O que é uma crise de Epilepsia?
Os antigos diziam que era
uma prova de que se estava possuído pelo demónio. Os gestos descoordenados, a
baba e a língua aparentemente grande de mais para caber na boca, toda a crise
epilética, assustavam – o próprio, sobretudo, e os demais, tanto ou quase. Mas
afinal o que é?
Durante uma crise epilética,
milhões de neurónios descarregam electricidade todos ao mesmo tempo e de uma
forma súbita. Os sintomas variam segundo a zona cerebral atingida. Podem ir de
uma pequena perda de atenção a um coma, passando por espasmos musculares,
convulsões, alucinações e problemas da linguagem, da audição, da visão e da
memória. Na realidade não existe uma, mas várias crises de epilepsia. Podemos
reagrupa-las em dois grandes tipos: as crises parciais, quando a região
atingida está circunscrita, e as generalizadas, quando todo o cérebro é
afectado.
Um desequilíbrio dos sinais
Lesões cerebrais devidas a uma malformação congénita, a uma doença neurológica, a um traumatismo craniano e mesmo predisposição genética: as origens possíveis das crises epilépticas são numerosas. Quanto ao mecanismo de descarga eléctrica, continua mal conhecido. Contudo estudos que têm vindo a ser feitos já há vários anos por equipas do Instituto de Neurobiologia do Mediterrâneo, com sede em Marselha, tendem a demonstrar a existência de um desequilíbrio entre os diferentes mecanismos que asseguram a correcta transmissão de informações no cérebro.
As muitas centenas de
milhares de neurónios que povoam o nosso cérebro constituem de facto uma
verdadeira central eléctrica e química. As informações percorrem os neurónios a
toda a velocidade sob a forma de sinais eléctricos e passam de célula em célula
graças a substâncias químicas, os neuromediadores. Algumas, como o glutamato,
têm por missão excitar os neurónios, favorecendo a transmissão do sinal. Outras
como o ácido gama-amino-butírico, têm pelo contrário, a função de o inibir. É
um subtil equilíbrio entre estes dois mecanismos que vai permitir ao nosso
cérebro funcionar correctamente. Ora, os investigadores descobriram que durante
uma crise de epilepsia temporal (a forma mais corrente entre os adultos, que
atinge a região cerebral a que se dá o nome de hipocampo), a excitação dos
neurónios é muito aumentada, enquanto os sinais de inibição diminuem.
Resultado: um desequilíbrio que não consegue garantir o bom funcionamento da
nossa massa cinzenta.
Fonte: Revista Notícias
Magazine
Texto: Fabrice Demartgin
(Science et Vie)
Fotos da Net
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