sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Parati

 Brasil património e praias de sonho


Entre a serra e o mar, ou melhor, entre a extensa cordilheira a que chamam Serra do Mar e o Oceano Atlântico, a que corre paralela, aninha-se na embocadura do rio Perequê-Açu uma cidade que viveu tempos de glória e grandeza, sonhou o Império, conheceu a decadência e que hoje é um museu vivo onde a cada esquina a História nos trava o passo.


Basta uma vista de olhos à baía que lhe é fronteiriça para compreender o que traz tantos turistas a esta cidade do litoral sul do Estado do Rio de Janeiro. As águas quentes e calmas, as pequenas enseadas de uma beleza bravia, as praias escondidas onde, por detrás de estreitas faixas de areia, se ergue a Natureza vibrante da serrania coberta por impenetrável mata atlântica, constituem atractivos mais que suficientes para fazer de Parati um destino que tem vindo a interessar quem visita o Sul do Brasil.


Claro que cima de tudo isto se encontra o fascínio da idade em si, com os seus belos casarões de arquitectura colonial, as igrejas caiadas de branco e as ruas em quadrícula, um todo, um todo que a distinção de Património Histórico tem ajudado a preservar. Passear pelo seu centro é constante fonte de deslumbramento, e o facto de termos de o fazer paulatinamente – as ruas são revestidas com a famosa calçada pé-de-moleque: pedras redondas e incertas que dão um caminhar no mínimo incerto – ajuda-nos a descobrir pequenos encantos e ocultos recantos que de outro modo talvez nos passassem despercebidos. 


Ao calcorrear o âmago da povoação tem-se a sensação de atravessar uma vila portuguesa do século XVIII que parou no tempo e imagina-se sem dificuldade como seriam os seus dias de esplendor, quando por este porto era escoado o ouro de Minas Gerais em direcção a um Portugal sequioso de riquezas, e os colonos das regiões sertanejas aqui ocorriam para mercadejar o vinho, o sal ou o azeite que chegavam da Europa. O esgotamento dos filões auríferos ditou o início da perda de importância de Parati como entreposto comercial, e só no início do século XIX, lhe permitiu retomar por algum tempo os ecos da grandeza que tinha conhecido na época colonial.


Em tempos mais recentes, o relativo isolamento a que se viu votada, sem ligações rodoviárias ou ferroviárias ao exterior, ajudou a conservar não só o seu casario secular mas igualmente as suas tradições, o que se veio a revelar um património valioso quando o turismo descobriu a cidade. A abertura, nos anos 80, da estrada que liga o Rio a São Paulo foi determinante para a sua inclusão no roteiro turístico de muitas agências e levou a um estrondoso crescimento da oferta hoteleira, que, mesmo assim, se mostra insuficiente durante o pico da estação alta, quando milhares de nacionais e estrangeiros invadem a cidade até não deixar uma cama disponível, uma mesa vaga, um metro de areia desocupado.


Muita dessa gente dedica a sua estada de dois ou três dias a conhecer a cidade, visitar um engenho de cachaça (Parati é a “Capital da Pinga”, como lhe chamam os Brasileiros) e dar um passeio de barco na baía. Dispondo de um pouco mais de tempo, é possível conhecer as pequenas maravilhas que se escondem em Trindade, uma aldeia a uma trintena de quilómetros que já foi pouso de hippies e possui algumas das mais belas praias da região, como a de Caxadaço, onde só se chega por íngreme vereda através da mata cerrada, ou alugar um saveiro e partir à descoberta das praias desertas no rendilhado de pequenas enseadas e ilhotas da baía de Parati. 


Será pouco provável, mas se a fartura da praia desembocar em fastio, então é rumar á serra, através da sinuosa e verdejante estrada que vai dar à Cunha, e, lá do alto, apreciar as vistas deslumbrantes sobre a baía e a cidade que nela se aloja como jóia esbranquiçada em estojo verde-esmeralda.


