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sexta-feira, 12 de junho de 2020

A bula 'MANIFESTIS PROBATUM'


A bula 'MANIFESTIS PROBATUM', documento fundador de Portugual

A 23 de MAIO de 1179 - A bula 'MANIFESTIS PROBATUM' confirmou D. Afonso Henriques como rei de Portugal e colocou o novo reino sob a protecção directa do Papa. Para os portugueses foi o coroar de anos de esforços diplomáticos.


A bula Manifestis Probatum, o documento fundador do reino

«A 23 de maio de 1179, o papa Alexandre III emitiu uma bula dedicada ao rei português D. Afonso Henriques e aos seus herdeiros, na qual reafirmava a proteção da Santa Sé e continha a seguinte declaração: “concedemos e confirmamos por autoridade apostólica ao teu excelso domínio o reino de Portugal com inteiras honras de reino e a dignidade que aos reis pertence, bem como todos os lugares que com o auxílio da graça celeste conquistaste das mãos dos Sarracenos e nos quais não podem reivindicar direitos os vizinhos príncipes cristãos”.

Assim, e pela primeira vez, o papa declarava de forma inequívoca o reconhecimento de Portugal como reino e de D. Afonso Henriques como rei, e salvaguardava os territórios adquiridos na guerra como fazendo parte integrante de Portugal. Foi um passo decisivo para a independência de Portugal e para D. Afonso Henriques, então já muito perto dos 70 anos de idade, que via finalmente ser-lhe reconhecida a dignidade e o título de rei.
Nos termos do Tratado de Zamora, em 1143, Afonso VII de Leão e Castela reconheceu Portugal como reino e D. Afonso Henriques como rei, mas isso não era suficiente. O rei de Castela e Leão intitulava-se imperador e, portanto, apelidar o seu primo de rei era até uma forma de aumentar o seu próprio prestígio.


A estratégia de D. Afonso Henriques e dos seus homens, nomeadamente de D. João Peculiar, arcebispo de Braga, visava obter o reconhecimento direto do Papa, devido à importância que possuía na cristandade europeia da época. Declarou-se vassalo da Santa Sé e manobrou nos meandros diplomáticos para obter a separação e a primazia do arcebispado de Braga sobre Toledo e Santiago de Compostela.
Esta posição fazia naturalmente parte de uma estratégia diplomática mais vasta, junto de outros reinos da Europa, para acentuar a distinção e a autonomia de Portugal como reino soberano e independente. Mas continuava a faltar o reconhecimento da Santa Sé. Ao fim de quase 40 anos, finalmente, o papa Alexandre III concedeu-lhe o estatuto desejado.

O processo foi naturalmente lento porque dependeu da alteração da conjuntura internacional. O reconhecimento da independência de Portugal não agradava, naturalmente, aos reis de Castela-Leão. Mas a morte do imperador Afonso VII e a separação destes dois reinos, em 1157, assim como a emancipação definitiva de Aragão, facilitou as pretensões de D. Afonso Henriques.
Por outro lado, a autoridade do papado esteve enfraquecida ao longo do século XII, com o envolvimento em querelas com o Sacro Império Romano-Germânico e o surgimento de vários anti-Papas.


A eleição de Alexandre III, em 1159, alterou este cenário. Alexandre III era um personagem enérgico, que pretendia desempenhar novamente um papel interventivo na cena política internacional.
No mesmo ano em que emitiu a bula Manifestis Probatum, Alexandre III convocou o 3º Concílio de Latrão, no qual a Santa Sé voltou a afirmar-se como o árbitro da Europa. O reconhecimento de Portugal e de D. Afonso Henriques constituiu, portanto, um sinal de afirmação da sua própria autoridade.»

Fonte: RTP Ensina
Fotos da net

© Carlos Coelho




sábado, 23 de maio de 2020

Resplendor do Senhor Santo Cristo dos Milagres, São Miguel Açores


Resplendor do Senhor Santo Cristo dos Milagres, São Miguel Açores


Resplendor ou Diadema, o seu ex-líbris, da autoria de Mateus Vicente de Oliveira e Ambrósio Gottlieb Pollet, pela Coroa de Espinhos, pelo Relicário, pelo Ceptro, e pela Corda, estas joias representam os instrumentos de morte, com que Jesus foi apresentado à multidão no Pretório de Pilatos, sujeito à suprema humilhação, injuriado e escarnecido.

Apenas usadas nas Festas em honra do Senhor e em épocas festivas, estas joias são alvo de uma enorme curiosidade, pelo seu elevado valor material e artístico, não estando expostas ao público.

