sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Meryl Streep

Estávamos em 16 de Maio de 1998 e escrevia-se assim sobre Meryl Streep:
 Meryl Streep Já foi nomeada dez vezes!


A princesa de Hollywood

Considerada por muitos críticos como a melhor actriz do mundo, Meryl Streep trilhou, em 30 anos de carreira, caminhos de sucesso, respeito e admiração, a mulher que, até hoje, já recebeu dez nomeações para a estatueta dourada.


Se há actriz cujo valor não merece, sequer discussão, então estamos a falar de Meryl Streep. Verdadeira “artista-camaleão”, capaz de mudar de visual e registo, de filme para filme, com notável facilidade, conquistou o mundo há muitos anos, fruto de um raro talento e dedicação extrema à profissão que cedo decidiu abraçar. 


À beira dos 50 anos, a protagonista de “Demónio de saias”, é uma mulher que já ganhou muito, mas ainda tem, pelo menos, outro tanto para ganhar.
Meryl Streep deverá ser a actriz que causa mais invejas no agitado mundo Hollywoodesco. Por quê? Porque é a segunda mulher (logo depois de Katherine Hepburn) que, até hoje, mais nomeações recebeu da Academia, tendo mesmo em duas ocasiões saído da festa com duas estatuetas debaixo do braço e um sorriso malandro para as coleguinhas claro está…


A primeira conseguiu-a em 1979, quando ao lado de Dustin Hoffman ganhou o Óscar para Melhor Actriz Secundária, em “Kramer contra Kramer”. 


Passaram apenas mais três e, em 1992, Meryl voltava ás grandes noites de Hollywood, com o prémio mais cobiçado: Melhor actriz  em “A escolha de Sofia”.


Mas há mais obras que marcaram a carreira desta mulher, nascida em Nova Jersey, no ano de 1949. “ O caçador”, “ A Amante do Tenente Francês”, “África Minha”, “Um Grito de Coragem”, “A Casa dos Espíritos” (rodado em Portugal em 1993) e “A Morte fica-vos tão bem”, entre outros, são filmes que têm a incontornável marca desta grande senhora da sétima arte.


Fonte: Revista 7 Dias de 16/05/ 1998
Texto/Autor: Desconhecido
Fotos da Net
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quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Alga Coralina


Esta alga rosada absorve muitos dos minerais da água do mar, uma riqueza nutritiva que confere inúmeros benefícios ao organismo. Tome nota de alguns…

Acidez – Graças à actividade neutralizante, a alga coralina combate a acidez gástrica. Para consegui-lo, tome três capsulas ao almoço e ao jantar. Encontra este suplemento à venda nas ervanárias.

Cãibras Musculares – Esta alga absorve o magnésio presente na água do mar; um défice deste mineral no organismo pode causar distúrbios musculares. Não facilite!

Anemia – Além do magnésio, este tipo de alga é rico em ferro, um mineral imprescindível para prevenir a anemia e dar energia ao organismo.

Estômago Delicado – Se tem notado dificuldades em digerir os alimentos, a alga também pode fazer milagres. Para o efeito, deve tomar duas capsulas ao almoço e ao jantar. Pode ainda beber uma infusão de gengibre após as refeições (use uma colher de raiz ralada para um copo de água a ferver).

Fonte: Revista Maria
Texto/Autor: Dr. Custódio César (nutricionista)
Foto da net
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quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Frank Sinatra

Frank Sinatra, um Génio Mundial


 Ganhou um Óscar… e milhões de contos!
Madrugada de 15 de Maio. No hospital de Cedar Spring, Califórnia, rodeado pela família, Frank Sinatra era vítima de um ataque cardíaco. Assim, quase sem surpresa, desaparecia a voz.
Francis Albert Sinatra personificou a figura de cantor popular e teve tanto sucesso no ecrã como em palco. A sua carreira como cantor iniciou-se em 1941, com a Tommy Dorsey Band. A MGM, atenta aos novos talentos proporcionou-lhe uma série de comédias musicais. As películas sucederam-se até ter uma hemorragia nas cordas vocais. A sua agência abandonou-o e teve de pedir um papel qualquer. Mas como há horas de sorte foi contratado para desempenhar o papel do soldado Maggio em “Até à Eternidade”. O seu desempenho valeu-lhe um Óscar e a sua estrela brilhou com mais força.


