Índia - Em busca do Império Vijayanagara
Tesouro incalculável, as
ruínas da antiga Cidade de Hampi são dos destinos mais procurados do estado de
Karnataka, no sul da Índia. Os seus 35º templos são a memória do esplendor de
Vijayanagara, o maior império depois do mongol.
Já contávamos encontrar
grandes surpresas na Índia. No entanto, Hampi, o imponente complexo de Templos
históricos do sul do estado de Karnataka, superou as espectativas. Aqui não
afloram vãs nostalgias daquele poderio distante ou da magnificência das suas
construções, cenários de uma vida de ostentação e requinte. Pelo contrário,
tudo é mais uma recordação imortalizada do distante esplendor indiano. Sentimos
isso ao lado dos brâmanes e das belas mulheres de sari, cuja pele dourada contrasta
com os tons turquesa brilhantes das fúchsias, os vermelhos e os azuis, como há
mil anos.
Frequentado principalmente
por viajantes nacionais, o local é uma espécie de espelho no qual a grandeza
desses tempos idos, do místico e do sagrado, dos ritos e histórias de séculos
perdidos, fazem reviver pedras e pintura como se tudo estivesse a acontecer
aqui e agora. “Like the painting, right?
“, Pergunta Suri, o guia, que esconde um sorriso malicioso a cada paragem.
Nestes templos, as origens reconstroem-se no presente. Os trajes antigos, as
jóias falsas das adolescentes, as inúmeras vacas deambulantes e um elefante que
entrega bênçãos de água parecem cenas tiradas dos quadros e estátuas de 1300.
Elefante santifica família
Partindo de Bangalore, a
capital do Sul. Famosa por dominar o mercado mundial de software, em concorrência com a China e Estados Unidos, o encontro
com o parque arqueológico exige que se percorra um caminho que se contorce ao
ritmo do mudra (dança com as mãos).
A estrada segue a sua melodia em cada
aldeia por onde passamos, enquanto nos campos entre aldeias predominam os
verdes dos campos de arroz, em plena época de colheita. Há também mulheres e
meninas que caminham pelos bordos destes ressaltos em busca de um rio ou canal
para lavar as roupas que levam á cabeça, em grandes tinas coloridas.
Hemakuta Hill
Algumas horas depois,
chegamos ao espectacular Royal Orchid, o hotel de cinco estrelas que nos
introduzirá no esplendor asiático, nas massagens ayuevédicas e nos alimentos
afrodisíacos, dando inicio a um turbilhão de contrastes difícil de acomodar na
mente. The Sacred Center . O Centro Sagrado
The Sacred Center . O Centro Sagrado
Perto dali, a cidade vizinha de Hospet é a passagem intermédia para
chegar ao destino: lá vamos nós, evitando as ultimas vacas a toque de buzina,
uma habilidade demonstrada por Suri, também nosso motorista. Conduzirá o grupo
durante vários dias para percorrer Karnataka, o diamante em bruto do sul da
Índia, de Hampi é a estrela.
Virupaksha Temple ou
Templo Pampapati
Meca turística da região e
Património da Humanidade consagrado pela UNESCO na década de 1980, a reserva
tem grande valor para arqueólogos e arquitectos de todo o mundo. Ainda hoje é
preservada e estudada pelo Archaeological Survey of Índia. Hampi foi a capital
de quase toda a Índia austral, onde se fundou um dos reinos mais ricos da
terra, o Império Vijayanagara, recordando entre outras coisas pelos seus
comerciantes de diamantes.
Krishna Temple
Os seus 350 templos em
ruínas, 83 deles recuperados e visitáveis, foram esculpidos até ao
inimaginável, ornamentando-se cantos, ângulos, tetos e lugares que vemos apenas
com o auxílio de uma lanterna, dando vida a cenas de dançarinos e músicos, de
sexo e espiritualidade, de animais míticos e deuses virtuosos de mãos
múltiplas.
Lakshmi Narasimha Templo
Situa-se a sul de Hampi. Num único bloco de pedra com cerca de 6.7 m de altura foi esculpida a estátua de Narasimha. Narasimha (significa nas línguas locais meio-homem, meio leão-leão) é esta é uma das dez encarnações de Vishnu. A estátua foi recentemente restaurada.
Em frente ao tempo está o famoso carro de pedra (Stone Charriot ou Kallina Ratha), um símbolo da perfeição artística do Império Vijayanagara. Não é um carro, como um nome sugere, mas sim um santuário construído em forma de um carro.
Stone Charriot ou Kallina Ratha
Todos vivem esculpidos na rocha. Não muito longe, logo que amanhece
desperta um mundo que flutua entre o comércio e a vida religiosa quotidiana.
Montam-se ali as tendas dos feirantes e arranca a venda de tecidos, alimentos e
pós sagrados, bem como sabão e champô para quem quiser banhar no Rio
Tungabhadra. Suri conta que por detrás da torre de Virupaksha, ao longe, o rio
fornece imagens menos turísticas, mais rurais, onde os habitantes locais rezam
e lavam as suas roupas. “Eu quero estar allí agora que nace el sol.
The King's Balance
Esta estrutura, o Tulapurushandana, fica a sudoeste do templo Vittala. É composto por dois pilares esculpidos em granito, unidos por uma trave horizontal também de granito.
