sábado, 20 de outubro de 2012

Fertilidade


“Entre nós, os primeiros filhos estão a nascer quando as mulheres têm mais ou menos 30 anos. Quer dizer, coincidentemente com a fase em que em termos estritamente biológicos, a fertilidade começa a declinar.”

Há muitas maneiras de as pessoas serem férteis: nos afectos que prodigalizam, nas ideias que recriam e desenvolvem, nas atenções que dispensam, nas narrativas que produzem e ajudam outros a crescer, no que constroem e é, em si mesmo, marcante ou sentido por alguém como tal.

A fertilidade de alguns escritores, artistas, ideólogos e também a de desconhecidos nossos, que se desmultiplicam em gestos e atitudes que, consensualmente, cremos produtivos, está ai todos os dias a dizer-nos que ser fértil não acaba nem começa no ter filhos.

Apesar disso, apesar dos múltiplos sentidos que a fertilidade pode ter, acho que irremediavelmente a associação vai direitinha para a capacidade de procriar. Parece mais acessível e de prazer mais imediato ter filhos que fazer obra. Parece que ter filhos é um dado da Natureza, que se deve estimar e cumprir e que, ainda por cima, tem a enorme vantagem de nos fazer iguais aos outros, de testemunhar do nosso estado adulto e do nosso desejo de dádiva e de continuidade.

Acontece que nós, seres humanos, tratamos a Natureza com despudorado laxismo. Não lhe ligamos muito. Escrevemos sobre ela, e a propósito dela, discursos curiosíssimos: uns pouco em alguma sintonia e uns muitos à completa revelia dos caminhos que ela parece indicar. Uns desses tortuosos resultados é aquele que se prefigura hoje na questão da fertilidade humana.

Entre nós, os primeiros filhos estão a nascer quando as mulheres têm mais ou menos 30 anos. Quer dizer, coincidentemente com a frase em que, em termos estritamente biológicos, a fertilidade começa a declinar. Depois de termos decidido que os anos abaixo dos 20 eram impróprios para a conceção, em nome de uma longevidade humana cada vez maior, de uma necessidade de diferenciação escolar e profissional crescente, de uma imaturidade psicológica e social óbvias, fazemos agora o mesmo com os 20, mais ou menos pelos mesmos motivos.

Ficamos assim, com a década dos 30 e uma parte da dos 40 como fase procriativa, em que a vida está arrumada, o conforto a garantir às crianças já é possível e todos os precisos parecem nos conformes.

Aí, acontece cada vez mais frequentemente descobrir-se que a criança que se deseja não vem. Que os tratamentos disponíveis não são milagreiros e também eles são atentos à idade dos progenitores. Mais de 35 anos já merecem um olhar esguelhado. Descobre-se que afinal os homens também não são tão férteis quanto a tradição garantia e que muitas vezes o esforço de ter um filho se torna numa aventura traumática e complexa. Depois vem o espanto, o descrédito:

Como é que ninguém me disse que eu, tão novo para tantas coisas, já sou velho para outras?”

Provavelmente ninguém disse, porque felizmente não é sempre assim, mas lá que a situação começa a ser parecida com um problema, começa. Ainda agora uma mulher de 36 anos, com ar de menina, me dizia que um dia talvez gostasse de ter filhos. Espero que esse dia não seja um qualquer tarde de mais.

 
Autor: Isabel Leal
Professora de Psicologia
Clínica no ISPA
Fotos da net
Por: C@rlos@lmeida

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Sicília

 

Palermo
 
Velha demais de 2500 anos, Palermo foi fundada pelos Fenícios no século VII a. C. com o nome de Ziz, “a flor”. Conquistada, dominada e perdida por vários povos e culturas, a cidade conheceu romanos, árabes, normandos e bizantinos, entre outros. As vicissitudes por que passou culminaram no século XX, com os bombardeamentos que foi sujeita durante a II Guerra Mundial. Também as marcas do tremor de terra de 1968 ainda hoje são visíveis, e alguns bairros, muito destruídos, nunca chegaram a recuperar o esplendor de outros tempos.
 
A cidade conheceu períodos de prosperidade a que se seguiram tempos de decadência. Este ciclo repetiu-se ao longo dos anos e deixou um precioso património arquitetónico e cultural que constitui a mais-valia de Palermo.
 
 
A cidade italiana está em permanente atividade e parece nunca descansar. Quem chega rapidamente coloca de parte o automóvel alugado, pois o trânsito é caótico e os“palermitas”conduzem de forma intimidatória. Assim, o melhor é mesmo escolher um hotel central e visitar a cidade a pé.
 
 
Dividida em bairros cujos nomes remontam às origens da urbe, palermo é uma cidade que tem muitos dos seus monumentos mais importantes concentrados na zona histórica. As duas principais avenidas, Maqueda e Corso Emanuele, cruzam-se na famosa Praça Quattro canti, que se encontra rodeada de palácios datados do século XVII, de fachadas côncavas ricamente trabalhadas. Esta pequena praça é considerada por muitos o local ideal para o começo da visita à velha cidade.
Os mosaicos bizantinos da capela Palatina, no Palácio dos Normandos, e da Igreja La Martorana são de tal forma admiráveis que constituem como que o ex-libris de Palermo. O imponente edifício da catedral remonta ao tempo dos Normandos, mas sofreu sucessivas alterações, que vieram desvirtuar a traça original. Contudo, quem o visita não fica indiferente à sua generosidade.
Os habitantes de palermo gozam de uma reputação duvidosa, inúmeras vezes retratada em filmes que fazem parte da história do cinema. Hoje em dia a cidade é bastante mais segura do que há duas décadas. O ambiente é acolhedor e mesmo nos bairros mais degradados é possível passear com segurança. Os negócios escuros, se os há, fazem-se à margem dos turistas que invadem a zona, sedentos de se embrenharem nas estreitas ruas, repletas de história, e de absorverem o seu mágico perfume oriental.
Texto: Peres Rodrigues
Fonte: Revista Caras