O Resplendor é a peça mais emblemática deste conjunto. Está replecta de simbolismo religioso. Desde o Cordeiro sobre o Livro dos Sete Selos, a Cruz, o Triângulo simbolizando a Santíssima Trindade, a Píxide com as hóstias, o Pelicano alimentando os filhos, as Galhetas que contém a água e o vinho, o Galo simbolizando a negação de Pedro, o Guião com as letras SPQR, a Coluna da Flagelação, a Bolsa de Judas, os Dados que sortearam a túnica de Cristo, a Coroa de Espinhos, com que coroaram Jesus no Pretório de Pilatos, os Cravos com que foi pregado na Cruz, a Esponja com vinagre com que Jesus matou a sede, a Lança que trespassou o lado do Senhor, a Mão com que foi esbofeteado, a Moca, a Túnica do Senhor, a Cana que Lhe puseram na mão a fingir de ceptro, a Lanterna com que foram procurar Jesus no Horto das Oliveiras, o Azorrague e o Feixe de Varas com que foi flagelado. As Escadas, o Alicate, o Martelo e a Espada, são os instrumentos que serviram na crucificação, o Jarro, a Bacia e a Toalha, com que o Salvador lavou os pés aos Discípulos.
O Resplendor foi considerado a peça mais valiosa do seu género na Península Ibéria, num congresso realizado em Valladolid (Espanha).



Foto: net
© Carlos Coelho

quarta-feira, 20 de maio de 2020

A história do Bilhete de Identidade


Da aldeia de mata do Rei, onde vivia, ao Registo Civil de Santarém, António Cândido demorou cinco horas. Foi de mula, na altura o único meio de transporte de que dispunha. O adolescente, com 15 ou 16 anos, tinha recebido uma bicicleta do pai, mas, para aproveitar o presente, precisava de tirar o bilhete de identidade (BI). “Naquela altura, era necessária identificação para andar de bicicleta”, explica o antigo moleiro, hoje com 92 anos.

Em Santarém, o processo foi rápido. Apresentou a cédula de nascimento, pôs o dedo indicador direito num papel, para deixar registada a impressão digital, e explicou porque queria o documento. “O meu pai só o tirou já adulto. Precisou dele para ter licença de carroço. Tinha uma azenha e um moinho de vento para fazer farinha, que transportava para Santarém.”


O BI do primeiro Presidente era uma espécie de caderneta amarela. data de 1914

Detalhes. O cartão de Manuel de Arriaga discriminava a cor do seu cabelo e barba e uma cicatriz do lado direito da cabeça.

Na época, 1936 ou 1937, os bilhetes de identidade eram documentos mais detalhados do que são hoje. Além do nome, data de nascimento, filiação, naturalidade, altura impressão digital e fotografia, o BI de António Cândido tinha indicações sobre sinais particulares, cor da barba, do cabelo, dos olhos e da pele. O formato também era diferente: em vez do cartão amarelo ainda hoje em uso (embora em substituição gradual pelo cartão de cidadão), os portugueses da primeira metade do século XX tinham uma caderneta desdobrável. Era um documento de três páginas preenchido à mão.

No mês de Março de 2014, o BI fez 100 anos. Desde 1914 que é usado para provar a identidade dos cidadãos. Os primeiros registos de identificação em Portugal são do século XVI. Em pleno período dos Descobrimentos, os capitães das naus apontava o nome, alcunha, estado civil, filiação e naturalidade dos marinheiros. Era uma forma de saberem quem levavam a bordo, embora não existisse qualquer papel oficial. Só bastante mais tarde, na Primeira Republica, surgiu essa necessidade: percebeu-se que era preciso ter um registo dos cidadãos porque havia cada vez mais pessoas a viver nas cidades e tornava-se difícil identificá-las quando morriam.
O investigador e antigo inspector da Policia Judiciária, Francisco Moita Flores, diz que foi esse problema de identificação dos corpos que deu origem à palavra “morgue”. “A palavra francesa morguer significa observar com atenção. Na prisão de Paris, havia uma sala enorme numa cave, com uma claraboia com grades. Os presos iam para essa sala e os guardas ficavam a olhar para eles para tentarem memorizarem as suas feições, caso fugissem ou reincidissem. Não havia outro método de identificação”, explica.

