Brasil património e praias de sonho
Entre a serra e o mar, ou melhor, entre a extensa cordilheira a que
chamam Serra do Mar e o Oceano Atlântico, a que corre paralela, aninha-se na
embocadura do rio Perequê-Açu uma cidade que viveu tempos de glória e grandeza,
sonhou o Império, conheceu a decadência e que hoje é um museu vivo onde a cada
esquina a História nos trava o passo.
Basta uma vista de olhos à baía que lhe é fronteiriça para
compreender o que traz tantos turistas a esta cidade do litoral sul do Estado
do Rio de Janeiro. As águas quentes e calmas, as pequenas enseadas de uma
beleza bravia, as praias escondidas onde, por detrás de estreitas faixas de
areia, se ergue a Natureza vibrante da serrania coberta por impenetrável mata
atlântica, constituem atractivos mais que suficientes para fazer de Parati um
destino que tem vindo a interessar quem visita o Sul do Brasil.
Claro que cima de tudo isto se encontra o fascínio da idade em si,
com os seus belos casarões de arquitectura colonial, as igrejas caiadas de
branco e as ruas em quadrícula, um todo, um todo que a distinção de Património
Histórico tem ajudado a preservar. Passear pelo seu centro é constante fonte de
deslumbramento, e o facto de termos de o fazer paulatinamente – as ruas são revestidas
com a famosa calçada pé-de-moleque: pedras redondas e incertas que dão um
caminhar no mínimo incerto – ajuda-nos a descobrir pequenos encantos e ocultos
recantos que de outro modo talvez nos passassem despercebidos.
Ao calcorrear o
âmago da povoação tem-se a sensação de atravessar uma vila portuguesa do século
XVIII que parou no tempo e imagina-se sem dificuldade como seriam os seus dias
de esplendor, quando por este porto era escoado o ouro de Minas Gerais em
direcção a um Portugal sequioso de riquezas, e os colonos das regiões
sertanejas aqui ocorriam para mercadejar o vinho, o sal ou o azeite que
chegavam da Europa. O esgotamento dos filões auríferos ditou o início da perda
de importância de Parati como entreposto comercial, e só no início do século
XIX, lhe permitiu retomar por algum tempo os ecos da grandeza que tinha conhecido na
época colonial.
Em tempos mais recentes, o relativo isolamento a que se viu votada,
sem ligações rodoviárias ou ferroviárias ao exterior, ajudou a conservar não só
o seu casario secular mas igualmente as suas tradições, o que se veio a revelar
um património valioso quando o turismo descobriu a cidade. A abertura, nos anos
80, da estrada que liga o Rio a São Paulo foi determinante para a sua inclusão
no roteiro turístico de muitas agências e levou a um estrondoso crescimento da
oferta hoteleira, que, mesmo assim, se mostra insuficiente durante o pico da
estação alta, quando milhares de nacionais e estrangeiros invadem a cidade até
não deixar uma cama disponível, uma mesa vaga, um metro de areia desocupado.
Muita dessa gente dedica a sua estada de dois ou três dias a
conhecer a cidade, visitar um engenho de cachaça (Parati é a “Capital da
Pinga”, como lhe chamam os Brasileiros) e dar um passeio de barco na baía.
Dispondo de um pouco mais de tempo, é possível conhecer as pequenas maravilhas
que se escondem em Trindade, uma aldeia a uma trintena de quilómetros que já
foi pouso de hippies e possui algumas das mais belas praias da região, como a
de Caxadaço, onde só se chega por íngreme vereda através da mata cerrada, ou
alugar um saveiro e partir à descoberta das praias desertas no rendilhado de
pequenas enseadas e ilhotas da baía de Parati.
Será pouco provável, mas se a
fartura da praia desembocar em fastio, então é rumar á serra, através da
sinuosa e verdejante estrada que vai dar à Cunha, e, lá do alto, apreciar as
vistas deslumbrantes sobre a baía e a cidade que nela se aloja como jóia
esbranquiçada em estojo verde-esmeralda.
