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sábado, 21 de julho de 2018

Maria Antonieta


O perfume da Rainha sem cabeça

Este frasquinho custa 1500 Euros. Parece-lhe caro? É o preço a pagar pelo aroma favorito de Maria Antonieta – a rainha austríaca que escandalizou a corte francesa dos finais do século XVIII, por causa dos seus refinados hábitos de higiene. O perfume, também ele de nome pomposo, Sillage de la Reine (traduzido à letra O Acordar da Rainha) passou a estar à venda desde Setembro de 2005. Mas não será fácil encontra-lo: só no Palácio de Versalhes, em Paris, onde ela viveu, ou através de encomendas directas à empresa anglo-holandesa Quest International.

E foi precisamente na antiga morada da Rainha que decorreu a apresentação da amostra, em meados de Fevereiro de 2005. Cerca de 80 pessoas escolhidas a dedo pela companhia espreitaram os seus aposentos e a mala onde ela guardava as essências. O anfitrião foi o francês Francis Kurkdjian, uma sumidade de perfumes, que resolveu recuar no tempo e criar a réplica perfeita da fragância de Jean-Louis Fargeon, o perfumista pessoal de Maria Antonieta.

Sillage de la Reine é um coquetel de luxo. Mistura jasmim, flor de íris, âmbar-cinzento, rosa e tuberosa, entre outros ingredientes. Todos com um denominador comum: eram os preferidos da Rainha.

A sua obsessão por perfumes foi provocada por um estranho motivo: para evitar desmaios. Maria Antonieta só não perdia os sentidos quando lhe vinham os odores do âmbar, almíscar e sândalo. Ao saber desta fraqueza, em 1774, Jean-Louis Fargeon apresentou-se a ela com umas luvas aromatizadas. Conquistou-a na hora.

Os livros de história descrevem-na como uma vilã frívola. “Foi a primeira fashion victim”, garante a historiadora francesa Elisabeth de Feydeau, que dedicou uma biografia ao perfumista real. Apesar de as suas práticas de higiene terem chocado a corte, Maria Antonieta deixou marca. Aliás, muitas marcas: os cabelos soltos, a maquilhagem leve e, claro, os perfumes, que viriam a transformar-se numa indústria que movimenta milhões.

Reza a lenda que na Revolução Francesa o povo apanhou a carruagem real por causa do rasto de perfume de Maria Antonieta. O desfecho já se sabe: em 1793 foi condenada à guilhotina. Mas ainda gritou ao carrasco: “Malvado, malvado, não me descomponha!”

Receita com secreções de Baleia


A receita de Sillage de la Reine tem um ingrediente original: âmbar-cinzento, retirado das secreções de baleia. Pode ser encontrado em África, na China, no Japão e na América. Quanto ao processo de fabrico, mantém a tradição da época.

Primeiro mistura-se a baunilha com rosa, tuberosa, jasmim, flor de Íris e flor de laranjeira. E fica a repousar durante dez dias, ao ar livre.

A etapa seguinte consiste em adicionar ao coquetel inicial uma outra preparação, á base de glicerina, cedro, sândalo, âmbar-cinzento e almíscar (substância aromática retirada de uma glândula do almiscareiro). Da união de todos os ingredientes resulta um perfume requintado.

Recentemente, uma equipe de perfumistas na França embarcou em uma missão intrigante: recriar o famoso perfume de Maria Antonieta. Utilizando descrições históricas e documentos da época, eles se propuseram a recriar o aroma que encantava a rainha.

A tarefa não foi fácil, pois muitos dos ingredientes originais não estão mais disponíveis ou são extremamente raros. No entanto, com dedicação e habilidade, a equipe conseguiu recriar a fragrância com precisão, usando ingredientes que evocam o mesmo aroma que Maria Antonieta conheceu e amou.

