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domingo, 17 de setembro de 2023

Os sete anões de Auschwitz

Nesta história também havia sete anões. Também viviam numa aldeia. Também se entretinham com música. Também andavam sorridentes. Mas não eram só homens, nem sequer tinham barba, como as personagens da lenda popular recolhida pelos irmãos Grimm há 201 anos. Estes anões reais pareciam bonecos de porcelana e andavam impecavelmente arranjados, segundo os relatos dos anos 30 e 40.

Por essa altura, os descendentes do judeu Shimshon Eizik Ovitz, também anão, eram famosos na Europa Central pelos seus espectáculos com “performances únicas”, mas caíram no esquecimento. A vida dos Ovitz (em especial a forma como sobreviveram ao Holocausto) só voltou a ser falada quando a estação Britânica ITV transmitiu na série Perspectivas o documentário Os Sete Anões de Auschwitz, história escolhida e narrada pelo actor anão Warwick Davis.

Quando os sete anões da Branca de Neve de Walt Disney surgiram no cinema, em 1937, os de origem romena, da aldeia de Rozavlea, tornaram-se estrelas. Eram a Trupe Lilliput e num espectáculo itinerante de duas horas interpretavam temas em iídiche (idioma judaico), húngaro, romeno, russo e alemão. E cada um tocava um instrumento miniatura. Por exemplo, Perla ficava com a guitarra, Rosyka e Franzika com os violinos. Frieda com o címbalo (de percussão com baquetas), Mieki com o acordeão e Elizabeth com o tambor. Tinham uma carreira de êxito, até  que na sexta-feira 19 de Maio de 1944 foram deportados para o maior campo nazi de extermínio de judeus: Auschwitz.

Á saída do comboio, os Ovitz não passaram despercebidos aos guardas SS, nem ao médico Josef Mengele, conhecido como O Anjo Exterminador. Mengele viu-os como extraordinárias cobaias humanas. “Queria descobrir as causas psicológicas e biológicas do nazismo e demonstrar a teoria racial, segundo a qual os judeus haviam degenerado numa estripe de anões e aleijados”, escreveu o jornal espanhol El Mundo.

Para concretizar as experiências, Mengele ofereceu-lhes condições privilegiadas: podiam usar penicos em vez de latrinas; manter a roupa e não rapar o cabelo. Em contrapartida, eram constantemente obrigados a recolhas de sangue e extracções de medula óssea, dentes, cabelos e pestanas. Mas a camara de gás estava reservada à família Ovitz, como a todos os outros. Um dia, os soldados empurraram-nos a todos, despidos, para as salas da morte. A execução colectiva foi interrompida por um grito: “Onde está a minha família de anões?!” Era Mengele. Continuaram vivos e a servir-lhe de cobaias.

Segundo ElizabethOvitz, o médico retirava fluidos da coluna vertebral dos anões, fazia diversos tipos de testes invasivos, incluindo ginecológicos e cerebrais, além de invadir regiões sensíveis como a boca e o nariz. O médico chegou a obrigar a família a ficar nua na frente do exército nazista, para que ele pudesse explicar suas conclusões sobre o nanismo.

Esse pesadelo durou sete meses, até que o campo de concentração fosse libertado, em janeiro de 1945. Os Ovitz retornaram então para Rozavlea, ao chegarem perceberam que a cidade estava um caos, assim como toda a Europa, porém, os seus bens ainda estavam escondidos no mesmo lugar.

Com esse dinheiro, eles migraram durante algum tempo até encontrarem seu novo lar em Israel, onde continuaram com apresentações da trupe até 1955. Os irmãos decidiram encerrar a companhia depois disso, já que estavam fisicamente muito desgastados.

Os anões viveram por muitos anos depois da tragédia pela qual passaram. Micki e Avram morreram em 1972, aos 69 e 63 anos respectivamente. Freida faleceu em 1985, aos 70 anos. Franzika morreu em 1980, aos 90 anos de idade, em 1984, foi a vez da primogênita Rosika, que se foi aos 98 anos. Elizabeth morreu aos 78 anos, em 1992. E Perla foi a última da família a morrer, em 9 de setembro de 2001, aos 80 anos.

