






C@rlos@lmeida
Fonte: Revista Ana
“Hicham”. Óleo sobre tela (89x130cm) datado de 1997. Pintado num estilo naturalista, quase gráfico, evoca, em simultâneo, a plástica dos cartazes executados a aerógrafo e joga com a decomposição das formas, com a ruptura dos corpos e a sua desmaterialização, para transportar para um universo onírico e sensual o realismo dos sujeitos representados.
O corpo nesta pintura movimenta-se e ganha velocidade no fluido da cor e na força abstracta dos cortes operados na figura, para libertar a pulsão animal do instinto, mas aqui a pintura não é uma pintura simbolista, apesar das fórmulas e artifícios que escondem aos olhos mais atentos a sua essência. Para lá do mundo surreal, reflexo da realidade virtual do nosso mundo frio e desencantado, onde se questiona o porvir do homem e dos elementos estéticos e poéticos que transformam a sua pintura numa pintura global, “à maneira” dos humanistas, a referência da obra de Giliberti é outra.
Aquela que podemos encontrar no comentário que Fernando Pessoa fez à obra de António Botto, da qual dizia que nem positivamente nem negativamente nela é sugerida qualquer metafísica, mas apenas apontada a preferência do esteta pelo ideal helénico de celebrar a beleza física e o prazer do corpo masculino, neste caso numa versão sensual e andrógina mais próxima dos estereótipos que moldam a transição do milénio.
“En Verre et Contre Soi”. Óleo sobre tela (116x81cm) pintado em 1997. Com os pintores do Renascimento e do Barroco, que utilizavam frequentemente os temas religiosos ou mitológicos como suporte para pesquisar as potencialidades expressivas do corpo humano desnudo, também Giliberti procura em qualquer contexto essa possibilidade, aqui idealizando plasticamente o corpo perfeito, jogando na conceptualidade de um surrealismo para, de certa forma, diminuir esse apelo essencial do corpo por si só.
C@rlos@lmeida
Fonte: Revista Caras
por Júlio Quaresma
Chelsea ficou ainda mais popular pelo facto da princesa Diana ter frequentado os cafés e as lojas das redondezas, uma vez que viveu a dois passos desta zona londrina, no Palácio de Kensington. Foi ainda nesta área que decorreram as filmagens de “Notting Hill” com Julia Roberts e Hugh Grant.
Chelsea é considerada uma das zonas mais bonitas da cosmopolita capital britânica. Dos pontos de interesse turístico, destaca-se a Chelsea Old Church, uma igreja datada de 1290, embora se fale na existência de um templo normando construído no mesmo local em 1157. Referência ainda para o Chelsea Physic Garden, o mais antigo jardim botânico do país, que merece certamente uma visita.
Fumar um cigarro continua a transmitir uma imagem errada. Antes visto como um sinal de sofisticação e charme, hoje é tido como a semente do mal, que provoca rugas nos olhos e na boca das mulheres e tinge-lhes as feições de uma cor estranha.
Apesar de todas as histórias de terror (como o cancro) e dos avisos a favor da saúde, as actrizes mais famosas dos nossos dias continuam a não desperdiçar uma oportunidade para uma “passazinha”. São os casos de Uma Thurman, de 30 anos que o fez de forma distinta em “Pulp Fiction”, ou de Sharon Stone, de 42, que acentuou a sua imagem independente e dura, tal como fez Rita Hayworth no clássico “Gilda”. E não podemos esquecer Katharine ou Audrey Hepburn, que nunca alcançariam a aura mística sem a nuvem de fumo sobre as suas cabeças, ou sem a elegante boquilha nas suas mãos.
Provavelmente, a última grande deusa do cinema que dificilmente era vista sem um cigarro entre os lábios foi a inesquecível Marlene Dietrich, cuja voz testemunhava a grande ingestão de nicotina. Ninguém, na altura, pensou na grande influência que estas mulheres exerciam em milhares de impressionáveis jovens.
Mas algo mudou. Investigadores da escola de saúde pública de Harvard, em Boston, concluíram que as dez actrizes mais famosas da década de 90 fumaram em 44% dos filmes. A mensagem que passa é a de que o cigarro reduz o stress, mas, medicamente falando, o efeito é o oposto. O estudo inclui 50 filmes, feitos entre 1993 e 1997, em que o acto de fumar, explícito ou não, ocorreu. Em foco estiveram Gwyneth Paltrow, Demi Moore, Cameron Diaz, entre outras.