Pelo colorido da sua história ou pela beleza das suas praias, esta
cidade já merecia a preferência de quem a visita, mas a isso se junta uma
animação nocturna que faz dela um destino ainda mais agradável, com os seus
bares
onde caipirinhas e caipifrutas dão a provar a cachaça local e os
seus restaurantes de inúmeras cozinhas nacionais e internacionais, que
despertam a gula do visitante.
Mata Atlântica
A forte presença de altas montanhas ao longo do litoral eleva os
índices de precipitação pluviométrica, dando origem a diversos mananciais que
descem pelas encostas, sob a forma de rios encachoeirados, em busca do mar. O
relevo acidentado e o natural desnível das águas dão origem a várias
cachoeiras, cascatas, quedas d’água com formação de escorregas, piscinas e
poços naturais.
Em sua área encontram-se o Parque Nacional da Serra da Bocaina, a
Área de Protecção Ambiental do Cairuçú, onde está a Vila da Trindade, a Reserva
da Joatinga, e ainda, faz limite com o Parque Estadual da Serra do Mar. Ou
seja, é Mata Atlântica por todo lado.
Na região de Paraty, existe uma série de ecossistemas associados à
Mata Atlântica:
Mangues - com a maré alta, as águas dos rios são represadas alagando
as planícies costeiras. Nessas áreas encontram-se os manguezais (rizophora
mangle). Apesar de haver pouca diversidade de vegetação, é local de criadouro
de aves, peixes, crustáceos e moluscos. Caracterizado pelos arbustos e árvores
de raízes suspensas.
Restingas - pedaços planos e baixo de terra que se alongam até o
mar. Possui vegetação rasteira.
Ilhas costeiras - a vegetação é igual à do continente. Nas ilhas
maiores, costuma existir fontes de água doce.
Campos de altitude - localizados na serra do mar acima de 1400
metros de altura. Devido ao clima mais frios e constantes ventos a vegetação é
rala e baixa, com a presença de arbustos.
Pelo porto de Paraty passaram povos de vários territórios, ocorrendo
um intenso intercâmbio cultural que deu origem a um rico artesanato local. Essa
actividade é passada de geração a geração principalmente entre as mulheres das
famílias e é um complemento da actividade básica (pesca e lavoura) do caiçara.
O aprendizado das técnicas artesanais se dá informalmente através da observação
ou a partir da tentativa de se copiar um modelo.
Património Histórico e Artístico e Monumento Nacional
Foi erigida em Monumento Histórico do Estado do Rio de Janeiro, em
1945, e tombada pela Directoria do Património Histórico e Artístico Nacional em
1958. Houve em Paraty, devido ao elevado índice de sua antiga população, um
verdadeiro senso de valor plástico nas construções. Na distribuição dos cheios
e vazios houve um apuro e uma segurança de julgamentos excepcionais".
Apesar das medidas de preservação citadas acima, o acervo
histórico-paisagístico do Município se achava ameaçado pelo surto de progresso
verificado em anos recentes. A Directoria do Património Histórico e Artístico
Nacional, empenhou-se, então, em estabelecer um regime de defesa mais
eficiente, através de um plano urbanístico. A aprovação desse plano gerou o
Decreto Presidencial n.º 58.077, em 24 de Março de 1966, pelo qual todo o
território do Município de Paraty passou a ser considerado Monumento Nacional.
A Cidade Turística
Como nas fases anteriores de
"ocupação", no ouro ou no café, um novo ciclo veio dominar e explorar
a cidade: o turismo, desta feita potencializado no seu conjunto paisagístico / arquitectónico,
nas áreas florestadas, nas 65 ilhas e nas mais de 300 praias da região. Vários
eventos culturais têm Paraty como sede.