A linhagem dos Ovitz continuou com o legado artístico da família, os anões homens tiveram filhos de altura normal, porém, as mulheres jamais conseguiram engravidar devido às experiências em Auschwitz.

O médico cruel

Josef Mengele mandou queimar outros anões do campo de extermínio.

Mengele era obcecado com anões e não os poupava em Auschwitz. Três meses antes da chegada dos Ovitz, o médico ordenou que queimassem os esqueletos de um anão corcunda e do filho. E mandou imergir em ácido o cadáver de outro anão.

Fonte: Revista Sábado

Texto: Raquel Lito

Fotos da net

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Mapas

Como os mapas eram feitos antes da invenção do satélite?

Antes das imagens de satélite, como os geógrafos, cartógrafos e povos mais antigos faziam mapas? Sem a precisão da visualização elevada, como chegávamos às representações do terreno? Para chegar ao resultado final nos mapas, era necessário arte, exploração, inventividade matemática e um pouco de imaginação. Além de auxílios visuais e guias de navegação, mapas do passado também lidavam com o desconhecido — de formas curiosas e criativas.

Como muitas respostas da ciência, a solução para a fabricação de mapas pode soar chata e pouco interessante, mas ela nada mais era do que muito, muito tempo e trabalho. Diferente de hoje, período no qual vemos novas tecnologias surgindo a cada ano, os desenvolvimentos científicos eram bem menos numerosos, com um ritmo de avanço bastante lento.

Era necessário ver gerações de geógrafos, exploradores, matemáticos, viajantes, historiadores, cartógrafos e outros estudiosos juntar seus conhecimentos para produzir informações novas sobre os locais do mundo — isso gerava mapas feitos com medidas mais ou menos realistas, mas também com muita especulação. Para entender como os mapas chegaram ao ponto da cartografia logo antes do desenvolvimento dos satélites, é útil estudar sua história.

História dos mapas

Uma das primeiras representações de todo o mundo conhecido (à sua época, é claro) foi a obra de Anaximandro, um filósofo pré-socrático (611-547 a.C.) considerado um dos 7 sábios da Grécia. Seu mapa era circular e deixava a Grécia no centro do mundo, mostrando partes da Europa, sul da Ásia e norte da África. Para ele, esses continentes se encaixavam em um círculo envolvido por água, e, mais importante, faziam parte de uma Terra que (realmente) se acreditava ser plana.

No século I a.C., no entanto, o polímata grego Eratóstenes de Cirene já conseguiu provar que a Terra não é plana, chegando a calcular sua circunferência com uma precisão incrível para a época. Ele comparou resultados de pesquisas extensas da Biblioteca de Alexandria, também fazendo suas próprias observações.

(Reconstrução do século XIX do mapa do mundo feito por Eratóstenes, mundo este até então conhecido, c. 194 a.C.)

Para tal, foi medido o tamanho das sombras feitas por um graveto segurado na vertical, ao mesmo tempo, em cidades diferentes. O raio produzido pela distância norte-sul entre as duas cidades, calculado a partir das sombras, deu o ângulo necessário para calcular a circunferência e o raio da Terra.

Eratóstenes também criou um método para posicionar locais mais precisamente nos mapas — o sistema de grade, parecido com o que usamos atualmente, mas que nesse caso dividia o mundo em duas partes. A rede de linhas ajudava a medir a distância entre os lugares já conhecidos. O polímata ainda dividiu o mundo conhecido entre 5 zonas climáticas: duas temperadas, duas congeladas a norte e sul e uma tropical, no centro, formada pelo Equador. Já era um mapa bem mais sofisticado.

A geografia de Ptolomeu

Nos séculos seguintes, gregos e romanos continuaram a juntar informações para seus mapas, usando informações de viajantes e exércitos expedicionários. Com isso, o astrônomo grego Cláudio Ptolomeu produziu uma obra em 8 volumes chamada Geografia, incluindo mapas.

Famoso, seu trabalho influenciou estudiosos europeus e islâmicos por muitos séculos. Compilados em 150 d.C., os mapas em si não traziam novidades, já que se baseavam em obras anteriores, mas Ptolomeu fez o favor de incluir o método que utilizou para produzi-los, ajudando quem quer que fosse reproduzir o esforço cartográfico.

