Vivia no Polo Norte, mas mudou-se para a Lapónia. Tem longas barbas brancas como a neve. Veste um fato vermelho. Desloca-se num trenó puxado por renas voadoras. Quando passa ouvem-se sinos e um riso inconfundível: Ho Ho Ho.
Percorre o mundo na véspera de Natal, com um saco enorme cheio de embrulhos coloridos e doces, para distribuir presentes às crianças que se portaram bem durante o ano. Um dos grandes mistérios é como consegue entrar pelas mais pequenas chaminés, até porque é um velhinho bem redondinho, com uma barriguinha de muito respeito. A explicação é simples: o Pai Natal também deixa os presentes nas janelas que estão abertas. Por isso, se não houver uma lareira por perto… é melhor não nos esquecermos de abrir a janela do quarto, enquanto comemos a ceia de Natal.
Tudo começou à muito tempo, quando era uma vez… um bispo que vivia numa cidade chamada Smyrna, em Izmir, o pais que agora se chama Turquia. Era um homem muito rico, generoso e que gostava muito de crianças. Muitas vezes levava alegria aos meninos atirando presentes pelas janelas abertas. Chamava-se Nicolau e nasceu no século III, quase 300 anos depois do Menino Jesus.
Quando morreu, a igreja Ortodoxa tornou o bom bispo em santo, pelos milagres que fazia, e passou a ser conhecido por S. Nicolau, ou Santus Nicolaus na antiga língua chamada latim, muito usada na religião. A Igreja Católica também reconheceu Nicolau por ajudar as crianças e os pobres. S. Nicolau tornou-se o patrono das crianças, dos órfãos e dos marinheiros… mas até os ladrões pedem protecção a este santo.
O dia de S. Nicolau é a 6 de Dezembro e as prendas normalmente eram dadas nessa altura. Quando o rei inglês, Henrique VIII, cortou relações religiosas com Roma, por causa do seu novo casamento, a Inglaterra passou a ter os seus próprios costumes e decidiu mudar a data para o dia 25 de Dezembro, dia do nascimento de Jesus, também porque a bondade de Nicolau seguia os ensinamentos do menino de Nazaré, a sua generosidade ficou reconhecida como a de um pai do Natal, por levar alegria aos órfãos. O dia em que Jesus nasceu é chamado Natal, que significa “nascimento”.
De longas barbas brancas e com veste dos bispos ortodoxos, a imagem de S. Nicolau foi-se alterando ao longo dos tempos. Perdeu a roupa da igreja, mas manteve o ar bondoso e a barba. Também o seu nome se foi alterando de país para país, e nem sempre se parece com Nicolau.
Na Alemanha chama-se Weihnachtsmann e na Dinamarca Julemanden, que quer dizer “homem do Natal”. Em Portugal é Pai Natal; no Brasil, Papai Noel; em França, Pere Noel, e na Inglaterra, Father Christmas. Em Espanha e nos países da América Latina os presentes são entregues pelos próprios Reis Magos. Os Italianos têm uma figura parecida com o Pai Natal e que chamam Befana, que dá as prendas a 6 de Janeiro, e na Rússia é a avozinha Babouschka que faz as vezes do velhinho de barbas brancas.
Santa Claus e as suas renas
Nos Estados Unidos da América, o nome Santus Nicolau manteve-se, mas um pouco alterado. Santus transformou-se em Santa e Nicolau ficou abreviado para Claus. Mas a verdadeira explicação para Santa Claus vem da Holanda, onde o nome de Nicolau era Sinter Nikolass, mas foi abreviado para Sinter Klaas. Quando os holandeses emigraram para a América do Norte, o nome transformou-se em Santa Claus.
O S. Nicolau holandês também usava um fato vermelho debruado a pêlo branco, tal como o actual, mas em vez de deixar as prendas debaixo da árvore de Natal ou nas meia penduradas na chaminé, colocava os embrulhos nos sapatos das crianças que se tinham portado bem.
Em 1808, o autor americano Washington Irving, que assinava como Diedrich Knickerbocker, criou uma nova versão do velho St. Nick, que voava sobre as copas das árvores numa carroça puxada por um cavalo “largando presentes pelas chaminés dos seus meninos preferidos”. No seu livro, A História Nova York, Irving descrevia o Santa como um alegre Holandês que fumava um longo cachimbo e que “… punha um dedo ao lado do nariz”. Em 1822 Clement Clarke Moor recuperou esta frase no seu poema Uma Visita de S. Nicolau, mais conhecido por A noite antes do Natal.
O poema de Moore emprestou o ambiente do Árctico à imagem do Pai Natal quando substituiu o cavalo e a carroça por oito pequenas renas e um trenó. É a descrição que Moore fez de Santa Claus que ainda hoje prevalece: "Ele tinha uma cara bochechuda, e uma barriguinha redonda, que tremia quando ria, como uma taça cheia de gelatina.”
