sábado, 18 de abril de 2020

Joseph Mallord William Turner



William Turner: Auto-retrato, 1798.

Pintor e gravador inglês, nasceu a 23 de Abril de 1775, filho de um barbeiro. Começou por ser aguarelista e trabalhou com Girtin para Thomas  Monro, fazendo cópias de obras de Cozens.
Aos 14 anos já estuda na Royal Academy of Arts. Em 1791 apresenta, pela primeira vez, duas aguarelas na Royal Academy e, aos 21 anos, pinta o seu primeiro quadro a óleo. Apesar de se ter levantado a suspeição de que teria sido, em 1799, amante da actriz Sara Danby e de ter viajado muito, tendo atravessado os Alpes e passeado pela Europa continental, foi na realidade um homem solitário e muito avarento. Em 1803 abre a sua própria galeria e em 1807 é nomeado professor de perspectiva da Royal Academy, mas só em 1823 se torna A.R.A. ou seja, Academic of the Royal Academy. Morreu em 1851, num quadro debruçado sobre o Rio Tamisa.

"Paz e Enterro no Mar", Óleo sobre tela, executado em 1842, com o qual Turner hemenageia Sir David Wilkie, que morreu ao largo de Gibraltar.

A composição intitulada Paz – Enterro no Mar foi feita em homenagem ao pintor escocês David Wilkie, colega de Turner que, ao regressar da Palestina por meio de um navio a vapor, morreu próximo a Gilbratar, em 1841. Naquela época, como a peste dizimava o Oriente Próximo, o porto foi fechado, impedindo a chegada de pessoas que vinham daquela parte do planeta. David Wilkie morreu no navio e seu corpo foi lançado ao mar.

Nesta sua comovente pintura, Turner apresenta um fenômeno luminoso no céu, na água e na linha da costa longínqua, enquanto no mar jaz a escuridão do navio com suas velas içadas, solto e sem rumo sobre as águas.
Uma luz forte e dourada, proveniente dos archotes que iluminavam o corpo de Wilkie no momento em que esse estava sendo entregue ao mar parece separar o escuro navio em duas partes, como se aquilo fosse algo divino e sobrenatural.


O museu do Prado, em Madrid, acolheu a primeira exposição de grandes dimensões de Turner em Espanha em 2010. Esta exposição que antes passou por Londres e Paris, apresentou algumas novidades, mantendo o principio do diálogo num universo de 80 obras, metade de Turner e outra metade de grandes mestres, como Rubens, Rembrant, Canaletto e Constable, nos quais se fundamentou ou deixou influenciar.
Mestre da paisagem e do romantismo britânico, estudou em profundidade esses mestres, mas conseguiu imprimir uma linguagem original, criando não só tensões, mas exacerbando uma imagem emocional e uma plasticidade que o posiciona como percursor do Impressionismo. Linguagem essa quase tátil, nas texturas insólitas, expressionistas, por vezes raiando o abstracionismo e sempre próximas do Impressionismo e que se traduzem em paisagens aquosas, com torvelinhos de cores expandidas e de luz. Pintava com recurso a uma técnica matéria, pastosa, que pode parecer rude, mas afinal cheia de matrizes e velaturas que hoje vemos como antecipações de outras linguagens plásticas.
Intensamente privado, excêntrico e recluso, Turner foi uma figura controversa ao longo da sua carreira. Ele não se casou, mas teve duas filhas, Eveline (1801–1874) e Georgiana (1811–1843), ambas por sua governanta Sarah Danby. Ele ficou mais pessimista e moroso quando ficou mais velho, especialmente após a morte de seu pai, ao que sua visão se deteriorava, a sua galeria caiu em desuso e negligência, mas a sua arte intensificou-se. Ele viveu na miséria e com saúde precária em 1845, morreu em Londres em 1851 aos 76 anos. Turner está enterrado na Catedral de Saint Paul, em Londres.
Ele deixou para trás mais de 550 pinturas a óleo, 2.000 aquarelas e 30.000 obras em papel. Ele foi amplamente defendido pelo principal crítico inglês da época, John Ruskin, em meados de 1840; hoje é considerado como detentor de uma pintura paisagista sofisticada, elevada a uma eminência que rivaliza com a pintura histórica.

Algumas das suas obras


Naufrágio de um Cargueiro

Naufrágio de um Cargueiro é uma pintura a óleo sobre tela do pintor inglês Joseph Mallord William Turner de cerca de 1810 e que se encontra actualmente no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

A composição de O Naufrágio de um Cargueiro destaca o próprio evento do naufrágio, muitas vezes considerado como sendo do navio Minotauro o que causou confusão, evento que ocupa o primeiro plano da imagem, em contraste com a obra anterior O Naufrágio de 1805 (em Galeria).
Turner executou várias pinturas de grandes dimensões na década iniciada em 1800 em que representava catástrofes naturais e tempestades no mar, tendo iniciado em 1801 com The Bridgewater Sea Piece (de Coleção Particular em depósito na National Gallery, Londres, também em Galeria) e o referido O Naufrágio (Tate Britain, Londres) com o qual a obra da Gulbenkian apresenta semelhanças evidentes.