O Aroma da História

O perfume recriado de Maria Antonieta oferece uma janela olfativa para o passado. Quando você fecha os olhos e inala essa fragrância, é como se estivesse fazendo uma viagem no tempo para os salões luxuosos do Palácio de Versalhes. É uma fragrância que evoca a elegância e a sofisticação da corte francesa do século XVIII.

A Embalagem: Uma Homenagem à Época

Além do próprio perfume, a embalagem do frasco é uma verdadeira obra de arte. Inspirada na estética da época de Maria Antonieta, a embalagem é adornada com detalhes delicados e refinados, incluindo motivos florais e dourados que refletem a opulência da corte.

Fonte: Revista Sábado

Texto: Joaquim Torrinha

Foto da net

©CarlosCoelho

segunda-feira, 20 de março de 2017

D. Maria I - A Rainha Louca

D. Maria I perdeu o juízo com medo das penas do inferno



A primeira mulher que governou Portugal morreu faz hoje dia 20 de Março, 201 anos. D. Maria I (1734-1816) subiu ao trono com a promessa de apaziguar a sociedade portuguesa, crispada pelas medidas reformadoras impostas com pulso de ferro pelo Marquês de Pombal. Logo nos primeiros meses de reinado, em 1777, decretou um indulto geral que libertou perto de 800 presos – entre nobres (incluindo familiares dos Távoras, como a Poetisa marquesa de Alorna, que estava fechada no convento de Chelas desde 1759), eclesiásticos (como o Bispo de Coimbra e vários jesuítas) e, sobretudo, gente do povo. Foram iniciativas como esta que logo associaram à nova rainha o cognome de a Piedosa.
A demissão de Pombal, a mudança de pessoal político – embora tivessem continuado no Governo alguns discípulos do marquês – e a influência recuperada pela alta nobreza caída em desgraça no reinado de D. José fizeram com que este período ficasse conhecido como a “Viradeira”.
A Aristocracia era encabeçada pelo marido (e tio) da rainha, D. Pedro III, irmão de D. José. À falta de atractivos físicos aliava o rei consorte a pouca inteligência. Na corte puseram-lhe a alcunha de “capacidónio”: era uma das suas palavras preferidas e com ela se referia às pessoas a quem tencionava atribuir um cargo, depois de ter apanhado de ouvido que alguém era “capaz e idóneo” para determinado emprego…
Além da sua nobreza, também a Igreja regressou ao poder com a Viradeira. D. Maria era extremamente devota e a sua religiosidade exacerbada tocava as raias da superstição, já desde os tempos de princesa na corte do avô D. João V. Por altura da sua aclamação, um viajante francês escreveu que o confessor a convencia a gastar em penitências o tempo que deveria empregar com mais utilidade para o bem do povo. No entanto, era precisamente esse confessor – D. Frei Inácio de S. Caetano, arcebispo de Tessalónica e inquisidor-geral, nomeado ainda pelo Marquês de Pombal – quem acalmava os exageros da devoção que atormentavam D. Maria.

A Rainha Maria I e o rei D. Pedro III de Portugal

A morte de D. Pedro III, em 1786, afectou-a, mas o grande golpe na sua saúde mental foi a dupla perda que sofreu em 1788. A 11 de Setembro, morreu com um ataque de bexigas, o filho mais velho, o príncipe herdeiro D. José, com 27 anos.
Poucos meses depois, a 29 de Dezembro, morreu D. Frei Inácio de S. Caetano. Sucedeu-lhe como confessor da rainha o inquisidor-geral o bispo do Algarve, D. José Maria de Melo, um dos homens mais reaccionários da corte.
O novo confessor atormentava constantemente a soberana, lembrando-lhe as penas que o pai, D. José I, estaria a sofrer no inferno por ter consentido a política de Pombal. Não perdia uma oportunidade de alimentar a perturbação de D. Maria, dividida entre os deveres de rainha e de filha – recusava-se a condenar a memória paterna, o que resultava numa incessante tortura psicológica. As notícias da Revolução Francesa encontraram-na num estado de grande fragilidade. Acabou por perder completamente o juízo.
No princípio de 1792, a rainha foi sangrada e levada a banhos, mas, no dia 10 de Fevereiro, os mais prestigiados médicos do reino assinaram um boletim confirmando que “a saúde de Sua Majestade no estado em que se acha” não lhe  permitia ocupar-se dos assuntos de Estado. Tinha 57 anos e estava, oficialmente, louca.