 


Fotos da net
C@rlos@lmeida

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Mango, o excêntrico

Não se trata de querer dar nas vistas. Não se trata de ser vaidoso. O que se passa é que o diferente é sempre atrativo, ainda que, como é o caso, isso se deva a uma aberração da Natureza. Este tubarão-port-jackson, amarelo fluorescente, é extremamente raro e a ciência explica  a sua cor luminosa como uma invulgar forma de albinismo, que impossibilita o tubarão de se camuflar no seu meio ambiente. Este port-jackson, de dois anos, recebeu o nome de mango e vive no Aquarium de Sydney, na Austrália, após ter sido apanhado numa rede de pesca. Uma fatalidade que lhe terá poupado a vida, já que o problema de pigmentação lhe permitiria sobreviver no seu habitat natural. Mango é por isso um excêntrico que todos desejam conhecer.
 
Fonte: Revista Caras

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Chá - O Aliado Oriental


Embora o frio e a chuva lhe assentem bem, o chá é mais do que uma paixão de Inverno. Ideal e receptivo, aconchega-se aos nossos estados de alma sem perder a personalidade.

As mãos treinadas na colheita de chá desenham as formas dos jardins do Assam, no Nordeste da Índia, retirando as folhas do verde absoluto. São mãos de mulheres, quase sem excepção e pesam-lhes todos os séculos do mesmo destino incontestado. Apesar disso, movem-se com destreza e sabedoria, rápidas como um vento outonal – escolhendo aqui, declinando ali – e recortam os arbustos à medida da perfeição que o chá exige, atentas a subtilezas que uma máquina seria incapaz de perceber.

Talvez haja, nesta tarefa artesanal sem princípio nem fim, uma certa semelhança com a caligrafia e a sua técnica contida e rigorosa, mas animada pelo essencial. Se uma carta manuscrita é portadora de identidade, também é certo que não existem dois chás iguais. Serão as folhas colhidas nos jardins do Assam – e em todos os jardins de chá do mundo – letras de um alfabeto que cada um de nós escreverá à sua maneira? Quase podemos assegurar: prepara-me um chá, dir-te-ei quem és… Ou então: prepara-me um chá, dir-me-ás quem sou.

Da Mão para o Bule


O chá foi um dos temas de eleição de António Mega Ferreira para o livro Uma Caligrafia de Prazeres (Texto Editora), um itinerário personalizado por certos lugares, ideias, vozes, aromas, paladares, livros e outras coisas que trazem significado à vida – e, além de significado, também beleza e intensidade. Os desenhos de Fernanda Fragateiro fazem luz sobre as palavras, discretamente.

Apesar de ter crescido «na convicção de que o chá era bebida essencialmente feminina, por contraposição ao café», Mega Ferreira tomou-lhe o gosto na adolescência, em companhia de um pequeno grupo de amigos, adeptos do bridge fora de horas. «O chá, que nunca deixei de frequentar, tornou-se com o tempo, a minha bebida de estimação: uma longa teoria de chás adorna a prateleira da cozinha, respondendo aos meus humores de momento», escreve.

De verão e de Inverno, convoca o chá para a mesa do pequeno-almoço e declara preferência por chás «fortes, escuros, apaladados», embora nem todos se prestem ao consumo matinal. Caso de um chá preto fumado, o Lapsang Souchong chinês, que acompanha com distinção pratos de carne de aves e aperitivos salgados ou condimentados. À tarde será sempre bem acolhido um chá perfumado como o Earl Grey. A resumir uma prática dos chás, haverá que ter em conta um só princípio: «deve-se beber chá quando nos apetece».

Geografias do Chá

 
O Chá é a bebida mais consumida no mundo, depois da água. Chá preto, chá verde, chá branco, chá semi-fermentado, chá fumado… todas as variedades têm origem na mesma planta, a Camélia sinensis. As diferenças procedem, essencialmente, da época de colheita, do método de fabrico, das características do solo e do clima, da qualidade da água e da forma de o preparar. Na China e no Japão, o chá verde é mestre e imperador; no Magrebe, bebe-se com folhas de menta e muito açúcar; os tibetanos juntam-lhe sal e manteiga de iaque; na Grã-Bretanha e na Irlanda, acrescenta-se-lhe quase sempre um pouco de leite…


Razão tem quem disse: «Por estranho que pareça, até agora a humanidade encontrou-se na chávena de chá. É o único cerimonial asiático que merece a estima universal». De Kakuzo Okakura, O Livro do Chá (ed.Cotovia) permanece, desde a publicação no início  do século XX, um legado fundamental da sabedoria do chá. Indissociável do budismo zen e do taoísmo, a cerimónia do chá japonesa faz parte de «uma religião da arte da vida».

