Filho de um barqueiro e nascido
no seio de uma família pobre, em 1768, Domingos Sequeira foi educado na Casa
Pia, onde frequentou o curso de Desenho e Figura. Gozando da proteção
aristocrática e de uma bolsa da rainha D. Maria I, o artista vai para Roma aperfeiçoar
o seu traço. Fica na cidade sete anos, durante os quais trabalha com mestres
italianos e viaja por Itália. Vai enviando para Lisboa alguns dos seus
trabalhos, provando assim os seus progressos.
Quando decide voltar a
Portugal, em 1795, Sequeira acredita que será reconhecido, o que não acontece.
As encomendas são escassas e geralmente mal pagas. Retira-se para a Cartuxa de
Laveiras, em Caxias, entre 1795 e 1801. Nesta altura pinta sobretudo temas
religiosos.
D. João VI atribui-lhe o
estatuto de pintor régio em 1802, com prestígio e salário à altura. É co-director
de pintura do Palácio Nacional da Ajuda. Dá aulas às princesas e na Academia do
Porto. Mantém o título de pintor oficial após a ocupação francesa em 1808. É
acusado de colaboracionismo. Mais tarde, pinta temas caros ao rei e à aliança
anglo-portuguesa. Entre 1811 e 1816 trabalha numa baixela que será oferecida a
Lord Wellington.
Aproveitando o liberalismo, e o
aparecimento (e necessidade) de novos rostos, pinta retractos e alegorias
políticas. As convulsões políticas em Portugal levam-no a exilar-se. Passa, por
duas vezes, por Paris, mas Roma é, de novo, o seu destino, em 1826. É na actual
capital italiana, reconhecido pelos seus pares, que pinta uma série de quatro
pinturas religiosas, consideradas o melhor da sua produção artística. Destas,
sobressai o quadro A Adoração dos Magos, que estava actualmente nas mãos dos
descendentes do duque de Palmela.
Sequeira pintou estes quadros
para uma exposição em Roma. Após a sua morte, e encontrando--se a família em má
situação económica, empenha o quadro. Nos anos 40 do século XIX é adquirida
pelo primeiro duque de Palmela, Pedro de Sousa Holstein, e assim chegou a
Portugal. O actual proprietário é um dos seus descendentes.
Domingos Sequeira, que hoje dá
nome a uma rua na freguesia de Campo de Ourique, na capital, morreu a 8 de Março
de 1837, em Roma. Dias antes de chegar a notícia de que tinha sido agraciado
com o título de director honorário da Academia Real de Belas-Artes de Lisboa.
Fonte: Jornal Diário de
Notícias
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