A origem de muitos rituais
mágicos ainda hoje realizados perde-se na noite dos tempos. As práticas vão e
vêm ao sabor das modas, mas nunca são esquecidas. O uso de um único brinco na
orelha, actualmente muito comum entre os homens, tem uma curiosa origem
lendária.
No fim do século XVI, mais
ou menos na época do «Invencível Armada», um navio espanhol perdeu-se durante
uma tempestade e foi parar à Costa da Noruega. A sua tripulação era constituída
por marinheiros cruéis, hábeis e implacáveis, que tiveram de permanecer algum
tempo em terra para consertar um dos mastros do navio. Espalharam armadilhas na
zona onde tinham ancorado para apanharem pequenos animais e, inesperadamente,
certa noite, capturaram um gnomo que rondava o acampamento que haviam montado
na praia. Ninguém pode imaginar as torturas e humilhações a que o submeteram.
Hornuk – era este o nome do gnomo -, no entanto, era esperto e aguardou o
momento certo para negociar a sua vida.
A certa altura ouviu os
marinheiros a falarem sobre o seu medo de morrer no mar, onde não poderiam
receber uma sepultura adequada, ou de serem levados para uma praia onde os
habitantes, considerando-os piratas, os deixassem insepultos.
Hornuk não perdeu a
oportunidade. Disse-lhes então que tinha um amuleto capaz de proporcionar aos
marinheiros uma sepultura condigna, fosse no mar ou em terra. Isso atraiu a
curiosidade dos espanhóis, que lhe ofereceram a sua vida em troca desse
amuleto.
Hornuk passou a noite a
furar orelhas e a pendurar brincos. A partir daí espalhou-se a crença de que
isso garantia aos marinheiros uma sepultura condigna, onde quer que fosse. Na
verdade, sempre que um cadáver de um náufrago com um brinco na orelha dava à
costa, os gnomos dessa terra encarregavam-se de o enterrar numa sepultura
condigna. Desde então, os marinheiros passaram a acreditar na história do gnomo
e a furar as orelhas, onde usavam brincos de ouro.
A história de Hornuk foi
mais do que uma inspiração do momento para se salvar. Para os gnomos, o ouro,
mais do que um bem com valor material, sempre foi considerado um elo entre o
homem e o Sol. Por isso gostam de ouro e trazem-no sempre com eles.
Segundo esses pequenos
seres, o metal reduz a sua necessidade de sol. Quando fazem amor, mantêm um
objecto de ouro de qualquer tipo em contacto com o corpo. Este objecto pode ir
de uma pulseira a um anel ou a uma corrente. Segundo eles, qualquer destes
objectos reforça a energia. Muitas vezes, na noite de núpcias, espalham pó de
ouro sobre os lençóis para garantir energia e felicidade ao novo casal.
Muitos rituais mágicos
específicos para os animais ou utilizando elementos da natureza, como plantas,
cristais e metais, foram criados por gnomos e espalhados por todo o mundo. A
proximidade entre os gnomos e os homens tornou possível a disseminação dessa
sabedoria ancestral. Hoje, mais do que nunca, o homem descobre novamente, uma
natureza devastada, aliados importantes que foram negligenciados. Com eles,
aprende importantes segredos – como estes.
Fonte: Revista Esperança
Texto/Autor: desconhecido
Fotos da revista
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