(O mapa de Ptolemeu, reconstituído da sua obra Geografia (ca. 150), indicando as nações "Sérica" e "Sinas" (China) à direita, além da ilha Taprobana (Seri Lanca) e a "Quersoneso Áureo" (península do Sueste Asiático). Este mapa usa a projeção cônica equidistante meridiana, inventada por Cláudio Ptolomeu.)

Isso não quer dizer que ele não tenha contribuído à ciência — além de coordenadas detalhadas de mais de 8.000 lugares conhecidos pelo astrônomo, ele também introduziu a ideia de latitude e longitude, usadas por nós até hoje. A Geografia chegou à Europa no século XV por Constantinopla, sendo reinterpretada por estudiosos.

Os islâmicos, por exemplo, inverteram a orientação do norte como topo do mapa em sua própria obra, e especialistas como Muhammad al-Idrisi se basearam nesse trabalho para fazer mapas muito influentes para os exploradores e cartógrafos franceses, italianos e holandeses até meados do século XVIII.

(A Tabula Rogeriana, desenhada por al-Idrisi para Rogério II da Sicília em 1154, um dos mapas mundiais medievais mais avançados. Consolidação moderna, criada a partir das 70 páginas duplas de al-Idrisi, mostradas de cabeça para baixo, já que o original tinha o Sul no topo.)

Cristóvão Colombo, por exemplo, foi bastante influenciado pelas descrições de Ptolomeu da Ásia, ainda que fossem bastante imprecisas. Foi por isso, em grande parte, que o navegador acreditava estar indo em direção a riquezas facilmente acessíveis quando buscou circunavegar o planeta — com um resultado já conhecido. Quem realmente conseguiu circunavegar o planeta de verdade foi Fernão de Magalhães, há mais de 500 anos.

(Os mistérios do mapa de 1491 que guiou Cristóvão Colombo, O mapa Mundo desenhado por Henricus Martellus, que terá orientado Cristóvão Colombo.)

Antes do fim, uma revolução

Antes da chegada dos satélites, que mudariam a cartografia para sempre, outra revolução ajudou na fabricação dos mapas — a bússola magnética. O ser humano já conhecia o magnetismo há muito tempo, mas foi só em torno do século XIII que a aplicação do conceito em aparelhos confiáveis se tornou possível.

Os mapas antes dessa invenção ficaram obsoletos, e foi criado o mapa portulano, uma espécie de guia náutico. Ele ajudava os viajantes a ir de porto a porto, já que seu desenho era feito para poder ser visto de qualquer ângulo — cada porto tinha uma rosa dos ventos própria, se ramificando por todo o mapa, facilitando o cálculo da viagem de um lugar a outro.

(As mais antigas cartas-portulano: Carta Pisana (c. 1275) e a de Giovanni da Carignano (c. 1307).)

Foi em um mapa portulano, inclusive, que foi desenhada a primeira rosa dos ventos. Era o Atlas Catalão, feito por cartógrafos para o rei francês Carlos V ao compilar muitos outros mapas. Embora a autoria seja pouco clara, acredita-se que o judeu maiorquino (da ilha de Mallorca) Abraão Cresques tenha sido o responsável.

(Pormenor do Atlas Catalão (c. 1375).)

Seu mapa é uma ótima representação temática de como se pensava que fosse o mundo, cheio de detalhes importantes de locais reais, mas também incluindo desenhos fantásticos de sereias e criaturas lendárias diversas. Ter muitas fontes acabava gerando a inclusão de mitos e histórias de viajantes, com monstros marinhos e dragões e, muitas vezes, terras lendárias apenas especuladas, nunca visitadas.

Com o aperfeiçoamento dos métodos de checagem e refinamento das medições, os próximos séculos viram o surgimento de mapas mais precisos e úteis, sem tanta fantasia — é seguro dizer que, antes dos satélites, que tiraram a primeira foto espacial do mundo em 1959, tínhamos mapas precisos, sim. Só levava muito mais tempo para fazê-los, mesmo com a advento de fotografias aéreas.

