foram encomendados para os trabalhadores da obra, mas foi a imagem do presidente americano de chapéu, na cabeça que popularizou este acessório, dando mais tarde origem à designação actual.

Fonte: Revista Sábado
Texto: João Silva
Fotos da net
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