Como poderemos nós, os náufragos da cidade, alguma vez entender isto? Como podemos ser salvos por um saquinho de chá desconsolado, a afundar-se na água quente de uma cafeteira inox?
Fonte:Revista NotíciasMagazine
Texto: Carla Maria de Almeida
Ilustrações retiradas de O livro de chá, de J.Duarte Amaral, Ed.Temas e Debates,2001
C@rlos@lmeida

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Tarzan

Da Selva para o Mundo

Tarzan nasceu em África mas tornou-se conhecido nos Estados Unidos, tendo mais tarde conquistado fãs em todo o planeta. Foi, sem dúvida, a maior personagem saída da imaginação de Edgar Rice Burroughs, um Norte-americano oriundo de Chicago que fez de tudo um pouco até criar o jovem “rei da selva”, numa vida tão recheada que dava uma história de aventuras.

Habituado a ler as “pulp magazines” do inicio do séculoXX, Edgar Burroughs cedo decidiu deitar mãos à obra e fazer, ele mesmo, várias novelas. Começou com “Dejah Thoris, Martian Princess”, depois intitulada “A Princess of Mars”, na qual utilizou o pseudónimo Normal Bean. A obra valeu-lhe 400 Dólares, uma fortuna para a altura, e funcionou como estímulo para continuar. Após a rejeição da segunda novela, o escritor não parou e em 1912 produziu o conto “Tarzan of the Apes”, que marcou o aparecimento de Tarzan no meio Literário.

A partir de então, seguiram-se as adaptações ao cinema, a primeira das quais em 1918 (a primeira película sonorizada sob a égide da MGM apareceu apenas em 1932, com o título “Tarzan, o Homem Macaco”), dando ainda mais popularidade ao seu autor.

Edgar Burroughs escreveu um total de 26 livros do Tarzan, foi o correspondente de guerra mais velho a operar no cenário do pacífico – aconteceu devido a ter ido viver para o Hawai – e chegou a ter uma editora livreira. Morreu a 19 de Março de 1950.

Fonte: Revista Domingo Magazine Correio da Manhã
Fotos da net

Jano


O Começo e o fim
Jano, o deus romano de cujo nome deriva o mês de Janeiro (Januarius, em latim), era uma das mais importantes divindades do panteão romano. Diz a lenda que, originário da Tessália, na Grécia, navegou até Itália, onde se estabeleceu na região do Lácio. Sob o seu reinado foram introduzidas as leis, a agricultura e o dinheiro, pelo que Jano surge, desde logo associado à transição da barbárie da civilização. Deus da mudança e do recomeço, entre os seus muitos atributos destaca-se o dom de conhecer o passado e o futuro, sendo por isso, habitualmente representado com duas faces, olhando em sentidos opostos. Tornou-se desta forma, o Deus que presidia às mudanças, do passado para o futuro, de um mundo para o outro, da paz para a guerra, do ano que finda para o ano que inicia.
Era sob a égide de Jano que os romanos iniciavam as sementeiras ou realizavam os casamentos; era a sua protecção que invocavam para os recém-nascidos e a sua bênção que pediam no começo de cada dia e de cada mês, bem como no início do ano, no primeiro dia do mês de Jano.
Deus do Céu e da Terra, simbolizados na sua dupla face, porteiro do Céu e mediador das preces dirigidas aos outros deuses, era pelas portas do templo a ele dedicado que passavam os comandantes das legiões quando marchavam para a guerra. Com eles partia Jano e, por isso, enquanto as hostilidades durassem, as portas do templo, situado no Fórum, ficavam abertas, só voltando a ser fechadas quando a paz regressasse e, com ela, Jano voltasse ao seu santuário.

Autor: Manuel Rosado
Foto da net
 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Torre de Pisa

Porque descai a torre
Pode parecer pouco, mas inclinando-se ao ritmo de um milímetro por ano a torre teve de ser encerrada em 1990, seis séculos após a conclusão da sua construção.
Apesar de reaberta ao público, corre o risco de ruir.
“ O Enigma da Torre de Pisa”, mostra-nos o trabalho de uma equipa internacional de cientistas que tenta compreender  e evitar o colapso, aparentemente inevitável, do célebre monumento.
Foram debatidas várias teorias de engenheiros e arquitectos que há anos estudam a torre, procurando descobrir o motivo da inclinação.
De acordo com alguns dos investigadores, a torre soçobra cerca de um milímetro por ano. A instabilidade da estrutura motivou o seu encerramento em 1990, por motivos de segurança. Reaberta anos depois, os turistas acorrem ao local, sem que o problema básico tenha sido resolvido.
A Torre de Pisa foi construída para albergar o sino da Catedral da cidade, e ao contrário do que muitos crêem, não foi projectada para ser inclinada. O fenómeno surgiu durante as obras de construção, realizadas entre 1173 e 1350. Os problemas estruturais que surgiram durante a construção foram o principal motivo da demora na edificação da torre.
Quando os primeiros três andares do monumento haviam sido construídos, já a inclinação começara a notar-se. Os trabalhos estiveram parados durante cerca de 100 anos, e os primeiros esforços para contrariar a inclinação da estrutura foram levados a cabo em 1275, quando as obras reiniciaram.
Fonte: Revista TV Correio da Manhã
Texto: Miguel Ângelo Ribeiro

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A importância dos minerais

Apesar de frequentemente relegados para segundo plano, os minerais são uma inesgotável fonte de beleza e saúde do nosso organismo. Saiba quais os minerais essenciais ao seu bem-estar.

