Lendas e cavaleiros andantes
Stirling, pequena localidade situada na
Escócia, não longe de Glasgow, ficará para sempre ligada a William Wallace,
herói escocês, retratado no filme Braveheart por Mel Gibson, que muitos de nós
vimos e cuja história nos fascinou.
Curiosamente, ainda hoje Stirling respira uma
atmosfera épica, e essa foi uma das coisas que mais me impressionou logo que
saí do comboio que me transportou de Glasgow até ao meu destino. O dia estava
radiante e convidada à visita. Como a subir custa mais, resolvi deixar a visita
à cidade para mais tarde e apanhei um Taxi que me levou até ao cimo do monte
onde um imponente castelo parece vigiar a cidade. Actualmente, como já não é
necessário proteger os habitantes de ataques, essa função cessou. Ainda assim
continua a mostrar a história local de um modo muito especial.
Chegada lá acima, a vista soberba sobre os
campos e montes circundantes, assim como os belos telhados da cidade, fez-me
parar durante longos momentos, a fim de absorver todas as belezas que me era
dado a conhecer.
Também o monumento a William Wallace se ergue
lá ao longe, majestoso, corroído pelas intempéries e pelo passar dos séculos,
mas que só lhe acrescentaram uma beleza quase irreal.
Construído em 1869 no topo de um penhasco
vulcânico, a Abbey Craig, para homenagear o herói escocês William Wallace, é
uma torre gótica vitoriana com 76 metros de altura. Através de uma escada em
espiral chega-se a salões com exposições sobre a vida e as batalhas do herói.
Monumento a
William Wallace
Antes de entrar no castelo pude admirar duas
estátuas, uma erguida aos soldados do Regimento Highlanders, o regimento da
rainha Isabel II (ignorava que tivesse aqui a sua sede e, curiosamente, também
um museu muito interessante, que conta a sua história através dos tempos e onde
pode também cunhar a sua própria moeda), e outra ao rei Robert de Bruce outro
dos heróis escoceses.
Estátua do
Rei Robert de Bruce
O castelo de Stirling está muito bem
conservado e tem excelentes guias, que contam a história do mesmo de uma forma
bastante interessante e que não deixa de captar a atenção do público. Reparei
que havia também estudantes de várias escolas das redondezas a fazerem a
visita, sendo alguns deles ainda de tenra idade.
De facto, não só os edifícios que constituem o castelo são de grande beleza como a maneira como nos é dada a conhecer a actividade que ali existia acrescenta um realismo extraordinário a muitos dos seus espaços, nomeadamente a cozinha. Réplicas do pessoal daquela época (tão reais que quase nos confundem) ”preparam” um banquete opíparo.
Depois da visita ao castelo, a descida foi
feita a pé, para gozar o sol que brilhava com toda a intensidade e visitar tudo
o que havia pelo caminho. A primeira paragem foi na bela Igreja Holy Rude,
rodeada pelo cemitério com as suas cruzes celtas.
Igreja de
Holy Rude
Curiosamente, cemitérios como este, com as
suas campas e cruzes em granito, abertos, situados à volta da igreja, respiram
uma paz que nos faz parar por uns momentos e esquecer o stress do dia-a-dia.
Continuando a descer, cheguei finalmente a
Stirling, que com uma população de 36 mil habitantes, é uma cidade pacata. O
primeiro aviso que recebi foi o de que os seus habitantes são conhecidos pelo
sarcasmo, talvez uma alusão ao humor britânico, tão diferente do nosso, pois
revelam uma extrema amabilidade e estão sempre prontos a ajudar os visitantes.
Logo à entrada da cidade ergue-se a velha cadeia, um edifício vitoriano que
vale a pena visitar, não só pelas histórias contadas como para apreciar o actor
que aqui faz guia.
Já me estava a esquecer da bela mansão Argyll’s
Lodging, construída em 1632, e que também não deve deixar de visitar.
Mansão
Argyll’s Lodging
O melhor mesmo é deambular pelas estreitas
ruas de Stirling e apreciar todas as suas belezas.
Não sei se foi o bom tempo que se fazia
sentir na altura em que realizei a minha viagem se todas as lendas que me foram
dadas a conhecer, certo é que Stirling deixou uma imagem de rara beleza
impressa na minha mente, imagem quase etérea, que nem o tempo irá conseguir
apagar.
Fonte: Revista Caras
Caras Viagens
Texto: Francisca Rigaud
© Carlos
Coelho