Este frasquinho custa 1500 Euros. Parece-lhe caro? É o preço a pagar pelo aroma favorito de Maria Antonieta – a rainha austríaca que escandalizou a corte francesa dos finais do século XVIII, por causa dos seus refinados hábitos de higiene. O perfume, também ele de nome pomposo, Sillage de la Reine (traduzido à letra O Acordar da Rainha) passou a estar à venda desde Setembro de 2005. Mas não será fácil encontra-lo: só no Palácio de Versalhes, em Paris, onde ela viveu, ou através de encomendas directas à empresa anglo-holandesa Quest International.
E foi precisamente na antiga morada da Rainha que
decorreu a apresentação da amostra, em meados de Fevereiro de 2005. Cerca de 80
pessoas escolhidas a dedo pela companhia espreitaram os seus aposentos e a mala
onde ela guardava as essências. O anfitrião foi o francês Francis Kurkdjian,
uma sumidade de perfumes, que resolveu recuar no tempo e criar a réplica
perfeita da fragância de Jean-Louis Fargeon, o perfumista pessoal de Maria
Antonieta.
Sillage de la Reine é um coquetel de luxo. Mistura
jasmim, flor de íris, âmbar-cinzento, rosa e tuberosa, entre outros
ingredientes. Todos com um denominador comum: eram os preferidos da Rainha.
A sua obsessão por perfumes foi provocada por um
estranho motivo: para evitar desmaios. Maria Antonieta só não perdia os
sentidos quando lhe vinham os odores do âmbar, almíscar e sândalo. Ao saber
desta fraqueza, em 1774, Jean-Louis Fargeon apresentou-se a ela com umas luvas
aromatizadas. Conquistou-a na hora.
Os livros de história descrevem-na como uma vilã
frívola. “Foi a primeira fashion victim”,
garante a historiadora francesa Elisabeth de Feydeau, que dedicou uma biografia
ao perfumista real. Apesar de as suas práticas de higiene terem chocado a
corte, Maria Antonieta deixou marca. Aliás, muitas marcas: os cabelos soltos, a
maquilhagem leve e, claro, os perfumes, que viriam a transformar-se numa
indústria que movimenta milhões.
Reza a lenda que na Revolução Francesa o povo
apanhou a carruagem real por causa do rasto de perfume de Maria Antonieta. O
desfecho já se sabe: em 1793 foi condenada à guilhotina. Mas ainda gritou ao
carrasco: “Malvado, malvado, não me descomponha!”
Receita com secreções de Baleia
Primeiro mistura-se a baunilha com rosa, tuberosa,
jasmim, flor de Íris e flor de laranjeira. E fica a repousar durante dez dias,
ao ar livre.
A etapa seguinte consiste em adicionar ao coquetel
inicial uma outra preparação, á base de glicerina, cedro, sândalo,
âmbar-cinzento e almíscar (substância aromática retirada de uma glândula do
almiscareiro). Da união de todos os ingredientes resulta um perfume requintado.
Recentemente, uma equipe de perfumistas na França
embarcou em uma missão intrigante: recriar o famoso perfume de Maria Antonieta.
Utilizando descrições históricas e documentos da época, eles se propuseram a
recriar o aroma que encantava a rainha.
A tarefa não foi fácil, pois muitos dos ingredientes originais não estão mais disponíveis ou são extremamente raros. No entanto, com dedicação e habilidade, a equipe conseguiu recriar a fragrância com precisão, usando ingredientes que evocam o mesmo aroma que Maria Antonieta conheceu e amou.
O Aroma da História
O perfume recriado de Maria Antonieta oferece uma janela olfativa para o passado. Quando você fecha os olhos e inala essa fragrância, é como se estivesse fazendo uma viagem no tempo para os salões luxuosos do Palácio de Versalhes. É uma fragrância que evoca a elegância e a sofisticação da corte francesa do século XVIII.
A Embalagem: Uma Homenagem à Época
Além do próprio perfume, a embalagem do frasco é uma verdadeira obra de arte. Inspirada na estética da época de Maria Antonieta, a embalagem é adornada com detalhes delicados e refinados, incluindo motivos florais e dourados que refletem a opulência da corte.
Fonte: Revista Sábado
Texto: Joaquim Torrinha
Foto da net
©CarlosCoelho
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