Encontrando-se no nosso organismo, numa percentagem muito reduzida, os minerais são oligoelementos indispensáveis, já que a sua carência pode influenciar negativamente o nosso bem-estar e a nossa saúde.
Apesar de termos a possibilidade de os fornecer ao organismo através dos alimentos, em especial das frutas e das verduras, é provável que, ao ingerirmos poucas quantidades destes alimentos, estejamos a contribuir para a sua carência, pelo que, também os minerais ou oligoelementos nos podem ser fornecidos através de produtos químicos, em suplementos alimentares.

Flúor é indispensável para os ossos




O flúor é um oligoelemento imprescindível e um constituinte básico dos ossos, bem como dos dentes e ajuda à absorção do cálcio, essencial para o aumento do nível do mesmo no organismo.
Onde encontrar: Água fluorada, chá, café, soja, carne e crustáceos.

Magnésio para a boa disposição





Ajuda-nos a conservar a boa forma e a boa disposição, sendo um elemento que regula a actividade da bomba cardíaca, das células nervosas e dos músculos, evitando que se formem cálculos renais. Sintomas como cãibras e estado depressivo são sinais de carência deste oligoelemento.
Onde encontrar: Farelos, cereais integrais, aveia, cacau, nozes, beterraba, peixe, soja, bananas, maçã, chocolate, leite e levedura.

Zinco para sexo vigoroso



É um mineral que é indispensável, pela capacidade que tem de regular o funcionamento de certas enzimas, sendo muito importante para uma actividade sexual saudável. Actua, igualmente, como um excelente cicatrizante, pelo que é utilizado em cosméticos específicos, para peles acneicas com lesões cutâneas. Como tal, a pele ficaria seca e descamada sem a sua presença.
Onde encontrar: Cereais integrais, banana, cereja, uvas, leite, beterraba, crustácea, fígado, carne de vaca, ovos, carne de aves, levedura, batata e feijão.

Músculos tonificados com manganésio



Actua sobre a tonificação muscular. Juntamente com a vitamina B1, intervém no metabolismo dos carbohidratos e é indispensável ao funcionamento das enzimas. Intervindo nos processos reprodutivos, relaciona-se com os níveis de açúcar no sangue.
Onde encontrar: Nozes, cereais integrais, aveia, fígado, hortaliças de folhas verdes, ananás, leite, cerejas, cogumelos, chá, café e cacau.

Organismo purificado com enxofre





Existe nas células e é um depurador do organismo. É indispensável para as funções hepáticas em geral, porque participa na formação de parte dos compostos sulfurados que, ao entrarem em contacto com as substâncias tóxicas, as eliminam.
Onde encontrar: Brócolos e outras hortaliças verdes.

Iodo para conservar a linha




O iodo é necessário para a produção de uma substância chamada tireoxina, uma das hormonas que é produzida na tireóide. Ajuda a conservar a linha e encontra-se presente em climas marinhos e alimentos do mar. A sua carência dá origem a obesidade, desiquilibrio de peso e bócio. Como curiosidade, diremos que os banhos de sol moderados ajudam a aumentar o nível de iodo no organismo, um mineral indispensável para o bom funcionamento da glândula tireóide, aquela que regula o peso do corpo.
Onde encontrar: Alho, peixes do mar, crustáceos, sal iodado e tomate.

O cobre potencia a acção da vitamina C



Estimula a respiração celular e participa na formação de glóbulos vermelhos, quando associado ao ferro e ao cobalto; intervém na formação do pigmento capilar e funciona como catalisador das enzimas, relacionadas com a formação das fibras musculares e nervosas. Desenvolve, ainda, a actividade da vitamina C para aumentar as defesas naturais do organismo.
Onde encontrar: Fígado de porco e de vaca, rins, cacau, nozes, crustáceos, leguminosas secas, uvas, óleo de milho.

Potássio beneficia o controlo muscular



Já o potássio é um mineral que se associa ao sódio e é muito importante para o controlo muscular, incluindo o do músculo cardíaco, que intervém na estimulação dos impulsos nervosos; ajuda, ainda, a equilibrar a osmose e os níveis de água no organismo.
Onde encontrar: Batatas, leite, banana, maçã, ananás, laranjas, trigo, leguminosas secas, café, chá e cacau.

Coração forte com selénio



É reconhecido como um antioxidante e, por isso, o mineral da juventude. Participa no bom funcionamento do coração e mantém os tecidos elásticos. Relacionado com a vitamina E, parece ter uma acção preventiva contra certos tipos de cancro. Existindo em quantidade ao nível da retina, parece ser importante para a visão.
Onde encontrar: Peixe, crustáceos, gema de ovo, cereais integrais, alho, tomate, frango e outras carnes.

Ossos fortes com cálcio



Essencial para a formação e conservação dos ossos e dos dentes. Intervém na coagulação sanguínea, na transmissão nervosa e na contracção muscular e ajuda a regularizar a tensão.
Onde encontrar: leite e derivados, salmão, sardinhas, espinafres e brócolos.

Fósforo para o crescimento



Sendo o mais activo de todos os minerais, o fósforo existe em todas as células do organismo, especialmente necessário ao crescimento, à sobrevivência e à regeneração das células, intervindo na transmissão da energia e dos impulsos nervosos. É este mineral que transmite as características genéticas hereditárias.
Onde encontrar: Leite e queijos, peixes, carne, gema de ovo, leguminosas secas, frutos secos e oleaginosas, alho, cenoura, couve, limão e cacau.