D. João VI

O príncipe D. João (futuro D. João VI) passou a governar em nome da mãe, mas só em Julho de 1799 assumiu o título de príncipe regente. A última aparição pública de D. Maria I em Portugal foi a 27 de Novembro de 1807, no dia em que a corte embarcou para o Brasil, para escapar à evasão francesa, comandada por Junot. Perante a confusão geral da fuga, a rainha, já com 73 anos, teve um assomo de lucidez, resistindo a descer do coche: “Mais devagar! Diriam que fugimos.”
Morreu no Rio de Janeiro, com 81 anos. Está sepultada na Basílica da Estrela, em Lisboa.

Basílica da Estrela

Basílica da Estrela


A Basílica da Estrela, em Lisboa, entregue às Carmelitas Descalças de Santa Teresa, foi a grande obra edificada no reinado de D. Maria I. Mas outras medidas ficaram para a história.
A Iluminação pública das ruas da capital; imposta à força (e paga com um tributo legal) pelo intendente da polícia Pina Manique, em 1780, foi um acto de civilização. Tal como a criação da Academia das Ciências de Lisboa, em 1779, por iniciativa do Duque de Lafões e do Abade Correia da Serra. Pina Manique foi também o impulsionador da Casa Pia, em 1783.

Fonte: Revista Notícias Sábado
Texto/Autor: João Ferreira (Histórias da História)
Fotos da Net
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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

História romântica duma amorosa que foi rainha

(Rainha D. Mecia Lopes de Haro)


D. Mecia Lopes de Haro, Rainha de Portugal, mulher de D. Sancho II, era o que as novelas românticas chamam uma mulher fatal e as crónicas cinéfilas chamam uma vamp.
Os cronistas são concordes em dizer que ela era exactamente bela. E pela sedução que espalhou, pelas disputas a que deu lugar, pelos acontecimentos que desencadeou, somos levados a concluir que têm razão.(Rainha D. Mecia Lopes de Haro)

(Brasão da Casa de Haro. Mécia nasceu em berço nobre, estava ligada a sua família às casas reaias de Leão e Castela às casas de Haro e de Lara)

D. Mecia era filha de Lopo Dias de Haro, «O cabeça brava», senhor de Bicaya, e tinha das mulheres da sua raça a desenvoltura do corpo e o olhar de sonho que se inspira nos longínquos e enigmáticos horisontes do mar. Era de estirpe real, visto ser neta, por sua mãe de Afonso IX de Leão, e uma certa altivez junta ás graças da sua formosura tornavam-na dominadora. À sua simples passagem, deixava após si um perfume que enlouquecia e ficava sempre nas narinas e uma fascinação que envenenava e ficava para sempre no sangue, os venenos de mujer e de serpente de que fala Villaspaesa. Lopo Dias era um velho guerreiro experimentado em mil campanhas e enfeitado de mil proezas. Sua filha acompanhava-o em muitas dessas digressões heróicas e foi num acampamento que Alvaro Perez de Castro a viu e logo se enamorou.
Mas Alvaro Perez era casado com a condessa de Urgel. Alvaro Peres repudiou-a.
Foi preciso, porém, ainda disputa-la a Martins Sanches, o bastardo de D. Sanches I, a quem a presença de D. Mécia trazia enlevado e cativo.

