terça-feira, 8 de novembro de 2016

Argentina – Ushuaia

A derradeira cidade da Argentina

Cidade de Ushuaia

Deixei El Calafate e segui para sul até à cidade mais austral do Planeta – Cidade de Ushuaia. Entalada entre os montes Marciais, a cidade estende-se pela encosta da montanha frente ao canal Beagle. No horizonte estão as últimas ilhas chilenas e ao fundo começa o Oceano Glaciar Antártico. Por lá ficaram os últimos Índios Yaghan, convivendo entre emigrantes ingleses e o povo argentino. O que resta é natureza e silêncio.
A caminho do melhor hotel da cidade, o meu guia, prazenteiro, de olhos rasgados e cabelo hirsuto, não deve ter com toda a certeza sangue índio, diz-me que foi Fernão de Magalhães quem primeiro cruzou aquelas paragens. “Sim, foi ele mesmo quem provou que a ligação entre o Atlântico e o Pacífico era possível através do longuíssimo e estreito canal, a qual viria mais tarde a ser baptizado com o seu nome.” Respondi-lhe que sabia e que estava contente por ele mo contar.
O las Hayas Resort Hotel, belíssimo, fica suspenso a meio da encosta, com vista sobre a cidade. Foi de lá que assisti ao mais raro pôr-do-sol da minha vida. O factor atmosférico não me permitiu dar largas ao programa que tinha delineado e tive de me contentar com alternativas que me souberam a pouco.
Cai uma chuva miudinha à medida que passeio pela cidade para conhecer os lugares de maior destaque e reparo nos telhados coloridos e nas casas de chapa ondulada, pintadas de tons garridos contrastantes. Desde logo me apercebo do clima pitoresco da pequena cidade de Ushuaia. 

Avenida Maipu

Visto o curioso Museu do Fim do Mundo, em plena Avenida Maipu, que reúne objectos descobertos ao longo dos tempos e que narram histórias da Terra do Fogo. Mais tarde, uma volta pela zona comercial na Calle San Martin mostra-me artigos de artesanato que fazem as minhas delícias.

Calle San Martin

Às 14.30 horas embarco para uma excursão através do canal Beagle. O mar revolto e negro, as nuvens violetas e um nevoeiro intenso, que pouco ou nada me deixa observar, acabam por estragar o tão desejado passeio. Pinguins, poucos, lobos-marinhos, alguns, e outros tantos animais cuja oportunidade de ver e fotografar era aquela, a única. Desiludida, regresso, gelada, ao hotel, acompanhada por um temporal.
No dia seguinte dou um passeio no Tren del Fin del Mundo em direcção ao Parque Nacional Terra do Fogo, percorrendo devagar uma paisagem soberba. Apesar de tudo, sempre estava a passear no mítico comboio. O mais austral do mundo!

Tren del Fin del Mundo - Parque Nacional Terra do Fogo

O Parque Nacional é um esplendor. Rodeado pelas montanhas chilenas e argentinas, com mais de 63 mil hectares praticamente inexplorados, sou conduzida por entre bosques até Ensenada e Lagoa Negra e por último levam-me à escura Baía Lapataia. 

Ensenada e Lagoa Negra

É precisamente ali que a cordilheira dos Andes mergulha no mar e acaba o continente. É o fim do território argentino e da célebre estrada nacional nº3, com mais de 3600 quilómetros.

Mirante Baia Lapataia

E porque gosto de celebrar despedidas com uma boa refeição, qual não é o meu espanto quando me dizem que em Ushuaia se encontra um dos melhores restaurantes do Mundo. Não posso perder esta oportunidade. O Kaupé é um restaurante muito particular. O chefe e gentil proprietário apresenta-me um cardápio de difícil escolha. Foi isso mesmo, um festim e um regalo para o olhar.
Muitas foram as razões que me levaram a conhecer este lugar mítico. Parece um sítio inventado, irreal. Agora sei porque lhe chamam “as terras do fim do mundo”.

Fonte: Revista Caras / Viagens
Texto /Autor: Maria da Assunção Avillez
Fotos da Net
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