Em termos musicais, Frank tornou-se uma referência para toda a geração. Adepto do “Swing” emprestava esse ritmo a todos os seus trabalhos. A comparação, feita por Louis Armstrong, era de que “ eu toco tão bem como o Sinatra canta”. Vindo de quem veio, o cantor não podia receber melhor elogio. Já em final de carreira, e depois de ter arrecadado cerca de 100 milhões de contos, produziu uma mini-série autobiográfica com a filha Tina, tendo o seu papel sido desempenhado por Philip Casnoff. Curiosamente, a banda sonora original era interpretada por aquela que será, até à eternidade, conhecida por a Voz.


DATAS MARCANTES:

15 de Dezembro de 1915 : Nascia Francis Albert Sinatra
1939: Casa com Nancy Barbato
1942: Começa a sua carreira a solo e como cantor
1951: Casa com a actriz Ava Gardner
1953: Ganha o Óscar para o Melhor Actor Secundário
1963: O filho é raptado. O resgate foi de 240 mil dólares
1966: Casa com a actriz Mia Farrow
1971: Dá o seu “Concerto de Despedida”.
1973: Volta a cantar
1976: Casa com Barbara Marx
1985: Recebe a Medalha da Liberdade
1993: Edita Duets.
15 de Maio de 1998: Morre Frank Sinatra.


Fonte: Revista 7Dias 23/05/1998
Carlos Coelho
Fotos da Net
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terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Bocejar para acordar


Um estudo americano revelou que bocejar pode ser uma forma do corpo se manter acordado e não um sinal de sono. Segundo os especialistas, o bocejo refresca o cérebro, ajudando-o a permanecer alerta.
Já o efeito contagioso seria um mecanismo para ajudar um grupo de pessoas a manter-se vigilante.

Fonte: Revista Nova Gente
Foto de net
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segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Mosteiro da Batalha

De “casa de oraçam” a panteão da Casa de Avis



Nascido de uma promessa feita por D. João I na tarde de 14 de Agosto de 1385, véspera da Assunção, O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha, é a primeira e principal obra do tardo-gótico nacional.

Emblema legitimador da Dinastia de Avis, o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, assim consagrado pelo sucesso do exército português na Batalha de Aljubarrota, é a primeira e principal obra do tardo-gótico nacional. Em vésperas da batalha, D. João I prometera construir uma “casa de oraçam”, mas o magnífico complexo iniciado em 1388 cedo ultrapassou essa modesta intenção. 


(Afonso Domingues)

Deve-se a Afonso Domingues o projecto geral da igreja, que adquiriu uma feição flamejante a partir de 1402, ano em os trabalhos passarem a ser dirigidos por Huguet, mestre de provável origem catalã. 
Terá sido ele a concluir o abobadamento do templo (incluindo a abóbada estrelada da Sala do Capítulo) e a realizar a fachada principal e a Capela do Fundador.


 (Abóbada estrelada da Sala do Capítulo)

A cenográfica e monumental frontaria foi revestida por uma “máscara” ornamental verticalizante, e o seu portal ilustra uma composição triunfal da igreja, presidida por Deus entronizado. A Capela do Fundador, em construção em 1426, foi destinada a panteão da Casa de Avis, nela repousando D. João I e D. Filipa de Lencastre e quatro dos seus filhos. 