E um dia que a bela biscainha se encontrava na sua tenda, fora do cêrco que o Rei de Castela havia pôsto às forças de Alvaro Perez, êse surgiu airoso e destemido no seu cavalo afogueado armado de todas as armas para um madrigal ou para um combate. Martins Sanches, rubro de ciúme, foi-lhe ao encontro, apenas vestido de manto e saio, com a primeira lança que encontrou. Mas Alvaro Perez, vendo o adversário sem armadura, deu-lhe desdenhosamente com o couto da sua lança e retirou para a vila cercada.
Foi talvez esta audaciosa incursão por amor dela, que tocou o coração de D. Mécia, porque algum tempo depois casava com Alvaro Perez, já então reconciliado com o seu Rei.
Mas não ficou inactiva, nem se recolheu à paz doméstica do seu lar, porque isso era incompatível com o seu feitio impetuoso e com as predilecções guerreiras que tinha adquirido no convívio com o pai. Acompanhou o marido em várias expedições, entrou em terra de mouros, assistiu a batalhas, presenciou morticínios e dizem as crónicas que esteve em riscos de ser raptada por Alhamar, wali de Arjona. Foi em Cordova, que Alvaro Perez governava, no Castelo de Martos, poderosa fortaleza que era a chave da Andaluzia, situado numa penha muito alta que dominava a cidade e donde se avistava toda a serra em redor e o vale profundo onde corria o Guadalquivir.
Alvaro Perez tinha ido à côrte e deixado o Castelo á guarda de seu sobrinho D. Telo. Este aproveitou a ocasião para fazer com os cavaleiros os seu comando umas correrias por terras de mouros, deixando o castelo abandonado.
Alhamar, que farejava nos arredores, cobiçoso do castelo e porventura da castelã, reuniu forças numerosas e marchou à conquista da penha de Martos. Mas D. Mécia ao avistar os pendões da moirama não perdeu o ânimo. Mobilizou as suas  donas e donzelas, revestiu-as de armas, colocou-as nas ameias do castelo em ar de batalha ao mesmo tempo que mandava avisar D. Telo dos perigos que corria. O ardil de D. Mécia deu resultado, porque os cavaleiros chegaram a tempo de defender o castelo e de derrotar Alhamar.
Pouco tempo depois, Alvaro Perez morria em Orgaz e D. Mécia, viúva e jovem, recolhia como dama de honor à côrte de D. Berengaria, mãe de D. Fernando III de Castela.

(D. Mécia casa entre 1242 e 1245 com D. Sancho II  de Portugal)

Foi nesta côrte que D. Sancho II a teria encontrado apaixonando-se desde logo por ela. Sabe-se que o Rei Português se interessou pela solução leonesa a favor do Rei castelhano e que entre eles ficaram relações que perduraram através dos revezes e amarguras do reinado melancólico de D. Sancho. É provável que fosse numa das suas Idas à côrte de D. Berengaria, para se avistar com o filho, que se deu o encontro que o enfeitiçou.
O que é certo é que D. Mécia, passado algum tempo da sua viuvez, aparece na côrte portuguesa, rainha pelo domínio da sua beleza e pela autoridade legítima do seu título. Muitos malefícios lhe são atribuídos pela decidida influência que exercia no ânimo do Rei. Mas também pode dizer-se que as únicas horas de felicidade que teve D. Sancho, a única consolação que por momentos o desviou das apreensões do seu destino, as encontrou no seio confortador de D. Mécia! Foi rápido o idílio, porque uma noite a rainha fugiu na garupa do cavalo de D. Raimundo de Porto Carrero. Alguns historiadores falam em rapto como se fosse possível, sem a conveniência de D. Mécia, penetrar na alcáçova e, sobretudo, arranca-la do leito conjugal, dos braços do marido, sem resistência e sem luta.
O quadro pode desenhar-se com segurança, mesmo a esta distância de séculos. D. Mécia desprendeu-se brandamente dos braços do Rei, caído em sono profundo, talvez depois de uma noite de amor, atravessou pé ante pé a alcova e os corredores frios do paço e entregou-se deliberadamente às mãos do seu captor.
Quais as razões da sua fuga? A ambição? Evidentemente que não, porque D. Mécia não podia ter ambição maior do que ser rainha e, por mais precária que fosse a segurança do trono de D. Sancho não era melhor a situação que lhe podiam dar.
O medo do Exilio? Mas o exilio de Ourem era com certeza mais desvantajoso para ela do que o exilio real de Toledo, com a sua dignidade de rainha, ao lado da côrte de Castela, onde tinha amigos, porque se D. Mécia era biscainha pela origem, era castelhana pelo coração.
A traição política? Menos provável ainda, porque D. Mécia não iria atraiçoar o homem que lhe deu o título de Rainha, nem uma causa que superasse todas as honras e bens de que gozava, tanto mais que D. Sancho tinha por seu lado as simpatias políticas de Fernando de Castela, o filho de D. Berengaria.
O quê então? A história é a tal respeito obscura, enigmática, indecifrável.
Mas pode deduzir-se do que narram secamente os cronistas que D. Mécia era uma grande amorosa e, portanto, o seu destêrro voluntario de Ourem, sem côrte, sem autoridade, sem honras, sem títulos, só se explica pela paixão.

