sexta-feira, 11 de março de 2016

Tigre Instinto

Dentes de sabre eram só para impressionar

 
Serviam mais para impressionar do que para morder os dentes de sabre do tigre que os ostentava. Investigadores australianos concluíram, a partir da análise do crânio do felino extinto, que a força da mordida dele equivalia apenas a um terço da que tem um tigre moderno quando fecha a boca. Smilodon, ou Esmilodonte popularmente conhecido como Tigre-dentes-de-sabre, é um felino extinto, pertencente à subfamília Machairodontinae.

Apesar de comum, esta nomenclatura é incorrecta, porque o Smilodon não é um antecessor do tigre, nem lhe está directamente associado. O Smilodon surgiu no Plioceno (três milhões de anos atrás), sendo provavelmente um descendente do dente de sabre mais antigo Megantereon, e viveu na América do Norte e América do Sul até há dez mil anos.

Era estritamente carnívoro, e os seus dentes caninos superiores podiam medir até vinte centímetros de comprimento. Possuía uma articulação especial da mandíbula que a permitia abrir num ângulo de até 95°. Esta capacidade permitia ao animal, que possuía patas dianteiras extremamente musculosas para imobilizar a presa, morder na garganta da sua vítima que rompia rapidamente os vasos sanguíneos e fechava a traqueia, acelerando a morte e evitando cuidadosamente uma mordida na coluna, o que faria com que os caninos se partissem ao chocarem-se contra ossos. Por outro lado, os incisivos destes animais encontravam-se projectados para a frente, para permitir-lhes cortar a carne de suas presas já mortas sem lesionar os seus caninos, o que fazia com que estes felinos apresentassem uma face mais comprida do que as espécies modernas do mesmo porte. Há evidências de que os Smilodon tivessem um comportamento de grupo, semelhante ao dos leões, dado que exemplares fósseis apresentam fracturas consolidadas, evidenciando que possam ter partilhado de presas abatidas por outros exemplares da espécie até se curarem de suas lesões.

Fonte: Revista Domingo Magazine
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Fotos da Net
© Carlos Coelho

quinta-feira, 10 de março de 2016

Azul Shirasu

Jun Shirasu


A poética da nostalgia

As obras de Jun Shirasu (1965) mais reconhecidas em Portugal encontram-se na estação ferroviária de Palmela: uma série de painéis de azulejos, onde a côr principal é o azul, que o artista japonês cria com óxido de cobalto, chá japonês e outros pós secretos. O azul é, para Shirasu, uma linguagem universal estabelecida com a chegada dos Portugueses a Tanegasahima, em 1543. O nome japonês significa «ilha da semente»; Shirasu aproveita esta etimologia para marcar, no título da mostra, o seu regresso a Lisboa e convocar a lembrança do passado luso-nipónico. A tradição é marca importante deste trabalho, pois Shirasu, professor de gravura em Tóquio, considera que a revolução do modernismo na arte japonesa aconteceu com a chegada dos portugueses – que revelaram ao Oriente a pintura Europeia renascentista. O azul de Shirasu é claro, aguado, espesso, escuro… tinge completamente o azulejo ou toca-o serenamente.

Fonte: Revista Visão
Autor do Texto: Cláudia Almeida
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Fotos da Net
© Carlos Coelho
 

quarta-feira, 9 de março de 2016

Lua

Satélite natural da Terra

 
Conhece bem a lua? Aqui ficam algumas curiosidades

Quando surgiu:
Provávelmente à 4,6 biliões de anos, tal como a terra.

Temperaturas:
Chega a atingir 100ºC em alguns pontos à superfície. As temperaturas máximas atingem 117ºC de dia e 171ºC à noite, em locais distintos.

Curiosidades:
A Lua é o satélite natural da Terra e nela reflecte a luz que recebe do sol, de forma diferente, dependendo da posição em que se encontra.

Fases:
Lua Nova, Quarto Crescente, Lua cheia e Quarto Minguante.

O solo lunar:
É formado de pedras mais ou menos soterradas numa camada de poeira feita de fragmentos rochosos reduzidos a pó. Sob a poeira estende-se uma camada de rochas fragmentadas.

Características Físicas:
Diâmetro médio 3,476 km, Massa 73,4.1021kg, Volume 22,109km3 .