Podemos
fazer muito bonitas imágenes”, explica em portunhol Fernando Quevedo, conhecido
fotógrafo de O Globo e intrépido perseguidor de leões na savana africana. Claro
que o seguimos. Em poucos minutos chegamos à costa e imediatamente somos
surpreendidos por um desses rituais de que tanto tínhamos ouvido falar: algumas
mães dão banho aos filhos, enquanto um elefante santifica com água da sua
tromba a família de um bebé recém-nascido. Longos saris estão estendidos nas
escadas e anciãos com metade do corpo debaixo de água agradecem aos céus,
rodeados de templos que depressa ficam sob a fúria do sol escaldante. Uma
autêntica porta aberta para a Índia milenária.
Ramachandra Temple ou Hazara Rama Temple
O templo fica num pátio rectangular, com entradas viradas para o leste. Encontram-se vários relevos nas paredes internas e externas. O Templo pode ter sido exclusivamente para uso real.
O fim do Imperio
Vijayanagara
Também chamada “Cidade da
Vitória”, Hampi deu três gerações de chefes hindus durante dois séculos. No seu
Centro Sagrado erguem-se os templos de Krishna e Achyuta Raya, assim como
pinturas, gravuras, esculturas e estátuas sagradas.
Lotus Mahal - (Palácio da Rainha)
Era um palácio para a rainha, que tem, entre outras coisas, tubos com água corrente. a sua construção foi posterior ao período Vijayanagara, mostrando esta estrutura influências islâmicas.
Uma destas chama
especialmente a atenção: é Narasimha, divindade sulista de mãos virtuosas, a
reencarnação do deus Vishnu em homem-leão. A ele e aos outros dois deuses
centrais do hinduísmo, Brahma e Shiva, não pouparão honrarias os sacerdotes,
brâmanes e pagadores de promessas.
Pushkarani
Também chamado Stepped Bath, ou Queen's Bath, era um projecto desenhado para banhos. Estes poços submersos foram criados para proporcionar alívio do calor durante o dia. Teria sido coberto quando a cidade era ocupada.
Ali perto, no Centro Real, ergue-se o templo
de Hazara Rama, os estábulos de pedra onde a rainha recolhia os elefantes., a
piscina para festas e o seu incrível palácio. Mas é o templo Vitthala e o seu
Palácio da Música que nos deixam fascinados.
Elephant stables - Estábulo dos Elefantes
Este quadro mostra a posição de soldados e comerciantes, uma amostra da prosperidade do Império
Era um conjunto de grandes estábulos, para abrigar os elefantes cerimoniais da casa real. a área na frente deles era um ponto de parada para os elefantes e para as tropas. esta estrutura mostra também a influência islâmica nas suas cúpulas e pórticos arqueados. o quartel dos guardas estavam localizados ao lado do estábulo dos elefantes.
Vittala Temple
Situado a nordeste de Hampi, em frente à vila de Anegondi, é um dos principais monumentos da cidade. É dedicado a Vittala, acredita-se que data do século 16. Uma das características notáveis do Templo Vittala são os pilares musicais. Cada um dos pilares que sustentam o telhado do templo principal é suportado por um pilar que representa um instrumento musical.
Pilares de Pedra no Templo de Vittala
“Cada uma das colunas que
aqui vêem foi construída com uma nota musical, do dó ao si. Think at the time… quando cada canto
deste templo, iluminado pelas estrelas, soava segundo os golpes que os mestres
da música davam com pequenos ferros em cada coluna. É nem mais nem menos que o
triunfo da beleza, da arte e da mente, há séculos e séculos atrás.”, Pode ler-se.
É uma maravilha musical esculpida à mão.
Mas tudo tem um fim, e o Império
Vijayanagara e dos seus palácios foi em 1565. Apesar do seu grande poderio (o
maior depois dos mongóis), os sultões muçulmanos do Decão aliaram-se e
venceram-nos na batalha de Talikota, recorrendo a uma antiga prática de
conquista e subjugação: a destruição imediata dos santuários e templos que hoje
percorremos. Apesar de estarem em ruinas são muito visitados.
Este Templo dedicado as Senhor Shiva foi construido muitos metros abaixo do nível do solo. Por esta razão, o Templo está alagado muitas vezes, limitando assim a entrada para as áreas interiores.
Underground Shiva Temple
Os vizinhos do Norte do
país, os feirantes de Hospet e das aldeias limítrofes também rezam aqui como
num templo activo. Descalçam-se como fazem em casa e dão inicio a manifestações
com ofertas de frutas, juntando as mãos, fazendo movimentos circulares,
inclinações e alguns cânticos, até que o ritual hindu lhes chegue à alma. Alguns
sacerdotes distribuem água e cada um bebe-a na palma da sua mão, enquanto o
fumo do sândalo em incenso vai subindo pelas colunas esculpidas e penetra nas
pequenas cavidades dos deuses de pedra. O mundo aparente e o real, o que
alimenta o corpo e a alma, são aqui a mesma coisa. A Índia sagrada mantém-se
viva.
Fonte: Jornal Buenos Aires / http://ferias-paratodos.blogspot.pt
Texto/Autor: Paul Donadio/ http://ferias-paratodos.blogspot.pt
Tradutora: Aida Macedo
Fotos: Wikipedia /http://ferias-paratodos.blogspot.pt
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