(Depois de raptada, D. Mécia é levada para o Paço Real em Ourém)

Segundo Rui de Pina, o cronista de D. Sancho II D. Mécia fora levada de Ourém para a Galiza e nunca mais houve notícias suas. Ignora-se se realmente foi para a Galiza, nem há memória dela senão depois de um intervalo de dez anos. Existe um documento que, apesar de lhe faltar a indicação do lugar, mostra que ela vivia nessa época nos domínios de Castela: por esse documento, datado de 24 de Fevereiro de 1257, D. Mécia e o cunhado, D. Rodrigo Gonçalves, como testamenteiros de D. Theresa Aires, faziam entrega de certas igrejas ao convento de Benavides.
Naquele local perfilha o infante D. Fernando, o qual herda todos os bens e que entra ainda na disputa da herança de D. Sancho II pela viúva do obituário. Falecida em Palência, segundo a tradição, onde possuía terras, foi sepultada em Nájera no mosteiro beneditino de Santa Maria, na Capela da Cruz. Sobre o túmulo, suportado por quatro leões com as armas de Portugal ao peito, está o vulto com traje de Biscaia. D. Fernando encarregou-se de instituir seis capelões e uma missa diária pela sua alma.


A obra História de Portugal, de Alexandre Herculano, ainda hoje vastamente estudada por historiadores e cientistas, infere alguns capítulos sobre a biografia de D. Mécia e a sua importância na crise de 1245
“ (…) É certo, que o ter abandonado marido na adversidade foi um acto de ingratidão que nada pode justificar, mostrando que a heroína de Martos sabia melhor defender um castello sitiado pelo inimigo, do que retribuir o amor extremoso que lhe consagrára um principe infeliz, ou ao menos cercear-lhe os amargores do exilio e as saudades do throno perdido.

Fonte: Revista Ver e Crer nº 2 de Junho 1945
Texto: Carlos Olavo
Fotos da Net
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sexta-feira, 6 de maio de 2016

Rainha Santa Isabel

Este ano vai ser possível venerar a mão, praticamente intacta, da Rainha Santa Isabel, no túmulo que está sepultado no Mosteiro de Santa Clara a Nova, em Coimbra, ou como também é conhecido no Convento da Rainha Santa
 
Só com ordem do bispo é que a mão intacta da Rainha Santa pode ser mostrada e, para isso, é necessário uma ocasião especial.
Este ano, de 1 a 13 de Julho, os fiéis, ou simplesmente os curiosos, podem ver a mão da rainha, beijada durante séculos pela família real portuguesa.
O motivo de correr a cortina e deixar à vista a mão é porque se comemora, este ano, os 500 anos da beatificação da Rainha Santa.
 