Fonte: Revista DN
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Fotos da Net
© Carlos Coelho

terça-feira, 8 de março de 2016

Para que serve a pele?

Fica a saber as características e funções da pele


1 – Cobrir todo o corpo

2 – Serve para proteger os nossos órgãos que estão dentro co corpo.

3 – É fininha, mas forte, elástica e muito resistente.

4 – Pode magoar-se, queimar-se com o sol, ficar com um arranhão ou mesmo uma ferida e pode ficar vermelha e a sangrar.

5 – Precisa de cuidados: creme para as queimaduras e desinfecção para as feridas.

6 – Sempre que a pele se magoa e volta a sarar fica uma marca que se chama cicatriz.

7 – A pele não é da mesma cor para toda a gente.

8 – Quem é mais escuro é mais resistente ao sol, mas quem é mais branquinho demora muito tempo a bronzear-se.

9 – Já repararam que às vezes as pessoas mudam de cor? Se estão assustadas ficam brancas e se estão envergonhadas ficam vermelhas por exemplo:

10 – Estas mudanças de cor acontecem por causa do sangue que temos por baixo da pele que circula a velocidades diferentes conforme o nosso estado de espírito.

Fonte: Revista Correio Domingo
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Fotos da Net

© Carlos Coelho

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Lenda da Moura de Salir

Lenda da Moura de Salir


A vila de Salir no Algarve, deve o seu nome à filha do governador de Castalar, Aben-Fabília, que fugiu quando viu o seu castelo ameaçado pelo exército de D. Afonso III. Antes de fugir, o governador enterrou todo o seu ouro, pensando vir mais tarde resgatá-lo. Quando os cristãos tomaram o castelo encontraram-no vazio, à excepção da linda filha do governador que rezava com fervor e que tinha preferido ficar no castelo, e morrer, a “salir”. De um monte vizinho, Aben-Fabília avistou a filha cativa dos cristãos e com a mão direita desenhou no espaço o signo de Saimão, enquanto proferia umas palavras misteriosas. Nesse momento, o cavaleiro D. Gonçalo Peres, que falava com a moura, viu-a transformar-se numa estátua de pedra. A notícia da Moura encantada espalhou-se pelo castelo e um dia a estátua desapareceu. Em memória deste estranho fenómeno ficou aquela terra conhecida por Salir, em homenagem, pela coragem de uma jovem moura. Ainda hoje no algarve se diz que em certas noites a moura encantada aparece no castelo de Salir
 
(É o mais importante monumento de Salir. Construído em taipa no séc. XII pelos berberes Almoádas, restam-lhe hoje alguns torreões, parte da muralha, no chamado “muro da sabedoria” e parte das casas que ai foram construídas.)

Fonte: Revista Domingo Magazine
Fotos da Net
© Carlos Coelho

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

A Bandeira Nacional

A bandeira nacional

Descubra porque é que a nossa bandeira é verde e vermelha e mais coisas.
Quando surgiu?
- a 19 de Junho de 1911

Como é?
- é dividida na vertical com duas cores fundamentais: verde escuro do lado esquerdo e vermelho à direita.

Qual o significado das cores?
- o vermelho é a cor de força, coragem e alegria e representa o sangue derramado pelos portugueses;
- o verde, a cor da esperança e do mar, foi escolhida em honra de uma batalha  onde esta cor deu a vitória aos portugueses.

Como é o centro?
- tem o Escudo das Armas Nacionais, e a esfera Armilar Manuelina, em amarelo e avivada de negro, simbolizam as viagens dos navegadores portugueses pelo Mundo, nos séculos XV e XVI.

Qual é o significado das outras cores?
- o branco representa a paz;
- as quinas, a azul, representam as primeiras batalhas, na conquista do País (diz-se que são uns cinco reis mouros vencidos na Batalha de Ourique por D. Afonso Henriques);
- cada quina contém cinco pontos brancos; as cinco chagas de cristo que ajudou D. Afonso Henriques a vencer esta batalha;
- os sete castelos amarelos representam os castelos tomados aos mouros por D. Afonso III.

