A derradeira cidade da
Argentina
Cidade de Ushuaia
Deixei El Calafate e segui para
sul até à cidade mais austral do Planeta – Cidade de Ushuaia. Entalada entre os montes
Marciais, a cidade estende-se pela encosta da montanha frente ao canal Beagle.
No horizonte estão as últimas ilhas chilenas e ao fundo começa o Oceano Glaciar
Antártico. Por lá ficaram os últimos Índios Yaghan, convivendo entre emigrantes
ingleses e o povo argentino. O que resta é natureza e silêncio.
A caminho do melhor hotel da
cidade, o meu guia, prazenteiro, de olhos rasgados e cabelo hirsuto, não deve
ter com toda a certeza sangue índio, diz-me que foi Fernão de Magalhães quem primeiro cruzou aquelas paragens. “Sim,
foi ele mesmo quem provou que a ligação entre o Atlântico e o Pacífico era
possível através do longuíssimo e estreito canal, a qual viria mais tarde a ser
baptizado com o seu nome.” Respondi-lhe que sabia e que estava contente por ele
mo contar.
O las Hayas Resort Hotel,
belíssimo, fica suspenso a meio da encosta, com vista sobre a cidade. Foi de lá
que assisti ao mais raro pôr-do-sol da minha vida. O factor atmosférico não me
permitiu dar largas ao programa que tinha delineado e tive de me contentar com
alternativas que me souberam a pouco.
Cai uma chuva miudinha à medida
que passeio pela cidade para conhecer os lugares de maior destaque e reparo nos
telhados coloridos e nas casas de chapa ondulada, pintadas de tons garridos
contrastantes. Desde logo me apercebo do clima pitoresco da pequena cidade de
Ushuaia.
Avenida Maipu
Visto o curioso Museu do Fim do Mundo, em plena Avenida Maipu, que reúne objectos descobertos ao longo dos tempos e
que narram histórias da Terra do Fogo. Mais tarde, uma volta pela zona
comercial na Calle San Martin mostra-me
artigos de artesanato que fazem as minhas delícias.
Calle San Martin
Às 14.30 horas embarco para uma
excursão através do canal Beagle. O mar revolto e negro, as nuvens violetas e
um nevoeiro intenso, que pouco ou nada me deixa observar, acabam por estragar o
tão desejado passeio. Pinguins, poucos, lobos-marinhos, alguns, e outros tantos
animais cuja oportunidade de ver e fotografar era aquela, a única. Desiludida,
regresso, gelada, ao hotel, acompanhada por um temporal.
No dia seguinte dou um passeio
no Tren del Fin del Mundo em
direcção ao Parque Nacional Terra do
Fogo, percorrendo devagar uma paisagem soberba. Apesar de tudo, sempre
estava a passear no mítico comboio. O mais austral do mundo!
Tren del Fin del Mundo - Parque Nacional Terra do Fogo
O Parque Nacional é um
esplendor. Rodeado pelas montanhas chilenas e argentinas, com mais de 63 mil
hectares praticamente inexplorados, sou conduzida por entre bosques até Ensenada e Lagoa Negra e por último levam-me à escura Baía Lapataia.
Ensenada e Lagoa Negra
É precisamente ali que a cordilheira dos Andes
mergulha no mar e acaba o continente. É o fim do território argentino e da
célebre estrada nacional nº3, com mais de 3600 quilómetros.
Mirante Baia Lapataia
E porque gosto de celebrar
despedidas com uma boa refeição, qual não é o meu espanto quando me dizem que
em Ushuaia se encontra um dos melhores restaurantes do Mundo. Não posso perder
esta oportunidade. O Kaupé é um restaurante muito particular. O chefe e gentil
proprietário apresenta-me um cardápio de difícil escolha. Foi isso mesmo, um
festim e um regalo para o olhar.
Muitas foram as razões que me
levaram a conhecer este lugar mítico. Parece um sítio inventado, irreal. Agora
sei porque lhe chamam “as terras do fim do mundo”.
Fonte: Revista Caras / Viagens
Texto /Autor: Maria da Assunção
Avillez
Fotos da Net
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