Índia
Diwan-i-Khas
De passagem pela Índia, e com paragem obrigatória em
Deli, pude dar um passeio até Agra e uma saltada a Síkri.
Feito o balanço destes dois dias, eis o relato de um
olhar que pousa pela segunda vez numa das mais belas maravilhas do mundo, o Taj
Mahal, e em estreia absoluta na cidade real de Fatehpur Síkri.
Sempre que aterro na Índia, acho que já nada me
espanta. O que verdadeiramente me desperta a cada chegada é a energia que paira
e se desprende, e obrigando-me a apurar os sentidos.
Tomb of Sheikh Salim Chishti
A cidade de Deli, a terceira maior do país, é a porta
de entrada para o fabuloso passeio do Triângulo de Ouro, que nos leva rumo a
uma Índia mais profunda.
Gosto de voltar a sentir o fervilhar da cidade de
Deli. Já de noite, organizo in extremis um passeio para conhecer Fatehpur
Síkri. Fica para lá de Agra e o comum dos turistas não a visita, porque a
estrada é péssima e tudo serve de demora.
Anup Talao (lagoa), a plataforma no meio foi usado para concursos de canto
Sei que vale a pena o esforço e alugo um carro. O meu
guia, de olhar brilhante e turbante vermelho, fala um francês fluente e, como
se eu fosse uma estreante, explica-me detalhadamente tudo o que irei poder ver.
O trajecto até Fatehpur síkri leva quatro horas; atravessamos pequenas
localidades com um trânsito caótico onde tudo acontece. Nesta marcha lenta, mas
apesar de tudo gostosa, consigo apreciar o colorido local.
A cidade real de Fatehpur Sikri foi fortificada no
século XV e mandada construir pelo Imperador Akbar Mughal. A Arquitectura é tão
bela quanto surpreendente, e leva-me a querer saber mais da sua história.
Trabalhada a tijolo e a pedra local, salta à vista a mistura de estilos e de
elementos islâmicos e hindus. Demorou quinze anos a ser construída e no final,
por falta de água, tornou-se um lugar fantasma, onde hoje já nada se passa.
Esta herança histórica actualmente serve apenas para
deleitar um olhar silencioso e espreitar devagar os esplendorosos palácios de
janelas rendilhadas, os sucessivos pátios de magníficas proporções, jardins e
piscinas, tudo feito em tijolo. A mancha geral deste pequeno reino reflecte,
consoante a hora do dia, tonalidades incríveis, do rosa-purpura ao vermelho.
Ali, mais nenhuma cor é possível a não ser a das mulheres locais, que
balanceiam os seus saris fulgurantes. São imagens lindas, a guardar para
sempre.
Taj Mahal
De regresso a Agra, quero novamente emocionar-me
diante do Taj Mahal, olhar essa fabulosa jóia construída, em nome do amor, pelo
marajá Shah Jahan. Já lusco-fusco, aproximo-me dessa obra fantástica. Debruçada
no varandim superior que antecede o acesso ao mausoléu deixo-me inebriar pela
beleza do lugar sem mesmo me aproximar. A perspectiva é soberba, do lago estreito
e comprido vejo as cúpulas, alvas e perfeitas, projectadas nas águas cinzentas.
Revejo com minúcia as janelas trabalhadas, qual filigrana, e volto a constactar
que a pedra branca e luminosa foi trabalhada por mãos divinas.
Fonte: Revista Caras
Texto: Maria da Assunção Avilez
CarlosCoelho
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