(Túmulo de D. João I e D. Filipa de Lencastre)

Ao longo do século XV, praticamente todos os monarcas aqui deixaram a sua marca. D. Duarte patrocinou a construção a construção das Capelas Imperfeitas, obra que ficou inacabada ao nível do abobadamento, possivelmente por morte de Huguet. Em meados da centúria edificou-se o Claustro de D. Afonso V, propositadamente antiflamejante, desprovido de decoração.
Com D. Manuel edificou-se a grandiosa entrada para as Capelas Imperfeitas, mas a ruptura imposta por este rei no seio da Casa de Avis determinou que outros monumentos beneficiassem do seu directo patrocínio. Durante um século, a Batalha foi o centro simbólico do reino e o complexo então edificado á a marca inequívoca do dinamismo que caracterizou o Portugal quatrocentista.

Fonte: Paulo Almeida Fernandes/ Ippar

Depoimento

O Mosteiro que nasceu duma promessa de D. João I

 (D. João I)

O Mosteiro de Santa Maria da Vitória ou da Batalha, uma das obras mais conseguidas da arquitectura Portuguesa, nasceu duma promessa feita por D. João I na tarde do dia 14 de Agosto de 1385, véspera da Assunção. Perante a iminência do confronto em Aljubarrota, com as tropas de rei de Castela, D. João I solicitou o apoio da Virgem, prometendo-lhe erguer, em caso de vitória, um mosteiro: estava em jogo a sua coroa e, portanto, a independência de Portugal. 


(Batalha de Aljubarrota)
A vitória sorriu ao Rei português, que assim, em boa consciência, se apressou a cumprir aquele voto. Dois ou três anos após a batalha, iniciava a construção dum mosteiro que se assumia como símbolo do assentimento divino à aclamação de D. João I como rei de Portugal. Ganhara legitimidade definitiva a sua subida ao trono; ganhava foros de vontade divina a própria independência de Portugal – tudo se consubstanciando simbolicamente nesse mosteiro, entregue pelo rei aos dominicanos.

Em 1387, D. João I casa com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, Duque de Lencastre, fortalecendo por laços familiares os acordos do Tratado de Aliança Luso-Britânica, que perdura até hoje. Depois da morte em 1390 de João de Castela, sem herdeiros de D. Beatriz, a ameaça castelhana ao trono de Portugal estava definitivamente posta de parte. A partir de então, D. João I dedicou-se ao desenvolvimento económico e social do país, sem se envolver em mais disputas com a vizinha Castela ou a nível internacional. Teve como chanceler João das Regras que defendia a centralização do poder real. A partir de certa altura associou ao governo o filho D. Duarte.


(Casamento de D. João I e D. Filipa de Lencastre)


Quando o rei quis armar os seus filhos cavaleiros, estes propuseram a conquista de Ceuta, no Norte de África, em 1415, uma praça de importância estratégica no controle da navegação na costa de África que é conquistada a 21 de agosto. Após a sua conquista são armados cavaleiros, na anterior mesquita daquela cidade, os príncipes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. Entretanto, na véspera da partida de Lisboa, falecera a rainha D. Filipa de Lencastre.

(Bandeira pessoal de D. João I com a sua divisa «Pour bien».)

A sua importância espelha-se na sua grandeza. Afonso Domingues delineou-o e iniciou-o; Huguet conclui-o. Se o primeiro arquitecto avaliza soluções arcaizantes, o segundo introduz novidades do tardo-gótico europeu.
Entretanto D. João I decidira erguer a Capela – do Fundador – destinada a panteão familiar. A luz generoza que ilumina esse espaço cria uma ambiência mágica que aprofunda o simbolismo do mosteiro, simbolismo continuado por D. Duarte ao fazer outro panteão que, como os eu reinado, ficou incompleto – as Capelas Imperfeitas. Nelas se cumpre, afinal, o destino do Mosteiro da Batalha, quando D. Manuel quis concluí-las: Mateus Fernandes, derradeiro grande mestre batalhino, insuflou-lhes formas vibrantes de prodigiosa imaginação. E, se ficaram inacabadas, a verdade é que esse último sopro criador, na sua intrigante “incompletude” adensa a imagem simbólica de uma nação que aí se revê e contempla.

