Este ano vai ser possível
venerar a mão, praticamente intacta, da Rainha Santa Isabel, no túmulo que está
sepultado no Mosteiro de Santa Clara a Nova, em Coimbra, ou como também é
conhecido no Convento da Rainha Santa
Só com ordem do bispo é que a
mão intacta da Rainha Santa pode ser mostrada e, para isso, é necessário uma
ocasião especial.
Este ano, de 1 a 13 de Julho,
os fiéis, ou simplesmente os curiosos, podem ver a mão da rainha, beijada
durante séculos pela família real portuguesa.
O motivo de correr a cortina e
deixar à vista a mão é porque se comemora, este ano, os 500 anos da
beatificação da Rainha Santa.
Quase 300 anos depois da sua
morte, dizem os autos oficiais da primeira abertura do túmulo em 1612, que o
corpo estava "mui são, inteiro e sem corrupção, de maneira a que a cabeça
estava com os cabelos inteiros, louros e sãos, de maneira que pegando por eles
estavam fixos. A testa e todo o rosto coberto pela mesma carne, muito alba e
bem proporcionada, com nariz, orelhas, olhos e boca, sem corrupção".
Aquando desta abertura
provocada pelo processo de canonização, médicos, professores da Universidade de
Coimbra e entidades religiosas levantaram a mão para testemunhar o inédito.
O túmulo passou a ser visitado pelos
membros da família real em cada deslocação que faziam a Coimbra, para beijar a
mão da rainha.
Um túmulo, conta António
Rebelo, presidente da Confraria da Rainha Santa, difícil de abrir porque
"sempre que alguém da família real vinha a Coimbra trazia uma das chaves,
porque o túmulo tinha três chaves: uma confiada ao bispo de Coimbra, outra à
abadessa e outra ao rei".
Em 1852, D.ª Maria, rainha de
Portugal, visitou o túmulo e decidiu mandar trocar as mortalhas da rainha que é
santa. Quando o fizeram "despiram o corpo com receio que os ossos se
desconjuntassem, mas nada aconteceu. O corpo estava íntegro, as carnes bem
consolidadas, os ossos muito bem colocados", explica.
Nos anos 30, já com a república
e sem expectativas de se voltar à monarquia, o corpo que permanecia intacto foi
mandado isolar, deixando apenas à vista a mão direita. "Nós apenas
removemos uma cortina que deixa ver a mão, porque dizem os antigos que nunca
foi exposta sequer às pessoas da família real seus descendentes mais do que a
mão para a beijarem", acrescenta.
Já este ano, nas duas primeiras
semanas de Julho, a mão da Rainha Santa Isabel volta a poder ser vista.
"Admirar olhando por um óculo de vidro poderão ver a mão direita, a mão
benfazeja da rainha Santa, que era a mão que praticava as boas acções pelas
quais ela ficou conhecida ao longo da história".
Uma mão seca pelo tempo, mas
ainda com carne ligada às ossadas, que é descoberta, com autorização do bispo,
apenas em ocasiões especiais.
Este ano é o Ano Santo da
Misericórdia e comemoram-se os 500 anos da beatificação da Rainha Santa Isabel.
As últimas descobertas da mão
aconteceram em 2012 aquando da celebração dos 400 anos da primeira abertura do
túmulo; em 2000 porque foi ano de jubileu e em 1996, nos 300 anos da sagração
da igreja da Rainha Santa.
A rainha que ficou conhecida
como pacificadora; uma mulher culta dedicada à arte, à arquitectura e à
liturgia, mas sobretudo notabilizada pela acção sócio caritativa, sendo
considerada a rainha amiga dos pobres.
A Confraria da Rainha Santa
Isabel espera que milhares de pessoas passem pelo Mosteiro de Santa Clara a
Nova, para ver a mão praticamente intacta da Rainha Santa Isabel, que morreu há
679 anos, entre 1 e 13 de Julho deste ano.
(Túmulo
antigo mandado construir pela Rainha Santa onde esteve sepultada muito tempo.
Hoje o seu corpo incorrupto encontra-se num túmulo relicário de prata e cristal
no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.)
A festa de Coimbra e da Rainha
Santa celebra-se no dia 4 de Julho, dia em que morreu D. Isabel.
Santa Isabel de Portugal era
filha do rei D. Pere III, de Aragão, e D. Constança, de Navarra, e casou-se com
o rei D Dinis, em 1282. Terá nascido em 1269(?) e morreu a 4 Julho de 1336 em
Estremoz. Recebeu o nome da tia-avó, Santa Isabel da Hungria.
O episódio sobejamente
conhecido sobre a Rainha é o milagre das rosas. Todavia, este milagre foi
originalmente atribuído à sua tia-avó Santa Isabel da Hungria. Provavelmente
por corrupção da lenda original, e pelo facto de as duas rainhas possuírem o
mesmo nome e a mesma bondade perdura a ideia do milagre. Foi canonizada em 1626
pelo Papa Urbano VIII.
Fonte: © Agência Ecclesia
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