As estatísticas mostram que as mulheres começam a fumar mais cedo do que os homens, por isso, as actrizes são quase obrigadas a reduzir o consumo de tabaco e, mesmo, a se recusarem a fumar em frente às câmaras… pela saúde da audiência feminina!
C@rlos@lmeida
Fonte: Revista TVMais
Texto e Fotos: Sipa Press/Feriaque
Filha de um cenógrafo e de uma bailarina (ambos emigrantes russos, radicados em São Francisco), Natalie Wood nasceu, em 1938, com o nome de Natasha Gurdin. O apelido artístico corria-lhe no sangue e a primeira vez que pisou, a sério, um “plateau” tinha 5 anos de idade. A fita intitulava-se Terra de Felicidade, e o futuro avizinhava-se dourado para este talento precoce que emergia em Hollywood.
Com 8 anos estreou-se, oficialmente em Amanhã Viveremos, e trocava réplicas com um génio consagrado: Orson Welles. Nos dez anos seguintes, Natalie Wood não parou de trabalhar ao lado de grandes estrelas do cinema americano de então como poe exemplo, Gene Tierney (Um Fantasma Apaixonado) ; John Wayne (Miracle on 34th Street); James Stewart (Cautela Com Os Fiscais); Fred MacMurray (Convite ao Amor); Jane Wyman (The Blue Veil); Bette Davis (A Estrela), e Anne Baxter (One Desire).
Em 1955, Fúria de Viver Obra prima de Nicholas Ray, que se tornaria no emblema de uma geração, consagrou-a definitivamente. No ano seguinte, foi a vez de outro filme de culto para cinéfilos do mundo inteiro, A Desaparecida, de John Ford e, finalmente teria o seu primeiro papel de adulta em Fúria de Amar. Natalie Wood era assim, uma das jovens atrizes mais populares dos anos 50 e a representante de uma nova geração de heroínas.
Mikii
(Fotos da Net)
Embora seja uma doença que possa suscitar muitas dúvidas, sabe-se, pelo menos, que não é contagiosa nem dolorosa, embora alguns pacientes refiram um certo ardor (que na maioria dos casos é de sintoma psicológico). Na verdade, o grande problema desta patologia tem a ver com as complicações emocionais que desencadeia no individuo por causa do aspecto das lesões.
Outras formas da doença
Existem situações esporádicas em que o corpo fica todo vermelho e coberto de escamas, a que se dá o nome de eritrodermia. A psoríase pustulosa é outra forma grave da doença e caracteriza-se pelo aparecimento de escamas nas palmas das mãos e plantas dos pés.
Outra situação que pode suceder é o paciente desenvolver artrite psoriática (doença muito semelhante à artrite reumatóide), muito incapacitante, que pode ir desde as deformações nas mãos a lesões graves na coluna vertebral.
A psoríase nas unhas pode assemelhar-se a uma micose, com os mesmos sinais, desde descamação, engrossamento, descoloração e separação entre unha e carne, etc.
O que pode desencadear um episódio
Apesar de haver ainda muita coisa por descobrir, principalmente saber o que motiva o seu aparecimento, é ponto assente que a psoríase é uma reacção cutânea a determinados estímulos. Por exemplo, o calor e o sol são benéficos para a maioria dos pacientes, enquanto para outros pode agravar a doença. A reacção a alguns medicamentos, infecções e stress são situações que podem originar episódios de psoríase. Por outro lado, estudos efectuados relacionaram a doença com falta de cálcio.
Tratamentos possíveis
A psoríase não tem cura, pelo que existe alguma subjectividade quando se fala nos tratamentos para esta doença. Por exemplo, a única coisa que podemos esperar é a melhoria dos sintomas. Mesmo assim o tratamento a efectuar depende também da zona afectada. Se se tratar de áreas pequenas, a aplicação de uma pomada pode ter um bom resultado. Outro medicamento que se tem revelado promissor é um derivado da vitamina D, que retarda o desenvolvimento das células novas.
Quando as situações são mais graves é aconselhada a foto quimioterapia, através do qual a pele é exposta aos raios ultravioleta A. Mas esta parte do tratamento só é efectuado após a administração de psoraleno (um medicamento oral que intensifica a capacidade curativa da luz).
Outro método administrado aos casos mais graves são os medicamentos antineoplásicos, que atrasa a produção das células novas.
Por último, o etretinato, um antipsoriático de administração oral derivado da vitamina A tem-se mostrado benéfico no tratamento da psoríase.
