segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Lenços enamorados


Museu Alberto Sampaio 

«Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.» O poeta Camões escreveu-o há séculos e o verso não deixa de ser uma afirmação pejada de contemporaneidade. O povo por seu turno, di-lo de forma mais seca: «A tradição já não é o que era.»
Não é, nem poderia ser, pois tudo o que fica pela tradição acaba por morrer. Por isso, recuperar e valorizar a tradição acrescentando-lhes elementos contemporâneos é o que está na base do projecto dos Lenços Enamorados, que teve ínicio em 2012 em Guimarães e que se prolongou até 2014.
Na génese do projecto liderado pela Câmara de Guimarães e pelo Museu Alberto Sampaio está  a revitalização  do Bordado de Guimarães através da antiga tradição minhota dos Lenços dos Namorados, que aqui ganhou outra denominação.
Nos dias que correm, a troca de presentes entre namorados é comum e quase sem significado, tendo-se mesmo instituído um dia dedicado ao namoro, precisamente o 14 de Fevereiro que amanhã se assinala.


 De conversados a namorados

Porém, há cerca de 155 anos, as coisas eram bastantes diferentes e nem sequer de namorados se falava. Os relacionamentos amorosos eram mais discretos e contidos e o que realmente acontecia eram conversas, daí que à época os namorados fossem designados por «conversados».
É então que surge a tradição dos Lenços dos Namorados, que resistiu até inícios do século XX, caindo em desuso com o advento da modernidade. Por altura da oficialização da relação, a rapariga oferecia um lenço bordado por si ao seu «conversado», que este passava a usar como sinal de compromisso.


«Os motivos bordados eram normalmente florais, integrando imagens relacionadas com o amor, com o coração ou as setas, para além de um poema. Há lenços muito trabalhados, mas também alguns muito simples, com um pequeno bordado num dos cantos e o resto liso», explica Maria José Meireles, investigadora do Museu Alberto Sampaio.
Esta é uma tradição que tem raízes no Minho, mas que se estende um pouco por todo o país.
Emprestar contemporaneidade à secular tradição é, segundo todos os intervenientes no projecto vimaranense, a única forma de esta sobreviver ao passar dos anos. Assim através da recriação desta tradição, na versão dos Lenços dos Namorados, relembra-se a história e preserva-se a arte de recamar de Guimarães.


«Só valorizamos o passado se o catapultarmos para o futuro», sustenta Francisca Abreu, vereadora da Cultura da autarquia de Guimarães, responsável por  A Oficina, entidade que há anos trabalha na recuperação e valorização do bordado de Guimarães.
«Quando começamos a trabalhar e a investigar o Bordado de Guimarães, pensámos que uma forma de o manter vivo era também trazê-lo para a contemporaneidade, deixando de fazer aquele lenço dos namorados a que estávamos habituados e que continha sempre erros de português», recorda Isabel Fernandes, directora do Museu Alberto Sampaio, prosseguindo: «Então, criámos os Lenços Enamorados, com poesia do melhor que temos na língua portuguesa e desenhos de artistas plásticos consagrados, a fim de serem trabalhados com o bordado de Guimarães.»



Dois por ano

A iniciativa entronca na criação de 14 lenços, numa evocação do dia 14 de Fevereiro, Dia dos Namorados. Inicialmente, o projecto tinha por objectivo a exibição dos 14 lenços num único acto, mas os responsáveis optaram pela  apresentação de dois lenços por ano, prolongando a iniciativa até 2014. Tentando revitalizar uma outra tradição vimaranense, os responsáveis decidiram que Dezembro era a altura ideal para promover a iniciativa, coincidindo com as festividades em honra de Santa Luzia, em que tradicionalmente as raparigas oferecem as «passarinhas» aos namorados e estes os «sardões» às pretendidas. Refira-se que sardões e passarinhas são um doce local feito de açúcar em forma dos pequenos répteis e aves.


«A tradição só se mantém se se for incorporando elementos novos, senão as pessoas não se identificam», assevera a vereadora vimaranense, justificando a escolha dos poetas e artistas plásticos que participaram no projecto, que já deu à estampa quatro Lenços Enamorados. Até ao momento assinaram trabalhos os poetas António Ramos Rosa e Casimiro de Brito (2008), Albano Martins e Fernando Guimarães (2009), e os artistas plásticos José de Guimarães e João Machado (2008) e, na última edição, Joana Vasconcelos e Helena Cardoso.
Para esta última, o convite foi uma honra e um orgulho, mas as restrições, que se prendem com as normas da tradição, cercearam-lhe a criatividade. «O que queria era fazer do Lenço Enamorado uma peça de escultura», começa por referir a também estilista, acrescentando: «Isso é que era um desafio… Com os mesmos bordados e a mesma tradição, que são as silvas e os poemas de amor, deviam deixar-nos sem normas…»


Para a criadora, «O tamanho do lenço foi restritivo, pois queria fazer uma coisa muito maior, com outra visualidade, e se calhar não era quadrado. Depois seria todo branco, porque Portugal, a nível de bordado, tem um lugar fantástico no Mundo. Poucos países bordam como nós, a branco».
«Para morrer não era necessário a morte. Bastava o teu corpo.» Foi sobre este poema de Albano Martins que Helena Cardoso trabalhou o seu lenço: «Segui as normas, fui buscar as silvas, que são o entrelaçar do amor, mas depois tive uma dificuldade, quando descobri que o poema era erótico.»
Já para a bordadeira Adélia Faria, que corporizou as ideias de Helena Cardoso, esta foi «uma experiência riquíssima». Para a bordadeira, que pela segunda vez trabalha com a estilista depois de bordar umas roupas para um desfile, este «foi um trabalho exigente, mas muito aliciante».