Quase 300 anos depois da sua morte, dizem os autos oficiais da primeira abertura do túmulo em 1612, que o corpo estava "mui são, inteiro e sem corrupção, de maneira a que a cabeça estava com os cabelos inteiros, louros e sãos, de maneira que pegando por eles estavam fixos. A testa e todo o rosto coberto pela mesma carne, muito alba e bem proporcionada, com nariz, orelhas, olhos e boca, sem corrupção".
Aquando desta abertura provocada pelo processo de canonização, médicos, professores da Universidade de Coimbra e entidades religiosas levantaram a mão para testemunhar o inédito.
O túmulo passou a ser visitado pelos membros da família real em cada deslocação que faziam a Coimbra, para beijar a mão da rainha.
Um túmulo, conta António Rebelo, presidente da Confraria da Rainha Santa, difícil de abrir porque "sempre que alguém da família real vinha a Coimbra trazia uma das chaves, porque o túmulo tinha três chaves: uma confiada ao bispo de Coimbra, outra à abadessa e outra ao rei".
Em 1852, D.ª Maria, rainha de Portugal, visitou o túmulo e decidiu mandar trocar as mortalhas da rainha que é santa. Quando o fizeram "despiram o corpo com receio que os ossos se desconjuntassem, mas nada aconteceu. O corpo estava íntegro, as carnes bem consolidadas, os ossos muito bem colocados", explica.
Nos anos 30, já com a república e sem expectativas de se voltar à monarquia, o corpo que permanecia intacto foi mandado isolar, deixando apenas à vista a mão direita. "Nós apenas removemos uma cortina que deixa ver a mão, porque dizem os antigos que nunca foi exposta sequer às pessoas da família real seus descendentes mais do que a mão para a beijarem", acrescenta.
Já este ano, nas duas primeiras semanas de Julho, a mão da Rainha Santa Isabel volta a poder ser vista. "Admirar olhando por um óculo de vidro poderão ver a mão direita, a mão benfazeja da rainha Santa, que era a mão que praticava as boas acções pelas quais ela ficou conhecida ao longo da história".
Uma mão seca pelo tempo, mas ainda com carne ligada às ossadas, que é descoberta, com autorização do bispo, apenas em ocasiões especiais.
Este ano é o Ano Santo da Misericórdia e comemoram-se os 500 anos da beatificação da Rainha Santa Isabel.
As últimas descobertas da mão aconteceram em 2012 aquando da celebração dos 400 anos da primeira abertura do túmulo; em 2000 porque foi ano de jubileu e em 1996, nos 300 anos da sagração da igreja da Rainha Santa.
A rainha que ficou conhecida como pacificadora; uma mulher culta dedicada à arte, à arquitectura e à liturgia, mas sobretudo notabilizada pela acção sócio caritativa, sendo considerada a rainha amiga dos pobres.
A Confraria da Rainha Santa Isabel espera que milhares de pessoas passem pelo Mosteiro de Santa Clara a Nova, para ver a mão praticamente intacta da Rainha Santa Isabel, que morreu há 679 anos, entre 1 e 13 de Julho deste ano.
 
(Túmulo antigo mandado construir pela Rainha Santa onde esteve sepultada muito tempo. Hoje o seu corpo incorrupto encontra-se num túmulo relicário de prata e cristal no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.)
 
A festa de Coimbra e da Rainha Santa celebra-se no dia 4 de Julho, dia em que morreu D. Isabel.
Santa Isabel de Portugal era filha do rei D. Pere III, de Aragão, e D. Constança, de Navarra, e casou-se com o rei D Dinis, em 1282. Terá nascido em 1269(?) e morreu a 4 Julho de 1336 em Estremoz. Recebeu o nome da tia-avó, Santa Isabel da Hungria.
O episódio sobejamente conhecido sobre a Rainha é o milagre das rosas. Todavia, este milagre foi originalmente atribuído à sua tia-avó Santa Isabel da Hungria. Provavelmente por corrupção da lenda original, e pelo facto de as duas rainhas possuírem o mesmo nome e a mesma bondade perdura a ideia do milagre. Foi canonizada em 1626 pelo Papa Urbano VIII.
Fonte: © Agência Ecclesia
Fotos da Net
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© Carlos Coelho

