Sicília
A outra Itália e o seu vulcão
A ilha que parece uma bola
chutada pela «bota» continental tem uma imagem de marca que também passa por um
dialecto nascido de várias línguas.
A maior ilha de Itália tem
um dialecto só seu que surgiu de influências do árabe, do grego, do Inglês ou do
lombardo, quer dizer, é um reflexo e memória de sucessivos encontros entre quem
vivia na ilha e foi sendo exposto a sucessivas invasões.
(Vista
do Vulcão Etna da Cidade de Catania.)
Os gregos fundaram na ilha a
sua primeira colónia, em 743 a.C., seguidos pelos cartagineses, os romanos, os
bizantinos, os árabes, os normandos, os suábios (alemães), os franceses da Casa
de Anjou, os aragoneses, os italianos da casa de sabóia e de novo os espanhóis,
já sobre a dinastia de Bourbon. Mas não é só a peculiaridade linguística que
afirma a Sicília no imaginário até daqueles que nunca puseram o pé em nenhum
lugar da actual Itália, cuja unificação só foi conseguida no século XIX.
A emigração para os Estados
Unidos também serviu para exportar aquilo que se tornaria matéria-prima para as
salas de cinema. A máfia e os seus jogos de poder e muito sangue são também uma
imagem de marca de uma ilha que está longe de ser uma das menos modestas
regiões de Itália.
Tirando esse facto, a
Sicília tem ainda outra força poderosa sempre presente. Chama-se Etna e é um vulcão.
Continuamente a ronronar, é uma tradição imperdível, que impõe admiração e,
claro, respeitinho. Porque afinal, pode muito bem acontecer ele ter um súbito
ataque de tosse quando o turista está ali perto, a admirar a sua respiração.
(Sicília,
Palermo a Taormina: Monte Etna, Siracusa, Agrigento.)
Palermo, a capital,
localizada na Costa Norte da ilha, é a maior cidade da Sicília e a quinta mais
populosa de Itália (mais de um milhão de habitantes), depois de Roma, Milão,
Nápoles e Turim. É também o principal centro cultural, histórico e económico da
região.
(Cidade
de Ragusa, Sicília)
Ragusa (classificada
Património da Humanidade) e a muito mais conhecida.
(Cidade
de Siracusa, Sicília)
Siracusa são duas outras
cidades que fazem parte do roteiro quase obrigatório de quem, indo uma vez à
Sicília, pode supor que aquela primeira visita será também a última.
Por toda a ilha há praias, e
quem gosta de estender a toalha classificá-las-á de soberbas: de areia branca,
de seixos, de rocha.
À de Mondello, junto ás
mansões dos aristocratas, há quem chame o «quintal» de Palermo. Nesta ou
noutras, os sabores da gastronomia local são outra das atracções que podem
começar por um nada indigesto chá gelado com menta ou um granizado de café. Em
simples cafés à beira das estradas lá estão as bruschette (pão tostado com
queijo, tomate e molhos vários) ou as bolas de carne e arroz, panadas, chamadas
arancini.
(Praia
em Palermo: Mondello, Sícilia)
À de Mondello, junto ás
mansões dos aristocratas, há quem chame o «quintal» de Palermo. Nesta ou
noutras, os sabores da gastronomia local são outra das atracções que podem
começar por um nada indigesto chá gelado com menta ou um granizado de café. Em
simples cafés à beira das estradas lá estão as bruschette (pão tostado com
queijo, tomate e molhos vários) ou as bolas de carne e arroz, panadas, chamadas
arancini.
E pasta, evidentemente muita
pasta ( as massas, em português).
E gelados, que toda a Itália
é famosa por eles.
Peculiaridade que não
constará nos manuais de História ou das maravilhas geográficas é o modo de
condução dos sicilianos. O Código da estrada é assumido como uma espécie de
sugestão de regras a cumprir, pelo que os traços contínuos estão gastos de
tanto serem pisados. E como, se estivessem numa tarantela, os condutores
olham-se nos olhos e sabem quando deve avançar ou parar: nos cruzamentos, os
carros e as motos lá vão passando, quase sempre sem discussões ou buzinadelas.
Tarantella é uma dança popular e composição musical de carácter vivo,
caracterizada pela troca rápida de casais…
Fonte: Revista Ver e Crer
Nº3 Julho 1945
Texto: Nuno Gaivão
Fotos da net