À jovem artista Joana Vasconcelos calhou o estimulante poema de Fernando Guimarães: «Podemos encontrar em tudo o que esperamos um fruto só que exista na direcção dos ramos.»


Por seu turno, a bordadeira Isabel Oliveira, responsável pela execução do lenço, não regateia encómios à iniciativa: «É um prazer enorme e este trabalho mais contemporâneo dá-nos mais gozo, tanto nesta colecção dos Lenços Enamorados que começamos em 2008, como também noutros trabalhos que nos encomendam.»

Renovar a tradição

Para a Investigadora Maria José Meireles, que actualmente desenvolve um profundo estudo sobre os têxteis da região, «a iniciativa dos Lenços Enamorados tenta não só recuperar a tradição, como o bordado de Guimarães, mas também estimular a criatividade, senão as coisas morrem. Se as coisas se mantêm imutáveis acabam por desaparecer».


Uma aliança de metal precioso, um peluche, um telemóvel ou outro qualquer gadget, sinal dos tempos do progresso tecnológico que se vivem, são as trocas mais frequentes entre enamorados, mas a tentativa de preservar uma tradição como a dos Lenços dos Namorados, mais ainda quando, como está a fazer a secular cidade de Guimarães, se lhe empresta o cunho da modernidade, é um trunfo para a riqueza de qualquer povo.
«Todas as tradições, de carácter poético ou plástico, devem ser sempre renovadas, porque há um espírito novo do tempo e as artes devem estar sempre vivas e a acompanhar as pessoas», sustenta Firmino Mendes, responsável pela escolha dos poetas para o projecto.



A Palavra aos poetas



Firmino Mendes, poeta vimaranense actualmente a viver em Lisboa, foi o escolhido para seleccionar os 14 criadores que emprestaram os seus «poemas de amor, não extensos e que, de preferência, fugissem ao esquema da quadra». Sem critérios específicos, Firmino Mendes escolheu poetas de língua portuguesa consagrados, sem qualquer distinção geográfica, mas que representassem a universalidade da língua de Fernando Pessoa. A lista integra os nomes de Agripina Costa Marques, Albano Martins, Ana Luísa Amaral, Ana Paula Tavares (Angola), António Ramos Rosa, Arménio Vieira (Cabo Verde), Carlos Poças Falcão, Casimiro de Brito, Fernando Guimarães, Firmino Mendes, Luís Carlos Patraquim (Moçambique), Manuel António Pina e Silva Chueire (Brasil). Para o poeta Fernando Guimarães, esta é uma forma de «comunicação estimulante, porque tende para o amor», deixando ainda uma palavra sobre a iniciativa: «Guimarães encontra nas linhas dos bordados as linhas que a ligam ao passado.» Amantes incorrigiveis, os poetas encontram nas palavras mais banais a beleza do amor e da eternidade, como fez, para um lenço em 2008, António Ramos Rosa: «Na tua luz eu descubro/O meu verdadeiro fundo/Se eu te perdesse a ti/Perderia o sol do mundo.»

Um fio que vem do Século XIX



O que hoje é conhecido como bordado de Guimarães tem raízes no século XIX e nasce da apropriação pelas mulheres do povo de uma arte até aí quase exclusiva das classes nobres e da burguesia. A origem reside no bordado a branco – que segundo a estilista e artista plástica Helena Cardoso é uma riqueza ímpar de Portugal – quando as lavradeiras sentiam necessidade de adornar o vestuário, especialmente o domingueiro, dando-lhe  magnificência e maior ostentação. «As mulheres do povo vão aproveitar os pontos mais volumosos desse bordado a branco e começam a bordar consoante a sua própria sensibilidade e sem regras», conta Maria José Meireles, investigadora do Museu Alberto Sampaio, de Guimarães, referindo que este não é um bordado muito cuidado, pois «elas enchiam quase o pano todo com ponto muito cheio, exuberante, volumoso, repetitivo e assimétrico». As lavradeiras passam a bordar as camisas dos maridos a branco e os coletes para elas, geralmente, a vermelho, apesar de usarem ainda outras cores.
Até aos nossos dias o bordado de Guimarães passou por diversas fases e não pode dizer-se que seja um bordado contínuo, que foi evoluindo – passou por várias épocas e da miscelânea dessas influências a tradições é que surge o bordado actual. Após a apropriação do bordado pelo povo, a chegada da industrialização, em finais do século XIX, leva a uma quebra de importância do bordado, «pois muitas das lavradeiras vão trabalhar para as fábricas», explica a investigadora. É nesta altura que as senhoras da cidade começam também a bordar, salvando o bordado da extinção. Com os linhos da industrialização surgem nas lojas os atoalhados e demais têxteis para o lar «com um bordado que mais tarde se começou a chamar de Guimarães», revela.
Com as lavradeiras nas fábricas, as empresas recorrem às casas de bordados da Lixa, que fazem um bordado ligeiramente diferente, ao mesmo tempo que algumas das lavradeiras mais velhas continuam a fazer o bordado de memória, sem grandes regras, como afinal ele tinha nascido e resistido ao tempo.


