No castelo de Bragança
existe uma “Torre da Princesa”, rodeada de lendas. Nada de estranho em terras
transmontanas.
As origens do castelo de
Bragança confundem-se com as da própria nacionalidade. Embora se saiba pouco
sobre a primitiva cerca defensiva, há informações segundo as quais D. Afonso
Henriques encarregou o cunhado, Fernão Mendes, de fundar uma povoação no
Outeiro de Benquerença, povoação denominada «Bragança» já por D. Sancho II, em
1253. Sofreu alterações pelos séculos seguintes: no reinado de D. Dinis, depois
já durante D. João I, a cidade sofreu uma grande campanha de construção de
edifícios militares e as feições do castelo alteraram-se. Voltariam a mudar
muitas vezes, em parte devido ao facto de o castelo se situar perto da
fronteira e, portanto, numa região mais vulnerável. Desde 1936 funciona lá um
museu militar, o que terá tornado a paisagem mais domesticada…
Mesmo assim, encontrando-se
a uma altitude de 700 metros, nos horizontes perdidos e rochosos de Trás-os-Montes,
não é difícil imaginarmos que este conjunto – onde alguns historiadores de arte
detectaram influências inglesas – prestou-se bem a ambientes de lendas e
histórias de fantasmas.
Mesmo quendo, como na lenda
da Torre da Princesa, o «fantasma» não é mais do que o disfarce pueril de um
tio zangado com a sobrinha apaixonada, e que decidiu interpretar o papel do
cavaleiro escolhido pela princesa, supostamente morto. Há muitos anos que o
cavaleiro partira e a princesa, fiel ao juramento que lhe fizera, decidira não
aceitar a corte de mais ninguém. De acordo com a lenda, o rei que habitaria a
fortaleza reagiu em desespero de causa: decidiu que o cavaleiro, em espírito,
apareceria á sua amada, a dizer-lhe que, tendo ele morrido em terras distantes,
a moça ficaria desobrigada do juramento, podendo dar a mão a quem quisesse… O
pior foi quando um raio de luz, muito oportuno, descobriu o embuste e expôs um
rei (mal) disfarçado e envergonhado, que só teve tempo de fugir. A princesa,
pobre dela, continuaria à espera do seu cavaleiro.
A partir de então a princesa
nunca mais foi obrigada a quebrar a sua promessa e passou a viver recolhida na
torre que ficou para sempre lembrada como a Torre da Princesa e aquelas duas
portas ficaram a ser conhecidas pela Porta da Traição e a Porta do Sol.
Fonte: Jornal Expresso
Texto/autor: Nair Alexandra
Foto da net
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