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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

As casas de Garrett


Almeida Garrett, que conforme nos diz o seu biógrafo Gomes de Amorim, tinha o gosto das mudanças, pelo que não parava por muito tempo na mesma casa, foi, em 1836, morar para o pátio do Pimenta 13 – A, ali ao, ainda hoje pacato e aristocrático sítio de Santa Catarina. A residência era pequena, mas bonita, e muito ao gosto de Garrett, pois dispunha de um jardinzito de que ele próprio tratava com o maior cuidado. Que contraste entre o Garrett requintadamente elegante, poeta e dramaturgo, homem de Estado e diplomata, e o Garrett, jardineiro, talvez de socos e avental, largo sombreiro de palha e regador na mão…

Naquela casa decorreram serenamente os primeiros anos da sua ligação com D. Adelaide Pastor e ali nasceu, em 1837, o seu primeiro filho. O falecimento deste, em 1839, levou Garrett a mudar-se para a rua da Conceição de Cima, à Cotovia, mas em 1844 voltou ao Pátio do Pimenta, desta vez para a casa com o número 13 – F, e vindo da rua do Alecrim.

Fonte: Almanaque Diário de Notícias (1954)
Texto/Autor: Desconhecido
Foto da Net
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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa é um dos maiores poetas portugueses e o mais original de todos porque não foi só um poeta, foi muitos. Criou várias personagens – os heterónimos – a quem deu um nome, uma biografia, uma personalidade, e que, sendo ele, eram outros, escrevendo outras poesias, outras histórias, outros ensaios, diferentes dos seus.


Fernando António Nogueira Pessoa faria ontem 121 anos. Nasceu a  13 de Junho em 1888, em Lisboa. Aos cinco anos o pai morreu e quando a mãe voltou a casar, com o cônsul de Portugal em Durban (na África do Sul), a família mudou-se para aquela cidade, onde pessoa viveu dos 8 aos 17 anos, fazendo a maioria dos seus estudos em inglês, língua em que foram escritos os seus primeiros poemas. Desde cedo, revelou-se um jovem reservado, vivia num mundo só dele, mas esse era um mundo cheio de imaginação. Aos 17 anos voltou para Lisboa e nunca mais de lá saiu. Entrou no Curso Superior de Letras, mas logo o abandonou, sem acabar o primeiro ano. Preferia estudar sozinho na Biblioteca Nacional.
Entre 1910 e 1935, data da sua morte, não parou de escrever: sobretudo poesia, mas também prosa, ensaio, crítica literária. Milhares e milhares de folhas manuscritas e dactilografadas. Pouco foi editado enquanto foi vivo, mas muitos escritos seus foram publicados em revistas com as quais colaborava. A sua profissão era tradutor ou «correspondente estrangeiro em casas comerciais», como diria uma nota autobiográfica, acrescentando que «ser poeta e escritor não constitui profissão, mas vocação». E foi a esta vocação que dedicou toda a sua vida, que se confunde com a sua obra.


Nunca se casou, a única namorada que se lhe conheceu foi Ofélia, a quem escrevia muitas cartas de amor, e viveu grande parte da vida adulta com a família numa casa em Campo de Ourique, que é hoje a Casa Fernando Pessoa. Interessava-se por astrologia e até fazia horóscopos e cartas astrais, era frequentador de cafés e participava em várias tertúlias literárias – grupos de artistas e escritores que se juntavam para trocar ideias -, mas mantinha-se um homem discreto e talvez por isso o seu génio só foi completamente conhecido e reconhecido depois da sua morte. Segundo Richard Zenith, que escreveu uma pequena biografia de Pessoa, o poeta escreveu sob dezenas de nomes, uma prática que começou na infância, tendo chamado heterónimos aos mais importantes destes «outros eu», dotando-os de biografias, características físicas, personalidades e actividades literárias próprias. Algumas das suas maiores obras em português foram atribuídas aos três principais heterónimos poéticos – Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos – e ao «semi-heterónimo» Bernardo Soares.
Fernando Pessoa morreu em Lisboa, com apenas 47 anos, mas inscreveu o seu nome no grupo dos imortais da literatura portuguesa.
«O primeiro poema de Fernando pessoa foi escrito com sete anos. Tinha como título À minha querida mamã e dizia assim: «Ó terras de Portugal/ Ó terras onde eu nasci/ por muito que goste delas/ Inda gosto mais de ti.»

Fonte: Revista Terra do Nunca
Foto da net

𺰘¨¨˜°ºðCarlosCoelho𺰘¨¨˜°ºð

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Rosa Lobato de Faria

Rosa Lobato de Faria (1932-2010) A Escritora tardia 

Foi a televisão que lhe desenhou a imagem. Primeiro, de mulher bonita a dizer poemas na perfeição nos históricos programas de David Mourão-Ferreira Hospital das Letras e Imagens da Poesia Europeia; depois , de autora de canções de sucesso e de actriz de telenovelas, séries dramáticas e sitcoms. 
Só tardiamente, na década de 1990, tiraria da gaveta e reuniria num volume os poemas que vinha acomulando em segredo e começaria a escrever e a publicar romances de enfiada, alguns deles inequivocamente bons. 
Colaborou ainda em projectos literários a diversas mãos, escreveu peças de teatro e entrou em filmes de João Botelho, Lauro antónio e Monique Rutler. esta dispersão por malas artes sem fim impediria a sacralização da imagem de escritora «séria» a que tinha mais direito do que os outros que dela desfrutam. 
Ambiguidades à parte, o fulgor dos seus olhos claros, esse, continua a iluminar as noites televisivas da memória a preto-e-branco.