Fonte: Revista Domingo
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© Carlos Coelho

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Liverpool

Liverpool

Liverpool, uma das cidades mais carismáticas de Inglaterra. Ancorada na margem norte do estuário do Rio Mersey, no noroeste do país, a pouco mais de 50 km da vizinha Manchester, esta grande cidade portuária não costuma fazer parte dos roteiros turísticos portugueses.

E é pena porque Liverpool é muito mais do que o berço dos lendários ‘The Beatles’ e do famoso clube de futebol.
 
Trata-se de uma cidade populosa (cerca de meio milhão de habitantes) cheia de história, pergaminhos e bens culturais… que, apesar do tradicional nevoeiro e do robusto legado patrimonial vitoriano, não é um lugar tipicamente inglês, tão profunda foi (e continua a ser) a influência Irlandesa e escocesa na matriz da cidade. Para aqui fugiram milhares de irlandeses por altura da Grande fome e por aqui se fixaram outros milhares de escoceses quando as docas do porto fervilhavam de movimento e requeriam mão-de-obra barata.

 
(Pier Head )
 
O porto de Liverpool já era um dos mais movimentados do mundo antes de se tornar peça chave na hegemonia marítima e comercial do vasto Império Britânico. A cidade tornou-se uma potência mercantil de primeira ordem – por exemplo, o desafortunado paquete Titanic estava registado em Liverpool – e quando o império se esfumou. Liverpool soube aproveitar os despojos desse tempo de glória em benefício dos habitantes.

 
(The liver)
 
Com vastas áreas reconvertidas em espaços de passeio e lazer, a frente ribeirinha de Liverpool é hoje um dos ‘waterfronts’ mais notáveis da Europa; o troço mais famoso e verdadeiro ‘coração’ de Merseyside é o chamado Pier Head e o seu famoso horizonte urbano denominado pelo conjunto arquitectónico ‘Liver Birds’. O Pier Head, o porto de Liverpool e os edifícios ‘ The Liver’ e ‘The Cunard’ foram, aliás, declarados Património Mundial pela Unesco.(The Liver)

(The Cunard)
Outra atracção é a Albert Dock, plena de bares e restaurantes sofisticados. Liverpool também oferece um espólio arquitectónico e cultural surpreendente para quem pensa que a Inglaterra se resume ao magnetismo de Londres.(the Cunard)
 
 
(Albert Dock)
 
Com mais salas de teatro, cinemas, museus, galerias e edifícios históricos classificados do qualquer outra cidade das ilhas britânicas (à excepção de Londres), a história de Liverpool está intimamente ligada á cultura e ás artes performativas que encontraram terreno fértil no espírito rebelde, criativo e humorado que historicamente caracteriza os seus habitantes – os ‘scousers’.

A cidade é um bastão da poesia e da música britânica desde os anos sessenta e recebe milhares de visitantes entusiastas dos ‘Beatles’ e o inconfundível ‘Merseybeat’, hoje presente em novas bandas como os ‘The Coral’ e os ‘The Zutons’.

Fonte: Revista Domingo (Correio da Manhã)
Texto: André Pipa
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© Carlos Coelho

sábado, 2 de janeiro de 2016

A Origem do Templo de Jerusalém

Identificada pedreira de onde vieram os blocos que ainda hoje estão no muro.
 


 Arqueólogos israelitas sustentam ter descoberto a pedreira de onde, há dois mil anos, foram retiradas as pedras usadas na edificação do Templo de Jerusalém, algumas das quais permanecem nas fundações do Muro das Lamentações, local sagrado do Judaísmo. São blocos com mais de dez metros e cinco toneladas de peso. A pedreira, explorada no tempo do rei Herodes, o Grande – que reinou entre os anos 40 a.C. e 4 -, situa-se a cerca de cinco quilómetros do santuário, dentro do que é actualmente um bairro ultra-ortodoxo de Jerusalém.
 
Fonte: Revista Domingo Magazine
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© Carlos Coelho

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Conheça os insectos mais incriveis do Planeta

Num concurso de beleza de insetos presidido por um grumo de entomólogos que destacou alguns exemplares pela sua raridade e encanto clássico. Não é novidade que estamos rodeados destas espécies de dia e de noite, mas será que paramos um minuto para lhes prestar atenção?
 
