A Rússia está preocupada com os progressos da indústria aeroespacial iraniana.Mais precisamente, com o que um teste de um foguetão anunciado como destinado a lançar num futuro satélite de investigação científica pode esconder. Será que ao desenvolver a tecnologia balística, Teerão está na verdade a criar mísseis capazes de levar cada vez mais longe cargas nucleares?
O teste de segunda-feira que serviu também para inaugurar um novo centro espacial iraniano inquietou os norte-americanos e, agora, os russos. "Qualquer movimento para criar uma potencial nova arma preocupa-nos, a nós e a muitos outros", disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Alexander Losiukov. " Ainda por cima porque há suspeitas de que o Irão quer produzir armas nucleares", acrescentou, citado pelas agências noticiosas russas Ria Novosti e Interfax.
A televisão iraniana transmitiu imagens do lançamento de um foguetão bastante parecido com o míssil Shahab-3, dizia a AFP. Mas não foram adiantados pormenores sobre a potência ou o alcance do lançador. E a tecnologia usada para criar foguetões e mísseis é, até certo ponto, basicamente a mesma. Foi assim que Serguei Koroliov se tornou o pai da cosmonáutica russa, enquanto desenvolvia novos mísseis balísticos intercontinentais.
Até agora a Rússia mostrava-se bastante mais relaxada do que o Ocidente quanto á possibilidade de o Irão estar a produzir combustível nuclear com pureza suficiente para ser usado em armas. Até está a fornecer urânio para a central nuclear iraniana de Bushehr. Estas declarações de Losiukov podem, por isso, revelar um endurecimento da posição russa face a Teerão, sublinha a Reuters.
O Irão, no entanto, mantém uma postura de desafio. " Não somos responsáveis pelas preocupações dos outros. E também não vemos motivo para preocupações", disse o porta-voz do Governo Gholamhossein Elham, em resposta às críticas norte-americanas após o teste do foguetão.
Fonte: Jornal Público de 7 de Fevereiro de 2008
Clara Barata