Já em plena época nacionalista do século XX, a Escola Francisco de Holanda passa a leccionar no curso de formação feminina a disciplina de Lavores, o que vai aperfeiçoar e normalizar o bordado de Guimarães. A espontaneidade e a enorme criatividade de que o bordado viveu até meados do século passado são, então, restringidas. E como alguns dos professores eram originários de Viana do Castelo, o bordado vimaranense sofre nova influência vizinha, desta feita do bordado feito na cidade da foz do Lima. É um período de fraco progresso do bordado de Guimarães, que finalmente tem regras definidas: monocromia, podendo utilizar-se apenas cinco cores (branco, vermelho, azul, preto e bege), 21 pontos definidos e feito com linha de algodão. Quanto a motivos, o bordado vimaranense nunca fez escola, sendo predominantes os motivos rurais e os geométricos feitos ao sabor da sensibilidade e saber de cada bordadeira.
Com a Revolução de 25 de Abril de 1974 e o advento da Liberdade e da igualdade entre os sexos, o bordado sofre nova quebra, uma vez que as mulheres rejeitam as aulas de lavores. Então, nos anos 1980, por altura da candidatura de Guimarães a Património da Humanidade, a Câmara promove cursos de artesanato, um dos quais de bordados. «As professoras são as antigas alunas da Escola Francisco de Holanda e o resultado é um bordado mais perfeito, fruto do amadurecimento de todas as influências que sofreram enquanto alunas», conta Maria José Meireles.


A nova vida do bordado de Guimarães, entretanto certificado pela autarquia, é assegurada por bordadeiras que passaram por esses cursos e que aplicam o bordado, já não tanto em atoalhados, mas em vestidos de cerimónias, como de noiva e de baile, e ainda noutras peças tradicionais e mais pequenas, como lenços, bomboneiras, naperons, marcadores de livros e suportes para utensílios de cozinha, entre muitas outras.
Hoje, Isabel Oliveira, maria Conceição Pereira e Adélia Faria são as três bordadeiras que alimentam a loja d’A Oficina, estrutura criada pela Câmara para divulgar as artes tradicionais de Guimarães, e que continuam a bordar um fio que vem desde o século XIX e que tenta ganhar nova vida.

Fonte: Revista Notícias Magazine 14 /02/2010
Texto/Autor: Pedro Vasco Oliveira
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sábado, 11 de fevereiro de 2017

Parece Frango, cheira a frango, sabe a frango...

O desejo de comer carne coloca uma questão ética, desde que os seres humanos conseguiram uma produção agrícola fiável: precisamos, realmente, de matar animais para viver? Mas há mais: os gases e os dejectos de todas essas galinhas, porcos e vacas estão a contribuir para as mudanças climáticas. A ideia da carne de imitação nunca foi, por isso, tão atractiva.
No ano de 2010, cientistas da Universidade do Missiouri (EUA) anunciaram que, após mais de uma década de investigação, tinham criado o primeiro produto de soja que não só pode ser preparado para saber a galinha, como se desfaz na boca da mesma maneira. O mundo vegetariano anda em pulgas para ter acesso à invenção. «Juntamente com o presunto, o frango sempre foi o santo Graal», diz Seth Tibbott, 59 anos, decano dos inventores da carne de soja.
A empresa de Tibbott, a Turtle Island Foods, tornou-se famosa pelo peru falso bem apaladado. Mas Tibbott diz que os esforços para criar um frango falso credível chocam com a textura magra da ave e com o seu sabor delicado. «O peru tem um sabor parecido com o da caça», diz, «e é mais fácil imitar sabores fortes.»

Tibbott está agora a estudar a possibilidade de comprar a invenção do Missiouri. Segundo a Associação de Alimentos de Soja da América do Norte, as vendas anuais de produtos de soja totalizaram 3 300 milhões de Euros em 2008, contra os 240 milhões em 1992. Mas 3300 milhões são, para usar uma metáfora alimentar, apenas pevides. Os norte americanos gastam cerca de meio bilião de dólares em carne, todos os anos. Uma alternativa que conseguisse conquistar nem que fosse 10% deste mercado faria alguém muito rico.


Galinha ‘in vitro’


Há muito que os especialistas de saúde pública anseiam por uma carne de soja credível, pois ela é uma excelente fonte de proteína e tem menos gordura e colesterol do que a de animais. Mas embora a galinha falsa do Missiouri tenha  a consistência certa, ainda lhe falta ser temperada e fortemente salgada para saber a carne. Daí que a próxima fronteira da alimentação verde seja a carne real criada  in vitro – que não é cortada de um animal, mas de um prato de laboratório, e que oferece todo o sabor sem a carnificina de gado.
A Organização People for the Ethical Treatment of Animals (PETA) oferece um prémio de 1 milhão de dólares (800 mil Euros) a quem consiga colocar no mercado galinha in vitro até 2012. Tal como muita coisa que a PETA faz é uma habilidade publicitária: segundo Jason Matheny, um vegetariano que gere uma firma de capital de risco chamada New Harvest, a carne in vitro está «pelo menos a dez anos de distância».
Entretanto, Tibbott e outros defensores de soja, incluindo os cientistas da Universidade de Missioury, acreditam que podem preencher a lacuna, oferecendo carnes falsas mas realistas. Quem sabe? Talvez um dia possamos encomendar uma fajita de galinha com picante, feita de soja. Podemos até nem dar pela diferença, mas o planeta vai dar.

E do pó fez-se carne


Como é que se cria uma textura carnuda e musculada, sem sangue?
Primeiro
Pega-se numa mistura seca de proteína de soja em pó e farinha de trigo, junta-se água e deita-se num processador de comida industrial. Inicialmente, parece uma massa de bolo. Mas, à medida que passa pelas rodas do misturador e é aquecida a, precisamente, 175 graus, a massa começa a ganhar firmeza e forma estrias complexas. Os cientistas precisaram de muitos anos para chegar à temperatura certa, e mais uns tantos para descobrir como arrefecer o bolo de soja rapidamente, antes de se desfazer.

