Não eram demónios, apenas
alucinações
Quando os gregos praticavam os
ritos de Eleusis em honra da Deusa Demeter e da sua filha Perséfone, bebiam uma
poção chamada ‘kykeon’ que os induzia a estados de êxtase e que, por
conseguinte, os levava a ter alicinações. Hoje, crê-se que a substância
responsável por estas viagens imaginárias era o claviceps purpúrea, um fungo
que parasita os cereais (principalmente o centeio). Possuidores de alcalóides,
que têm como núcleo o ácido lisérgico, não só fazem a pessoa ‘flipar’ como
intoxicam, e muito, o organismo humano. O seu efeito produz gangrena nos dedos,
nariz e orelhas. Provoca também ataques epilépticos e asfixia. Em abundância, pode
até causar a morte.
Até ao século XVII foram muitos
os que comeram pão contaminado e que juraram a pés juntos ver demónios. É o
caso de Santo António quando andava de eremita. Daí que o mal fosse conhecido
por fogo de Santo António. Os antonianos consagraram-se suas vítimas e
encomendaram o quadro que ilustra esta peça de Brueghel. O resultado é
simplesmente alucinante.
Fonte: Revista Domingo
Foto da revista
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