C@rlos@lmeida
Fonte: Revista Ana
Texto: Helena Gameiro
(Fotos da Net)

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A Natureza a seu favor



Frutos Secos dão-nos energia

O seu consumo proporciona-nos mais força e vitalidade desde que ingeridos em pequenas quantidades ao longo do ano. Constituem uma fonte de energia, fornecendo-nos fósforo (ajuda o sistema nervoso), enxofre (melhora a pele), potássio (controla a obesidade) e ferro.

Amêndoas. Importante fonte de ferro e fósforo. O seu leite é recomendado para combater as diarreias e os eczemas.
Avelãs. Ricas em minerais, são muito energéticas. O seu leite tem propriedades similares às das amêndoas.
Amendoins. Ricos em tiamina, niacina e proteínas.
Castanhas. Ricas em água. Contém hidratos de carbono e são pobres em proteínas e em gorduras.
Nozes. Tornam-se muito energéticas devido ao seu alto conteúdo de gordura e proteínas.
Passas. Excelente efeito laxativo. O seu xarope é muito bom para a tosse.

C@rlos@lmeida
Fonte: Revista Guia

Júlio Iglésias

Estávamos em Novembro de 2003 e Júlio Iglésias dava uma das suas grandes entrevistas á Revista EGO. Actualmente o cantor tem 72 anos.

Aos 60 anos, este galã colocou à venda o seu paraíso na República Dominicana, um dos muitos que detém pelo Mundo. Para além disso, falou-nos da família com notório deleite e da sua vida regrada actual.


Conseguiu o que a maioria dos mortais nem sonha atingir. Admite que, olhando para trás, já não se deixa impressionar pelo seu currículo e é com a mesma ausência de falsas modéstias que reconhece ser um veterano em quase tudo. É por isto tudo que, ao fim de dois anos de interlúdio e sem grande aparato – seria necessário? – Regressa com o álbum intitulado Divórcio.


EGO: Não lhe bastou o ocorrido na sua vida privada para dar este nome ao novo disco?

Júlio Iglésias: O título do disco, nada tem a ver com o meu divórcio nem com nenhum outro! É apenas uma metáfora. Como compreenderá, a vida está cheia de pequenos conflitos, separações, enfim, divórcios que não são necessariamente maritais.
(Perspectivas da sala de jantar)




EGO: Mas não haverá um segundo sentido?

Júlio Iglésias: Tudo o que faço é profundamente equacionado. Baptizei o disco com este nome porque é, reconheço, um pouco provocatório. Sabia que haveriam de fazer este tipo de perguntas sobre ele.



(... da sala de estar...)



EGO: E, mais uma vez, as suas expectativas não saíram logradas.

Júlio Iglésias: Sim, mas o mais importante é que este disco diverte-me. Até porque tenho vindo a receber os melhores elogios dos últimos anos.



(...e um dos muitos quartos espalhados pela mansão)



EGO: Vendeu milhões de discos, deu milhares de concertos e recebeu inúmeros prémios. Posto isto, a vida continua igual?

Júlio Iglésias: É a mesma que cantei em La Vida Sigue Igual: Há sempre uma razão para viver, algo pelo qual vale a pena lutar, mas mudou substancialmente. A minha essência continua a mesma, mas o ambiente que me rodeia é totalmente diferente de quando escrevi essa canção.


(a grandiosa piscina exterior onde não faltam espreguiçadeiras de pedra)



EGO: Sessenta anos não são demais?

Júlio Iglésias: Gardel disse que 20 anos não eram demais, mas comparando-os com os meus, torna-se um número ridículo. Quando tinha 33 anos, intitulei um disco com essa idade, por pensar que esse seria o meio da minha vida. Agora caminho em direcção ao dobro e sinto que ainda há tanto para fazer.



EGO: Nesta altura, o que pede da vida?

Júlio Iglésias: Coisas muito rotineiras, como beber mais e melhor vinho, partilha-lo com os amigos e, acima de tudo, ver os meus filhos crescerem e os mais velhos a continuarem o sucesso que têm tido até esta altura.



(Pormenor da sumptuosa sala de estar onde predominam os azuis)



EGO: Tornou-se um melhor pai com a idade?


Júlio Iglésias: Penso ser um pai mais profissional, que diz mais vezes "sim" e menos "não". Sou igualmente um pai menos culpado e mais consciente, mas nem por isso com mais amor pelos mais velhos; o amor e as preocupações são sempre iguais para todos, sem previlégios.



(mais uma divisão onde sobressai a claridade dos sofás em contraste com as paredes em tom castanho)


EGO: O orgulho de pai também é repartido da mesma forma?

Júlio Iglésias: Tenho três filhos mais velhos com bastante sucesso, que eles próprios construíram. Tinham, claro, as portas abertas, mas souberam-nas aproveitar. Tenho também quatro crianças bem mais novas, às quais desejo tanto ou mais sucesso ainda. Tenho um orgulho gigantesco de todas elas.



(Um dos quartos pronto para receber os habituais convidados)


EGO: Como é o avô Júlio Iglésias?

Júlio Iglésias: A verdade é que não desempenho um grande papel a esse nível. Não porque não o deseje, apenas porque mal tenho tempo. A minha filha Chábeli toma muito bem conta do Alejandro. Não é suposto os avós educarem os netos, só servimos para consentirmos tudo deles e estraga-los com mimos. Gosto muito de ser avô.



