(Artrite Reumatóide)
Cientista Português ganha bolsa europeia de 1,9 milhões de euros
O Financiamento vai permitir estudar um gene que pode desempenhar um papel importante nas leucemias e nas doenças auto-imunes, como a artrite reumatóide.
Aos 35 anos, Henrique Veiga Fernandes ganhou uma bolsa de 1,9 milhões de euros para liderar uma equipa científica. Foi-lhe atribuida pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC), a nova entidade de financiamento da ciência na Europa.
Ganhou a lotaria? " É mais ou menos isso: no panorama científico português, é como ganhar a lotaria", respondeu o investigador, no Instituto Nacional para a Investigação Médica da Grã-bretanha, em Londres.
Não tardará a vir para Portugal: em Maio, iniciará no Instituto de medicina Molecular, e Lisboa, o projecto de investigação que lhe valeu o financiamento Europeu.
Nos próximos cinco anos, a equipa a criar por Henrique Veiga Fernandes irá estudar o papel de um gene (O RET) no desenvolvimento e na função dos linfócitos, células do sistema imunitário. O RET pode transformar-se num gene causador de cancro, devido a mutações ou a um funcionamento deficiente.
De facto, em certas leucemias, um tipo de cancro que atinge as células do sistema imunitário, este gene funciona de forma excessiva. Mas qual é o papel exacto desempenhado por ele no sistema imunitário e, em particular, nas leucemias? É fundamentalmente a essa interrogação que Henrique Veiga Fernandes pretende responder durante o projecto.
(leucemias)
O mesmo gene poderá ainda ter um papel nas doenças auto-imunes, como a artrite reumatóide, nas quais o sistema imunitário ataca o organismo como se combatesse um agente infeccioso. "Eventualmente, poderá ter aí um papel. É uma incógnita."
Por fim, a compreensão deste gene poderá ter implicações na vacinação. Quando somos vacinados, formam-se mais linfócitos e o gene parece estar mais activo. Será que o aparecimento dos novos linfócitos, na sequência da vacinação, depende do gene?
Há 11 anos que Henrique Veiga Fernandes percorre laboratórios europeus, depois de uma licenciatura em Medicina Veterinária na Universidade Técnica de Lisboa. O doutoramento, em Biologia Molecular e Celular, foi na Universidade René Descartes, em Paris. Seguiu-se um pós-doutoramento no Instituto Necker de Paris, e outro no Instituto Nacional de Investigação Médica Britânico, onde é cientista sénior desde 2006.
A primeira ronda de bolsas do ERC vai trazê-lo de volta. Entre os cerca de 200 cientistas agora premiados (concorreram mais de 9000), ele é o único português. "Este financiamento é absolutamente fantástico: vai permitir-nos competir com o que se faz na Europa."
Teresa Firmino in
Jornal Público de sexta-feira 8 de Fevereiro de 2008
(fotos da net)