« Os factores genéticos contribuem em 60% para a vulnerabilidade dos seres humanos ao vício», conclui Wei Liping, director do Centro de Bioinformática da Faculdade de Ciências de Vida da Universidade de Pequim, com base num estudo que prova a relação entre os genes e a toxicodependência.
A pesquisa, financiada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia da China, permitiu a descoberta de 396 genes relacionados com a dependência de drogas como a cocaína, o ópio, a nicotina e o álcool, o que pode abrir caminho para tratar o abuso dessas substâncias.
Os cientistas da Universidade de Pequim descobriram ainda a informação genética relacionada com a dependência e identificaram cinco trilhas biológicas comuns ao vício nas quatro substâncias.
Nem tudo depende da genética, no entanto, o estudo não é único, pois nos últimos anos tem-se verificado «um grande investimento nas neurociências e na genética para explicar as dependências», explica o presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência.
João Goulão reconhece que «este campo de investigaçãotem um grande potencial», mas receia « que se esqueçam outras condicionantes das dependências».
«Esta visão organicista pode vir a alimentar atitudes xenófobas», por se deduzir que as pessoas nascem com esta vulnerabilidade à dependência de algumas substâncias, desvalorizando aspectos como os sociais. Isso poderia levar a um desinvestimento nos actuais programas de recuperação.
Cocaína tem ganho maior visibilidade
Segundo o Relatório anual sobre a situação do país em matéria de Drogas e Toxicodependências, referente a 2006 e recentemente divulgado, a cannabis é a substância ilícita mais consumida em Portugal. No entanto, é a cocaína que tem vindo a ganhar maior visibilidade nos últimos anos.
In Jornal Destak
Por : Patrícia Susano ferreira