Fonte: Facebook

Texto: Manuel Beninger

Fotos da Net

domingo, 6 de novembro de 2016

Maquiavel


Viveu há 500 anos e o seu nome ainda é um sinónimo de cinismo, crueldade e falta de escrúpulos. Injustiça? Parece que era um marido carinhoso e um bom pai.

O ano de 1513 foi péssimo para Nicolau Maquiavel. Perdeu o emprego na segunda Chancelaria do Governo de Florença e foi obrigado a pagar uma multa de mil florins. O ditador Piero Soderini acabara de ser derrubado, regressando o poder às mãos da poderosa família dos Médici.
Acusado de conspiração contra os novos governantes, Maquiavel foi preso e torturado durante 22 dias e desterrado para a aldeia de Sant’Andrea.
O pensador queria voltar à política rapidamente. Sem possibilidades de sustentar a família, escreveu no desterro O Príncipe, para impressionar os novos líderes. O livro pretendia mostrar que só um governante forte podia unificar os fragmentados reinos italianos. O Príncipe entraria na história como um manual para atingir os fins sem olhar a meios, uma espécie de guia do político sem escrúpulos.
Maquiavel nunca mais voltaria à política até morrer em 1527.
Uma nova biografia, Machiavelli, escrita pelo historiador Milles J. Unger, afirma que o pensador italiano era extremoso para com os seus seis filhos (quatro rapazes e duas raparigas) e tratava a mulher, Marietta Corsini, como uma princesa. Tinha até uma veia romântica que passava para o papel em poesia e em peças de teatro.
Diz Unger na introdução: “O nome de Maquiavel transformou-se hoje num adjectivo que descreve um acto cínico ou a sede de poder sem consciência. Este estereótipo é errado e injusto.” O autor defende que a obra de Maquiavel foi mal interpretada. O florentino foi pioneiro na defesa de um governo independente da Igreja e expressou uma visão realista da brutal natureza humana. Talvez por isso mesmo, o Vaticano o excomungou e, no teatro, foi dezenas de vezes representado como o Diabo.
Mas uma Característica essencial está presente na biografia: a ambição que marcou toda a vida de Maquiavel. Unger descreve as suas origens humildes, a adolescência sem meios para estudar, os tempos livres, ocupados com leituras, prostitutas e jogo.
Com 29 anos, entrou para o governo e começou a integrar missões de diplomacia e espionagem da República de Florença, negociando com Luís XII, de França, com o Papa Alexandre VI e com o seu filho César Bórgia – sua inspiração para o Príncipe.

Fonte: Revista  Sábado
Texto/Autor: Tiago Carrasco
Foto da Net
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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Como se orientavam os primeiros navegantes?


As aves possuem um maravilhoso instinto de orientação que está vedado à espécie humana. O homem não saberia orientar-se se, carecendo dos aparelhos que para isso se têm inventado, o situássemos numa planície deserta ou na imensidade dos mares, onde não encontrasse um ponto de referência.


Sabemos que, com o auxílio da agulha náutica, cruza o marinheiro os mares duma para outra parte do globo com precisão matemática; que também serve a bússola para determinar o caminho conveniente se pretendêssemos atravessar os imensos areais dos desertos do Sahara ou da Arábia. Mas tão úteis instrumentos, ainda que date o seu uso de era remotíssima, não existiam, sem dúvida, na época das primeiras navegações. Se isso foi assim como se orientariam no mar os primeiros aventureiros que se atreveram a sulcá-lo?