Apesar de a beleza ser relativa, destaca-se o Chrysina, ou escaravelho dourado da Costa Rica, uma verdadeira jóia pelos seus tons metálicos e efeito-espelho.
 
Entre... 750 mil espécies distintas, realçadas por aspectos como a cor, a peculiaridade, a forma e raridade, figuram ainda no pódio das mais belas o “dragão escarlate”, ou Crocothemis erythraea,
 
 
Uma libelinha do sul da Europa e Norte de África; o Cyphonia trífida, semelhante a um touro com um toque surrealista;
 
 
Um louva-a-Deus da Malásia: e a bela mariposa Graellsia isabellae, em risco de extinção.
 

 
 Fonte: Revista Domingo Magazine
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© Carlos Coelho

sábado, 1 de agosto de 2015

Elizabeth Taylor

1932-2011

A última das estrelas



Bela e perturbadora. Sexual. Apaixonada. Inteligente e sensível. “Liz” era a última das grandes estrelas da época áurea de Hollywood. Morreu em 23 de Março, em Los Angeles, aos 79 anos. Ficará para a eternidade como um milagre de luz e sombras. For ever ande ver.



No imaginário de século XX, as estrelas de cinema assumiram, durante muito tempo, o papel de semideuses, reflexo transposto de uma imagem distante e ideal dos nossos desejos mais secretos:
Transformámos em símbolos sexuais figuras como Clark Gable, Jean Harlow, Humphrey Bogart, Marilyn Monroe, James Dean, ou, em tempos de escassez como os presentes, Sharon Stone, Brad Pitt, Tom Cruise e Julia Roberts, projectando no grande ecrã fantasmas e desvarios.


Estes ídolos (até no sentido religioso do termo) cinematográficos cumpriam, na época áurea de Hollywood, funções hiperbólicas, que nunca mais se repetirão da mesma forma: Greta Garbo era a Divina, Marlene Dietrich possuía as mais belas pernas do universo, Ava Gardner era “o mais belo animal do mundo”, o casamento de Rita Hayworth com Ali Khan revestia-se de modulações de contos de fadas, tal como o de Grace Kelly com Reinier do Mónaco perpetuava a actualização possível da história da Cinderela que encontrava o seu príncipe encantado, a fim de viver (in) feliz para sempre.


Elizabeth Taylor, resistente desse esplendor passado, para muitos a última das estrelas, uma vez que a queda do sistema dos estúdios, a partir de finais dos anos 50, virou tudo do avesso, ganhou uma particular importância no universo estelar que os americanos exportaram para o mundo inteiro: primeiro revelou-se como a menina-prodígio, pura e casta companheira de Lassie e de cavalos de corrida, bem como de Mickey Rooney, Roddy McDowall ou outros adolescentes bem (ou mal) comportados, evoluindo depois para ficções mais ou menos cor-de-rosa, com o seu rosto perfeito de bonequinha e uns deslumbrantes olhos violeta a decorarem adaptações de romances como Mulherzinhas (Mervyn LeRoy,1949), ou comédias sentimentais como o Pai da Noiva (Minnelli, 1950), prolongado pela sequela O Pai é avô (1951).


Na primeira metade dos anos 50, atinge o apogeu da sua incandescente fotogenia em filmes de aventuras – Ivanhoe (Thorpe, 1952), Na senda dos Elefantes (Dieterle,1954), - melodramas – Rapsódia (Charles Vidor, 1954), A última vez que vi Paris (Richard Brooks, 1954) – ou num western épico – Gigante (George Stevens, 1956), - para, no final da década, adquirir uma beleza perturbante, progressivamente sexuada – Gata em Telhado de Zinco Quente (Brooks, 1958), Bruscamente no Verão Passado (Mankiewicz, 1959) ou O Número do Amor (Daniel Mann, 1960) que lhe trouxe um óscar para a interpretação de uma prostituta de luxo, muito menos complexa do que  as anteriores heroínas de Tennessee Williams ou mesmo a menina de alta sociedade presa nas malhas de uma tragédia americana, em Um Lugar ao Sol (Stevens, 1950).



Cleópatra, o paradigma

E chegamos ao seu papel paradigmático (para o melhor e para o pior, o ponto de viragem numa carreira recheada de êxitos), o da controversa rainha do Egipto em Cleópatra (Mankiewicz, 1963), apaixonada por dentro e por fora do ecrã pelo Marco António de Richard Burton.


