sábado, 31 de março de 2007

A Princesa da Torre

 


No castelo de Bragança existe uma “Torre da Princesa”, rodeada de lendas. Nada de estranho em terras transmontanas.

As origens do castelo de Bragança confundem-se com as da própria nacionalidade. Embora se saiba pouco sobre a primitiva cerca defensiva, há informações segundo as quais D. Afonso Henriques encarregou o cunhado, Fernão Mendes, de fundar uma povoação no Outeiro de Benquerença, povoação denominada «Bragança» já por D. Sancho II, em 1253. Sofreu alterações pelos séculos seguintes: no reinado de D. Dinis, depois já durante D. João I, a cidade sofreu uma grande campanha de construção de edifícios militares e as feições do castelo alteraram-se. Voltariam a mudar muitas vezes, em parte devido ao facto de o castelo se situar perto da fronteira e, portanto, numa região mais vulnerável. Desde 1936 funciona lá um museu militar, o que terá tornado a paisagem mais domesticada…

Mesmo assim, encontrando-se a uma altitude de 700 metros, nos horizontes perdidos e rochosos de Trás-os-Montes, não é difícil imaginarmos que este conjunto – onde alguns historiadores de arte detectaram influências inglesas – prestou-se bem a ambientes de lendas e histórias de fantasmas.

Mesmo quendo, como na lenda da Torre da Princesa, o «fantasma» não é mais do que o disfarce pueril de um tio zangado com a sobrinha apaixonada, e que decidiu interpretar o papel do cavaleiro escolhido pela princesa, supostamente morto. Há muitos anos que o cavaleiro partira e a princesa, fiel ao juramento que lhe fizera, decidira não aceitar a corte de mais ninguém. De acordo com a lenda, o rei que habitaria a fortaleza reagiu em desespero de causa: decidiu que o cavaleiro, em espírito, apareceria á sua amada, a dizer-lhe que, tendo ele morrido em terras distantes, a moça ficaria desobrigada do juramento, podendo dar a mão a quem quisesse… O pior foi quando um raio de luz, muito oportuno, descobriu o embuste e expôs um rei (mal) disfarçado e envergonhado, que só teve tempo de fugir. A princesa, pobre dela, continuaria à espera do seu cavaleiro.

A partir de então a princesa nunca mais foi obrigada a quebrar a sua promessa e passou a viver recolhida na torre que ficou para sempre lembrada como a Torre da Princesa e aquelas duas portas ficaram a ser conhecidas pela Porta da Traição e a Porta do Sol.

Fonte: Jornal Expresso

Texto/autor: Nair Alexandra

Foto da net

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