As mulheres somalis podem ser revistadas e
chicoteadas se insistirem nessa peça de roupa íntima. Porquê? Insinua as formas
femininas e aumenta o desejo dos homens.
Abdullah Hussein, um estudante de 18 anos, passeava
uma noite com a família pelas ruas de Mogadíscio, a capital da Somália, quando
viu a irmã mais nova ser espancada e obrigada a tirar o sutiã que levava
vestido. Ele tentou defendê-la e foi preso.
Proibir o uso do sutiã e chicotear em público as
mulheres que insistam em usá-lo é a última imposição do Al-Shabab, um grupo
radical islamita que controla grande parte do Sul e Centro do país e luta
contra “todos os inimigos do Islão.”
Para os membros do Al-Shabab (que em árabe significa
“a juventude”), o sutiã é uma peça de roupa “ anti-islãmica; impura e
ofensiva”, que insinua as formas femininas e excita o desejo sexual masculino:
Nas ruas de Mogadíscio passeiam homens armados, com máscaras, sempre prontos a
abordar mulheres que revelem um busto firme. Caso julguem que a firmeza dos
seios não é natural, obrigam-nas a tirarem-lhes os sutiãs e queimam-nos à
frente delas, exigindo ainda que façam um pedido de desculpa em público. “
Dizem que os seios devem ser naturalmente firmes ou simplesmente flácidos.
Primeiro obrigaram-nos a usar o véu muçulmano para
cobrir todo o corpo e agora limitam a roupa interior que podemos usar”,
queixou-se, à Reuters; Halima, uma habitante de Mogadíscio que já viu as filhas
serem revistadas e espancadas.
Dirigentes do Al-Shabab não quiseram comentar, mas as
limitações que têm imposto são cada vez mais extremas. As suas interpretações
da lei islâmica chocam muitos somalis, que por tradição são muçulmanos
moderados. As proibições abrangem os filmes, os toques de telemóvel, as danças
as festas de casamento e os jogos de futebol. A quem for apanhado a roubar
(como aconteceu a dois jovens em Outubro) cortam uma mão e um pé: as mulheres
também não podem usar calções e os homens estão proibidos de fazer a barba.
O objectivo do grupo extremista é enfraquecer o poder
do Governo Federal de Transição, criado em 2000 com a intenção de pacificar um
país em guerra aberta e onde o estado entrou em colapso. “Tem prendido dezenas
de homens e mulheres: Basta sair de casa para ver espancamentos”, conta
Abdullah Hussein; a quem já cortaram as bermudas e o cabelo à tesourada no meio
da rua por não ter a barba grande. “ Acusavam-me de me ter barbeado, mas tenho
apenas 18 anos”, disse ao jornal britânico Daily Mail.
Fonte: desconhecida
Carlos Coelho
Fotos da net