Pelo colorido da sua história ou pela beleza das suas praias, esta cidade já merecia a preferência de quem a visita, mas a isso se junta uma animação nocturna que faz dela um destino ainda mais agradável, com os seus bares
onde caipirinhas e caipifrutas dão a provar a cachaça local e os seus restaurantes de inúmeras cozinhas nacionais e internacionais, que despertam a gula do visitante.

Mata Atlântica


A forte presença de altas montanhas ao longo do litoral eleva os índices de precipitação pluviométrica, dando origem a diversos mananciais que descem pelas encostas, sob a forma de rios encachoeirados, em busca do mar. O relevo acidentado e o natural desnível das águas dão origem a várias cachoeiras, cascatas, quedas d’água com formação de escorregas, piscinas e poços naturais.

Em sua área encontram-se o Parque Nacional da Serra da Bocaina, a Área de Protecção Ambiental do Cairuçú, onde está a Vila da Trindade, a Reserva da Joatinga, e ainda, faz limite com o Parque Estadual da Serra do Mar. Ou seja, é Mata Atlântica por todo lado.

Na região de Paraty, existe uma série de ecossistemas associados à Mata Atlântica:

Mangues - com a maré alta, as águas dos rios são represadas alagando as planícies costeiras. Nessas áreas encontram-se os manguezais (rizophora mangle). Apesar de haver pouca diversidade de vegetação, é local de criadouro de aves, peixes, crustáceos e moluscos. Caracterizado pelos arbustos e árvores de raízes suspensas.

Restingas - pedaços planos e baixo de terra que se alongam até o mar. Possui vegetação rasteira.

Ilhas costeiras - a vegetação é igual à do continente. Nas ilhas maiores, costuma existir fontes de água doce.

Campos de altitude - localizados na serra do mar acima de 1400 metros de altura. Devido ao clima mais frios e constantes ventos a vegetação é rala e baixa, com a presença de arbustos.

Pelo porto de Paraty passaram povos de vários territórios, ocorrendo um intenso intercâmbio cultural que deu origem a um rico artesanato local. Essa actividade é passada de geração a geração principalmente entre as mulheres das famílias e é um complemento da actividade básica (pesca e lavoura) do caiçara. O aprendizado das técnicas artesanais se dá informalmente através da observação ou a partir da tentativa de se copiar um modelo.

Património Histórico e Artístico e Monumento Nacional

Foi erigida em Monumento Histórico do Estado do Rio de Janeiro, em 1945, e tombada pela Directoria do Património Histórico e Artístico Nacional em 1958. Houve em Paraty, devido ao elevado índice de sua antiga população, um verdadeiro senso de valor plástico nas construções. Na distribuição dos cheios e vazios houve um apuro e uma segurança de julgamentos excepcionais". Apesar das medidas de preservação citadas acima, o acervo histórico-paisagístico do Município se achava ameaçado pelo surto de progresso verificado em anos recentes. A Directoria do Património Histórico e Artístico Nacional, empenhou-se, então, em estabelecer um regime de defesa mais eficiente, através de um plano urbanístico. A aprovação desse plano gerou o Decreto Presidencial n.º 58.077, em 24 de Março de 1966, pelo qual todo o território do Município de Paraty passou a ser considerado Monumento Nacional. A Cidade Turística Como nas fases anteriores de "ocupação", no ouro ou no café, um novo ciclo veio dominar e explorar a cidade: o turismo, desta feita potencializado no seu conjunto paisagístico / arquitectónico, nas áreas florestadas, nas 65 ilhas e nas mais de 300 praias da região. Vários eventos culturais têm Paraty como sede.

Alguns Pontos Turísticos

Praia de Paraty-Mirim - Extensão aproximada de 800m e profundidade em torno de 0,7m. Águas mornas, calmas, transparentes e esverdeadas. Areias claras e alguns boulders espalhados na faixa da maré. Situa-se na foz do Rio Paraty-Mirim e junto a Igreja de Nossa Senhora da Conceição.