Até esta altura, a imagem do Pai Natal dependia da interpretação de cada um. Em 1863, Thomas Nast, um emigrante alemão, criou a figura bonacheirona do velhote que viria a ser aceite em todo o Mundo. Foi também Nast que lhe deu uma casa no Pólo Norte, com a oficina dos brinquedos, e a lista dos meninos bons e dos meninos maus do Planeta.
Durante muito tempo, pensou-se que o Pai Natal vivia no Pólo Norte, onde tinha a sua fábrica de brinquedos. Mas não era bem assim, porque as famosas renas voadoras não conseguiriam suportar tanto frio. Foi o finlandês Markus Rautio, “tio Markus” para as crianças, que revelou, pela primeira vez em 1927, a verdadeira morada do Pai Natal: a cidade de Korvatunturi – Ear Fell (Colina das Orelhas), na Lapónia.
O nome engraçado daquele lugar é porque a colina parece ter duas grandes orelhas de lebre… mas são as orelhas do Pai Natal, que lhe permitem ouvir se os meninos de todo o Mundo estão a portar-se bem.
A partir de 1950, o Pai Natal decidiu fazer a sua própria vila, onde montou um escritório e os seus próprios correios. É a vila do Pai Natal em Napapiiri, perto de Rovaniemi, na Fillândia. A morada é: Escritório do Santa Claus, FIN-96930 Círculo Árctico, Finlândia. Mas atenção, é preciso pôr selos na carta, porque esta morada existe mesmo.
O moderno Santa Claus nasceu dos retoques feitos pelo artista Haddon Sundblom e com a sua publicidade para a Coca-Cola, em 1931. Os cartazes representavam-no grande e com ar de avô, com bochechas rosadas e brilhantes.
Em 1939, nasceu a rena número nove, Rudolph, com um nariz vermelho e brilhante, criada também por um publicitário.
No fundo, não importa como é o Pai Natal, nem como ele se chama. Importa, isso sim que é um exemplo de generosidade e bondade. É o representante universal da inocência infantil… e porque a bondade é a sua própria essência, também os adultos aprendem que em cada gesto amável e generoso o Pai natal será sempre recordado.
O mais importante, é não deixarmos de acreditar, porque ele existe mesmo. Era um bispo bondoso que nasceu no século III e foi mudando de nome e de figura com o passar dos anos. Vamos ensinar esta história aos nossos filhos…e ensina-los a não deixar de acreditar.
C@rlos@lmeida
Fonte: Revista Nova Gente nº 1316 de 05/12/2001
Texto: Filomena Marta
Percorre o mundo na véspera de Natal, com um saco enorme cheio de embrulhos coloridos e doces, para distribuir presentes às crianças que se portaram bem durante o ano. Um dos grandes mistérios é como consegue entrar pelas mais pequenas chaminés, até porque é um velhinho bem redondinho, com uma barriguinha de muito respeito. A explicação é simples: o Pai Natal também deixa os presentes nas janelas que estão abertas. Por isso, se não houver uma lareira por perto… é melhor não nos esquecermos de abrir a janela do quarto, enquanto comemos a ceia de Natal.
Tudo começou à muito tempo, quando era uma vez… um bispo que vivia numa cidade chamada Smyrna, em Izmir, o pais que agora se chama Turquia. Era um homem muito rico, generoso e que gostava muito de crianças. Muitas vezes levava alegria aos meninos atirando presentes pelas janelas abertas. Chamava-se Nicolau e nasceu no século III, quase 300 anos depois do Menino Jesus.
Quando morreu, a igreja Ortodoxa tornou o bom bispo em santo, pelos milagres que fazia, e passou a ser conhecido por S. Nicolau, ou Santus Nicolaus na antiga língua chamada latim, muito usada na religião. A Igreja Católica também reconheceu Nicolau por ajudar as crianças e os pobres. S. Nicolau tornou-se o patrono das crianças, dos órfãos e dos marinheiros… mas até os ladrões pedem protecção a este santo.
O dia de S. Nicolau é a 6 de Dezembro e as prendas normalmente eram dadas nessa altura. Quando o rei inglês, Henrique VIII, cortou relações religiosas com Roma, por causa do seu novo casamento, a Inglaterra passou a ter os seus próprios costumes e decidiu mudar a data para o dia 25 de Dezembro, dia do nascimento de Jesus, também porque a bondade de Nicolau seguia os ensinamentos do menino de Nazaré, a sua generosidade ficou reconhecida como a de um pai do Natal, por levar alegria aos órfãos. O dia em que Jesus nasceu é chamado Natal, que significa “nascimento”.
De longas barbas brancas e com veste dos bispos ortodoxos, a imagem de S. Nicolau foi-se alterando ao longo dos tempos. Perdeu a roupa da igreja, mas manteve o ar bondoso e a barba. Também o seu nome se foi alterando de país para país, e nem sempre se parece com Nicolau.