EGO: Há alguns dias, disse-se que poderia ter um irmão, fruto da relação entre o seu pai e Ronna…

Júlio Iglésias: Se o meu pai me dissesse algum dia que eu tinha um irmão, dir-lhe-ia sem hesitar: “Pai, o que fizeste?”. Não me imagino com um novo irmão, mas do meu pai, contudo, posso esperar quase tudo!



EGO: Como se sente com 60 anos?

Júlio Iglésias: (risos) Tenho menos objecções à vida e menos vergonha na cara, mas não o posso descrever pormenorizadamente. Para tal, teria de me dar uma boa garrafa de vinho e deixar o gravador ligado durante a noite certa.


EGO: E o que nos revelaria?

Júlio Iglésias: Descobriria que eu não sou muito sensato, que não sou um cantor excepcional, que me considero com algum estilo, mas, acima de tudo, um grande profissional.


EGO: Foi tudo isso que fez com que Miranda se apaixonasse?

Júlio Iglésias: A Miranda é a mulher por quem eu sempre esperei. Estou muito apaixonado; ela é a mulher da minha vida, mas não quer casar comigo. Imploro-lhe todas as manhãs, mas é escusado. Foi amor à primeira vista, mas estamos mais apaixonados a cada dia que passa. Ela cuida muito bem de mim, vive para mim e para os nossos filhos, é a mulher perfeita que faz sonhar qualquer homem.



EGO: Fez de si um homem feliz?

Júlio Iglésias: Sem qualquer margem para dúvidas. Gozei grandes momentos na vida, também tive os meus tempos menos felizes, mas ela criou ao meu redor todo um ambiente de paz, tudo aquilo que sempre quis e nunca tive. Não posso ser injusto com nada nem com ninguém: a vida tratou-me muito bem e é nesses momentos de reflexão que penso ser um homem de muita sorte e alegria.

C@rlos@lmeida
Fonte: Revista Ego 07/Novembro/2003
Queen International
Amalia J. Enriques
Fotos: Revista Ego

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Vida de Caracol

São lentos, há quem os ache muito nojentos e quem os adore como petisco.


Não é costume dar-se muita importância àqueles pequenos moluscos rastejantes que temos no jardim ou vemos nos parques ou quintais. Por vezes até os pisamos sem querer. Outras vezes são servidos num prato, como petisco.
Há quem não lhes ache piada alguma, mas já existe quem os queira conhecer melhor. Foi isso que aconteceu em 2009, ano dedicado a Darwin e à evolução, com um estudo que tinha como finalidade contar as espécies de caracóis terrestres e examinar o seu polimorfismo, isto é, perceber se as suas características da concha são ou não importantes para a sua sobrevivência. Os resultados do estudo revelam, que em Portugal, predominam os Capaea nemoralis.
Sabe-se, também, que existem em maior número no litoral e que a sua presença quase não se nota no Algarve.
Entre os seus principais predadores figuram os tordos, aves que não são nada meigas na hora de comer os caracóis. Para lhes tirar a carapaça, os tordos têm de esmagá-la contra uma rocha ou uma superfície pedregosa.
E alguma vez imaginou que um pirilampo pode acabar com os caracóis? Pois é, aquele bichinho minúsculo injecta os ovos no corpo mole dos caracóis. Quando as larvas nascem, alimentam-se do corpo do caracol e este acaba por morrer.

Casinha Protectora

Sabias que a carapaça do caracol funciona como camuflagem, ou seja, serve para o proteger dos predadores, quando tem uma cor que não se distinga da vegetação e que o faça passar despercebido? Por exemplo, um caracol branco numa zona muito escura seria logo descoberto e, por isso, atacado. O clima e o tipo de solo têm uma grande influência na forma como o caracol consegue (ou não) sobreviver,mas também tem alguns predadores.

Curiosidades

- Um caracol-bebé tem a carapaça mole e demora três anos até ficar adulto.
- O corpo mole dentro da concha também tem a forma espiral e é lá dentro que se encontram o coração e o fígado do caracol.
- Os caracóis são herbívoros, alimentam-se de plantas e encontram-se em campos de cultura (nas zonas agrícolas) e, por vezes, em jardins escondidos. Também podem aparecer nas bordas dos caminhos, nos muros, ou debaixo de pedras.
- Na parte inferior da cabeça, existe a rádula, uma espécie de língua com a qual o caracol corta os alimentos.
- São os tentáculos situados na superfície da cabeça que permitem ao caracol sentir. Os olhos estão nas pontas dos tentáculos maiores e o olfacto nos tentáculos menores. Os caracóis não ouvem.
- São hermafroditas, isto é, possuem os dois sexos mas para procriar são precisos dois (um faz de macho e outro de fêmea).
- Acasalam em Maio e põem os ovos no Verão.
- A esperança de vida de um caracol é de 5 a 10 anos.

Texto: Andreia Fernandes Silva
Fotos: Ciência Viva/ IBMC
Fotos da Net
Revista Visão Júnior nº74 Julho2010

Evite as doenças de inverno

Não se deixe abater pela estação do ano mais rigorosa e pelos problemas que a acompanham: constipações, bronquites, gripe, cieiro e até, depressão. Siga os conselhos e prepare-se para responder!

Além dos problemas habituais ligados às mudanças súbitas de temperatura, á chuva e frio, o inverno pode, inclusivamente, estar na origem de depressões. Não se renda aos seus efeitos, previna-se da melhor forma e tudo correrá melhor.

