Taghazout - Na rota do surfe
Taghazout fica alguns
quilómetros a norte de Agadir. Ao todo, desde Lisboa, são mais de mil e
duzentos quilómetros. Cerca de dois dias na estrada e algumas horas na
fronteira, a correr de um guiché para o outro, sem perceber muito bem porquê.
Porém toda esta distância, física e psicológica, é o pretexto ideal para ir
parando ao longo da viagem em locais como Chefchauen, Fés ou Marraqueche.
Chegámos quatro dias depois de
termos partido de Lisboa, perfeitamente extasiados pelas primeiras impressões
de Marrocos. Visitar um país tão diferente pela primeira vez parece que abre
todos os poros dos sentidos. Por mais que se oiça falar de um sítio,
experiências são experiências, e cada um faz as suas. São coisas que não se aprendem
em livros, vivem-se. E intensamente…
Longe do luxo de Agadir, que
caracteriza a que é considerada a mais bela e hospitaleira estação balnear de
Marrocos, Taghazout é uma pequena vila piscatória, destino popular para
surfistas, numa pequena enseada que abraça o mar. Como habitual, é em redor de
uma pequena praça que se desenrola o tradicional comércio marroquino, onde se
compram as coisas essenciais, desde o peixe ao tabaco. É atrás de uma fachada
de casas simples e ruas poeirentas que existe um conjunto de ruelas que
desemboca, invariavelmente, num pequeno porto de pesca. E é lá, junto ao mar,
que se consegue ter a verdadeira percepção da extensão e beleza da vila.
Tal como a maioria dos destinos
de surfe, Taghazout oferece condições básicas. Com a evolução do turismo de
surfe surgiram as primeiras infra-estruturas, como pequenos restaurantes e
lojas familiares. No entanto, é também neste tipo de locais, que de um momento
para o outro, sem darmos por isso, já tratamos os donos das pensões por tu e
somos nós próprios a galgar a recepção para apanhar a chave do quarto. As
portas vão-se abrindo e de repente, por alguns instantes, sentimos que fazemos
parte deste lugar.
A harmonia que se vai criando,
com as pessoas da vila, marroquinas ou estrangeiras, o mar lindíssimo a dois
palmos das janelas, picos de surfe invejáveis e consistentes mesmo à frente das
casas e a simplicidade com que se vivem os dias ajudam a sentirmo-nos bem. É
também nestas pequenas vilas que todos os dias se conhecem novas pessoas, com um
livro de histórias para contar, que enriquecem inevitavelmente qualquer viagem.
Só em lugares como este é que
os dias vão passando um a um, sem se dar conta. Que faz também com que o dia
seguinte chegue como dádiva de Alá, que traga boas ondas, bom sol e boa gente.
Fonte: Revista Caras
Texto: Alexandre Khull de
Oliveira
Fotos da Net
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