segunda-feira, 26 de março de 2007

Epilepsia

 O que é uma crise de Epilepsia?

Os antigos diziam que era uma prova de que se estava possuído pelo demónio. Os gestos descoordenados, a baba e a língua aparentemente grande de mais para caber na boca, toda a crise epilética, assustavam – o próprio, sobretudo, e os demais, tanto ou quase. Mas afinal o que é?

Durante uma crise epilética, milhões de neurónios descarregam electricidade todos ao mesmo tempo e de uma forma súbita. Os sintomas variam segundo a zona cerebral atingida. Podem ir de uma pequena perda de atenção a um coma, passando por espasmos musculares, convulsões, alucinações e problemas da linguagem, da audição, da visão e da memória. Na realidade não existe uma, mas várias crises de epilepsia. Podemos reagrupa-las em dois grandes tipos: as crises parciais, quando a região atingida está circunscrita, e as generalizadas, quando todo o cérebro é afectado.

Um desequilíbrio dos sinais

Lesões cerebrais devidas a uma malformação congénita, a uma doença neurológica, a um traumatismo craniano e mesmo predisposição genética: as origens possíveis das crises epilépticas são numerosas. Quanto ao mecanismo de descarga eléctrica, continua mal conhecido. Contudo estudos que têm vindo a ser feitos já há vários anos por equipas do Instituto de Neurobiologia do Mediterrâneo, com sede em Marselha, tendem a demonstrar a existência de um desequilíbrio entre os diferentes mecanismos que asseguram a correcta transmissão de informações no cérebro.

As muitas centenas de milhares de neurónios que povoam o nosso cérebro constituem de facto uma verdadeira central eléctrica e química. As informações percorrem os neurónios a toda a velocidade sob a forma de sinais eléctricos e passam de célula em célula graças a substâncias químicas, os neuromediadores. Algumas, como o glutamato, têm por missão excitar os neurónios, favorecendo a transmissão do sinal. Outras como o ácido gama-amino-butírico, têm pelo contrário, a função de o inibir. É um subtil equilíbrio entre estes dois mecanismos que vai permitir ao nosso cérebro funcionar correctamente. Ora, os investigadores descobriram que durante uma crise de epilepsia temporal (a forma mais corrente entre os adultos, que atinge a região cerebral a que se dá o nome de hipocampo), a excitação dos neurónios é muito aumentada, enquanto os sinais de inibição diminuem. Resultado: um desequilíbrio que não consegue garantir o bom funcionamento da nossa massa cinzenta.

Fonte: Revista Notícias Magazine

Texto: Fabrice Demartgin (Science et Vie)

Fotos da Net

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