Fonte: Jornal Diário de Notícias
Texto/Autor: Professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
José Custódio Vieira da Silva
Fotos da net
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domingo, 1 de janeiro de 2017

Leonardo Da Vinci

Códigos. Os segredos  do maior artista de sempre. 
A vida misteriosa de Da Vinci


(Autoretrato de Leonardo)
Sete anos depois de ter recebido a encomenda, deu os últimos retoques no quadro. Era um retracto de meio corpo, tipicamente renascentista, um clássico da iconografia de Jesus Cristo, repetido inúmeras vezes até então. Mas Leonardo Da Vinci, 61 anos estava satisfeito com o resultado. A mão direita erguida em sinal de bênção e o globo sob a palma esquerda estavam lá, respeitando a tradição. Mas o seu Salvator Mundi era diferente. A esfera que representa a Terra não era o convencional globus cruciger que Ticiano, Antonello de Messsina e tantos outros tinham pintado – translucida, em vez de uma cruz no topo tinha três pintas brancas, em forma de triângulo, à superfície. E o rosto de Cristo, que ensaiou pelo menos duas vezes em papel com cabelos aos caracóis, tinha traços femininos. Entregou a encomenda. Só não se sabe a quem. Seis anos depois estaria morto.

(O Salvator Mundi perdido desde 1763 e encontrado em 2005. Em 1958, o Salvator Mundi foi vendido por 45 libras. Hoje vale 137 milhões de euros.)

Pelo menos durante o último século, o paradeiro de Salvator Mundi de Da Vinci foi um mistério. Os especialistas sabiam que tinha sido pintado (para Luís XII de França ou para o mecenas italiano Gian Giacomo Trivulzio) porque foram encontrados estudos para o quadro nos manuscritos de Leonardo e porque vários discípulos do mestre o tinham reproduzido. Mas acreditavam que a pintura teria sido destruída ou perdida para sempre – a partir do século XVIII, o percurso do pedaço de madeira de 65cm por 45cm, que em 1649 foi registado na colecção particular de Carlos I de Inglaterra, tornou-se impossível de reconstruir.

(Desenho de época)

Depois de ter visto o pai ser executado, Carlos II herdou o Salvator Mundi e uns anos mais tarde ofereceu-o ao duque de Buckingham. Quando o filho do nobre leiloou a pintura, em 1763, o rasto perdeu-se. Em 1900, num leilão no Reino Unido, apareceu um quadro que era parecido. Estava em péssimo estado mas, ainda assim, o coleccionador Frederick Cook resolveu licitá-lo. Terá sido o único a acreditar que tinha um verdadeiro Leonardo nas mãos, mesmo quando os especialistas da época concluíram que não passava de uma cópia do original, feita por Giovanni Boltraffio. Em 1958, os seus herdeiros venderam-no por apenas 45 libras.




(Interiores do Clos Luce, castelo ligado por uma passagem subterrânea à residência do Rei Francisco I, onde Leonardo se instalou em 1515, quando se mudou para o Vale do Loire, como convidado real. Passou  os últimos quatro anos em França. Foi sepultado na capela do castelo.)

Em 2005, o quadro reapareceu muito degradado e coberto de inúmeras camadas de tinta e verniz. Foi submetido a testes intensivos e à análise dos maiores especialistas mundiais da obra de Da Vinci. Em Julho do ano de 2011, estes chegaram à conclusão: é o original de Leonardo e estava avaliado em 137 milhões de euros. Ficou pela primeira vez em exposição em Novembro de 2011 na National Gallery, em Londres.
Apesar de ter documentado grande parte do trabalho que fez nos, seus famosos códices, a obra de Leonardo permanece um mistério. Ao longo de toda a vida, terá completado pouco mais de 20 quadros e frescos (acredita-se que pelo menos 10 estejam desaparecidos) e a maioria das suas esculturas perdeu-se sem que ninguém as tivesse visto. Da Vinci pintou poucas obras e passava vários anos (por vezes décadas, como aconteceu com Mona Lisa) a trabalhar nelas até estarem perfeitas. Mas deu-se ao trabalho de pintar o mesmo quadro duas vezes.



