Uma das personagens mais polémicas do século XX,
salvador dali nasceu em 1904 em Figueras , na Catalunha. Objecto do desejo de
García Lorca, que conheceu em Madrid aos 17 anos, quando estudava na Escola de
Belas-Artes, nunca assumiu uma possível homossexualidade, sendo o mais
irreverente promotor da sua própria obra. Em 1929 casa com Gala, uma mulher
russa, recentemente divorciada do poeta surrealista Paul Eluard. Em meados dos
anos 40 emigra para Nova Iorque, tornando-se mundialmente conhecido, o que
levou André Breton, “papa” do movimento surrealista, a cognominá-lo de “Avidadollares”.
Morreu em 1989, numa pequena aldeia de pescadores na costa perto de Figueras,
onde se encontra um museu dedicado à sua obra.
O Museu Nacional Reina Sofia abre a sua nova ala, com
desenho do arquitecto francês Jean
Nouvel, com duas exposições emblemáticas, uma de Roy Lichenstein e outra de Dalí,
dedicada sobretudo à sua participação no cinema e produção de objectos da
cultura de massas, como a publicidade e a moda. A obra do pintor catalão
estruturou-se sempre na dinâmica dos sonhos, num universo em que a realidade é
encarada e os seus fantasmas mais perturbadores são projectados em cenários
oníricos. Profundamente ligado à estética cinematográfica, a relação de Dalí
com a Sétima Arte começou cedo, com a sua participação, em 1928, no filme Un Chien Andaluz, da autoria de Luis Buñuel, tendo ele mesmo realizado,
um ano depois, L’Age d’Or. Nesta
exposição explora-se não só a sua colaboração com Hitchcok, mas também a sua
passagem pelos palcos teatrais, as suas incursões no mundo do desenho têxtil e
a moda e umas particulares intervenções na publicidade nos pós-guerra,
confirmando-se que, mais uma vez, não é possível dar forma plástica às teorias
freudianas de Dalí, figura cimeira das artes plásticas de Espanha.
Fonte: Revista Caras nº 470
CarlosCoelho