Com o aparecimento do bilhete de identidade em Portugal, em 1914, parte destes problemas de reconhecimento acabaram: o documento tinha fotografia e impressão digital. Mas não só: possuía também informações detalhadas sobre os traços físicos. Um dos primeiros portugueses a tirar o BI foi o antigo Presidente da República, Manuel de Arriaga. O documento, que data de 1914, e que hoje pertence ao espólio do Museu da Presidência da República, tinha três páginas. Indicava que o líder republicano vivia no Palácio de Belém, tinha uma cicatriz na cabeça, do lado direito, cabelo e barba de cor branca. Estas informações eram ainda complementadas com duas fotografias, uma de perfil, outra de frente, que ocupavam a parte central da caderneta amarelada. Por baixo das imagens, está a data em que foram tiradas: 1911.

A identificação de Fernando Pessoa, o documento estava escrito em três línguas: português, Inglês e Francês. 


O poeta trabalhava na área do comércio e é com essa profissão que aparece identificado. Tirou-o em 1928, um ano depois de ser obrigatório para todos.

Desde que foi criado oficialmente e até 2007 (ano em que começou a ser substituído pelo cartão de cidadão), o bilhete de identidade sofreu várias mudanças. De um cartão com três páginas cheio de detalhes sobre a aparência física, passou a documento plastificado com menos informação, mas mais difícil de ser copiado. Em 1952, por exemplo, chegou mesmo a haver uma versão diferente para as pessoas que viviam nas então províncias ultramarinas: em vez de só se recolher a impressão digital do dedo indicador, punham-se as dos 10 dedos.

Nos primeiros tempos, o BI não servia para verificar oficialmente a identidade dos cidadãos. Só em 1919 a lei estabeleceu que o documento podia servir como prova. Se, por exemplo, alguém duvidasse do nome verdadeiro de uma pessoa, era preciso levar duas testemunhas que atestassem o Registo Civil a veracidade da informação. Nessa época, o BI português tinha uma validade de cinco anos e era um dos mais modernos da Europa. O director do Arquivo de identificação da Catalunha chegou a anunciar que o iria copiar por o considerar um dos mais bem feitos da época.

Apesar de admirado, o documento enfrentou resistências em Portugal quando, em 1926, se tornou obrigatório para todos os funcionários Públicos. Como as impressões digitais e as fotografias eram até então usadas para identificar presos e mortos, alguns trabalhadores ficaram irritados ao perceberem que iriam ter um documento como o dos criminosos, com as mesmas características. Chegaram mesmo, de acordo com o Diário de Notícias, a enviar um grupo de representantes ao Senado. “Estavam alarmados”, dizia o jornal, porque, segundo a lei, deixariam de receber salário se não tivessem o tal cartão. Além do mais, ainda tinham de pagar 50 escudos para a sua emissão.

Apesar da contestação, a polémica lei do BI foi aprovada. “ A ideia era cruzar o registo criminal com o registo civil. O estado queria ter um papel mais vigilante”, explica à Sábado Maria Rita Lino Garnel, investigadora do Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa. O estado também pretendia distanciar-se da Igreja e converter tanto o casamento, como o divórcio ou a morte, em actos civis e não apenas religiosos.


As impressões digitais começaram por ser utilizadas nos boletins de identificação dos cadáveres. Esta ficha data de 1911.

Um ano depois, em 1927, o cartão tornou-se obrigatório para todas as profissões. O poeta Fernando Pessoa, que então trabalhava no comércio, tirou-o a 28 de agosto de 1928. O documento estava escrito, como determinava a lei, em três línguas: português, francês e inglês. E tinha apenas uma fotografia do escritor.

Até se democratizarem, na década de 50-60, os bilhetes de identidade continham frequentemente informações vagas e imprecisas. Quando, em 1930, com apenas 12 anos, Maria Rosalina pais tirou o seu cartão, os funcionários do Registo Civil escreveram no espaço destinada á altura: “a crescer”. A antiga professora primária, hoje com 94 anos, precisou daquele documento para se matricular no Liceu Filipa de Lencastre, em Lisboa. Na época, o cartão só era necessário para circunstâncias específicas, como estudar, trabalhar, viajar ou para qualquer acto público. “Por exemplo, a minha mãe só o tirou aos 80 anos, quando o meu pai morreu, para poder receber o subsídio”, conta à Sábado.

A antiga professora primária recorda-se de que já naquele tempo o documento era valioso. “As pessoas tinham muito medo de o perder, por isso guardavam-no com cuidado.” Além disso tirar o bilhete de identidade era uma espécie de “prova iniciática”, acrescenta a historiadora Maria Rita Lino Garnel. “Punha-se um vestido bonito, ia-se bem lavado e penteado.”