Aliás, o tormentoso romance com Burton vinha culminar uma tumultuosa vida sentimental que os cronistas de escândalos e as revistas de fãs de há muito registavam: desde imaculada noiva do herdeiro da fabulosa fortuna dos Hilton, a inconsolável viúva do megalomaníaco produtor Mike Todd, por amor do qual até se convertera ao judaísmo, passando por um discreto casamento com o actor britânico Michael Wilding.

 

Em 1959. A Taylor afrontava todas as hipócritas ligas de coerência ao “roubar” Eddie Fisher a uma outra estrela, de perfil romântico e ingénuo, a Debbie Reynolds de Serenata à Chuva e de tantos outros musicais tecnicoloridos da MGM. Por via desta traição a uma amiga pessoal, agravada pelos sórdidos episódios subsequentes com que a imprensa se divertia a denegrir o casal Burton (o tumultuoso divórcio, seguido de segundo casamento, as olimpíadas bebedeiras, a paixão de ambos por fabulosos e gordos diamantes), Elizabeth Taylor perdera o estado de graça de princesinha de Hollywood, criada pelos estúdios a fim de melhor a promover, e substituía a figurinha grácil e lendária por uma matrona precocemente envelhecida, gorda e flácida, que predominava nos filmes engendrados à medida do “infame” par – Hotel Internacional (1963), Adeus Ilusões (Minnelli, 1965), A Fera Amansada (Zeffirelli, 1967) -,culminando no inacreditável da sua “decadência”, em que se mostrava uma actriz de inesperados recursos (“feia”, agressiva, maior que o mito) e recebe o segundo (merecidíssimo) Óscar.


Inteligente e sensível

Por detrás desta imagem estereotipada de insaciável devoradora de homens, ficara ocultada a mulher inteligente e sensível, amiga de toda a vida de Montgomery Clift (desde que por ele se apaixonara em 1950, durante a rodagem de Um lugar ao Sol), figura torturada de homossexual semiassumido, numa Hollywood puritana e intolerante. Esta outra Taylor emerge, precisamente, quando impõe Clift como seu parceiro em Reflexos num Olho Dourado (John Huston, 1967), oferecendo-se o seu cachet milionário à laia de caução do amigo em queda livre. Clift morre entretanto, substituído por Marlon Brando, mas Taylor não desiste e cria a fundação Clift, colabora com a Associação Americana para as Doenças do Coração, bem como a Sociedade Britânica das Crianças Deficientes Mentais.


Alguns biógrafos destacam esta actividade “caritativa”, enquanto outros discutem a sua coerência, incluindo a dadiva de um famoso diamante e doações monetárias a hospitais para criar alas especiais com o nome da estrela, falando de uma desesperada tentativa de contrabalançar o fim inexorável da sua carreira fílmica (a fatídica barreira dos cinquenta anos para as actrizes hollywoodianas) com uma controversa visibilidade filantrópica.



No entanto, quando Rock Hudson, outro amigo de longa data (desde os tempos de Gigante) assumiu publicamente, perto da morte provocada pela sida que o assassino silêncio da administração Reagan ignorara, a sua homossexualidade, Elizabeth Taylor saltou de novo para a linha da frente, emprestando o seu nome à luta contra a doença e contra o obscurantismo hipócrita que possibilitara a sua propagação.
Se uma estrela como Rock Hudson, outrora síbolo sexual de uma masculinidade assertiva, inventada por Hollywood, dera visibilidade a uma causa, “Liz” Taylor deu a mais valia do seu nome à feroz denúncia então desencadeada.

Já no final da década de oitenta, entrevistada por Terry Wogan no seu talk show da televisão britânica, Elizabeth Taylor provoca um silencio gélido ao recusar manter o seu papel de mulherzinha estupida, mostrando o enorme anel de diamantes e falando do que o publico voyeurista e o entrevistador queriam ouvir – bisbilhotices do seu romance com Burton e outras tantas frivolidades: em vez disso, a estrela solidária e afirmativa, peremptória, que Hollywood e a Broaddway não teriam nunca existido sem a contribuição dos muitos artistas homossexuais, atraiçoados por um péssimo actor, Ronald Reagan, e pela hipocrisia de uma sociedade que ele instrumentalizara para defender o indefensável. Sempre que se invocavam as vitimas da sida, lá estava, na ribalta, a atrair as câmaras com o seu nome e a mostrar como o tão propalado escapismo de Hollywood possui limites evidentes e desejáveis.