Tempestade de Neve

Tempestade de Neve: Aníbal e o seu Exército a Atravessar os Alpes (Snow Storm: Hannibal and his Army Crossing the Alps) é uma pintura a óleo sobre tela do mestre inglês J. M. W. Turner, e que foi exibida ao público pela primeira vez em 1812.
A tela aborda a fragilidade humana ante as forças da natureza, sendo a própria composição um redemoinho. Turner volta a utilizar a idéia de vórtice, numa encenação do terror que se apossa do homem ante a grandiosidade da natureza. Montes altíssimos e blocos de neve fustigam a presunção humana que ousou desafiá-los. O sol é um pálido círculo distante, como que um olho indiferente a observar a audácia do homem diante da inclemência do tempo.
Deixada ao património público nacional pelo Turner Bequest, ficou primeiro na National Gallery tendo em 1910 transitado para a Tate Gallery onde permanece atualmente.


Dido erguendo Cartago, ou O Nascimento do Império Cartaginês

Dido erguendo Cartago, ou O Nascimento do Império Cartaginês (Dido building Carthage, ou The Rise of the Carthaginian Empire), é uma pintura a óleo sobre tela de 1815 do mestre inglês J. M. William Turner.
Esta pintura é uma das obras mais importantes de Turner que foi muito influenciado pelas paisagens clássicas luminosas de Claude Lorrain. Turner classificava-a como a sua obra-prima.
Foi apresentada ao público pela primeira vez na exposição de verão da Royal Academy de 1815, tendo Turner mantido esta pintura na sua posse até que foi integrada no espólio nacional inglês através do Legado de Turner (Turner Bequest). Tem feito parte do acervo da National Gallery (Londres) desde 1856.


Quillebeuf, na Foz do Sena

Quillebeuf, na Foz do Sena é uma pintura a óleo sobre tela do pintor inglês Joseph Mallord William Turner de 1833 e que se encontra actualmente no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
O quadro representa a frente portuária da povoação de Quillebeuf, perto do estuário do Sena, local que Turner visitou no decurso da década de 1820. O quadro foi apresentado publicamente na Royal Academy, em 1833, com uma nota no catálogo da exposição a alertar para os perigos de navegação decorrentes da subida brusca da maré e para o irromper súbito de uma enorme onda, um macaréu, fenómeno conhecido entre a população da região por mascaret ou barre.


The Fighting Temeraire

The Fighting Temeraire é uma pintura do artista inglês J. M. W. Turner. Mostra o navio HMS Temeraire, que participou da Batalha de Trafalgar em 1805, sendo rebocado para seu ancoradouro final em Rotherhithe, no sudeste de Londres, em 1838 para ser sucateado. A pintura é exibida na National Gallery, Londres, tendo sido doada à nação em 1851 pelo artista. Em 2005 foi eleita a pintura favorita dos britânicos numa pesquisa organizada pela BBC.
O Commons possui uma categoria contendo imagens e outros ficheiros sobre The Fighting Temeraire
Quando Turner pintou este quadro, o artista estava no auge de sua carreira, tendo ficado famoso por suas pinturas de perspetiva atmosféricas em que explora os assuntos do tempo (meteorológico), do mar e dos efeitos da luz. Ele viveu grande parte de sua vida nas margens do rio Tâmisa e fez muitas pinturas de navios e cenas da água; fazia pequenos esboços para posteriormente trabalhar a pintura no estúdio.
Os especialistas acreditam que muito provavelmente Turner não presenciou o reboque do Temeraire e que usou as suas liberdades criativas para a criação do quadro. Quando a Grã-Bretanha entrou nas guerras napoleônicas Turner tinha apenas dezoito anos, o que provavelmente despertou nele um forte sentimento patriótico. O Temeraire foi um navio muito conhecido devido ao seu desempenho heroico na batalha de Trafalgar e a sua venda pelo Almirantado tinha atraído uma cobertura considerável da imprensa da época, o que teria chamado a atenção do artista.
A pintura aparece durante o filme 007 Skyfall (2012) na cena em que o agente secreto James Bond (Daniel Craig) conhece o agente Q (Ben Whishaw). Nesta cena, Bond aguarda o contramestre na National Gallery enquanto contempla a pintura.


Fonte: Revista Caras /Arte por Jùlio Quaresma,
Fotos da net
© Carlos Coelho

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