Fonte: Revista Visão (8 de Julho de 2010)
Texto/Autor: Revista TIME por John Cloud
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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Amêijoa com 405 anos


Nem elefantes, nem mamutes, nem tartarugas, nem peixes pré-históricos. O animal mais velho do mundo é uma amêijoa. A surpreendente descoberta foi feita por um grupo de cientistas ingleses no fundo do Oceano Atlântico, a norte da Islândia. Depois de analisado e testado, chegaram à conclusão de que o bivalve tinha 405 anos.
Tinha, porque entre a recolha do oceano e a análise da sua concha, a amêijoa morreu.
Ming foi o nome dado pelos cientistas a um exemplar de amêijoa oceânica, encontrada no ano de 2006, e cuja idade foi inicialmente datada em 405 anos, através do método de contagem dos anéis da concha. Com esta notícia, Ming passou a fazer parte do Guinness Book por ser o molusco mais velho descoberto até à presente data. O recorde de Ming ultrapassa o de uma outra sua parente com 220 anos encontrada em 1982.

Uma segunda revisão dos anéis revelou que a idade real de Ming era afinal de 507 anos. A anterior estimativa foi subestimada devido à compressão dos anéis da concha (tal como se faz para saber a idade das árvores), havendo alguns anéis que ficavam sobrepostos sobre outros. A este método tradicional foram feitos outros testes mais avançados, entre os quais o teste do Carbono 14, podendo-se assim ter a certeza de que este molusco nasceu no ano de 1499 (mais ano, menos ano), na época da dinastia Ming na China, e apenas sete anos após a primeira viagem de Cristóvão Colombo até ao continente americano.
Para se ter uma ideia de longevidade, no seu primeiro ano de vida, Portugal estava sob o domínio Espanhol, Filipe II era o rei e William Shakespeare apresentava as suas primeiras obras. Quando completou 308 anos, Portugal passou a ser uma Republica. Alan Wanamaker, um dos cientistas afirmou ao ‘Sunday Times’ que não fazia ideia de que a amêijoa pudesse ser tão velha. Até que se deparou com a descoberta de mais de 400 linhas nas conchas. Em comparação com outros animais do planeta, convém referir que a mais velha tartaruga das ilhas Galápagos chegou aos 176 anos e um esturjão alcança os 150 anos de vida.

Fonte: Revista Notícias Sábado
Fonte/Autor : RS
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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O Regresso dos bisontes


A espécie pode voltar a expandir-se na América do Norte, do México ao Alasca.

São boas as notícias para a natureza, numa altura em que quase todos os dias nos chega a informação de que mais uma espécie (ás vezes, várias de uma assentada) está à beira da extinção.
O bisonte, um dos animais mais emblemáticos da América do Norte, que esteve intimamente associado à “conquista do Oeste” nos Estados Unidos – no decurso dessa epopeia foi caçado quase até à extinção -, pode voltar a povoar largas porções do continente norte-americano, do México ao Alasca, durante os próximos cem anos. A previsão é de um grupo de peritos em ecologia e conservação de espécies, que fez um estudo para avaliar essa possibilidade, a pedido de várias organizações, como a Wildlife Conservation Society.
Os autores desse estudo estão convencidos de que a preservação de regiões de pradaria que existem no continente, nomeadamente no Sudoeste dos EUA, as extensões de taiga no Alasca, e outras zonas idênticas no Canadá, podem voltar a ser repovoadas por bisontes, desde que esses locais permaneçam vedados a qualquer outro tipo de actividades.
Para fazer esta avaliação, os especialistas idealizaram um modelo que incorporou vários factores da ecologia de cada local (incluindo as outras espécies aí existentes). Encontradas desta forma as zonas com mais potencial, o repovoamento terá de ser feito a partir da população que resta desta espécie: 500 mil exemplares, 20 mil dos quais no estado selvagem.

Fonte: Revista Notícias Sábado
Texto/Autor: João Ferreira (Ciência)(Biodiversidade)
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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Os Brincos nos rituais Mágicos



A origem de muitos rituais mágicos ainda hoje realizados perde-se na noite dos tempos. As práticas vão e vêm ao sabor das modas, mas nunca são esquecidas. O uso de um único brinco na orelha, actualmente muito comum entre os homens, tem uma curiosa origem lendária.

No fim do século XVI, mais ou menos na época do «Invencível Armada», um navio espanhol perdeu-se durante uma tempestade e foi parar à Costa da Noruega. A sua tripulação era constituída por marinheiros cruéis, hábeis e implacáveis, que tiveram de permanecer algum tempo em terra para consertar um dos mastros do navio. Espalharam armadilhas na zona onde tinham ancorado para apanharem pequenos animais e, inesperadamente, certa noite, capturaram um gnomo que rondava o acampamento que haviam montado na praia. Ninguém pode imaginar as torturas e humilhações a que o submeteram. Hornuk – era este o nome do gnomo -, no entanto, era esperto e aguardou o momento certo para negociar a sua vida.


A certa altura ouviu os marinheiros a falarem sobre o seu medo de morrer no mar, onde não poderiam receber uma sepultura adequada, ou de serem levados para uma praia onde os habitantes, considerando-os piratas, os deixassem insepultos.
Hornuk não perdeu a oportunidade. Disse-lhes então que tinha um amuleto capaz de proporcionar aos marinheiros uma sepultura condigna, fosse no mar ou em terra. Isso atraiu a curiosidade dos espanhóis, que lhe ofereceram a sua vida em troca desse amuleto.