Tudo o que agrava as lesões
Como lemos anteriormente, esta doença comporta-se de forma imprevisível e as lesões tão depressa surgem como também desaparecem. Mas se há factores que podem desencadear a doença e que desconhecemos, outros há que podem agravar as lesões, como os que a seguir refiro:
Se em algumas pessoas o sol pode ter efeito benéfico, causando algumas melhorias, em outras as lesões podem agravar-se;
As infecções sobretudo na garganta;
Golpes ou simplesmente fricções, nas zonas afectadas;
Pressões emocionais ou stress;
O frio. As lesões tendem a agravar no inverno;
Algumas alterações hormonais. Por exemplo a puberdade e a menopausa são períodos complicados;
Alguns medicamentos.
Mikii
Fonte: Revista Mulher Moderna nº 580
(Fotos da Net)
Isabel II
Na sua vida pessoal sempre primou pela discrição, mas mesmo assim não consegue evitar os escândalos da família real Inglesa. Cumprindo o papel da matriarca tenta a todo o custo abafar os boatos e notícias provocadas pelas polémicas ligações afectivas dos seus filhos. Carlos e Diana, carlos e Camila, e mais recentemente o facto de o filho de Eduardo e a nora Sophia não viverem na mesma casa tendo dado origem a muita tinta nos jornais.
Isabel
A rainha-mãe de Inglaterra tem uma verdadeira obsessão pela sua imagem e qualidade de vida, gastando "rios de dinheiro" em roupas, acessórios e restaurantes. Para servi-la tem ao seu dispor, um elevado número de empregados, entre mordomos e cozinheiros, sempre disponíveis que vem acrescer as despesas reais. O problema consiste na enorme dívida contraida pela rainha, cerca de 96 mil contos que em muito ultrapassa o rendimento anual de 15 mil contos que lhe é atribuído. Esta é sem dúvida mais uma razão para a família real britânica ser uma das mais polémicas da Europa.
Victoria
Stéphanie
Rebelde e defensora da sua liberdade, a princesa ficou muito cedo marcada pela tragédia, com a morte da sua mãe Grace Kelly. O estilo de vida que adoptou em nada se assemelha ao da princesinha dos contos de fadas. Experimentou o mundo da música quando ainda na adolescência decidiu ser cantora, passou pelo mundo da moda e dos perfumes, casou com o seu guarda-costas, do qual teve dois filhos e, ultimamente, com mais uma filha, divide o seu tempo entre as obrigações de mãe e o trabalho num restaurante. Apesar de tudo isto continua a cumprir as obrigações oficiais, aparecendo ao lado do pai em alguns eventos.
Quando embarcou, em 1931, como naturalista, no HMS Beagle, para uma viagem que devia durar dois anos, Charles Darwin não sabia que isso iria mudar a sua vida e muito menos revolucionar a história da ciência e a forma como a humanidade se vê a si própria e à vida.
Agora que se comemorou 200 anos sobre o nascimento de Charles Darwin, o legado do naturista inglês continua actual e vivo, nos caminhos trilhados pela biologia molecular e genética, mas também na biotecnologia e na própria biologia da evolução. Foram as suas ideias que abriram este caminho.
Em vez de dois anos, Charles Darwin esteve cinco anos em viagem à volta do mundo. Um percurso que, por circunstâncias da geografia, teve a sua primeira e última escala em território Português. A primeira, à ida, na ilha de São Vicente, em Cabo Verde, hoje independente. A última, no regresso, na Terceira, nos Açores. Entre ambas as paragens, o jovem Darwin teve o privilégio de observar a diversidade de espécies no Brasil, tropeçou em fósseis de animais gigantes, que o puseram a pensar na razão porque eles se teriam extinguido e, claro, passou mais de um mês nas ilhas Galápagos, onde se cruzou com tartarugas e pássaros e se horrorizou com o aspecto das iguanas.
Durante estes cinco anos no Beagle, o naturalista atento e curioso coleccionou 1529 espécies, que levou de regresso ao seu país, acondicionadas em garrafas com álcool, levou tartarugas vivas, 3907 espécimes secos, 368 páginas de notas sobre zoologia, mais1383 de geologia e um diário com 770 páginas. Teve tempo ainda para ler Princípios da Geologia, de Charles Lyell’s, que o familiarizou com os processos geológicos mudavam naturalmente a face da Terra, contra a Scientific American.
Darwin regressou a Inglaterra em 1836 e nos anos seguintes, publicar um livro sobre a viagem e desenvolveu o essencial da sua teoria da evolução, embora só tenha publicado On The Origin of Species (A Origem das Espécies) em 1959, depois de saber que um outro naturalista inglês, Russel Wallace, estava a desenvolver uma ideia idêntica.
