quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Escócia - Stirling

Lendas e cavaleiros andantes

Stirling, pequena localidade situada na Escócia, não longe de Glasgow, ficará para sempre ligada a William Wallace, herói escocês, retratado no filme Braveheart por Mel Gibson, que muitos de nós vimos e cuja história nos fascinou.
Curiosamente, ainda hoje Stirling respira uma atmosfera épica, e essa foi uma das coisas que mais me impressionou logo que saí do comboio que me transportou de Glasgow até ao meu destino. O dia estava radiante e convidada à visita. Como a subir custa mais, resolvi deixar a visita à cidade para mais tarde e apanhei um Taxi que me levou até ao cimo do monte onde um imponente castelo parece vigiar a cidade. Actualmente, como já não é necessário proteger os habitantes de ataques, essa função cessou. Ainda assim continua a mostrar a história local de um modo muito especial.


Chegada lá acima, a vista soberba sobre os campos e montes circundantes, assim como os belos telhados da cidade, fez-me parar durante longos momentos, a fim de absorver todas as belezas que me era dado a conhecer.
Também o monumento a William Wallace se ergue lá ao longe, majestoso, corroído pelas intempéries e pelo passar dos séculos, mas que só lhe acrescentaram uma beleza quase irreal.
Construído em 1869 no topo de um penhasco vulcânico, a Abbey Craig, para homenagear o herói escocês William Wallace, é uma torre gótica vitoriana com 76 metros de altura. Através de uma escada em espiral chega-se a salões com exposições sobre a vida e as batalhas do herói.


Monumento a William Wallace

Antes de entrar no castelo pude admirar duas estátuas, uma erguida aos soldados do Regimento Highlanders, o regimento da rainha Isabel II (ignorava que tivesse aqui a sua sede e, curiosamente, também um museu muito interessante, que conta a sua história através dos tempos e onde pode também cunhar a sua própria moeda), e outra ao rei Robert de Bruce outro dos heróis escoceses.


Estátua do Rei Robert de Bruce

O castelo de Stirling está muito bem conservado e tem excelentes guias, que contam a história do mesmo de uma forma bastante interessante e que não deixa de captar a atenção do público. Reparei que havia também estudantes de várias escolas das redondezas a fazerem a visita, sendo alguns deles ainda de tenra idade.


De facto, não só os edifícios que constituem o castelo são de grande beleza como a maneira como nos é dada a conhecer a actividade que ali existia acrescenta um realismo extraordinário a muitos dos seus espaços, nomeadamente a cozinha. Réplicas do pessoal daquela época (tão reais que quase nos confundem) ”preparam” um banquete opíparo.
Depois da visita ao castelo, a descida foi feita a pé, para gozar o sol que brilhava com toda a intensidade e visitar tudo o que havia pelo caminho. A primeira paragem foi na bela Igreja Holy Rude, rodeada pelo cemitério com as suas cruzes celtas.


Igreja de Holy Rude


Curiosamente, cemitérios como este, com as suas campas e cruzes em granito, abertos, situados à volta da igreja, respiram uma paz que nos faz parar por uns momentos e esquecer o stress do dia-a-dia.
Continuando a descer, cheguei finalmente a Stirling, que com uma população de 36 mil habitantes, é uma cidade pacata. O primeiro aviso que recebi foi o de que os seus habitantes são conhecidos pelo sarcasmo, talvez uma alusão ao humor britânico, tão diferente do nosso, pois revelam uma extrema amabilidade e estão sempre prontos a ajudar os visitantes. Logo à entrada da cidade ergue-se a velha cadeia, um edifício vitoriano que vale a pena visitar, não só pelas histórias contadas como para apreciar o actor que aqui faz guia.
Já me estava a esquecer da bela mansão Argyll’s Lodging, construída em 1632, e que também não deve deixar de visitar.


                                                Mansão Argyll’s Lodging

O melhor mesmo é deambular pelas estreitas ruas de Stirling e apreciar todas as suas belezas.
Não sei se foi o bom tempo que se fazia sentir na altura em que realizei a minha viagem se todas as lendas que me foram dadas a conhecer, certo é que Stirling deixou uma imagem de rara beleza impressa na minha mente, imagem quase etérea, que nem o tempo irá conseguir apagar.

Fonte: Revista Caras
Caras Viagens
Texto: Francisca Rigaud
© Carlos Coelho

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