Entretanto a sua carreira cinematográfica chegara, de facto, a um impasse, uma vez que o relativo fracasso de duas grandes produções realizadas por Joseph Losey – Boom e Cerimónia secreta (ambos de 1968) – a haviam condenado a episódicos protagonismos em filmes sem grande representatividade: X,Y e Z (Brian Hutton, 1971, ao lado de Michael Caine), Por que Morre o Nosso amor (Larry Peerce, 1973, parecendo mais velha do que Henry Fonda, apesar de ser 27 anos mais nova- nascera em Londres, filha de pais ingleses, em 1932, sob o signo de Peixes) ou o inominável O Outono da Vida (1974), realizado em Itália por Patroni Griffi.




Para a eternidade

O gigantesco fiasco da superprodução americano-soviética O Pássaro Azul (George Cukor, 1976) fez o resto e nem o prestígio de um elenco de luxo (além dela, Rock Hudson, Tony Curtis, Kim Novak, Angela Lansbury, ou Geraldine Chaplin) resgatou o Espelho Quebrado (Guy Hamilton, 1980), mediana adaptação de Agatha Christie, do triste papel de canto-do-cisne. 


Depois disso, quase só televisão – desde três episódios da eterna e sacrossanta soap opera General Hospital (1981), até ao regresso a Tennessee Williams em O doce Pássaro da Juventude (1989), passando pelo papel de Louella Parsons, no venenoso Malícia no País das Maravilhas, ou pela série Norte e Sul (ambos de 1985) – e uma desastrosa incursão pelo teatro da Broadway, em The Little Foxes, de Lillian Hellman. A última vez que a vimos no grande ecrã foi já num papel secundário em Os Flintstones (1994), muito, muito longe dos esplendores de outrora.
O que ficou deste longo percurso cinematográfico de mais de 50 anos? Desta vida cheia, iniciada em 1932? Uma beleza deslumbrante, resultante de uma química inexplicável operada pela luz e pelo olho da camara. 


Uma voz quebrada, frágil, inconfundível, a contrastar com uma força anímica única, que triunfou sobre tudo: inúmeras doenças graves, entradas e saídas de clinicas de recuperação de alcoolismo, mudanças de peso e de imagem, incontáveis operações plásticas, múltiplas mortes anunciadas, tenebrosas campanhas de imprensa para a arrasar.


Bastariam os close-ups em Um lugar ao Sol, poucos fotogramas da sua maggie (em gata…), o seu solilóquio final em Bruscamente…, a imponente entrada em Roma de Cléopatra, ou a Fúria “sanguinária” em Quem Tem Medo de Virgínia Wolf? Para a instituírem como mito vivo e imperecível, maior do que a natureza, mais vulnerável do que o seu estatuto de estrela das estrelas. Aliás esta dimensão não se explica; é um fenómeno que escapa a qualquer racionalização. A Taylor ficará para a eternidade como um milagre de luz e sombras, de cor e carne virtual, captando em celulóide e projectado no ecrã, bela e perturbante for ever and ever.


Toda a Taylor, em dez filmes

O Regresso – Lassie Come Home (1943)

Infantil, linda de morrer e com um olhar doce e ingénuo nos ultrapassáveis olhos cor de violeta. Com uma ternura magoada, a voz de Taylor já possui os requebros que a tornarão famosa, dando a entender a força magnética de estrela, que possuía como poucos. Tudo isto, acrescido de uma realização simples e eficaz e de uma fotografia brilhante em glorioso tecnicolor, faz do filme um clássico do género.

O Pai da Noiva (1950)


A Taylor juvenil, noiva da América, numa comédia familiar sob a chancela de Minnelli, como filha casadoira de Spencer Tracy e Joan Bennett. Estraordinário o modo como exibe a sua graça virginal, no momento do seu primeiro casamento com o herdeiro da fortuna Hilton, como se a noiva fílmica possuísse vagos ecos autobiográficos, a iniciar o mito. Inesquecível o modo como caminha, vestida de noiva, como se deslizasse no espaço, ligeira como uma pluma, a mostrar os seus dotes pouco explorados de comediante.