Na Alemanha chama-se Weihnachtsmann e na Dinamarca Julemanden, que quer dizer “homem do Natal”. Em Portugal é Pai Natal; no Brasil, Papai Noel; em França, Pere Noel, e na Inglaterra, Father Christmas. Em Espanha e nos países da América Latina os presentes são entregues pelos próprios Reis Magos. Os Italianos têm uma figura parecida com o Pai Natal e que chamam Befana, que dá as prendas a 6 de Janeiro, e na Rússia é a avozinha Babouschka que faz as vezes do velhinho de barbas brancas.
Santa Claus e as suas renas
Nos Estados Unidos da América, o nome Santus Nicolau manteve-se, mas um pouco alterado. Santus transformou-se em Santa e Nicolau ficou abreviado para Claus. Mas a verdadeira explicação para Santa Claus vem da Holanda, onde o nome de Nicolau era Sinter Nikolass, mas foi abreviado para Sinter Klaas. Quando os holandeses emigraram para a América do Norte, o nome transformou-se em Santa Claus.
O S. Nicolau holandês também usava um fato vermelho debruado a pêlo branco, tal como o actual, mas em vez de deixar as prendas debaixo da árvore de Natal ou nas meia penduradas na chaminé, colocava os embrulhos nos sapatos das crianças que se tinham portado bem.
Em 1808, o autor americano Washington Irving, que assinava como Diedrich Knickerbocker, criou uma nova versão do velho St. Nick, que voava sobre as copas das árvores numa carroça puxada por um cavalo “largando presentes pelas chaminés dos seus meninos preferidos”. No seu livro, A História Nova York, Irving descrevia o Santa como um alegre Holandês que fumava um longo cachimbo e que “… punha um dedo ao lado do nariz”. Em 1822 Clement Clarke Moor recuperou esta frase no seu poema Uma Visita de S. Nicolau, mais conhecido por A noite antes do Natal.
O poema de Moore emprestou o ambiente do Árctico à imagem do Pai Natal quando substituiu o cavalo e a carroça por oito pequenas renas e um trenó. É a descrição que Moore fez de Santa Claus que ainda hoje prevalece: "Ele tinha uma cara bochechuda, e uma barriguinha redonda, que tremia quando ria, como uma taça cheia de gelatina.”
Até esta altura, a imagem do Pai Natal dependia da interpretação de cada um. Em 1863, Thomas Nast, um emigrante alemão, criou a figura bonacheirona do velhote que viria a ser aceite em todo o Mundo. Foi também Nast que lhe deu uma casa no Pólo Norte, com a oficina dos brinquedos, e a lista dos meninos bons e dos meninos maus do Planeta.
Durante muito tempo, pensou-se que o Pai Natal vivia no Pólo Norte, onde tinha a sua fábrica de brinquedos. Mas não era bem assim, porque as famosas renas voadoras não conseguiriam suportar tanto frio. Foi o finlandês Markus Rautio, “tio Markus” para as crianças, que revelou, pela primeira vez em 1927, a verdadeira morada do Pai Natal: a cidade de Korvatunturi – Ear Fell (Colina das Orelhas), na Lapónia.
O nome engraçado daquele lugar é porque a colina parece ter duas grandes orelhas de lebre… mas são as orelhas do Pai Natal, que lhe permitem ouvir se os meninos de todo o Mundo estão a portar-se bem.
A partir de 1950, o Pai Natal decidiu fazer a sua própria vila, onde montou um escritório e os seus próprios correios. É a vila do Pai Natal em Napapiiri, perto de Rovaniemi, na Fillândia. A morada é: Escritório do Santa Claus, FIN-96930 Círculo Árctico, Finlândia. Mas atenção, é preciso pôr selos na carta, porque esta morada existe mesmo.
O moderno Santa Claus nasceu dos retoques feitos pelo artista Haddon Sundblom e com a sua publicidade para a Coca-Cola, em 1931. Os cartazes representavam-no grande e com ar de avô, com bochechas rosadas e brilhantes.
Em 1939, nasceu a rena número nove, Rudolph, com um nariz vermelho e brilhante, criada também por um publicitário.
No fundo, não importa como é o Pai Natal, nem como ele se chama. Importa, isso sim que é um exemplo de generosidade e bondade. É o representante universal da inocência infantil… e porque a bondade é a sua própria essência, também os adultos aprendem que em cada gesto amável e generoso o Pai natal será sempre recordado.
O mais importante, é não deixarmos de acreditar, porque ele existe mesmo. Era um bispo bondoso que nasceu no século III e foi mudando de nome e de figura com o passar dos anos. Vamos ensinar esta história aos nossos filhos…e ensina-los a não deixar de acreditar.
C@rlos@lmeida
Fonte: Revista Nova Gente nº 1316 de 05/12/2001
Texto: Filomena Marta