Hornuk passou a noite a furar orelhas e a pendurar brincos. A partir daí espalhou-se a crença de que isso garantia aos marinheiros uma sepultura condigna, onde quer que fosse. Na verdade, sempre que um cadáver de um náufrago com um brinco na orelha dava à costa, os gnomos dessa terra encarregavam-se de o enterrar numa sepultura condigna. Desde então, os marinheiros passaram a acreditar na história do gnomo e a furar as orelhas, onde usavam brincos de ouro.
A história de Hornuk foi mais do que uma inspiração do momento para se salvar. Para os gnomos, o ouro, mais do que um bem com valor material, sempre foi considerado um elo entre o homem e o Sol. Por isso gostam de ouro e trazem-no sempre com eles.


Segundo esses pequenos seres, o metal reduz a sua necessidade de sol. Quando fazem amor, mantêm um objecto de ouro de qualquer tipo em contacto com o corpo. Este objecto pode ir de uma pulseira a um anel ou a uma corrente. Segundo eles, qualquer destes objectos reforça a energia. Muitas vezes, na noite de núpcias, espalham pó de ouro sobre os lençóis para garantir energia e felicidade ao novo casal.


Muitos rituais mágicos específicos para os animais ou utilizando elementos da natureza, como plantas, cristais e metais, foram criados por gnomos e espalhados por todo o mundo. A proximidade entre os gnomos e os homens tornou possível a disseminação dessa sabedoria ancestral. Hoje, mais do que nunca, o homem descobre novamente, uma natureza devastada, aliados importantes que foram negligenciados. Com eles, aprende importantes segredos – como estes.

Fonte: Revista Esperança
Texto/Autor: desconhecido
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domingo, 5 de fevereiro de 2017

Paranóia


Entende-se por paranóia o conjunto de perturbações de carácter que pode traduzir-se em orgulho excessivo, na desconfiança em susceptibilidades fora de controlo, na falsidade do julgamento e em interpretações erróneas. Estas disfunções podem provocar reacções agressivas e fazer com que o individuo atinja um estado delirante. Nestes casos, o doente pode desenvolver um delírio paranóico de interpretação, de perseguição ou de reivindicação. Antigamente designava-se por este termo um delírio crónico de interpretação sistematizada, com conservação aparente da clareza e da lógica do pensamento.
A paranóia crónica pode resultar de lesões cerebrais, do abuso de anfetaminas ou do consumo excessivo de álcool. A esquizofrenia ou a doença maníaco-depressiva são também outra das causas. Pode também manifestar-se em pessoas desconfiadas e sensitivas que parecem emocionalmente frias e se melindram facilmente.
Já a paranóia aguda – uma crise com duração inferior a seis meses – pode surgir em indivíduos com perturbações prévias da personalidade e que sofrem alterações radicais no seu meio ambiente. Nestes indivíduos, se existe uma personalidade vulnerável e predisposta a um factor de intenso stress, o resultado pode ser uma ruptura psicótica mais ou menos transitória.

Fonte: Revista Nova Gente (Dicionário de Saúde)
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sábado, 4 de fevereiro de 2017

Pit bull


Foram criados para combater outros cães e divertir a nobreza. Revelaram-se amáveis e obedientes. Durante os séculos XIX e XX eram utilizados para fazer companhia às crianças.
Os Pitt Bull foram responsáveis, com os Rottweiller, por 70% das mortes por ataque canino entre 2005 e 2009 nos Estados Unidos. São considerados uma das raças mais perigosas do mundo, mas o problema pode estar apenas na forma como são treinados. É que durante muitos anos quem tinha filhos escolhia-os como animal de estimação por serem de confiança e carinhosos – até lhes chamavam The Nanny Dog (cão-ama).
A raça nasceu no século XIX. Em 1835, o parlamento inglês proibiu o bull baiting, um jogo em que os bulldogs atacavam touros na arena. A realeza encontrou então uma nova diversão na luta entre cães.
Os criadores misturavam bulldogs e terriers e esse cruzamento foi reconhecido em 1898. Os pit bull começaram a ser usados não só para luta e caça, mas também para protecção: além de eleitos por famílias ricas para tomarem conta dos filhos, eram os preferidos dos soldados da I e da II Guerra Mundial.
Especialistas defendem que eles não são naturalmente perigosos e que é o treino que lhes define a personalidade. Um estudo da American Temperament Tests Society, de 2004, diz mesmo que, 83% destes cães não são agressivos - a média geral é de 77%.



Crânio achatado e focinho largo e comprido. As orelhas são pequenas; o temperamento é alegre e são fiéis ao dono. Não são agressivos para os humanos, mas podem revoltar-se contra outros cães; precisam de socializar, de exercício físico e de regras.

Fonte: Revista Sábado
Texto/Autor: Sofia da Palma Rodrigues
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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Rei Eduardo VII


Curioso episódio no funeral do Rei Eduardo VII



No livro «Memórias do Sexto Marquês de Lavradio» há um episódio, por ocasião do enterro de Eduardo VII, Rei de Inglaterra, que merece ser transcrito. Ei-lo contado por quem a ele assistiu e muito quis a El-Rei D. Carlos:
«Às 9.25 da manhã saía o féretro de Westminster para a estação de Paddington, de onde seguiu o comboio para Windsor.
Incorporaram-se no cortejo, seguindo a cavalo em filas de 3, de Westminster para a estação: O Rei Jorge, O Imperador da Alemanha, o Duque de Connaught, os Reis da Noruega, da Grécia, de Espanha, de Portugal e da Bélgica, os Príncipes herdeiros da Turquia, da Áustria, da Roménia e da Sérvia e mais 35 príncipes, por si ou como representantes dos seus soberanos.