quinta-feira, 10 de abril de 2008

A RANIA cosmopolita

O apelido de " Carolina jordana" é apenas uma forma velada de crítica. Rania al-Yasin, de 37 anos, nasceu no Kuwait, filha de uma família palestiniana muito rica, casou com Abdullah em Junho de 1993 quando ainda se pensava que o herdeiro do trono hachemita seria o irmão do rei Hussein, mas revelou-se mulher temível logo que subiu ao trono em 1999. Por familia e estilo não tem a tradicional reserva das esposas árabes. Após dar três filhos - um rapaz e duas raparigas, agora com 13, 11 e sete anos - a Abdullah decidiu partir à conquista do mundo. Passa a maior parte do tempo em viagem pelo Ocidente que não teve oportunidade de conhecer em jovem, por ter feito o seu diploma de Administração na Universidade Americana do Cairo, no Egipto. A recente presença no Fórum Económico de Davos mostrou os seus gostos. Entre as altas individualidades foi a única que se aguentou noite até de manhã. O presidente do BCE confessou não ter pedalada para ela. Rania, que veste exclusivos modelos ocidentais, não quer saber se a Jordânia é pobre. Enquanto Noor olha para a caridade, ela opta pela opulência.
Fonte: Jornal Correio da Manhã
(foto da net)

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

D. Luísa de Gusmão


Patriota e determinada, D. Luísa de Gusmão ‘empurrou’ o marido, Duque de Bragança, para o trono de Portugal. Foi figura marcante na restauração da independência a 1 de Dezembro de 1640.

“Antes rainha por uma hora do que duquesa para toda a vida”. A célebre frase de D. Luísa de Gusmão tornou-se ordem para que D. João, duque de Bragança, aceitasse ser coroado Rei de Portugal, com o título D. João IV (1640-1656), levando o país a recuperar independência de Espanha.

João IV de Portugal

O movimento teve lugar nos Paços da Ribeira, em Lisboa, a 1 de Dezembro de 1640, mas a aclamação do rei só aconteceria semanas depois. D. Luísa, agora rainha de Portugal (4ª e última dinastia da monarquia portuguesa), assistiu á coroação do marido acompanhada pelos filhos: D. Teodósio, D. Joana e D. Catarina.

D. Afonso ainda não havia nascido. Verdadeira mulher de armas, determinada e com uma reconhecida ambição, D. Luísa de Gusmão, apesar de espanhola, aconselhou sempre o marido a cumprir o seu dever como príncipe português. Unia-os uma grande cumplicidade e por isso o rei nomeou-a como tutora dos filhos e regente do reino durante a menoridade de D. Afonso VI, já que o primogénito, o príncipe D. Teodósio, falecera anos antes.

A ambiciosa rainha portuguesa, natural de Andaluzia, revelou, contudo, na regência, durante seis anos, menos garra do que sempre transmitira ao marido. Foi joguete entre as forças políticas do reino e como mãe falhou por não conseguir segurar as impertinências de D. Afonso, ao ponto de querer abandonar a regência. Mas ficou, a pedido do Conselho de Estado e enquanto governou, D. Luísa de Gusmão teve de suportar a guerra com Espanha, até fazer a paz dos Perenéus, e casou a infanta D. Catarina com o Rei Carlos II, de Inglaterra. Foi através de D. catarina que o chá foi introduzido na corte britânica.

Catarina de Bragança

D. Luísa de Gusmão, a rainha-guerreira, faleceu em 27 de Fevereiro de 1666 e os seus restos mortais encontram-se no Panteão real da Igreja de S. Vicente de Fora, em Lisboa.

Fonte: Revista Correio Mulher

Texto/Autor: Teresa Oliveira

Fotos da Net