Aconteceu com a Virgem dos Rochedos – existem duas, uma no Museu do Louvre, a outra na National Gallery. Estiveram ambas lado a lado pela primeira vez, na exposição de Londres. Foi então mais fácil perceber as diferenças que fizeram com que a primeira versão tivesse sido recusada pela Confraria da Imaculada Conceição, que encomendou o trabalho.
Segundo Sarah B. Benson, do Departamento de Arte e Arqueologia da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, “um dos motivos que fizeram com que a primeira tela fosse rejeitada foi o aparecimento no cenário, atrás dos personagens, de plantas utilizadas em rituais pagãos”. A encomenda previa que o artista apresentasse Nossa Senhora e o Menino, rodeados por anjos e profetas, mas Leonardo pintou um episódio que nem sequer vem descrito na Bíblia. 


Trata-se do encontro de Cristo com o jovem São João Baptista, numa gruta a meio do caminho, quando a Sagrada Família fugia para o Egipto, depois de ter sido avisada pelo anjo de que Herodes ordenara o massacre de todos os recém-nascidos em Jerusalém. O encontro só foi relatado num dos evangelhos apócrifos, escritos por autores desconhecidos, nos primeiros séculos do cristianismo, e nunca reconhecidos pela Igreja Católica.
Além das plantas utilizadas em rituais heréticos, Da Vinci excluiu São José; pintou São João Baptista sem a tradicional cruz de madeira e mais próximo da Virgem Maria do que o próprio Menino Jesus, como se estivesse sob a sua protecção; e desenhou o arcanjo Uriel com um dedo esticado, como se estivesse a fazer o sinal de decapitação, defendem alguns estudiosos. Outros, como os críticos de arte John Ruskin e Walter Pater, acrescentaram ainda, no início do século XIX, que a forma andrógina que o pintor deu ao arcanjo é prova inequívoca da “decadência de Leonardo e das suas actividades homossexuais”.



Apesar de haver registos que defendem que Leonardo só pintou uma segunda Virgem dos Rochedos porque vendeu a primeira a outro comprador, a dúvida mantem-se: porque mudou tanto, de uma pintura para a outra? É que, apesar de terem o mesmo nome, e de à partida serem semelhantes, os dois quadros são muito diferentes. “ Nunca saberemos o que Da Vinci queria realmente dizer com alguns elementos. O facto é que na segunda versão do quadro estes foram tirados ou suavizados”, explica Benson.


Este episódio reforça a tese de que, apesar de todo o seu trabalho no campo da pintura religiosa, Leonardo Da Vinci não acreditava em Deus e poderá ter estado ligado a grupos secretos anticatólicos. Esta desconfiança vem de Longe: Na primeira edição de A Vida dos Artistas, de 1550, Giorgio Vasari, um dos seus primeiros biógrafos, garantia que o artista era herege. Mas na segunda edição, publicada 18 anos depois, Vasari apagou a frase polémica: “O seu espírito era de uma natureza tão herética que nunca aderiu a nenhuma religião, pensando talvez que fosse preferível ser um filósofo a ser um cristão.”




Certo é que Da Vinci sempre viveu á margem das regras rígidas da Igreja e fez experiências consideradas “negras” na época. Há registos de que, ao longo de toda a vida, o artista terá aberto e estudado cerca de 30 cadáveres dentro da própria casa, muitas vezes de madrugada. Num dos seus cadernos escreveu até sobre o “medo de passar a noite na companhia destes homens mortos, desmembrados, esfolados, horríveis de ver”.

(Anatomia, Gravidez. Foi o primeiro a descrever a localização exacta do feto no útero. Com um senão: desenhou a placenta múltipla de uma vaca e os seres humanos têm só uma.)

A actividade permitiu-lhe chegar a conclusões inéditas sobre o funcionamento e organização do corpo humano e a questionar ideias defendidas pela igreja. Nos seus códices, Leonardo descreveu o sistema vascular e desenhou esboços fidedignos de músculos e órgãos, mas também aludiu ás semelhanças entre primatas e humanos. 