Primeiras navegações


Segundo o testemunho assente dos historiadores, foram os fenícios os primeiros navegantes: povo eminentemente produtor e comerciante, não é de estranhar que, impelido pela necessidade de expansão, surgissem dele os iniciadores da navegação, que, anos mais tarde, devia unir entre si os povos e confundi-los numa comum civilização.
Naquela época isto representava uma proeza que só podia ser levada a cabo pelos povos superiores. O perigo não estava só nos temporais que nos aterram ainda hoje, navegando nas modernas moles transatlânticas, tôdas solidez, luxo e confôrto; nem nos furacões que faziam naufragar facilmente as frágeis canoas, mas também em que os perigos mais terríveis nasciam na imaginação daquelas gentes como fruto das superstições religiosas da época. Segundo aqueles seres, as águas do mar, que por isso eram amargas, achavam-se coalhadas de sereias, ninfas, tritões e demais monstros aquáticos, que devoravam sem compaixão o ser humano que se atrevesse  a profanar, penetrando no seu elemento, o segrêdo das suas impúdicas leviandades. De bôca em bôca, contadas e acreditadas cegamente, divulgavam-se tôdas estas lendas tenebrosas…
Os primeiros navegantes transferiam-se, por isso, de um para outro país, ao amparo das costas, que não se atreviam a abandonar por temor do misterioso influxo das fascinantes nereidas.
Os pontos de referência que iam descobrindo, os acidentes das costas, os montes elevados, a variada vegetação, o desaguamento dos rios eram conhecimentos preciosos que se gravavam em sua mente para as próximas expedições e, assim, em cada viagem, navegavam com mais segurança, devido à acumulação de dados obtidos em anteriores expedições.

Sempre mais longe…



Dêste modo, foi decorrendo o tempo, sem que experimentassem a necessidade de inventar melhores meios de orientação.
Mas esta necessidade surgiu por fim: já não bastavam aos fenícios as costas do Mediterrâneo para as suas expedições. Mais que o desejo de expansão, o afã aventureiro levou aquelas gentes muito longe, mais longe de onde lhes parecia que terminava o Mundo. Existem dados históricos de navegações efectuadas pelos fenícios até ao Golfo da Guiné. Ainda que não saibamos a forma em que tais viagens se realizaram, poderia supôr-se que as fizessem sem perder de vista a costa. Mas contra essa  suposição está o facto de que, numa navegação longa como aquela, o embate dos ventos e das ondas e correntes marinhas do Atlântico dominariam as frágeis embarcações e a vontade férrea daqueles titãs.
E, uma vez internados num mar sem limites, rodeados de um imenso círculo de água que, além nos longes, se confunde com o céu, como se arranjariam para voltar às costas perdidas de vista?...
Aqueles homens, à falta de uma cultura que não podiam possuir, tinham engenho e talento naturais. Não poderia assegurar-se, entretanto que os fenícios, na sua viagem à Guiné, tivessem usado o simples sistema que vai expôr-se para averiguarem de que lado estava a terra; mas, estando enraizado o processo entre os primeiros navegantes, que nas suas incursões chegaram até aos países do Norte da Europa, muito posteriores aos fenícios, nada aventurado resulta o juízo, atendendo a que a origem do sistema pode atribuir-se a um episódio bíblico: aquele em que Noé, quando o diluvio universal tinha submergido o Mundo, lançou da sua arca uma pomba para que explorasse o estado do tempo…

Aves de exploração


Imitando Noé, aqueles primitivos navegantes, que desconheciam ainda as vantagens da agulha magnética, embarcavam corvos e, quando a incerteza de encontrarem a terra que tinham abandonado os embargava; soltavam um e observavam a direcção que empreendia. Se não regressava, podia deduzir-se que, seguindo o caminho do corvo, encontrariam terra em tempo relativamente curto. Outros corvos rectificavam ou ratificavam a direcção que seguiam, e já não cessavam de lança-los até que chegavam finalmente à vista de terra firme.
Reconhecido o terreno, observavam, mediante a direcção dos raios solares, a sua situação com respeito ao ponto da sua partida; examinavam detidamente, para que ficassem gravadas em sua mente, as irregularidades das costas e adquiriam, enfim, conhecimentos geográficos práticos, muito benéficos para o feliz êxito das posteriores excursões às mesmas paragens.
Entregues os fenícios à navegação, foi-lhes preciso, para poderem praticá-la com relativa segurança, adquirir, em Astronomia, Geometria e Matemáticas, conhecimentos superiores aos que possuíam  os demais povos.

