terça-feira, 15 de novembro de 2016

Rio de Janeiro

O triunfo da Natureza no belo Rio de Janeiro


Que a Natureza estava inspirada quando criou o Rio de Janeiro é uma verdade que entra pelos olhos adentro.: desenhou-lhe baías de formas aerodinâmicas, esculpiu-lhe morros arredondados, banhou-o de sol, calor e humidade, rasgou-lhe cursos de água fresca em rios, cachoeiras, e lagoas e, à laia de remate, polvilhou a obra com um manto luxuriante de Mata Atlântica. Tamanho momento de inspiração resultou no seguinte: de todas as cidades do Mundo, o Rio é por ventura, aquela que tem o entorno natural mais belo. Pode elogiar-se o espírito alegre e desprendido dos cariocas e o ‘astral’ do Leblon, Ipanema e Copacabana, mas quem visita a ‘cidade maravilhosa’ não pode passar ao lado das belezas naturais que fazem em absoluto a sua singularidade. É delas que nos propomos falar – Jardim Botânico, Parque Nacional da Tijuca, Lagoa Rodrigo de Freitas.


DOM RODRIGO ALCUNHADA o ‘Coração do Rio’, por causa da forma, a Lagoa Rodrigo de Freitas deve o nome ao Capitão Português que em 1660 desposou Dona Petrolina Fagundes, filha de Sebastião Fagundes Varela, proprietário de um engenho e das terras em torno do lago. É, para muitos, a melhor representação da paisagem do Rio, na relação criada entre o espelho d’água da lagoa e os contrafortes do maciço da Serra Tijuca. Esta beleza natural é alimentada por águas que descem das montanhas pelos rios Cabeça, Rainha e dos Macacos, com um contorno de 10 km e que nem os prédios dos bairros circundantes desfeiam.


Para Norte, a parede quase a pique do morro do Corcovado, a Este, o morro dos Cabritos, para Sul Ipanema e para Oeste o Jardim Botânico. Apesar da mancha urbana, o verde ainda é o tom predominante. A lagoa, como os calçadões de Copacabana e de Ipanema, é um dos lugares eleitos pelos habitantes da Zona Sul para actividades desportivas e de lazer, como um ‘chopinho’ ao final de tarde nos quiosques do Parque dos Patins.


Preocupada em preservar a área, a prefeitura carioca criou, em 1990, uma área de protecção ambiental não só da lagoa mas também da zona envolvente de modo a salvaguardar a manutenção deste espelho de água cuja superfície original já foi quatro vezes maior e acabou consecutivamente diminuída ao longo de três séculos, devido a aterros. Para ver a Lagoa Rodrigo de Freitas em todo o esplendor, é imperioso subir à estátua do Cristo Redentor, preferencialmente ao pôr-do-sol. A lagoa fica
Bordejada de luzinhas, que surgem reflectidas no seu manto líquido numa visão inesquecível.


JARDIM BOTÂNICO. Perto da Rodrigo de Freitas fica o Jardim Botânico, designação do parque que acabou por baptizar o bairro vizinho. É uma das muitas jóias deixadas em herança pela Coroa Portuguesa ao Brasil. O jardim foi fundado em 1808 por D. João VI e agrupa numa superfície de 141 há um total de 138 mil plantas e árvores de 8600 espécies diferentes. Reserva da Biosfera da UNESCO desde 1991, o jardim viu assim reconhecida a sua relevância, sendo visitado por cerca de 450 mil pessoas em cada ano. As palmeiras imperiais originárias da América Central e que ladeiam a alameda Barbosa Rodrigues (antigo director e impulsionador do jardim), num total de 134, são o cartão-de-visita do parque. Acrescenta-se a título de curiosidade, que, quando estas palmeiras deram os seus primeiros frutos, o então director do jardim, cioso das suas árvores, tentou monopolizar o plantio. Em Vão: durante a noite, escravos subiam às árvores e colhiam as sementes, que depois vendiam. Daí resultou a disseminação desta palmeira por quase todo o Brasil. A Aprazibilidade do local levou à fixação de população que ali formou o embrião de um bairro tranquilo, que assumiu o nome do jardim e que hoje conta com duas extensões verdes, o parque Lage, recentemente renovado e uma zona conhecida como o Horto, situada nas traseiras do Jardim Botânico.(Museu do Amanhã e Transporte)

(Museu do Amanhã e Transporte)


(Museu de Arte Contemporânea)

PEDRO E A TIJUCA. Reza a história que no dia 11 de Dezembro de 1861, D. Pedro II, Imperador do Brasil aconselhado pelo barão do Dom Retiro, tomou uma decisão que viria a revelar-se providencial. Preocupado com os graves problemas de abastecimento de água à cidade decorrente da seca dos rios das serras da Carioca e da Tijuca por falta da cobertura arbórea, o monarca ordenou a expropriação de todas as fazendas de café e o replantio da serra tijucana, salvando uma boa porção da Mata Atlântica e criando o maior parque florestal urbano do Mundo com uma superfície de 3200 há, hoje classificado como Reserva da Biosfera. 

(Parque do Flamengo)

Encarregue da missão, Manuel Gomes Archer, major da Guarda Nacional, liderou a equipa que plantou mais de 80 mil plantas e assegurou a manutenção dos caminhos e outros acessos ao alto da serra. Diversas espécies de micos (macacos), Iguanas e esquilos voltaram ao antigo habitat, rios, ribeiros e cachoeiras voltaram a encher-se de água fresca, a cidade fluminense manteve o seu pulmão verde., hoje motivo de orgulho e lugar de lazer (mais um!) dos cariocas.

(Arcos do Lapa)
O Parque Florestal da Tijuca, tem três núcleos: a Serra da Carioca, onde fica o famoso miradouro da Vista Chinesa; a Floresta da Tijuca, que tem como atracções a cascatinha Taunay, a Capela Mayrink, o Mirante do Excelsior, o Açude da Solidão e o Museu do Açude; e o conjunto Pedra da Gávea/Pedra Bonita, onde ficam os trilhos que levam aos respectivos cumes e onde estão as rampas de lançamento de Asa Delta e Parapente, isto claro, para quem quiser matar a sede de emoções…



Fonte: Revista Domingo (Correio da Manhã)
Texto: André Pipa
Fotos da Net
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