Da estação de Windsor para a capela de St. George seguiram todos a pé.
Em Windsor, os ofícios realizaram-se na capela de St. George, havendo depois almoço na Waterloo Chamber.
Como disse, os Reis, em Londres, seguiram a cavalo o féretro do Rei Eduardo. O Rei Fernando da Bulgária, que já não era criança e era pesado, teve alguma dificuldade em montar, o que provocou sorrisos dos Reis de Portugal e Espanha, então novos e montados com ligeireza. O Rei Búlgaro viu os sorrisos e, depois de estar a cavalo, aproximou-se deles e disse-lhes: «Meus queridos amigos, com certeza estais mais firmes na sela do que eu, mas qual de nós estará mais firme no trono?».

Fonte: Almanaque Diário de Notícias
Texto/Autor: Desconhecido
Foto da Net
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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

As casas de Garrett


Almeida Garrett, que conforme nos diz o seu biógrafo Gomes de Amorim, tinha o gosto das mudanças, pelo que não parava por muito tempo na mesma casa, foi, em 1836, morar para o pátio do Pimenta 13 – A, ali ao, ainda hoje pacato e aristocrático sítio de Santa Catarina. A residência era pequena, mas bonita, e muito ao gosto de Garrett, pois dispunha de um jardinzito de que ele próprio tratava com o maior cuidado. Que contraste entre o Garrett requintadamente elegante, poeta e dramaturgo, homem de Estado e diplomata, e o Garrett, jardineiro, talvez de socos e avental, largo sombreiro de palha e regador na mão…

Naquela casa decorreram serenamente os primeiros anos da sua ligação com D. Adelaide Pastor e ali nasceu, em 1837, o seu primeiro filho. O falecimento deste, em 1839, levou Garrett a mudar-se para a rua da Conceição de Cima, à Cotovia, mas em 1844 voltou ao Pátio do Pimenta, desta vez para a casa com o número 13 – F, e vindo da rua do Alecrim.

Fonte: Almanaque Diário de Notícias (1954)
Texto/Autor: Desconhecido
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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A Aldeia que mata os seus mortos

No sul da Roménia ainda há quem espete estacas no coração dos cadáveres, não vão eles querer voltar a este mundo.

(Imagem do príncipe romeno Vlad Tepes que ficou conhecido por Drácula.)

Amarastii de Sus é uma aldeia árida da Olténia (Região do Sul da Roménia), construída, como qualquer outra aldeia das planícies, em redor de uma longa rua central, ladeada de casas cuidadas e algumas tabernas barulhentas. Porém a tranquilidade da aldeia é perturbada por uma tradição ancestral: "matar“ os mortos antes que se tornem moroi (assombrações) e voltem para apavorar os seus ante queridos. Todos os mortos de Amarastii são “preventivamente” espetados no coração ou no estômago, com espetos levados ao rubro, pois assim “não saem dos seus túmulos”.
Numa tarde de domingo, alguns vizinhos de uma zona pobre da aldeia estão à conversa num banco de jardim. O trabalho não aperta, a safra de trigo foi boa e os animais estão sonolentos. Uma vez esgotada a coscuvilhice local, as conversas tomam um rumo underground. “ Eu nunca fui assombrado por mortos, porque espetei o coração a todos, e assim não há problemas”, declara Dumitra, de 71 anos. Não o fez pessoalmente, recorreu a um “intermediário”, gente experimentada, com provas dadas de sangue-frio. Diz-se que, por vezes, após a morte, a alma  do falecido não se contenta em ser chorada durante 40 dias, ou em beber um copo de água ou de vinho deixado pela família no peitoril das janelas. Por vezes, dizem os moradores, o espírito sai do túmulo e torna-se um fantasma.


A Vox populi diz que é durante as primeiras seis semanas após o funeral que se vê se o morto passou a ser ou não um moroi. Durante esse período, se o seu coração não foi espetado, ele volta à noite e seca o leite às vacas, tira o vigor aos homens, provoca granizo ou seca e pode ir mesmo ao ponto de se “alimentar da sua própria família”, isto é, levar consigo aqueles com quem tem laços de sangue. Se um parente ouve um morto chamá-lo, não deve nunca responder, porque perde pelo menos a  voz. Se o morto não der sinais de vida durante 40 dias, então a família pode dormir sossegada.

A influência ancestral do “além”


Ioana Popescu, directora de investigação do Museu Rural Romeno, em Bucareste, afirma que tais práticas persistem nas zonas rurais, onde o mundo gira todo em torno da comunidade. “Nas sociedades tradicionais, acontece muitas vezes que, por qualquer razão, depois da morte de um membro da família ou da colectividade, algo ruim acontece. Faz-se assim a relação com o morto, pensando que ele arrasta os vivos consigo para o outro mundo ou que volta para se vingar dos inimigos.”
A investigadora considera que “não devemos julgar à luz da nossa mentalidade contemporânea uma prática tradicional, criada num dado momento por um imaginário colectivo”.
Com particularidades que variam de região para região, a tradição diz que estão destinados a tornar-se moroi as pessoas de olhos azuis, as crianças não baptizadas, os mortos que se portaram mal em vida, os que morreram enforcados, afogados ou a tiro e os mortos não velados sobre os quais passem gatos, cães, ratos, galinhas ou aves estranhas. Daí a tradição de manter os mortos em casa e de trancar todos os gatos durante o velório. Para evitar a transformação do morto em moroi, as pessoas desenvolveram diversos tipos de práticas, mas o método mais seguro continua a ser furar-lhe o coração antes do enterro…

Fonte: Jornal Evenimentul Zilei (Bucareste) (Jornal Expresso)
Texto/Autor : Cristina Lica
Tradutora: Ana Cardoso Pires
Fotos da Net
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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Malta


Pode correr-se o risco de se ficar esmagado pelo gozo de gozar em gozo. O calão permite-se quando está em causa o melhor da vida. Isto é, uma capital excêntrica com nome de mulher e Rainha – Victória -, águas semi-virgens do Mediterrâneo e terra de cavaleiros do templo. Uma das três ilhas do arquipélago de Malta, o lugar imaginado da utopia. 