Praia da Conceição - Com a extensão de 200m, coqueiros e amendoeiras ornamentam o local. Águas transparentes, mornas, de tonalidade verde escuro. Areias claras e finas. Defronte encontra-se a Ilha dos Ratos. Um pouco além, a Ilha dos Meros, onde se praticam mergulhos e pesca com rede.

Praia de Iririguaçu/Iriri - Areias escuras e finas com suave declive. Águas verdes, mornas e apropriadas para a prática de banhos. Na extremidade, onde desemboca o Rio Iririguaçú há uma pequena barra. Pequenas embarcações podem ancorar nesta praia.


Praia Jabaquara - Águas mornas, transparentes com fundo de areia e lama. Areia fina e escura com presença de conchas. Possui área de camping no local.

Praia da Lula - Possui uma faixa de areia pequena, águas mornas, transparentes e de tonalidade verde-escuro. Areia escura de grãos médios. Boulders e fragmentos rochosos povoam a faixa de areia.

Prainha - Muito frequentada, e com água pouco profunda de tonalidade azul e transparente, com temperatura morna. Areias claras e finas. Próximo a área arborizada possui dois Campings

Cachoeira de Iririguaçu - Possui dois saltos, com alturas de 4 m e 2 m respectivamente, com águas claras, transparentes e frias. Excelente para banhos, tanto nas piscinas como nas duchas naturais existentes. Próximo e acima da cachoeira existem três grandes piscinas naturais, com profundidade em torno de 2m.

Cachoeira da Pedra Branca - Possui dois saltos de 5 m de altura, com águas transparentes e frias, propícias para banhos. O rio é cercado por vegetação densa de pequeno e médio porte e suas águas deslizam sobre lajes de pedra que formam pequenas piscinas e duchas naturais.

Cachoeira Pedra Lisa/Taquari - Localizada em trecho de rio com corredeiras, não se caracteriza pelas quedas d’água, mas pela formação de várias piscinas, escorregas e duchas naturais. Suas águas límpidas, transparentes e frias são óptimas para banhos. A trilha de acesso até a cachoeira representa, por si, um atractivo à parte.


Cachoeira do Tobogã - A cachoeira é formada por uma imensa pedra, por onde a água desliza, formando um excelente Tobogã, óptimo para se deslizar até uma pequena piscina natural de fundo de areia e pequenas pedras.

Cachoeira da Usina - Local com grande quantidade de pequenas rochas. Além de pequenas quedas d'água, há também uma bela piscina natural, com área aproximada de 80m. Suas águas são transparentes e frias, em tom amarelado, devido às areias escuras do fundo do rio. Excelente local para banhos, pois além da piscina, há escorregas e duchas naturais. Próximo à cachoeira há uma pequena ilha na parte central do leito do rio.

Poço das Lajes - Localizada a 300m próxima ao Poço; das Andorinhas, no local foi construído uma pequena barragem, que formou uma pequena piscina natural, cercada por imensas pedras, seu fundo é de areia. Subindo o rio, pelas pedras, é possível alcançar o Poço das Andorinhas.

Poço das Andorinhas - Caracteriza-se por dois grandes boulders dispostos sobre o leito do rio, com um estreito espaço entre eles, por onde jorram as águas que formam um salto de aproximadamente 3,5 m. Suas águas são claras, transparentes e frias, óptimas para banhos. No local existe um poço grande e fundo, e uma ducha natural. Alguns metros abaixo do poço, encontra-se um escorrega natural, muito procurado pelos visitantes.

Fonte: Revista Caras
Texto: Júlio Soares Pereira
Matéria publicada na EmDiv Magazine Kindle Edition - Março 2012
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Texto modificado
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Fotos: Diário Vip.
CarlosCoelho

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