On the Origin of Species (cujos 150 anos de publicação também se comemoram este ano) defendia a origem comum de toda a vida actual num organismo ancestral. A selecção natural dos mais aptos era uma das suas ideias centrais. O livro granjeou adeptos e causou polémica. Até hoje pela voz dos criacionistas, a polémica continua. Mas o que a ciência demonstrou de muitas maneiras neste século e meio foi que Darwin tinha razão. Na verdade, não há biologia sem evolução.
Estudos
Depois de uma infância traquinas, durante a qual preferia o campo e coleccionar bichos em vez da escola (rezam as crónicas que era um aluno medíocre), Darwin entra para Medicina em 1825, por pressão do pai. Sai pouco depois desgostoso com as autópsias e as cirurgias. Vai então estudar Teologia para Cambridge, e aí conhece John Henslow, qua acabaria por ser decisivo para a sua carreira de naturalista.
Casamento
Casa-se em 1939 com a prima Emma Wedgood e instala-se com a família (terá dez filhos) numa quinta em Downe, 30 quilómetros a norte de Londres. Passa o resto da vida a estudar, a escrever, a fazer experiências e a corresponder-se com os pares.
São conhecidas mais de 25 mil cartas de e para Darwin, incluindo com o naturalista açoriano Arruda Furtado.
Registo Permanente
Darwin era um excelente observador e anotava exaustivamente o que via. A exposição reproduz vários documentos escritos pela mão do cientista, mas a atenção vai para dois blocos onde estão inscritos igual número de momentos importantes para o legado do cientista.
Em cima, a página onde refere a passagem por terras portuguesas, e, em baixo o seu desenho da “árvore da vida”. O bloco em cima é tão valioso que está guardado numa caixa inviolável e só pode ser aberto com duas chaves em simultâneo, uma das quais manejadas pelo responsável britânico.
A entrada da exposição A Evolução de Darwin é inesperada porque se faz pelo passadiço de bombordo de uma réplica da proa de um navio que lembra o famoso Beagle, aquele onde o cientista confirmou a paixão pela história natural que já vinha desde a adolescência. É o início de uma viagem histórica, conceptual e de associação de ideias segundo pretende o comissário do evento, o biólogo José Feijó.
Logo em seguida, o visitante depara-se com o enquadramento da época em que o cientista viveu, no qual dominava o fascínio pelos mistérios da natureza, e uma bíblia arménia, aberta na página do Génesis, antevê a polémica que as teorias expostas por Darwin iriam provocar junto da comunidade científica e da sociedade em geral. Seguem-se ilustrações reais que já denunciam preocupações científicas e mitológicas – uma hidra de sete cabeças exemplifica-as – testemunhando que a biologia contemporânea começa ali. A recriação de um gabinete de Curiosidades naturais dinamarquês, á semelhança do que o rei D. José fez (e que foi pilhado por Junot) mostra a desorganização de conhecimentos com que Darwin se confronta ao dedicar a vida à ciência.
São 1300m2 onde, após se recriar o passado, se explica como o cientista trabalhou durante décadas e qual foi o contributo até ao presente, através de muita interactividade e exemplos práticos do legado. Um vídeo de seis minutos explica a evolução uma escada do ADN e um escorrega do RNA divertirá as crianças, depoimentos de cientistas contemporâneos confirmam as teorias e um filme biógrafa Darwin. No fim na inevitável loja, os visitantes encontram lembranças e o catálogo à venda.
O que se sabia á época e o apoio ao trabalho do cientista
Vários painéis fazem o enquadramento histórico do conhecimento científico com que Darwin se depara. “Deus criou, Lineu ordenou“ explica como Lineu definiu o sistema seguido até hoje, baseado na procura de organização divina para entender a lógica de Deus ao criar a Natureza. Pela primeira vez coloca os homens junto a outros mamíferos – vampiros, por exemplo. É o conceito de espécie de Buffon desenvolve (ver imagens abaixo), Lemarck debate e que, com a extrema ajuda de Henslow, Darwin descobre a vocação. “ Sem Henslow, não havia Darwin”, disse-se.
A adaptação e as diferenças
Três exemplos de observação de Darwin durante a viagem do Beagle. As tartarugas (em cima) que encontraram no chão o seu alimento têm uma carapaça diferente das que têm que elevar o pescoço para comer – a aba junto ao pescoço levantada. As iguanas (à esquerda) adaptam a sua cor à do local onde vivem e se o solo é claro não são escuras como as que vivem neste tipo de chão. Pode ver-se que as aves e os caranguejos ainda não se adaptaram ao seu meio devido às cores bem diferentes do habitat. A observação (mais á esquerda) das carapaças do tatu e do gliptodonte confirmam uma ascendência comum apesar do seu tamanho tão diferente.
