William Turner:
Auto-retrato, 1798.
Pintor e gravador
inglês, nasceu a 23 de Abril de 1775, filho de um barbeiro. Começou por ser
aguarelista e trabalhou com Girtin para Thomas Monro, fazendo cópias de obras de Cozens.
Aos 14 anos já estuda
na Royal Academy of Arts. Em 1791 apresenta, pela primeira vez, duas aguarelas
na Royal Academy e, aos 21 anos, pinta o seu primeiro quadro a óleo. Apesar de se
ter levantado a suspeição de que teria sido, em 1799, amante da actriz Sara Danby
e de ter viajado muito, tendo atravessado os Alpes e passeado pela Europa
continental, foi na realidade um homem solitário e muito avarento. Em 1803 abre
a sua própria galeria e em 1807 é nomeado professor de perspectiva da Royal
Academy, mas só em 1823 se torna A.R.A. ou seja, Academic of the Royal Academy.
Morreu em 1851, num quadro debruçado sobre o Rio Tamisa.
"Paz e Enterro no
Mar", Óleo sobre tela, executado em 1842, com o qual Turner hemenageia Sir
David Wilkie, que morreu ao largo de Gibraltar.
A composição intitulada
Paz – Enterro no Mar foi feita em homenagem ao pintor escocês David Wilkie,
colega de Turner que, ao regressar da Palestina por meio de um navio a vapor,
morreu próximo a Gilbratar, em 1841. Naquela época, como a peste dizimava o Oriente
Próximo, o porto foi fechado, impedindo a chegada de pessoas que vinham daquela
parte do planeta. David Wilkie morreu no navio e seu corpo foi lançado ao mar.
Nesta sua comovente
pintura, Turner apresenta um fenômeno luminoso no céu, na água e na linha da
costa longínqua, enquanto no mar jaz a escuridão do navio com suas velas
içadas, solto e sem rumo sobre as águas.
Uma luz forte e
dourada, proveniente dos archotes que iluminavam o corpo de Wilkie no momento
em que esse estava sendo entregue ao mar parece separar o escuro navio em duas
partes, como se aquilo fosse algo divino e sobrenatural.
O museu do Prado, em Madrid,
acolheu a primeira exposição de grandes dimensões de Turner em Espanha em 2010.
Esta exposição que antes passou por Londres e Paris, apresentou algumas
novidades, mantendo o principio do diálogo num universo de 80 obras, metade de
Turner e outra metade de grandes mestres, como Rubens, Rembrant, Canaletto e
Constable, nos quais se fundamentou ou deixou influenciar.
Mestre da paisagem e do
romantismo britânico, estudou em profundidade esses mestres, mas conseguiu
imprimir uma linguagem original, criando não só tensões, mas exacerbando uma
imagem emocional e uma plasticidade que o posiciona como percursor do
Impressionismo. Linguagem essa quase tátil, nas texturas insólitas,
expressionistas, por vezes raiando o abstracionismo e sempre próximas do Impressionismo
e que se traduzem em paisagens aquosas, com torvelinhos de cores expandidas e
de luz. Pintava com recurso a uma técnica matéria, pastosa, que pode parecer
rude, mas afinal cheia de matrizes e velaturas que hoje vemos como antecipações
de outras linguagens plásticas.
Intensamente privado,
excêntrico e recluso, Turner foi uma figura controversa ao longo da sua
carreira. Ele não se casou, mas teve duas filhas, Eveline (1801–1874) e
Georgiana (1811–1843), ambas por sua governanta Sarah Danby. Ele ficou mais
pessimista e moroso quando ficou mais velho, especialmente após a morte de seu
pai, ao que sua visão se deteriorava, a sua galeria caiu em desuso e
negligência, mas a sua arte intensificou-se. Ele viveu na miséria e com saúde
precária em 1845, morreu em Londres em 1851 aos 76 anos. Turner está enterrado
na Catedral de Saint Paul, em Londres.
Ele deixou para trás
mais de 550 pinturas a óleo, 2.000 aquarelas e 30.000 obras em papel. Ele foi amplamente
defendido pelo principal crítico inglês da época, John Ruskin, em meados de
1840; hoje é considerado como detentor de uma pintura paisagista sofisticada,
elevada a uma eminência que rivaliza com a pintura histórica.
Algumas das suas obras
Naufrágio de um Cargueiro
Naufrágio de um
Cargueiro é uma pintura a óleo sobre tela do pintor inglês Joseph Mallord
William Turner de cerca de 1810 e que se encontra actualmente no Museu Calouste
Gulbenkian, em Lisboa.
A composição de O
Naufrágio de um Cargueiro destaca o próprio evento do naufrágio, muitas vezes
considerado como sendo do navio Minotauro o que causou confusão, evento que
ocupa o primeiro plano da imagem, em contraste com a obra anterior O Naufrágio
de 1805 (em Galeria).
