sábado, 8 de junho de 2013

Fatehpur

Índia
Diwan-i-Khas
De passagem pela Índia, e com paragem obrigatória em Deli, pude dar um passeio até Agra e uma saltada a Síkri.

Feito o balanço destes dois dias, eis o relato de um olhar que pousa pela segunda vez numa das mais belas maravilhas do mundo, o Taj Mahal, e em estreia absoluta na cidade real de Fatehpur Síkri.
Sempre que aterro na Índia, acho que já nada me espanta. O que verdadeiramente me desperta a cada chegada é a energia que paira e se desprende, e obrigando-me a apurar os sentidos.
Tomb of Sheikh Salim Chishti

A cidade de Deli, a terceira maior do país, é a porta de entrada para o fabuloso passeio do Triângulo de Ouro, que nos leva rumo a uma Índia mais profunda.
Gosto de voltar a sentir o fervilhar da cidade de Deli. Já de noite, organizo in extremis um passeio para conhecer Fatehpur Síkri. Fica para lá de Agra e o comum dos turistas não a visita, porque a estrada é péssima e tudo serve de demora.
Anup Talao (lagoa), a plataforma no meio foi usado para concursos de canto

Sei que vale a pena o esforço e alugo um carro. O meu guia, de olhar brilhante e turbante vermelho, fala um francês fluente e, como se eu fosse uma estreante, explica-me detalhadamente tudo o que irei poder ver. O trajecto até Fatehpur síkri leva quatro horas; atravessamos pequenas localidades com um trânsito caótico onde tudo acontece. Nesta marcha lenta, mas apesar de tudo gostosa, consigo apreciar o colorido local.


A cidade real de Fatehpur Sikri foi fortificada no século XV e mandada construir pelo Imperador Akbar Mughal. A Arquitectura é tão bela quanto surpreendente, e leva-me a querer saber mais da sua história. Trabalhada a tijolo e a pedra local, salta à vista a mistura de estilos e de elementos islâmicos e hindus. Demorou quinze anos a ser construída e no final, por falta de água, tornou-se um lugar fantasma, onde hoje já nada se passa.
Esta herança histórica actualmente serve apenas para deleitar um olhar silencioso e espreitar devagar os esplendorosos palácios de janelas rendilhadas, os sucessivos pátios de magníficas proporções, jardins e piscinas, tudo feito em tijolo. A mancha geral deste pequeno reino reflecte, consoante a hora do dia, tonalidades incríveis, do rosa-purpura ao vermelho. Ali, mais nenhuma cor é possível a não ser a das mulheres locais, que balanceiam os seus saris fulgurantes. São imagens lindas, a guardar para sempre.

Taj Mahal


De regresso a Agra, quero novamente emocionar-me diante do Taj Mahal, olhar essa fabulosa jóia construída, em nome do amor, pelo marajá Shah Jahan. Já lusco-fusco, aproximo-me dessa obra fantástica. Debruçada no varandim superior que antecede o acesso ao mausoléu deixo-me inebriar pela beleza do lugar sem mesmo me aproximar. A perspectiva é soberba, do lago estreito e comprido vejo as cúpulas, alvas e perfeitas, projectadas nas águas cinzentas. Revejo com minúcia as janelas trabalhadas, qual filigrana, e volto a constactar que a pedra branca e luminosa foi trabalhada por mãos divinas.
Fonte: Revista Caras
Texto: Maria da Assunção Avilez
CarlosCoelho

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