A Bússola

Naquele tempo era o Império Chinês o que possuía uma cultura mais sólida e uma maior civilização.
Tinham os chineses realizado importantes inventos, que não se generalizavam, por um lado, pelas dificuldades de comunicação entre os povos, por outro, pela grande aversão que os chineses sentiam pelos naturais dos outros países. Conheciam êles, de longa data, a propriedade do íman e, quando conheceram a sua polaridade, tiraram disso inúmeras e úteis consequências.
Há historiadores que afirmam que os povos do Oriente, nas suas viagens marítimas através do Oceano Índico, durante os primeiros séculos da era cristã, já usavam bússola. E Destres comenta que, dez séculos antes de J.C., para caminharem pelas áridas terras da Tartária, se orientavam por meio de uma balança magnética que «semelhava uma figura humana, um dos braços indicando constantemente o sul».
Não obstante, datam do século XII as primeiras notícias que da existência dêste aparelho têm os povos do Oriente. Parece incrível que, sendo a bússola conhecida de recuados tempos pelos orientais, tardasse tantos séculos em propagar-se aos outros povos.

Caminho aberto!


A primeira bússola empregada pelos povos do Ocidente foi uma agulha magnetizada, a que davam o nome de «Pedra Marinheira» e era usada pelos navegantes do Mediterrâneo. A agulha flutuava num recipiente de água sôbre um pedacito de cortiça, indicando sempre o mesmo ponto do horizonte, e era igual á que usavam os navegantes do mar da Síria.
Mais tarde, no século XIII, um napolitano chamado Flavio Gioja, que efectuou frequentes viagens pela Arménia e pelo Japão, viu a aplicação que na Ásia davam à propriedade do íman e aperfeiçoou notavelmente a bússola. Por isso algumas vezes o navegante napolitano é apontado como inventor de tão importante instrumento.

Fonte: Revista Ver e Crer nº3 (Julho 1945)
Autor: Desconhecido
Fotos da Revista e da Net
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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Calendários de vários cantos do Mundo


Diferentes formas de contar o tempo

Estamos na reta final de 2012, mas já parou para pensar em algumas questões que tomamos como certas, como, por exemplo, o porquê de um ano ter 12 meses e 365 dias?

As origens são remotas e possuem cálculos diferentes, consoante a cultura, para nos localizar no tempo. A origem da palavra “calendário” surgiu na Roma Antiga. Na época, cada mês correspondia ao intervalo de tempo que separava as duas luas novas consecutivas e cuja duração era de, aproximadamente, vinte e nove dias e meio, ou seja, o mesmo tempo que a lua demora a dar uma volta em torno da Terra. O primeiro dia de cada mês era chamado “calendas” (proveniente do latim calendae), que inspirou a palavra calendário. Assim como o Sol, a trajetória da Terra em Volta da estrela é um aspeto fulcral para os calendários de muitos povos.

Solar

O primeiro povo a basear-se no Sol para determinar o respetivo calendário foi o egípcio, há cerca de seis mil anos. Segundo este sistema, é avaliado o tempo que a Terra leva a dar uma volta completa em redor do Sol. Este trajeto dura 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Para simplificar e arredondar para 365 dias, essas horas, que sobram, também arredondadas em seis, a cada ano são somadas em seis, a cada ano são somadas até que completem 24 horas. Por isso, de quatro em quatro anos temos um ano bissexto.

Lunar

As origens deste calendário remontam aos povos nómadas do Médio Oriente e baseiam-se nas diferentes fases da Lua. Segundo este, o dia começa com o pôr-do-sol e o ano inicia-se sempre com uma lua nova. Contudo, o mês lunar não é igual a um número inteiro, alternam-se meses de 29 e 30 dias. Para corrigir esta diferença de 11 dias em relação ao ano solar, é incluído um mês extra periodicamente. Este sistema serviu de base para calendários como o Chinês e o Judaico.

Chinês

Este calendário, influenciado pelo método lunar, é dividido em ciclos de 12 anos, que começam na lua nova, entre 21 de janeiro e 20 de Fevereiro, e recebem o nome de um dos 12 animais do horóscopo chinês: rato, boi, tigre, coelho, dragão, serpente, cavalo, carneiro, macaco, galo, cão e porco.

 Cristão

Foi criado em 525 pelo Abade Dionísio, o Exíguo, com base no calendário romano. Ele definiu que Jesus Cristo teria nascido no ano de 753 da fundação de Roma, após ter estudado os períodos dos reinados romanos. Assim, e segundo este pensamento, o nascimento de Jesus seria o ano1 da Era Cristã.