(Dissecações, Heresia. Da Vinci autopsiou 30 cadáveres. Catalogou todos os ossos do corpo humano e descreveu os mecanismos que os fazem mover.)

Entre as mais de cinco mil páginas que resistiram até á actualidade, contam-se ainda os estudos de Leonardo para as suas esculturas (como o gigantesco cavalo Sforza, que projectou para o Duque de Milão, mas nunca chegou a construir) e todos os detalhes para a criação das suas visionárias invenções: há 500 anos, projectou pára-quedas, escafandros, tanques de guerra, máquinas escavadoras, catapultas e até uma espécie de precursor do helicóptero. Todas essas notas foram, como era seu hábito, escritas da direita para a esquerda, e com as letras invertidas, como se estivessem pensadas para serem lidas em frente a um espelho.

(Engenheiro, Armas. Desenhou uma besta gigante e um tanque de guerra. Até idealizou as primeiras bombas de fragmentação.)

A escrita especular é um dos maiores mistérios da vida de Da Vinci. Alguns historiadores acreditam que o fazia porque era canhoto e autodidacta e preferia escrever ao contrário para não borrar a tinta com a mão. Outros defendem que não queria que os seus apontamentos fossem decifrados por pessoas ligadas á Igreja Católica. Michael White, ex-editor de política do Jornal The Guardian e autor de Acid Tongues and Tranquil Dreamers: Eight Scientific Rivalries that Changed the World, não tem dúvidas: “Leonardo era paranóico, em parte por boas razões. Havia os que queriam plagiar as suas ideias, rivais que chegaram a colocar assistentes no seu estúdio para o roubarem, e havia os espiões de Roma, sempre á espera que ele se descuidasse.”

(Visionário, "Helicóptero". Foi uma das obsessões, voar. Também desenhou um ornitóptero. Nenhum saiu do chão.)

Estes factos ajudam a teoria de que o pintor terá sido um dos mais importantes grão-mestres de uma misteriosa sociedade secreta, o Priorado de Sião, cujo objectivo seria perpetuar e divulgar um dos maiores segredos da humanidade Jesus teria casado com Maria Madalena e tido um filho com ela. Essa descendência humana de Cristo era na verdade o que se escondia, explicam Henry Lincoln, Michael Beigent e Richard Leigh em The Holy Blood and the Holy Grail, por trás do símbolo do Santo Graal.

(Um Cavaleiro Templário aparece no topo da mesa, do lado esquerdo. Do Lado esquerdo de Cristo, a experiência revela uma mulher com um bebé ao colo.)

(À frente de Jesus surge um cálice tombado. Tiago está a olhar para ele. O Italiano Slavisa Pesci inverteu a imagem da Última Ceia, como se esta estivesse à frente de um espelho, e colocou-o por cima do original. Resultado: foram reveladas figuras ocultas no fresco.)

Esse segredo revelou o italiano Slavisa Pesci em 2007, pode ter sido ocultado pelo pintor florentino num dos seus mais famosos frescos. Para o estudioso amador. A última Ceia, que sempre foi alvo de controvérsia (existe uma corrente que defende que o apóstolo João, o único imberbe representado, seria na realidade Maria Madalena), não é apenas a visão de Da Vinci sobre o momento em que Jesus revela aos seus seguidores que foi traído por um deles. Invertendo uma cópia do quadro e colocando-a por cima do original, Pesci descobriu imagens escondidas no desenho: vários cavaleiros templários, com as cabeças cobertas por cotas de malha ou elmos, e uma mulher, com um bebé ao colo.
Pesci garante que os desenhos ocultos no fresco a que Leonardo se terá dedicado entre 1495 e 1498 (e que 20 anos depois já se começava a deteriorar, fruto de uma mistura de óleo e têmpera que não correu bem) comprovam a crença do pintor na descendência de Cristo.