Contra Bronquites, constipações e gripes

*Alimentos Picantes –
Porque ajudam a expulsar as mucosidades com maior facilidade. Se estiver disposto a arriscar o “impacto”, deite seis gotas de tabasco em meio copo de água e beba. Faz maravilhas. No entanto, tenha cuidado com os problemas de estômago;
*Canja de galinha – É uma das melhores formas de combater a tosse, pois alivia muito a expectoração;
*Chá com mel e limão – Alivia a congestão, além de ter excelente sabor;
*Vapores e banhos quentes – Pode fazer vapores com menta ou eucalipto ou tomar um banho quente quanto conseguir aguentar;
*Líquidos – Ajudam a expectorar. Ingira, no mínimo, seis copos por dia. A cafeína e as bebidas alcoólicas estão proibidas, por serem diuréticos, provocando a perda de mais líquidos.

Contra cieiro e problemas de pele

*Sabonetes gordurosos –
A par dos óleos de banho, os sabonetes com mais gordura são excelentes para fazer face aos problemas de pele;
*Manteiga de cacau – Para os lábios, é indispensável uma boa dose de creme de cacau. No entanto, para os casos mais graves, recomenda-se uma pomada de hidrocortisona de 0,5 por cento.

Sem depressões

*Corte nos doces – Sabia que o açúcar a mais na dieta pode estar na origem do desânimo? Se se encontra nesta situação, aumente a quantidade de hidratos de carbono e proteínas;
*Tome um bom pequeno-almoço – Os estudos demonstram que a falta de tiamina e vitamina B6 pode torna-lo irritável e depressivo. Coma cereais integrais e uma banana e beba sumo de laranja natural.

C@rlos@lmeida
Fonte: Revista Mulher Moderna nº662

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Alzheimer


13 Questões sobre a doença de Alzheimer

Trata-se de uma enfermidade que evolui de modo progressivo, assistindo-se ao seu evoluir durante mais de uma década. Passa assim por vários estádios evolutivos que vão desde a demência ligeira, em que predominam as perturbações de memória, até à severa, já com alterações da fala, da leitura, do vestir, do alimentar… ou seja, com uma grande perda de autonomia. O Dr. Celso Pontes, neurologista, explicou-nos um pouco mais detalhadamente em que constitui esta doença e pode ser diagnosticada e acompanhada clinicamente.

1 – Que é a doença de Alzheimer e o que a provoca?

É uma doença crónica que surge mais nas pessoas idosas, de inicio gradual e lentamente progressiva caracterizada por uma alteração da memória e terminando num estado de demência. Reconhece-se, por oposição à forma esporádica da doença, que em geral tem um inicio em idades mais precoces e uma evolução mais rápida. Sabe-se que há uma grande diminuição das células nervosas, os neurónios, e acumulação anormal de proteína designada por amilóide. Esta acumulação perturba o funcionamento das células. A causa da acumulação pode derivar de um aumento da produção ou uma dificuldade de eliminação, processos estes que levam à doença.

2 – Todos nós estamos sujeitos a poder, um dia, vir a sofrer dela?

Verifica-se que a doença de Alzheimer é mais frequente na população mais idosa. À medida que aumenta a nossa idade, aumenta também o risco de virmos a sofrer da doença. A sua prevalência é de menos de 0,1 por cento antes dos 50 anos e entre 10-30 por cento depois dos 85 anos. Assim sendo á partida, todos estamos sujeitos a desenvolvê-la, embora a grande maioria nunca venha a ser afectada.

3 – Podemos considerar a existência de grupos de risco?

Sim. Sabe-se hoje que existem mutações genéticas determinantes da doença e estão identificados genes responsáveis por cerca de 10 a 20 por cento dos casos da doença de Alzheimer. Para além desses genes causais, existem genes facilitadores da ocorrência das formas esporádicas da doença, como é o caso de um gene ligado ao cromossoma 19 e à produção de uma proteína designada apoliproteína E. para além dos idosos, outros grupos de risco há que foram apontados sem que tenha sido ainda possível estabelecer uma relação consistente. De facto pensa-se que a doença pode ocorrer porque existe uma predisposição genética mas só quando determinados factores externos ocorrem. Assim foram apontados como factores facilitadores da doença antecedentes tão diversos como: traumatismo craniano,
Doença vascular cerebral, um baixo nível de instrução, menopausa e outros, mas que não estão devidamente fundamentados.

4 – Que tipo de sintomas costumam ser os mais frequentes?



As pessoas afectadas perdem progressivamente a capacidade de memorizar os acontecimentos mais recentes da sua vida. Assim pouco a pouco, ficam com dificuldade em executar o seu trabalho normal, em se orientarem, reconhecerem outras pessoas ou saberem as datas, as horas. Mais tarde deixam de saber executar gestos, como os de se vestirem correctamente, ou se servirem apropriadamente dos talheres para se alimentarem. Em fases mais adiantadas os doentes são totalmente dependentes de outras pessoas para executarem as tarefas mais básicas do dia-a-dia e mais tarde ficam mesmo acamados.

5 – De que forma a doença evolui e, em média, em quanto tempo?

