O maior 'botellon' de sempre
Prática corrente nas ‘calles’
espanholas, as origens destas famosas reuniões de bebedores perdem-se no tempo,
no século XVIII, por exemplo, ficou célebre a ‘loucura de Níjar’, como Ortega y
Gasset comenta na obra ‘A rebelião das massas’
Aconteceu em Níjar, na
região de Almería, em Espanha, a 13 de setembro de 1759, por ocasião da notícia
da coroação do monarca Carlos III. As suas dimensões foram tais que o enorme
‘botellón’ ficou internacionalmente conhecido como a ‘loucura de Níjar’. Um
cronista da época narra assim as doidas peripécias: “Tendo chegado a notícia
dos senhores Alcaides de que o imediato sucessor à coroa de Espanha era o
senhor D. Carlos III, e desejosos de manifestar o grande apreço e felicidade
que lhe tributam, os seus vassalos convocaram todos os vizinhos na Praça pública
para uma grande festa.
Depois mandaram trazer álcool para dar de beber a toda
aquela gente, que consumiu 77 arrobas de vinho e quatro jarros de aguardente.
Com isto, aqueceram-se os espíritos de tal forma que com repetidos aplausos o
povo encaminhou-se para o celeiro e atirou cá para fora todo o trigo que lá
havia! Daqui os foliões passaram para as várias lojas, onde ordenaram que por
elas se derramassem todos os géneros líquidos e comestíveis disponíveis, e
retiraram 900 moedas dos seus cofres. Os quiosques de venda de tabaco também
não foram poupados dos exuberantes festejos. O próprio estado eclesiástico
incentivou as manobras, pedindo às mulheres para tirarem de casa tudo quanto lá
tivessem. Não ficaram pães, farinha, pratos ou cadeiras para contar a história
durante esta gigantesca mobilização popular. Não é necessário dizer que meia
vila de Níjar ficou em estado de sítio com este ‘botellón’ em massa.
Fonte: Revista Domingo
Magazine /Correio da Manhã
Fotos da Net
© Carlos Coelho