(Alguns esboços da Ceia de Cristo)

Não é a única referência ao assunto encontrada pelos símbologistas na obra de Leonardo. Porque entretanto mudava de ideias ou porque tinha intensão de ocultar mensagens e significados, raros foram os quadros do génio florentino que não tiveram várias camadas de tinta. Em 2005, Maurizio Seracini, um dos maiores especialistas mundiais na obra de Leonardo, revelou que A adoração dos magos não é apenas uma recriação de mais um episódio bíblico, o da visita dos Reis magos à Virgem e a Jesus recém-nascido. Mais: revelou que a pintura terá sido começada por Da Vinci, mas alguém a terá acabado, pintando por cima e ocultando várias imagens da versão original.


Por baixo da camada superior do quadro, com recurso a raios X, fotografias digitais de alta definição e raios ultravioleta e infravermelhos, Seracini descobriu novos elementos escondidos. Atrás da mais recente tecnologia, o investigador revelou que no lado esquerdo do desenho, onde antes parecia existir apenas um edifício destruído, Leonardo desenhou operários escondidos.



De acordo com o especialista, a presença de trabalhadores naquele que era um templo pagão revela uma intensão de Leonardo: mostrar que o templo está em processo de reconstrução. Por que motivo o fez, ninguém sabe. Apesar de tudo apontar para que o Priorado de Sião não passe de uma farsa criada em 1956 por um francês chamado Pierre Plantard, há quem acredite nessa tese: o edifício representaria a dissolução e a consequente reedificação encapotada da Ordem dos Cavaleiros Templários, o braço armado do Priorado de Sião, que ainda hoje defenderá o segredo do Santo Graal.



Questionado pelo Guardian sobre se teria sido o próprio Leonardo a cobrir o trabalho, por saber que como estava não iria ser aceite pelos monges de São Donato de Scopeto, que lho tinham encomendado, Seracini recusou-se a comentar: “Os historiadores de arte, é que têm de o dizer. Mas eu não excluiria a hipótese.” É bastante provável. O especialista italiano descobriu cerca de 70 novas figuras por baixo d’A Adoração dos magos: há cavalos, um boi e um burro na manjedoura, inúmeros rostos dispersos, muitos ameaçadores, e uma cena de batalha a cavalo, no canto superior direito.
Em 2008, O argentino Hugo Conti dedicou-se a estudar os códigos e mensagens que poderão estar escondidos nas pinturas de Leonardo Da Vinci. 


As conclusões a que chegou são, no mínimo, perturbadoras. Utilizando apenas um espelho, o investigador, líder de uma organização obscura chamada O espelho das sagradas Escrituras e Pinturas, descobriu uma série de imagens ocultas em quadros do pintor. “É fácil encontrar imagens invisíveis nas pinturas de Leonardo. Muitas das suas personagens parecem estar a olhar para o vazio. Na verdade, estão a indicar o local onde se deve colocar o espelho para ver as imagens”, explicou ao Discovery News. O método funciona, mas não para os quadros onde Da Vinci retractou personagens com dedos a apontar – neste caso, é no indicador que deve ser colocado o espelho.
Os resultados do estudo, que o Vaticano disse na altura precisar de “provas sólidas”, bem como do aval de críticos de arte, são intrigantes. No ombro de Mona Lisa, o quadro mais famoso do pintor, pode ver-se a imagem de uma figura com um capacete, estranhamente semelhante a um guerreiro. Exactamente a mesma imagem que surgiu quando o teste foi aplicado à Virgem com o Menino e Santa Ana. Hugo Conti explicou: tratar-se-iam de duas representações de Javé, deus descrito no Antigo Testamento e que alegadamente simboliza a “luta da mente humana contra os Vícios do corpo”.


Em Baco, a imagem oculta também é uma referência às Sagradas Escrituras: um corpo com quatro pernas, misto de homem e mulher. De acordo com Conti, trata-se da Árvore da vida no jardim do Éden: “Todas estas imagens bíblicas escondidas estão relacionadas com uma mensagem secreta deixada pelo artista. Representam alegorias do Génesis e do Novo Testamento e abrem as portas a uma nova forma de interpretar as suas obras.”
Embora os especialistas se tenham mostrado cépticos, a imagem gerada pelo reflexo de A Última Ceia reforça uma série de outras teorias. Entre as mãos de Jesus, exactamente no sítio para onde Tiago dirige o olhar, aparece um cálice deitado: “O apóstulo Tiago não está a fixar Judas, mas o lugar onde o Santo Graal, visível apenas através de um espelho, está tombado na mesa.”


