Trabalhar provoca danos mentais e físicos. Quem o diz é a Agência Europeia para a segurança e a Saúde no Trabalho, que concluiu que a insegurança, o desgaste emocional, a difícil conciliação com a vida pessoal e a intensificação da carga horária causados, actualmente, pelo mercado de trabalho é um dos maiores desafios que os trabalhadores europeus enfrentam, refere o organismo. De acordo com o Observatório Europeu dos Riscos, apresentado recentemente, prevê-se que as doenças relacionadas com a ansiedade provocada pelas exigências de carreira aumentem significativamente nos próximos anos. Hoje em dia, esta patologia já afecta 22 por cento dos empregados, estimando-se que a produtividade diminua entre 50 e 60 por cento à custa deste fenómeno. Em 2002, o custo económico anual associado a este problema rondou os 20 mil milhões de euros na Europa a 15, acrescenta a agência.
O relatório refere que uma das principais causas deste cenário é o aumento do trabalho precário, com os consequentes riscos para a saúde dos trabalhadores, que "tendem a efectuar tarefas mais perigosas e em piores condições e a receber menos formação em matéria de segurança". A intensificação do volume de trabalho, os casos de intimidação e a dificuldade em manter um equilíbrio entre as horas dedicadas à vida profissioal e à pessoal também são apontadas como negativas para o bem-estar dos europeus empregados. Jukka Takala, director da Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho, defende que "é necessário monitorizar e melhorar constantemente os ambientes de trabalho a nível psicossocial, a fim de criar empregos de qualidade". No próximo mês de Abril, o organismo vai organizar um "Workshop" sobre esta matéria, tendo em vista a definição de soluções para os problemas encontrados, com base na opinião de especialistas, de decisores políticos e de representantes dos empregados e do patronato na Europa.
Fonte: Jornal Público de 8 de Fevereiro 2008
R.A.C.