Trata-se de uma doença que evolui lentamente e de modo progressivo, embora por vezes surjam agravamentos mais bruscos e acentuados. Em geral o diagnóstico só é estabelecido cerca de dois anos após o início dos primeiros sintomas porque estes não são de imediato reconhecidos pelo doente ou seus familiares. Depois de diagnosticada, assiste-se ao seu evoluir durante mais de uma década. Como o agravamento é progressivo podem-se distinguir grosseiramente vários estádios evolutivos: a demência ligeira, em que predominam as alterações de memória; a moderada, também com alterações de memória importantes, alterações das funções intelectuais e diminuição da autonomia; e a demência severa, com alterações da fala, da leitura, do cálculo, do vestir, do alimentar e com grande perda de autonomia.

6 – Através de que meios é possível detectar esta doença?

Para detectar a doença é fundamental que a generalidade das pessoas saiba que ela existe e que as suas primeiras manifestações são graves perturbações da memória. Por outro lado, recordar que é uma doença que afecta as pessoas em geral após os 50 anos, mas mais frequentemente os idosos. Assim, os familiares e amigos, e os próprios doentes, ao notarem alterações das capacidades intelectuais devem solicitar ajuda médica para esclarecer a situação.

7 – Qualquer médico está apto a fazer o diagnóstico ou existem especialidades próprias?

Qualquer trabalho deve ser feito por quem tenha conhecimentos e competência para o fazer. Qualquer médico que esteja familiarizado com a doença poderá estabelecer o diagnóstico e é bom que assim seja, para mais rapidamente se detectarem estas situações. De qualquer modo, devido à sintomatologia que os doentes apresentam e sobretudo para excluir outras causas de demência, algumas delas com tratamentos diferentes, é desejável que todos os doentes sejam observados por um médico neurologista.

8 – Não existe ainda um tratamento que a cure em definitivo?

Ainda não existe um tratamento curativo para a doença. Isto não significa que os doentes não tenham tratamento, pois apesar de não se poder curar definitivamente é hoje possível fazer tratamento dos sintomas e assim “atrasar” a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida dos doentes. Nos últimos anos surgiram medicamentos capazes de influenciar e é provável que num futuro próximo surjam outros medicamentos, ou tratamentos, que permitam modificar a evolução da doença.

9 – Que meios complementares de diagnóstico podem ser usados para se confirmar o diagnóstico?

O diagnóstico de demência de Alzheimer baseia-se em critérios clínicos definidos pelo DMSIV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders). Existem testes de avaliação do estado metal. Um dos mais conhecidos e também mais simples é o MMSE (Mini Mental State Examination). Este teste permite despistar a doença mas não estabelece o diagnóstico. Outros testes de avaliação irão caracterizar melhor a demência e definir as perturbações da memória, da linguagem, da capacidade de execução e da capacidade de aprender e conhecer. Por outro lado o exame neurológico e alguns dos exames como o electroencefalograma, a tomografia computorizada e a ressonância magnética, entre outros, ajudam a confirmar a hipótese clínica e, sobretudo, a excluir outras causas de demência. Não são correntemente utilizadas as análises de tipo “marcador biológico”, isto é, que sejam indicativas da doença. Embora pareça confirmado que os doentes têm uma elevação da proteína Tau no líquido meníngeo, não é prática corrente efectuar-se esta determinação porque até agora a sensibilidade e especificidade do teste como diagnóstico não demonstra ser superior à avaliação clínica.

10 – Em que especialidade médica deve o doente ser seguido?

O acompanhamento destes doentes, devido à complexidade do quadro clínico, deve ser feito por uma equipa multidisciplinar, desde o psiquiatra, o neuropsicologo, e o internista até aos terapeutas ocupacionais e enfermeiros de reabilitação. Se o neurologista tem um papel central no seguimento destes doentes para avaliar a evolução e orientar o tratamento, é importante que possa sempre haver o concurso de outros profissionais de saúde. Em cada momento todas as necessidades do doente devem ser supridas pelo profissional que estiver mais habilitado para o fazer.

11 – Os familiares dos doentes recebem algum tipo de apoio médico para que eles próprios aprendam a lidar com a doença e com a pessoa que dela sofre?

O médico e os outros profissionais de saúde informam os interessados sobre a doença e sobre o doente. Mas os familiares podem também pedir informação e apoio, moral e material, à Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer (APFADA) que tem sedes em Lisboa, Coimbra e Porto. Esta Associação desenvolve há vários anos um esforço de divulgação do conhecimento da doença e da formação em especial para os cuidadores dos doentes. Junto dela é possível obter esclarecimentos vários sobre as ajudas sociais disponíveis e partilhar problemas resultantes da vivência com os doentes.

12 – Pode Morrer-se vítima da doença de Alzheimer?

Sim. A doença segue o seu curso e ao fim de alguns anos leva à morte. Podem também surgir infecções ou outros problemas médicos que se não forem devidamente tratados levam à morte mais cedo. Devemos todos assumir, no entanto, que estes doentes, apesar de prognóstico fatal, merecem o nosso carinho e respeito pela sua dignidade de ser humano, e serem tratados no sentido de lhes ser proporcionada a melhor qualidade de vida possível.

13 – Em Portugal há ideia de quantos doentes existem vítimas desta enfermidade?

Foram efectuados estudos nesse sentido que era importante ter essa informação, quer do ponto de vista da saúde, quer do ponto de vista económico. Tendo em conta a prevalência e adaptando-a a cada faixa etária da população existente chegou-se a um número da ordem do 50 a 60 000 doentes.

C@rlos@lmeida
Fonte: Revista GUIA
Coordenação: Paula Sentieiro