A Evolução do BI

Passou de caderneta desdobrável a cartão de uma página

1914. Aparecem os primeiros cartões. Têm três páginas e, além do nome, filiação e naturalidade, incluem duas fotografias, uma impressão digital do dedo indicador, assinatura e informações sobre altura, cor da pele, olhos, cabelo, barba, sinais particulares e residência.


1918. Os bilhetes de identidade passam a ter apenas uma foto. Estão escritos em três línguas: português, francês e inglês.

1926. Começam a ter espaço para registar alterações do nome do cônjuge e do estado civil. Tornam-se obrigatórios para todos os funcionários públicos.

1957. São reduzidos a duas páginas e impressos exclusivamente em língua portuguesa. Emitem-se dois modelos: um para cidadãos nacionais, outro para estrangeiros.


1970. Passam a ter apenas uma página e são plastificados. Um ano depois, começam a ser informatizados. Os documentos escritos à mão são cada vez mais raros.

1986. É obrigatório usar fotografia a cores nos bilhetes de identidade.


1992. É introduzido o plástico à volta do cartão e uma faixa de segurança por cima da fotografia, que se encontra do lado direito.

2007. O BI começa a ser gradualmente substituído pelo cartão de cidadão.

Fonte: Revista Sábado
Texto: Ana Catarina André e Lucília Galha
Fotos: Museu da Presidência da República; Espólio Casa Fernando Pessoa
© Carlos Coelho

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

A Bandeira Nacional

A bandeira nacional

Descubra porque é que a nossa bandeira é verde e vermelha e mais coisas.
Quando surgiu?
- a 19 de Junho de 1911

Como é?
- é dividida na vertical com duas cores fundamentais: verde escuro do lado esquerdo e vermelho à direita.

Qual o significado das cores?
- o vermelho é a cor de força, coragem e alegria e representa o sangue derramado pelos portugueses;
- o verde, a cor da esperança e do mar, foi escolhida em honra de uma batalha  onde esta cor deu a vitória aos portugueses.

Como é o centro?
- tem o Escudo das Armas Nacionais, e a esfera Armilar Manuelina, em amarelo e avivada de negro, simbolizam as viagens dos navegadores portugueses pelo Mundo, nos séculos XV e XVI.

Qual é o significado das outras cores?
- o branco representa a paz;
- as quinas, a azul, representam as primeiras batalhas, na conquista do País (diz-se que são uns cinco reis mouros vencidos na Batalha de Ourique por D. Afonso Henriques);
- cada quina contém cinco pontos brancos; as cinco chagas de cristo que ajudou D. Afonso Henriques a vencer esta batalha;
- os sete castelos amarelos representam os castelos tomados aos mouros por D. Afonso III.

Fonte: Revista Domingo
Foto da Net
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© Carlos Coelho

domingo, 26 de maio de 2013

Henri Cartier-Bresson

Portugal a preto e branco

O francês que se transformou no pai do fotojornalismo morreu no dia 2 de Agosto de 2004. Tinha 95 anos e mostra imagens  que Henri Cartier-Bresson tirou durante uma viagem a Portugal, em 1955.
Ficou conhecido como o olho do século. Morreu com 95 anos e foi enterrado na intimidade, em Montjustin, onde vivia, na sua casa típica da Provença. Jacques Chirac, o presidente francês disse dele: “Era um fotografo genial, um verdadeiro maestro, um dos artistas mais dotados da sua geração e um dos mais respeitados em todo o Mundo.” Henri Cartier-Bresson nasceu em Chanteloupe perto de Paris, a 22 de Agosto de 1908, no seio de uma família de industriais. Fotografou, como ninguém, a alma de 23 países, a guerra civil espanhola, a morte de Ghandi  e a queda de Pequim; foi o primeiro fotógrafo ocidental a entrar na União Soviética depois da morte de Staline… Depois, decidiu guardar a sua Leica e dedicar-se à sua outra paixão: o desenho. Mas antes, captou o Portugal interior.

 

Ao lado, um polícia sinaleiro, uma carruagem, carros e carris para os eléctricos: assim era o terreiro do Paço, em Lisboa. Em cima, o Alentejo, pobre e deserto, dos anos 50.

 

Na nazaré, no tempo em que os bois puxavam os barcos.

 
Ao Lado, o Estoril dos velhos tempos, mas burguês e animado como ainda é agora. Em cima, Amália Rodrigues, a diva do fado vista por um francês.

 

Fonte: Revista Nova Gente
Fotos: HCB/Magnum Photos /Fototeca e Rauters
CarlosCoelho