sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Greta Garbo

Greta Garbo



Dona de um rosto enigmático e de uma fria beleza fora do comum, Garbo ganharia uma aura ainda mais dramática e misteriosa com o papel da protagonista no filme “Mata Hari”, em 1932.


O rosto mais enigmático da história do cinema
A esfinge, como muitas vezes lhe chamavam, conquistava e despedaçava corações dentro e fora dos ecrãs. Embora defendesse a sua vida privada com unhas e dentes, alguns dos seus casos amorosos ficaram conhecidos. Um dos mais falados foi com o actor John Gilbert, com quem contracenou no seu primeiro filme de sucesso, O demónio e a Carne, de 1927. Apesar de não ter sido o actor com quem Garbo mais trabalhou, foi o seu par romântico que mais deu que falar. A química sexual que emanava do ecrã quando os dois se juntavam era evidente para o público, que os elegeu como uma dupla de sucesso. Mas o encanto da diva não se ficava pelas suas personagens, e John Gilbert apaixonou-se mesmo por ela, chegando, segundo consta, a propor-lhe casamento três vezes, todas elas rejeitadas pela actriz, que se autoproclamava demasiado excêntrica para se casar.
Mas muitos outros homens passaram pela sua vida: o realizador Mauritz Stiller, o maestro Leopoldo Stokowski, o fotografa Cecil Beaton e Georg Schlee, o seu último amante. E também as mulheres se deixavam encantar pela actriz sueca. A dramaturga Mercedes de Acosta e a actriz Marie Dresller são duas das mulheres apontadas como tendo tido uma relação íntima com Greta Garbo.





Com o sucesso de bilheteira que foi “Mata Hari”, Garbo consolidou um lugar ao solem Hollywood. Graças ao seu ar distante e sedutor, seria a actriz que melhor transporia para o cinema a mais famosa espia da I Grande Guerra.

Uma rebelde até ao fim


A maioria dos filmes em que Garbo participou teve grande sucesso junto do público. A actriz sueca chegou a ser nomeada para os Óscares quatro vezes (que nunca ganhou), duas das quais em 1930, com os seus desempenhos em Anna Christie e em Romance, ambos de Clarence Brown. Levantando grande polémica com o seu papel como Mata Hari, devido ás roupas insinuantes que vestia, não ganhou com este filme uma esperada terceira nomeação da Academia.
Essa viria com Camille, de George Cukor, em 1936, e a quarta com Ninotchka, de Ernest Lubitsch. Em 1941, dois anos após a última nomeação, a actriz retira-se e deixa os membros da Academia com o remorso de nunca terem premiado o seu talento.
Para a compensar, em 1954 concedem-lhe um Óscar honorário, mas Garbo nem sequer se desloca a Hollywood para a cerimónia.
O seu talento, a beleza intocável, o facto de se ter retirado no auge da carreira e a indiferença que votava à opinião pública estiveram na origem do mito que se construiu à sua volta. O facto de se ter feito desejar e nunca ter cedido aos apelos para que voltasse fizeram de Garbo um caso único na história do cinema.


“Grand Hotel”, “Ninotchka” e “Rainha Cristina” são três dos filmes de maior êxito de Garbo. Uma das actrizes mais bem pagas do seu tempo, só foi igualada por Marlene Dietrich.

A despedida precoce como actriz

“Quero ficar só” é a deixa mais famosa de Greta Garbo, ou melhor, da sua personagem em Anna Christie. E, no entanto, esta frase dita num filme assentava que nem uma luva à sua vida para lá do ecrã. Porque a solidão marcou grande parte da sua existência. Disse-se que na origem do afastamento precoce desta actriz que sobreviveu ao cinema mudo (apesar de se ter temido que a sua voz seca e o forte sotaque nórdico desagradassem ao público) estaria a cor – sempre filmara a preto e branco, que acentuava o seu mistério. Apontou-se também o medo de que a vissem envelhecer… o certo é que Garbo se exilou num apartamento de sete assoalhadas em Nova Iorque e não voltou á vida mundana. Durante mais de 40 anos, passeou-se sozinha pelas ruas de Big Apple, vendo montras e visitando galerias de arte e museus de Manhattan. Chegava a caminhar mais de 15 km por dia. Apesar de ser reconhecida, poucos tinham coragem de lhe dirigir a palavra.
Nos últimos anos de vida problemas renais e cardíacos retiveram-na em casa até à sua morte, em 1990. Sepultada em Nova Iorque, Garbo vai ser trasladada para Estocolmo, a cidade onde, afinal, não quis viver.


Garbo numa das suas últimas fotos conhecidas. Na manhã de 15 de Abril de 1990 (domingo de Páscoa), Greta Garbo morria em Nova Iorque. Tinha 84 anos e deixara o cinema há 49 anos.

Fonte: Revista Caras
Fotos: Popperfoto /Ads / Sygma
© Carlos Coelho