Cuidado
com os excessos
Mais de 90 por
cento dos portugueses consomem cafeína diariamente e um terço da população
chega mesmo a beber café em excesso. Conheça os números em pormenor, saiba as
respostas às dúvidas mais frequentes e siga os conselhos que evitam malefícios
para a sua saúde.
O café, o chá e as bebidas de cola são as formas mais
habituais de ingestão de cafeína. E, vendo as coisas com clareza, quem é que
não gosta de um café a seguir à refeição, uma cola fresquinha para “matar” a
sede ou um chá bem quente nos dias frios?
De acordo com um estudo efectuado em cinco países
europeus (Portugal, Espanha, Itália, França e Bélgica), sobre a cafeína e as
suas repercussões na saúde, no qual a DECO/PROTESTE colaborou, 92 por cento dos
portugueses consomem bebidas com cafeína. Em Portugal, os principais
consumidores de refrigerantes com cafeína e de bebidas energéticas são os
jovens entre os 15 e os 25 anos, enquanto que o café e o chá são consumidos por
pessoas com idades acima dos 25 anos. Mas será este consumo excessivo? Na
verdade, os n´meros no nosso país são considerados moderados (cerca de dois a
três cafés por dia), uma vez que cerca de 63 por cento dos portugueses consomem
diariamente o máximo de dois cafés. Contudo 27 por cento abusa da cafeína.
Mitos ou realidade?
Perante a cafeína há quem veja virtudes, enquanto
outros apontam problemas. Mas será que estamos mesmo informados?
Importa desmistificar alguns mitos:
A
cafeína é psicologicamente estimulante?
Não está provado. Os consumidores acreditam que
melhora o desempenho, mas não existem estudos que sustentem esta crença. O
estímulo sentido reflecte apenas a anulação dos efeitos negativos provocados
pela falta de cafeína a que o corpo está habituado.
Afasta
o sono?
Não está provado. As pessoas dizem que sim, mas não
há estudos que comprovem.
Aumenta
a tensão arterial?
Sim. A ingestão de cafeína provoca um aumento da
tensão arterial. Mas não se pode afirmar que potencia o desenvolvimento da
hipertensão. Em todo o caso, quem sofre desta doença deve moderar o consumo.
Devem
evitar-se excessos durante a gravidez?
Sim. O consumo elevado durante a gravidez está
associado a atrasos de crescimento no feto e ao baixo peso dos recém nascidos.
O consumo excessivo está também associado a um aumento de probabilidade de
aborto espontâneo. Deve-se evitar o consumo durante a gravidez.
Provoca
Cancro?
Não está provado. Alguns estudos defendem que o
consumo de cafeína pode ter um efeito protector em determinados tipos de
cancros (ex. cólon), mas outros indicam que pode aumentar o risco (ex.
pâncreas). Não se encontrou uma relação inequívoca entre cancro e consumo de
café, registando apenas indícios.
Produz
efeitos benéficos em algumas doenças?
Sim. Estudos revelam que o consumo diário de cafeína,
se moderado, pode ter um efeito protector em relação à doença de Parkinson ou
ao desenvolvimento, entanto, um consumo excessivo, associado a uma alimentação
pobre em cálcio, pode prejudicar a densidade óssea das mulheres na menopausa.
Conselhos
importantes
Se aprecia café, chá ou bebidas à base de cola, não
esqueça que:
Moderação é a palavra de ordem. Isso corresponde a um
máximo de 300 miligramas por dia, o equivalente a dois ou três cafés. Mas nem
todas as pessoas toleram esta quantidade.
As pessoas mais sensíveis à cafeína devem evitar
bebidas com esta substância ou optar por tipos de café com menos cafeína, como
o arábico, ou mesmo o descafeinado.
Se pretende reduzir a dose de cafeína que consome por
dia, deve fazê-lo de forma gradual. A interrupção brusca pode provocar
mal-estar.
Se estiver grávida evite a cafeína ou reduza ao
mínimo o seu consumo.
As crianças devem ter cuidado na ingestão excessiva
de cafeína, pois pode estar na origem de alterações de comportamento.
De
que depende a quantidade de cafeína?
No café
Depende da quantidade de café utilizado, do modo de
preparação, já que as máquinas de café expresso e as com filtro fazem um café
com o dobro da cafeína daquele que é feito nas cafeteiras expresso, e também da
variedade do café utilizado.
Nos
refrigerantes
Quem define a quantidade de cafeína nas bebidas
refrigerantes é o próprio fabricante; a concentração desta substância varia de
país para país.
No
chá
A concentração de cafeina no chá depende do tempo que
está em contacto com a água e, á semelhança do café varia de acordo com o modo
de preparação, a quantidade e a variedade utilizada.
Fonte: Revista “Teste saúde” nº 50
Agosto / Setembro 2004
CarlosCoelho