(O camarote e também gabinete de Darwin)
(Caricatura de Charles Darwin)
A ideia da evolução, e do ser humano visto à luz desta ideia revolucionária, granjeou de imediato muitos detractores das ideias de darwin. A igreja opôs-se na época à ideia de seres humanos e macacos partilharem um mesmo ascendente comum.Darwin chegou a ser caricaturado na época como metade humano, metade macaco. Há sectores conservadores ainda hoje avessos ás ideias de Darwin. Nomeadamente nos Estados Unidos da América, onde recentemente, nas primárias para as presidenciais, o candidato Mike Huckabee, um antigo pastor, chegou a defender a ideia do criacionismo.
(Darwin, imagem do sábio, no fim da vida)
Mikii
Fonte: Jornal de Notícias
12 e 13 De Fevereiro de 2009
Por Filomena Naves
João Céu e Silva, Natacha Cardoso
(Algumas das medas de maior valor licitadas em Lisboa)
Foi um dos maiores leilões de sempre da numismática nacional. Os 687 lotes que a Numisma levou ontem à praça em Lisboa, com valores base que atingiam os 43 mil euros, eram o espólio de uma só colecção, de pessoa ou instituição que pediu o anonimato. Mas para Javier Salgado, principal responsável da Numisma, logo a primeira sessão (manhã) “ultrapassou, em valor, todas as expectativas, quer da empresa quer do vendedor”.
O volume das peças postas á venda era tal que a Numisma revelou inovar, realizando a primeira sessão do leilão logo de manhã, “ o que é inédito”, disse ao DN Javier Salgado. Mais duas sessões, uma durante a tarde e outra à noite.
O DN assistiu ao leilão da manhã, onde se tratava de arranjar comprador para cerca de 300 moedas da Índia Portuguesa, desde o reinado de D. Manuel I até D. Miguel. “Depois do 25 de Abril o interesse pelas moedas da Índia decaiu imenso, mas hoje senti que esta a renascer”, sustentou Javier Salgado, no final da sessão. “ O meu cepticismo era tal que cheguei a pensar num leilão por correspondência”, confessou. Mas, tal como acontece já hoje com outras ex províncias ultramarinas, como Angola e Moçambique, os investidores, coleccionadores e principalmente várias instituições públicas e privadas nacionais estão a regressar ao interesse por esse tipo de moedas, não só pelo seu valor intrínseco mas também numa perspectiva histórica. Como sempre nestes casos, o Banco de Portugal foi uma das instituições que se fizeram representar nos lances. Destaque para a venda de uma moeda de 10 Bazarucos de 1724, cunhada em Damão, que atingiu o preço de 1700 euros, o mesmo conseguido com o leilão de Xerafim de 1737. Aliás, raras foram as moedas ou lotes com praça vazia. Por outro lado, na sessão da manhã, quase tudo foi arrematado pela sala, que contava com cerca de 20 investidores e coleccionadores, não tendo as ordens prévias conseguido grande sucesso.
Destaque ainda para as peças anteriores à nacionalidade, bem como outras em muito bom estado de conservação datadas da IV Dinastia, entre as quais um Ouro Meia peça 1821, que foi á praça por 800 euros. Mas as estrelas do leilão da Numisma foram mesmo a moeda Oito Escudos Ouro de Carlos III e as raridades do reinado de D. Sebastião.
Destaques e preciosidades não faltaram
Não era, nem de longe, a peça mais cara posta ontem à venda pela Numisma: mas a moeda mandada cunhar em 1782 por Carlos III de Espanha tinha uma história que a outras faltava. É que se trata de um exemplar que foi ao fundo ao largo de Peniche, quando o navio San Pedro de Alcântara viajava do Peru para Espanha, transportando mais de 150 toneladas de moedas de ouro e prata. Resgatada, a peça encontra-se ainda em muito bom estado de conservação e era acompanhada de uma gravura sobre o naufrágio, da autoria de um paisagista francês, uma carta náutica de Peniche e um livro sobre o acidente. Mas as moedas mais caras eram mesmo as do reinado D. Sebastião.
Tratava-se de um Ouro engenhoso não datado, muito raro, que foi á praça por 43 mil euros. Outra moeda contemporânea ouro São Vicente - só saiu da colecção por um valor superior a 27 500 euros. Destaque ainda para uma moeda de prata do reinado de D. Dinis, com alto teor de metal.