Em 1506, Leonardo Da Vinci abandonou o fresco da Batalha de Anghiari que estava a pintar numa das paredes do Salone dei Cinquecento, no Palazzo Vecchio, de Florença. Era uma pintura grandiosa e violenta, com cavalos possantes e soldados furiosos de espadas em punho. Mesmo inacabada, era uma obra admirável, copiada repetidamente por discípulos de Da Vinci.
Depois, em menos de meio século, a tinta começou a soltar-se das paredes – não se sabe se foi mais uma experiência que correu mal ou se a culpa foi de Francesco Nuti, merceeiro, que lhe vendeu óleo de linhaça adulterado. Em 1563, o fresco estava na iminência de se perder para sempre. Foi nessa altura que Giorgio Vasari recebeu uma encomenda por parte dos Medicis, entretanto regressados ao poder: pintar nas mesmas paredes a batalha de marciano, que opusera nove anos antes, na Toscana, os exércitos de Florença e Siena. Aceitou o trabalho. E o fresco de Leonardo desapareceu.
Por que Motivo terá Vasari pintado por cima do trabalho de Leonardo? O investigador Charles Nicholls não deslinda i mistério: “Há duas coisas que se podem inferir, uma pessimista, outra optimista: que, na opinião de Vasari, nada se via que valesse a pena conservar; ou então que tomou medidas para proteger o que lá estava antes de começar a pintar.”
A má notícia? O fresco perdeu-se mesmo. A boa? Tudo aponta para que o biógrafo soubesse perfeitamente o que estava a fazer. Mais uma vez, foi Maurizio Seracini quem descobriu tudo. A busca durou 35 anos. Desde a década de 70 do século passado que o director do Centro de Ciência Multidisciplinar da Arte, Arquitectura e Arqueologia da Universidade da Califórnia viveu obcecado com os relatos sobre os magníficos cavalos de Leonardo (que subsistem através de várias cópias dos estudos para o original, a mais conhecida será a de Rubens).
Em 2005, encontrou o que procurava: o fresco perdido, de Leonardo, estava mesmo por baixo da Batalha de Marciano, pintada por Vasari. Por meio de radares e equipamentos de raios X, o especialista descobriu uma pequena câmara-de-ar, de não mais de três centímetros, que separa a pintura de Vasari do mural de Leonardo Da Vinci.
O município de Florença e o Ministério da Cultura italiano autorizaram, em 2007,  que o especialista prosseguisse as investigações. Seracini esta actualmente a trabalhar em parceria com um fotógrafo e um cientista nuclear, no desenvolvimento de uma câmara de rais gama, capaz de detectar pigmentos atrás do fresco de vasari. O problema: as despesas ascendem a 190 mil euros e, até á data, nenhum patrocinador ofereceu tanto ( o fotografo david Yoder e a National Geographic até lançaram uma campanha de angariação de fundos para viabilizar o projecto).


Fascinante foi a forma como Maurízio Seracini resolveu o mistério e teve a certeza de que estava a procurar o mural perdido no sítio certo. Depois de horas a estudar o fresco de Vasari, descobriu uma mensagem enigmática numa das dezenas de bandeiras pintadas no quadro, composto por uma imensidão de corpos, espadas e lanças, No topo do fresco, a cerca de 12 metros do chão, o especialista encontrou uma bandeira, carregada por um soldado florentino. Sobre o verde, a tinta branca, o especialista conseguiu ler, apenas com a ajuda de binóculos, duas palavras, com não mais de dois centímetros e meio de altura. Uma mensagem disfarçada por Giorgio Vasari para os especialistas do futuro: “Cerca Trova” – Procura e Encontrarás.

Fonte: Revista Visão
Texto: Tânia Pereirinha
Fotos da Net
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