Os
segredos da múmia
Com
raios-X de alta resolução, os cientistas estão a conseguir imagens espantosas
de uma menina que morreu cedo demais.
Viveu
nos tempos de Cristo, mas não durante muito tempo.Com cerca de 5 anos, esta
menina egípcia, que tinha menos de 1 metro e 20 de altura, passou por aquilo
que o seu povo acreditava ser a próxima vida. Na preparação para esta jornada,
os seus órgãos internos – todos excepto o coração- foram retirados e
substituídos por conservantes aromáticos. Depois foi envolvida em ligaduras,
mumificada e colocada num caixão feito de um material similar ao papier-mâché.
Assim
ficou durante 2 mil anos – primeiro no Egipto e, nos últimos 80 anos, no Museu
Egípcio Rosicruciano em San Jose, na california (Estados Unidos).Durante vários
meses, a menina – que entretanto recebeu o nome de Sherit, uma antiga palavra
egípcia que significava «pequena» - visitou o Centro Nacional de Biocomputação
de Stanford – NASA, perto de Palo Alto.
Foi
ali que os médicos e outros cientistas, em colaboração com especialistas em
imagem da Silicon Graphies, tem estado a desembrulha-la – não fisicamente, o
que poderia provocar enormes danos, mas virtualmente. Utilizando mais de 60 mil
imagens de raios-X de alta resolução que produzem 35 vezes mais informação do
que as imagens do Faraó Tut divulgadas no inicio deste ao, a equipa compôs um
retrato tridimensional do que jaz dentro do caixão.
A
pista dos dentes
Observando
os ossos da múmia, por exemplo, os cientistas concluíram que Sherit devia poder
andar normalmente e não tinha quaisquer doenças crónicas debilitantes.
Muito
provavelmente, sucumbiu a uma infecção, devido a água contaminada ou a comida
estragada, como acontecia a cerca de metade das crianças no antigo Egipto antes
de perfazerem um ou dois anos.
Os
ossos e os dentes também ajudaram a estimar a sua idade – ainda não lhe tinham
caído os dentes de leite e os definitivos nunca chegaram a descer. E a sua
mascara dourada, onde foram encontrados resíduos de perfume caro, indica que os
pais eram abastados. Com imagens de maior resolução, os cientistas talvez
consigam um dia decifrar os hieróglifos no interior do papel mascado – e assim,
talvez, dar à pequena o seu verdadeiro nome.
Fonte:
Revista Visão
Time
Inc.Traduzido da TIME Magazine
Foto
da Revista
© Carlos Coelho