Fonte: Revista Visão 4 de Fevereiro de 2010
Foto da Net




sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Aquilino Ribeiro

(foto da net)

Aquilino Ribeiro nasce a 13 de Setembro de 1885 em Carregal de Tabosa, concelho de Sernancelhe. Aos 10 anos, vai residir com os pais para Soutosa,onde faz a instrução primária. Transita depois para Lamego e Viseu, onde chega a frequentar o seminário, abandonando-o por falta de vocação.
Em 1906 muda-se para Lisboa e, em pleno período de agitação republicana, começa a escrever os primeiros artigos em jornais. Em 1907, devido à explosão de uma bomba é preso. Mas consegue evadir-se e, entre 1908 e 1914, divide a sua residência entre Paris e Berlim.
Em 1914, com a eclosão da I Grande Guerra, volta a Portugal. Em 1918 publica o primeiro romance, A Vida Sinuosa, que dedica à memória do seu pai, Joaquim Francisco Ribeiro.
A convite de Raul Proença, entra em 1919 para a Biblioteca Nacional. A partir desse ano, escreve incessantemente: Terras de Demo (1919), O Romance da Raposa (1924), Andam Faunos Pelos Bosques (1926), A Batalha Sem Fim (1931) e muitos outros títulos.
Envolvido em revoltas contra a ditadura militar, no Porto e em Viseu, exila-se por duas (1927 e 1928) vezes em Paris, onde casa por segunda vez ( aprimeira mulher falecera). A partir de 1935 o seu labor literário torna~se mais fecundo: Volfrâmio (1944), O Arcanjo Negro (1947), O Malhadinhas (1949), A Casa Grande de Romarigães (1957), Quando os Lobos Uivam (1958), este último apreendido pela cencura e protexto para um processo em tribunal. Entretanto, viaja: Brasil; Londres; Paris.
Em 1963, durante as comemorações do 50º aniversário do seu primeiro livro - promovidas pela Sociedade Portuguesa de Escritores, então presidida por Ferreira de Castro - adoece inesperadamente.
Morre a 7 de Maio de 1963, no Hospital da CUF, com 78 anos.
Obras:
Contos

- A Filha do Jardineiro (1907)
- Jardim das Tormentas (1913)
- Valeroso Milagre (1919)
- Estrada de Santiago, onde se inclui O Malhadinhas (1922)
- Quando o Gavião Cai a Pena (1935)
- Arca de Noé I, II e III (todos de 1963)
- Sonhos de uma Noite de Natal (1934)

Romances e Novelas

- A Via Sinuosa (1918)
- Terras do Demo (1919)
- Filhas da Babilónia (1920)
- Andam Faunos pelos Bosques (1926)
- O Homem que matou o Diabo (1930)
- A Batalha sem Fim (1932)
- As Três mulheres de Sansão (1932)
- Maria Benigna (1933)
- Aventura Maravilhosa (1936)
- S. Bonaboião, Anacoreta e mártir (1937)
- Mónica (1939)
- O Servo de Deus e a Casa Roubda (1941)
- Volfrâmio (1943)
- Lápides Partidas (1945)
- Caminhos Errados (1947)
- O Arcanjo Negro (1947)
- Cinco Réis de Gente (1948)
- A Casa Grande de Romarigães (1957)
- Quando os Lobos Uivam (1958)
- Casa do Escorpião (1963)
- O Romance da Raposa (1959)
Fonte: Biblioteca / Centro de Recursos
E. S. C. - Projecto Leituras Acordadas

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Miguel Torga

(foto da net)


Miguel Torga (pseudónimo de Adolfo Correia Rocha) nasceu em S. Martinho de Anta (12.08.1907) e morreu em Coimbra (17.01.1995).
É autor de uma obra extensa e diversificada, compreendendo poesia, diário, ficção (contos e romances), teatro, ensaios e textos doutrinários.
Em 1934, ao publicar o ensaio intitulado A terceira voz, o médico Adolfo Rocha adopta expressamente o nome de Miguel Torga.
Associando o fitónimo "torga"- evocativo de resistência e de pertinaz ligação à terra, propriedades de um pequeno arbusto do mesmo nome- a"Miguel" -nome de escritores ibéricos (Miguel Cervantes e Miguel de Unamuno), de artista visionário a genial (Miguel Ângelo) e de Arcanjo com forte motivação semântica ("Quem com Deus"), o poeta (então, com apenas 27 anos) escolheum programa ético e estético centrado no confessionismo e na busca da autenticidade.
NaConstância do seu projecto Cívico e artístico, Miguel Torga revela-se um caso raro de perseverança na ligação à terra em que nasceu: a Trás-os-Montes e a Portugal, por inteiro. Históricamente situado numa encruzilhada onde tradição e modernidade se afrotam, o escritor aparece sistematicamente do lado do progresso, tanto em termos estéticos como em termos cívicos.
Nessa medida o encontramos claramente alinhado pelo Modernismo, no que a palavra pressupõe de representação livre e criativa de ideias e emoções. Do mesmo modo que o encontramos apostado no combate por uma democracia respeitadora da história e construtora de um futuro responsável.
Mas é justamente esse nível que se pode assinalar a principal "contradição" do seu ideário. É que, contra as expectativas de alguns, Miguel Torga, que havia contestado vigorosa e repetidamente a "Ordem" do Estado Novo, viria a revelar-se um crítico do Portugal democrático: terciarizado, amnésico, consumista e europeu, Nesse registo de resistência (tantas vezes glosado ao longo do Diário) Torga acaba assim por se integrar definitivamente na linhagem dos poetas e pensadores portugueses de Melancolia, onde se contam nomes como Sá de Miranda, Camões, Oliveira Martins, Antero, Teixeira de Pascoais ou Fernando Pessoa.

Excerto do texto de
José Augusto Cardoso Bernardes in