Se numa noite de verão o viajante subir à Cidadela de Gozo, verá divisar-se, entre as nuvens de pó que se erguem na planície, a figura mística do quinto cavaleiro. Como um mensageiro de Deus ou um anjo (ou uma alma penada), este virá montado num possante corcel, oculto por um longo manto e a dobra espessa do turbante.


Quando o vento acalmar e a investida e as patas empinadas lhe estiverem a dois palmos do nariz, o viajante fará uma vénia e subirá para o dorso musculado do corcel, levantando do chão apenas pelo sopro vulcânico da terra.


Antes de o sol nascer, e no tempo de um pestanejar, acordará deitado num tapete de Damasco e diante dos seus olhos pasmados terá no lugar de ouro, incenso e mirra, ou de um burro, uma vaca e um charolês, a sublime visão de Malta. É neste clima épico que se pronuncia a fantasia. Diz-se que os malteses herdaram o melhor dos ingleses, o que está patente na arquitectura das casas, na pontualidade, na gastronomia – as tartes são um prato recorrente – ou na língua que usam como mãe. 


Mais recentemente, as noções de aculturação estendem-se ao futebol e as ruas de Gozo e Malta encheram-se de sósias de David Beckham. Assim, rapaz que preze a virilidade usa patilhas com madeixas, muda de penteado dia sim, dia não e sonha em ter uma namorada de nome Victória, uma rainha ocidental com voz de cotovia. Talvez isso explique a metamorfose das raparigas, que se juntam aos grupinhos para ensaiar temas da pop inglesa vestidas como as Doce nos seus tempos áureos, como se o seu futuro sentimental e a hipótese de constituir família dependessem do talento para as cantigas.


Depois há as senhoras de meia-idade e as avós com caras – e bigodes – de lobo mau, que olham de lado estes excessos, pesarosas de as filhas e netinhas trocarem promissora carreira no convento por um espectáculo tão deprimente. Tudo se passa na rua e o momento é risível. Mas, se pergunto a Maria – uma das muitas Marias da terra – se se importa com os maneirismos da neta, só comenta que gostava mais de vê-la na igreja a ajudar o padre-cura na missa ou a cursar catequese. Parece medieval, mas é o que é. Os tempos mudam, porém. Os filhos e netos malteses preferem hoje imaginar-se nos palcos de concertos de musica, nos estádios de futebol – onde nunca lograram sucesso – ou nas salas de cinema com o cabedal de Brad Pitt e os penteados de David Beckham.

(O Exterior da Catedral de Assumption))

O fervor religioso foram busca-lo aos italianos, os únicos que os superam na proporção de igrejas por habitante. Dos turcos consta que a herança está no poder de encaixe… das bebidas pesadas. E se numa noite de verão o viajante se deita à varanda depois de um dia inteiro de romaria, ocorre-lhe pensar que a religião é o ópio do povo e o povo, é quem mais ordena, e o que lhe apetece, afinal, é demolhar as papilas num Lavagulin ou fumar ervas por um cachimbo de água. (O Interior da Catedral de Assumption na Cidadella em Victória)

(O Interior da Catedral de Assumption na Cidadella em Victória)

Um daqueles cachimbos de essências lúbricas dos souks do Cairo que depois de fumados deixam um homem santo. E nada é impossível de conseguir se até um reluzente disco de vinil dos Abba lhe foi dado comprar no mercado de Gharb, em Victória, ou um escafandro untado de um verdete falso posto à pressa nessa manhã e que o hábil vendedor o tentou convencer ter sido pertença de um marujo de Drake. 

(Basílica de St. George's)
(Interior da Basílica de St. George's)

Onde andaria o Drake quando Malta era potência do Mediterrâneo e vespeiro onde todos procuravam assentar o ferrão? Ainda se fosse de algum corsário fariseu a soldo de Filipe II… De resto, para animar em Malta não faltarão pretextos: das rotas esotéricas do glorioso Corto Maltese, aos trilhos dos cavaleiros da Grã Ordem, das farras olímpicas possíveis em qualquer taverna de estrada e a qualquer hora aos mais selectos restos de paleta mediterrânica, como o impagável Sultan, um grego cipriota rendido aos ares malteses, com tabanca posta nos areais de Comino.

Nota Histórica

Malta é habitada desde cerca de 5200 a.C., durante o Neolítico. Os primeiros achados arqueológicos datam aproximadamente de 3800 a.C. Existiu nas ilhas uma civilização pré-histórica significativa antes da chegada dos fenícios, que baptizaram a ilha principal Malat, o que significa refúgio seguro. 


Os agricultores neolíticos viveram sobretudo em cavernas e produziram uma cerâmica similar à encontrada na Sicília. Entre 2400 e 2000 a.C., desenvolveu-se um elaborado culto aos mortos, possivelmente influenciado pelas culturas das ilhas Ciclades e de Micenas (idade do bronze). Essa cultura foi destruída por uma invasão, provavelmente vinda do Sul da Itália. Por volta do ano 1000ª.C. as ilhas eram uma colónia fenícia. Em 736 a.C. foram ocupados pelos gregos e posteriormente passaram a ser domínio dos cartagineses (400 a.C.), e depois dos romanos (218 a. C.), quando recebeu o nome de Melita. 