Alguns Pontos Turísticos
Praia de Paraty-Mirim - Extensão aproximada de 800m e profundidade
em torno de 0,7m. Águas mornas, calmas, transparentes e esverdeadas. Areias claras
e alguns boulders espalhados na faixa da maré. Situa-se na foz do Rio
Paraty-Mirim e junto a Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
Praia da Conceição - Com a extensão de 200m, coqueiros e amendoeiras
ornamentam o local. Águas transparentes, mornas, de tonalidade verde escuro.
Areias claras e finas. Defronte encontra-se a Ilha dos Ratos. Um pouco além, a
Ilha dos Meros, onde se praticam mergulhos e pesca com rede.
Praia de Iririguaçu/Iriri - Areias escuras e finas com suave
declive. Águas verdes, mornas e apropriadas para a prática de banhos. Na
extremidade, onde desemboca o Rio Iririguaçú há uma pequena barra. Pequenas
embarcações podem ancorar nesta praia.
Praia Jabaquara - Águas mornas, transparentes com fundo de areia e
lama. Areia fina e escura com presença de conchas. Possui área de camping no
local.
Praia da Lula - Possui uma faixa de areia pequena, águas mornas,
transparentes e de tonalidade verde-escuro. Areia escura de grãos médios.
Boulders e fragmentos rochosos povoam a faixa de areia.
Prainha - Muito frequentada, e com água pouco profunda de tonalidade
azul e transparente, com temperatura morna. Areias claras e finas. Próximo a
área arborizada possui dois Campings
Cachoeira de Iririguaçu - Possui dois saltos, com alturas de 4 m e 2
m respectivamente, com águas claras, transparentes e frias. Excelente para
banhos, tanto nas piscinas como nas duchas naturais existentes. Próximo e acima
da cachoeira existem três grandes piscinas naturais, com profundidade em torno
de 2m.
Cachoeira da Pedra Branca - Possui dois saltos de 5 m de altura, com
águas transparentes e frias, propícias para banhos. O rio é cercado por
vegetação densa de pequeno e médio porte e suas águas deslizam sobre lajes de
pedra que formam pequenas piscinas e duchas naturais.
Cachoeira Pedra Lisa/Taquari - Localizada em trecho de rio com
corredeiras, não se caracteriza pelas quedas d’água, mas pela formação de
várias piscinas, escorregas e duchas naturais. Suas águas límpidas,
transparentes e frias são óptimas para banhos. A trilha de acesso até a
cachoeira representa, por si, um atractivo à parte.
Cachoeira do Tobogã - A cachoeira é formada por uma imensa pedra,
por onde a água desliza, formando um excelente Tobogã, óptimo para se deslizar
até uma pequena piscina natural de fundo de areia e pequenas pedras.
Cachoeira da Usina - Local com grande quantidade de pequenas rochas.
Além de pequenas quedas d'água, há também uma bela piscina natural, com área
aproximada de 80m. Suas águas são transparentes e frias, em tom amarelado,
devido às areias escuras do fundo do rio. Excelente local para banhos, pois
além da piscina, há escorregas e duchas naturais. Próximo à cachoeira há uma
pequena ilha na parte central do leito do rio.
Poço das Lajes - Localizada a 300m próxima ao Poço; das Andorinhas,
no local foi construído uma pequena barragem, que formou uma pequena piscina
natural, cercada por imensas pedras, seu fundo é de areia. Subindo o rio, pelas
pedras, é possível alcançar o Poço das Andorinhas.
Poço das Andorinhas - Caracteriza-se por dois grandes boulders
dispostos sobre o leito do rio, com um estreito espaço entre eles, por onde
jorram as águas que formam um salto de aproximadamente 3,5 m. Suas águas são
claras, transparentes e frias, óptimas para banhos. No local existe um poço
grande e fundo, e uma ducha natural. Alguns metros abaixo do poço, encontra-se
um escorrega natural, muito procurado pelos visitantes.
Fonte: Revista Caras
Texto: Júlio Soares Pereira
Matéria publicada na EmDiv Magazine Kindle Edition - Março 2012
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Texto modificado
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Fotos: Diário Vip.
CarlosCoelho
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