Turner executou várias
pinturas de grandes dimensões na década iniciada em 1800 em que representava
catástrofes naturais e tempestades no mar, tendo iniciado em 1801 com The
Bridgewater Sea Piece (de Coleção Particular em depósito na National Gallery,
Londres, também em Galeria) e o referido O Naufrágio (Tate Britain, Londres)
com o qual a obra da Gulbenkian apresenta semelhanças evidentes.
Tempestade de Neve
Tempestade de Neve:
Aníbal e o seu Exército a Atravessar os Alpes (Snow Storm: Hannibal and his
Army Crossing the Alps) é uma pintura a óleo sobre tela do mestre inglês J. M.
W. Turner, e que foi exibida ao público pela primeira vez em 1812.
A tela aborda a
fragilidade humana ante as forças da natureza, sendo a própria composição um
redemoinho. Turner volta a utilizar a idéia de vórtice, numa encenação do
terror que se apossa do homem ante a grandiosidade da natureza. Montes
altíssimos e blocos de neve fustigam a presunção humana que ousou desafiá-los.
O sol é um pálido círculo distante, como que um olho indiferente a observar a
audácia do homem diante da inclemência do tempo.
Deixada ao património
público nacional pelo Turner Bequest, ficou primeiro na National Gallery tendo
em 1910 transitado para a Tate Gallery onde permanece atualmente.
Dido erguendo Cartago, ou O Nascimento do Império Cartaginês
Dido erguendo Cartago, ou O Nascimento do Império Cartaginês (Dido building Carthage, ou The Rise of
the Carthaginian Empire), é uma pintura a óleo sobre tela de 1815 do mestre
inglês J. M. William Turner.
Esta pintura é uma das
obras mais importantes de Turner que foi muito influenciado pelas paisagens
clássicas luminosas de Claude Lorrain. Turner classificava-a como a sua
obra-prima.
Foi apresentada ao
público pela primeira vez na exposição de verão da Royal Academy de 1815, tendo
Turner mantido esta pintura na sua posse até que foi integrada no espólio
nacional inglês através do Legado de Turner (Turner Bequest). Tem feito parte
do acervo da National Gallery (Londres) desde 1856.
Quillebeuf, na Foz do Sena
Quillebeuf, na Foz do
Sena é uma pintura a óleo sobre tela do pintor inglês Joseph Mallord William
Turner de 1833 e que se encontra actualmente no Museu Calouste Gulbenkian, em
Lisboa.
O quadro representa a
frente portuária da povoação de Quillebeuf, perto do estuário do Sena, local
que Turner visitou no decurso da década de 1820. O quadro foi apresentado
publicamente na Royal Academy, em 1833, com uma nota no catálogo da exposição a
alertar para os perigos de navegação decorrentes da subida brusca da maré e
para o irromper súbito de uma enorme onda, um macaréu, fenómeno conhecido entre
a população da região por mascaret ou barre.
The Fighting Temeraire
The Fighting Temeraire
é uma pintura do artista inglês J. M. W. Turner. Mostra o navio HMS Temeraire,
que participou da Batalha de Trafalgar em 1805, sendo rebocado para seu
ancoradouro final em Rotherhithe, no sudeste de Londres, em 1838 para ser
sucateado. A pintura é exibida na National Gallery, Londres, tendo sido doada à
nação em 1851 pelo artista. Em 2005 foi eleita a pintura favorita dos
britânicos numa pesquisa organizada pela BBC.
O Commons possui uma
categoria contendo imagens e outros ficheiros sobre The Fighting Temeraire
Quando Turner pintou
este quadro, o artista estava no auge de sua carreira, tendo ficado famoso por
suas pinturas de perspetiva atmosféricas em que explora os assuntos do tempo
(meteorológico), do mar e dos efeitos da luz. Ele viveu grande parte de sua
vida nas margens do rio Tâmisa e fez muitas pinturas de navios e cenas da água;
fazia pequenos esboços para posteriormente trabalhar a pintura no estúdio.
Os especialistas
acreditam que muito provavelmente Turner não presenciou o reboque do Temeraire
e que usou as suas liberdades criativas para a criação do quadro. Quando a
Grã-Bretanha entrou nas guerras napoleônicas Turner tinha apenas dezoito anos,
o que provavelmente despertou nele um forte sentimento patriótico. O Temeraire
foi um navio muito conhecido devido ao seu desempenho heroico na batalha de
Trafalgar e a sua venda pelo Almirantado tinha atraído uma cobertura
considerável da imprensa da época, o que teria chamado a atenção do artista.
A pintura aparece
durante o filme 007 Skyfall (2012) na cena em que o agente secreto James Bond
(Daniel Craig) conhece o agente Q (Ben Whishaw). Nesta cena, Bond aguarda o
contramestre na National Gallery enquanto contempla a pintura.
Fonte: Revista Caras
/Arte por Jùlio Quaresma,
Fotos da net
© Carlos Coelho
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