segunda-feira, 9 de maio de 2016

D. Pedro I

D. Pedro I



D. Pedro I

“ Eu fico!”

Um Dia Brasileiro

Nove de Janeiro de 1822, Palácio do Governo, Rio de Janeiro. O príncipe regente D. Pedro, pressionado, de um lado pelas cortes a regressar a Lisboa e, de outro, pelos patriotas brasileiros que dele necessitavam para legitimar a independência, exclamou: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto: diga ao povo que fico!”D. Pedro I
 
D. Pedro I
 Foi neste momento, que o espírito brasileiro sintetizou como “Dia do Fico”, que se deu um passo irreversível no processo de independência do Brasil. Antes do ano terminar já D. Pedro teria sido coroado Imperador.

Aos 9 anos de idade, em 1808, tinha D. Pedro chegado a terras brasileiras. Vinha com sua avó, a Rainha D. Maria I, já enlouquecida, seu pai, o futuro D. João VI, acompanhados por quase toda a corte portuguesa, fugindo das invasões francesas.

Estabelecida a corte no Rio de Janeiro, assim elevada a capital do reino, o Brasil começou a libertar-se da condição colonial: os portos e mercados são abertos às nações estrangeiras, pondo fim ao monopólio comercial de Portugal; é concedida liberdade para o estabelecimento de indústrias; os serviços da administração central são reconstituídos no Brasil a todos os níveis, da economia à justiça e do ensino às artes.

(Um monumento ao proclamador da Independência fora idealizado em 1824 pelo Senado da Câmara, mas sua execução foi suspensa após a abdicação do primeiro Imperador do Brasil em 1831. No concurso de projetos, aberto pela Academia Imperial de Belas Artes em 1855, saiu vencedor o secretário da Academia, João Maximiano Mafra. O terceiro colocado no concurso, Luiz Rochet foi em seguida encarregado de executar o monumento em Paris. D. Pedro II inaugurou o monumento em 30 de março de 1862. Erguido no centro da praça Tiradentes é, na verdade, obra da concepção plástica do escultor francês. É um bem cultural excepcional sob diversos pontos de vista. Foi o primeiro monumento cívico da cidade; uma das maiores peças de arte de bronze das Américas daquele tempo e é obra introdutora da escultura romântica no Brasil. A escultura vigorosa e movimentada de d. Pedro se apresenta sobre cavalo, acenando com a carta constitucional de 1824. Na base as notáveis alegorias dinâmicas de quatro rios brasileiros (Amazonas, Paraná, Madeira e São Francisco) são representadas por grupos escultóricos com indígenas, animais selvagens e plantas nativas. No friso do pedestal estão os escudos das vinte províncias do Brasil. Na face principal, junto das armas brasileiras, lê-se: “a d. Pedro Primeiro gratidão dos brasileiros”. O embasamento de granito carioca tem 3,30m de altura, o pedestal de bronze mede 6,40m até o alto da cornija e a estátua eqüestre tem 6,00m de altura.)
Esta onda de progresso será traduzida pela elevação do Brasil à categoria de reino, o Reino Unido de Portugal, do Brasil e dos Algarves, criado por carta de Lei de Dezembro de 1815. Por esta altura, já havia quatro anos que os franceses tinham deixado o nosso País mas D. João, quando em 1816 ocupa o trono, não faz planos para regressar a Portugal; nem quando, no ano seguinte, estoira uma revolta antiportuguesa, independentista e republicana, em Pernambuco. Sua majestade mostra intenção de regressar. Será necessária a revolução Liberal de 1820 em Portugal, reivindicando uma Constituição e o regresso do Rei, para o trazer de volta a Lisboa, após nomear seu filho D. Pedro regente do Brasil.

A revolução tinha sido bem acolhida no Brasil, mas as eleições para as Cortes Constituintes tinham acabado com tal disposição ao estabelecerem um desequilíbrio de 100 deputados de Portugal para 69 de além-atlântico. Para agravar a situação foi restabelecido o monopólio comercial português, única maneira de fazer face à concorrência inglesa nos mercados brasileiros. Os benefícios concedidos anteriormente foram anulados, o direito do rei a nomear regente questionado e finalmente, D. Pedro intimado a voltar para Portugal, a fim de completar a sua educação democrática pois, como disse o deputado Fernandes Tomás “Sabemos que o príncipe tem talentos e desejos, o que lhe falta são estudos (…) Deve ver por seus olhos a diferente glória que é ser o chefe de um povo ou o tirano de um povo escravo. Mas se ele voltar iludido, o Congresso é superior e pode dizer-lhe: Vai-te!”

D. Pedro não foi, porque não veio. Ficou, e os brasileiros celebrá-lo-ão para sempre.

 
O grito do Ipiranga A partir daí o processo independentista no Brasil acelerou-se em definitivo: o governo foi remodelado com políticos partidários da separação e as tropas portuguesas estacionadas no Rio mandadas regressar. Institui-se o “Cumpra-se”, por outras palavras, nenhuma lei das Cortes portuguesas entrava em vigor no Brasil sem a autorização do regente que, a partir de 13 de Maio assumiu o título de “Protector e Defensor Perpétuo do Brasil”.
A 7 de Setembro de 1822, quando D. Pedro se encontrava junto ao Rio Ipiranga, recebeu cartas de sua mulher, a princesa Leopoldina, e do Ministro José Bonifácio, que lhe deram conhecimento de dois decretos das Cortes portuguesas, impondo novo governo do Brasil, de acordo com os interesses da metrópole e estabelecendo processos criminais para todos os que tivessem desobedecido a ordens anteriores. Dirigindo-se à sua escolta, D. Pedro lançou o famoso ‘grito de Ipiranga’, que marca a independência ou morte. Estamos separados de Portugal”, disse convicto.

Aclamado formalmente Imperador do Brasil em 12 de Outubro e coroado a 1 de Dezembro, o seu reinado duraria menos de nove anos. De espírito aventureiro e voluntarioso não assistiu passivamente à usurpação do trono de Portugal, por seu irmão D. Miguel, nem a hostilidade que, no Brasil, crescia contra si, a qual o levou a abdicar em favor de seu filho, D. Pedro de Alcântara, de seis anos: “Não querem mais saber de mim porque sou português… Meu filho tem sobre mim a vantagem de ser brasileiro”. D. Pedro II seria um Imperador moderno.

Fonte: Revista Correio da Manhã Domingo
Texto de: Manuel Rosado

Fotos da Net
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© Carlos Coelho