Romano

Este é a base do calendário que consultamos atualmente. A primeira “versão” suspeita-se que tenha sido criado por Rómulo em 753 a. C., ano de fundação de Roma, baseado no calendário egípcio. O ano tinha 304 dias divididos por dez meses. Mais tarde, Numa Pompílio, o rei que sucede a Rómulo, dá ao calendário uma base astronómica, acrescentando dois meses.

Judaico

Este é baseado no movimento lunar. O início dá-se com a lua nova e conta-se de Setembro a Setembro. Por isso, cada mês tem de 29 a 30 dias e cada ano, 353, 354 ou 355 dias, no caso de 12 meses, e de 383 a 385 para os anos em que há um 13º mês. Esse mês é incluído para compensar a diferença entre os calendários lunar e solar.

Egípcio

Trata-se do primeiro calendário de que se tem conhecimento na história da Humanidade, que surgiu cerca de 3000 a. C. O ano, para o calendário egípcio, tem 365 dias, 12 meses de 30 dias e outros cinco dias de festivais dedicados a deuses. Começa quando a estrela Sírius aparece no mesmo lugar em que o Sol nasce, na hora em que o rio Nilo atinge a sua maior cheia.

Islâmico

Segundo o calendário islâmico, o ano 1 começou no dia 16 de Julho de 622, data em que o profeta Maomé fugiu de Meca para Medina. Desde então, que os dias e as horas são definidos através da consulta deste calendário.

Maia e Astecas

Estes povos têm um calendário religioso e outro solar. O primeiro compreende 260 dias, divididos em treze meses de 20 dias. Cada dia possui um nome diferente. O calendário solar de 365 dias contém 18 meses de 20 dias e mais um mês de cinco dias. Um ciclo de 52 anos solares harmoniza os calendários religiosos e solar. A cada dois ciclos (104 anos) coincidem um ano solar, um ano sagrado e um novo ciclo.

Fonte: Revista Mulher Moderna
Fotos da net
Por: C@rlos@lmeida

terça-feira, 25 de maio de 2010

Nero

No Passado 9 de Junho de 68


Nero suicida-se nos arredores de Roma 

A generalidade dos historiadores aceita a data de 9 de Junho de 68 para o suicídio de Nero, que, a ser assim, teria ocorrido no 15º aniversário do seu casamento com Octávia, filha do Imperador Cláudio, e no sexto aniversário da morte desta, que o próprio Nero ordenou. 
Na Crónica de São Jerónimo , afirma-se que Nero governou 13 anos, sete meses e 28 dias, o que apontaria para 9 de Junho. Cassius Dio, na sua História de Roma, e Flávio Josefo, na Guerra dos Judeus, falam em 13 anos e oito meses, o que, a ser tomado literalmente, indicaria 11 de Junho como data do suicídio.
Embora alguma historiografia contemporânea tenha procurado reabilitar a figura de Nero, desmontando alguns exageros de proviniência cristã, realçando o seu interesse pelas artes e sublinhando os sensatos anos iniciais da sua governação - quando se encontrava sobre a influência de Séneca, a quem depois irá impor o suicídio -, não parecem restar dúvidas de que, mesmo para os padrões da época, o último Imperador da disnastia Júlio-Claudiana foi um rematado psicopata.
Nero matou ou mandou matar boa parte dos que lhe eram mais próximos, a começar pela mãe, Agripina, que o tinha posto no trono. Octávia, a sua primeira mulher, não teve melhor sorte, e à segunda, Sabina Pompeia, têla-à assassinado quando estava grávida. 
Responsável, ainda, pelos martírios de São Pedro e São Paulo, só não se sabe se mandou mesmo incendiar Roma. 
Quando os seus generais começaram a revoltar-se, Nero, aterrorizado, refugia-se numa casa a alguns quilómetros de Roma, onde acaba por se suicidar. As suas últimas palavras terão sido: "Que artista morre comigo!"


Fonte: Jornal Público P2 9 de Junho de 2009
Foto da Net