(Estatuetas Neolíticas Xaghra)

Segundo a lenda nos Actos dos Apóstolos, no ano 60 da era Cristã, São Paulo naufragou e chegou à costa maltesa, onde promoveu a conversão dos seus habitantes. A partir desta data, os malteses aderiram ao Cristianismo e permanecem-lhe fiéis até hoje. Com a divisão do Império Romano em 395 d.C., a zona leste da ilha foi cedida ao domínio de Constantinopla (Império do Oriente). 

( Estes templos em Xaghra, Gozo, são dos mais importantes sítios arqueológicos em Malta.  As origens de Ggantija remontam à data de (3600-3200 a.C). 

O Império Bizantino controlou-a até 870, quando foi conquistada pelos árabes muçulmanos, que influenciaram o seu idioma e cultura. Após a conquista árabe, Malta foi convertida ao islamismo. A  Influência árabe pode ser encontrada na moderna língua maltesa, uma língua fortemente romanizada que deriva do árabe vernáculo.

(Círculo de pedra de Xaghra)

As Ilhas que fazem parte da União


A Republica de Malta é composta por um arquipélago de cinco ilhas muito próximas, situadas a 93 km do sul da Ilha da Sicília, a Sudoeste da Itália, e a 290km ao Norte da Líbia, na África. Está situada no centro do Mediterrâneo. As cinco ilhas do arquipélago maltês são: Malta, Gozo, Comino, e duas ilhas desabitadas, Cominatto e Filfla, as quais, no total, têm uma superfície de 316km2 e abrigam uma população estimada em 400 214 habitantes. A Republica de Malta passou a fazer parte da EU – União Europeia – a partir de 2004.
A terra de Corto Maltese
Entre os ilustres nativos malteses, o herói da banda desenhada Corto (Maltese) mantém a sua popularidade intacta. O viajante deve munir-se de notas biográficas de Hugo Pratt (‘O desejo de ser Inútil’, edições Relógio d’água) e fazer-se ás estradas, cavernas, grutas, rochedos, mares…
Muitas missas e festas
O Arquipélago maltês é um dos lugares com mais religiosos praticantes por metro quadrado. Recomenda-se ao visitante ateu ou beato que assista pelo menos a uma missa, e se for em época de festas, que acompanhe o corso ou a romaria.

Fonte: Revista Domingo
Texto: Tiago Salazar
Fotos da net
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domingo, 29 de janeiro de 2017

O poder do chocolate


Esqueça as calorias. O chocolate pode ser um grande aliado da sua saúde.

. Rico em flavonóides, substância antioxidantes que inibem a produção de radicais livres associados ás doenças cardiovasculares.
. Activa a produção de serotonina, um neurotransmissor do humor, pelo que está indicado em casos de depressão e durante o período pré-menstrual.
. Os chocolates amargos, com maior percentagem de cacau, são os mais aconselhados.
. 50 gramas por dia, o equivalente a um bombom, são suficientes para retirar os seus benefícios.

Fonte : Revista Nova Gente
Texto/Autor: Luís Gaspar
Foto da net
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sábado, 28 de janeiro de 2017

Cactos

Podem ser pequenos, grandes, simples ou com bonitas flores. A verdade é que os cactos são autênticos sobreviventes. Consegue resistir-lhes?

A Magia do deserto em sua casa


Podemos desprezá-los, esquecermo-nos de regar, que eles conseguem sobreviver a todo. Escolher uma espécie deste tipo de plantas é uma tarefa demorada. São muitas as formas, medidas e encantos que pode escolher ter em casa. E se os espinhos assustam os mais melindrosos, saiba que é apenas uma defesa para não serem devorados por animais famintos. Vá de férias à vontade, que eles não se importam nem irão surpreende-lo com uma secura inconveniente.
Ideais para os distraídos. Perfeitos para quem aposta na originalidade, quer no interior como no exterior do seu lar.

Efeito Original


Surpreendente e muito estético. Se precisa de decorar um escritório, mas não sabe como, experimente misturar duas espécies de cactos através do enxerto. Os seus amigos vão adorar.

Primeiro passo

Tendo o devido cuidado para não se picar, escolha uma vara de enxerto vigorosa e corte um segmento de 3 cm do topo. Para o fazer, utilize uma faca bem afiada e desinfectada ao lume.

Segundo passo

Prepare o enxerto retirado sobre a outra espécie de cacto, seleccionada geralmente entre as mais reputadas de cultura difícil. Corte o contorno em viés, para melhorar a sua instalação sobre a vara do enxerto.

Terceiro passo

Coloque o enxerto sobre o cacto portador, apoiando-o para evitar bolsas de ar e segurando o enxerto. Mantenha as duas partes juntas com elásticos. Coloque o vaso num local iluminado e ameno (10 graus).

Saiba que…



Algumas cactáceas têm capacidade para acumular uma quantidade de água equivalente a trinta vezes o seu peso;
Os cactos subdividem-se em três grupos, consoante a localização das reservas de água, que podem ser nas folhas, no caule ou na raiz;
Pensa-se que os primeiros cactos surgiram há 150 milhões de anos;
No nosso Planeta, existem cerca de dez mil espécies de cactos;
O Jardim Exótico de Montecarlo, no Principado do Mónaco, tem a mais rica colecção destas plantas do Mundo. Trata-se de um hectare de terreno que atrai por ano, 600 mil visitantes;


Algumas variedades de cactos são utilizadas para fins medicinais.

Fonte: Revista Ana
Fotos da revista /net

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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Chocolate negro reduz hipertensão


Comer dois pedaços de chocolate negro por dia é suficiente para reduzir a tensão arterial sem ganhar peso.
A conclusão é de um estudo alemão que acompanhou durante 18 meses 44 adultos com hipertensão arterial. Já o chocolate branco não surtiu qualquer efeito a nível da tensão.

Fonte: Revista Nova Gente
Foto de net
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