Um Lugar ao Sol (1951)


A maioridade como actriz, frágil e vulnerável, no primeiro encontro com Montgomery Clift, o seu parceiro ideal, belo como ela e infinitamente mais ambíguo. Famoso e espantoso beijo entre ambos, em close up, um dos mais bonitos da história do cinema: por muito mal que se continue a dizer de George Stevens, Um Lugar ao Sol é uma obra prima de encenação e Taylor incendeia o ecrã com a sua gloriosa fotogenia e com o saber estar em cada plano.

A Última vez que vi Paris (1954)


Talvez a melhor de todas as adaptações de Scott Fitzgerald, constitui a charneira decisiva na representação do mito: Taylor passa incólume pela grelha dos flashbacks e oscila entre a fragilidade subtil de uma imagem e a construção forte de uma personagem que domina a acção, mesmo quando ausente.
Perdida à chuva ou em efígie no desenho da parede, a actriz suplanta a estrela, torna-se o símbolo de uma geração perdida com a fúria de um vulcão, a caminho das heroínas de Tennessee Williams.

O Gigante (1956)


Filme desequilibrado, mas oferece a Taylor a oportunidade de contracenar com Rock Hudson e James Dean e mostrar versatilidade, pelo modo como envelhece no ecrã, aos 24 anos, com uma credibilidade que raros lhe atribuíram: é o centro nevrálgico da ficção, nervosa, humanizada, maior do que a natureza, mas genialmente ciente do seu papel de mater famílias.
Goste-se ou não do filme, o mito também passa por aqui, por esta figura senhoril que se confronta com os grandes espaços desérticos de um Texas de celulóide.

Gata em Telhado de Zinco Quente (1958)

A hipótese carnal de deusa sexual. Tudo é perfeito: os jogos de sedução, a fúria contida de gata com cio, que não quer abdicar do seu casamento, uma espécie de compaixão calculista, o sotaque de Southern Belle no exílio. Finalmente faz da sua melíflua e quebrada voz uma arma de arremesso para moldar, em definitivo. A sua persona gigantesca (apesar do metro e meio de altura) de tigresa à solta. Um deslumbramento.

Bruscamente No Verão Passado (1959)


De novo, em Tennessee Williams, desta vez defrontando-se em plano de igualdade com Katharine Hepburn, no seu papel mais complexo, até aquela data: passa pela loucura, o desespero da incompreensão, o medo de verbalizar o que a aterroriza, com a segurança rara de um bicho de cinema.

Cleópatra (1963)


Não há volta a dar: Elizabeth Taylor é Cleópatra, pelo modo como transfigura a rainha do Egípto, como se apropria da história com a desvergonha americana a banalizar o facto histórico e ironizar com o próprio mito. E, depois que dizer da enorme influência sobre o look dos anos 60, com as pálpebras borradas de sobra azul e a moda faraónica de trajes e adereços?

Quem tem medo de Virgínia Wolf? (1966)


Aproveitando a sua decadência física, possui a coragem de se mostrar nos antípodas absolutos da sua virginal imagem de origem: uma matrona velha e letal que faz suas as réplicas terrivelmente luciferinas da pela de Edward Albee. Mais actriz do que estrela, sacrifica tudo à monstruosidade da personagem. Aguenta como poucas o fariam os grandes planos dissolventes da câmara, num filme brilhante, com a coragem de rejeitar a cinematização fácil, proferindo uma espécie de gélido teatro filmado.

Reflexos num Olho Dourado (1967)


Porventura o seu último grande filme. Menos interveniente do que em Virgínia Wolf, revela em pleno como sabe ouvir, olhar, perturbar sem excessos de histrionismo ou verbalização. Misto de megera e vítima indefesa, de ira e serena submissão. Pena que Monty Clift tenha morrido antes de poder contracenar com ela uma última vez. Brando faz o que pode, mas Clift teria dado a perfeita contracena e a vulnerabilidade necessária à personagem.

Fonte: Jornal Público 24 Março de 2011
Texto: Mário Jorge Torres
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