domingo, 25 de março de 2007

Albinismo

 A maldição dos albinos

Devem o seu nome aos descobridores portugueses. Os albinos costumam ser rejeitados à nascença. As partes dos seus corpos são usadas em bruxarias. E até há sacrifícios.

Albino: nome dado pelos navegadores portugueses aos misteriosos negros brancos que encontraram em África. Cinco séculos depois, são constantes as reportagens como esta, divulgada pela BBC: “Se os visitantes brancos [ocidentais] já são uma presença habitual e familiar em África, para os negros albinos a história é muito diferente. Desde tenra idade, estes rapazes e raparigas enfrentam constantemente a discriminação. Provavelmente, foram rejeitados pelos pais. A mãe terá sido acusada de infidelidade.”  Isso era até há alguns anos, quando um bárbaro e lucrativo comércio de partes de corpos de albinos se iniciou.

Segundo a Cruz Vermelha, mais de dez mil passaram à clandestinidade desde que esta matança começou, na Tanzânia. Em 2008, aquele país colocou um albino no Parlamento. Missão: combater os feiticeiros que encorajam a caça e sacrifício (incluindo bebés). O primeiro-ministro revogou a licença legal de muitos bruxos. Boa parte deles usam órgãos destas pessoas nas suas feitiçarias.

Há, até, gangues que extraem genitais albinos femininos, para feitiços que visam ganhar muito dinheiro ou terras.

Condenados à clareza – O que é o albinismo

·       Distúrbio congénito relacionado com pigmentação insuficiente.

·       Sinónimo de acrómia, acromasia, acromatose.

·       É uma insuficiência do pigmento melanina nos olhos, cabelo e pele. Ou mais raramente, só nos olhos.

·       Falta parcial de melanina: hipomelanismo ou hipomelanose.

·       Falta total: melanismo ou melanose.

·       É uma doença genética.

·       Afecta os humanos e todos os outros vertebrados.

·       Albinismo não é o mesmo que leucismo: neste, os pigmentos estão parcialmente ausentes, mas os olhos mantêm a sua cor normal.

(O albinismo pode ocorrer em qualquer espécie animal)

·  É hereditário. Não é infeccioso e não pode ser transmitido – seja porque meio for (contacto físico, transfusões de sangue, etc.)

·    O principal gene que provoca o albinismo impede o corpo de produzir as quantidades de melanina que seriam normais.

·   Normalmente, o gene é transmitido pelo pai e pela mãe, embora também possa ser passado, em casos raros, por um só dos progenitores.

·       Os problemas oculares comuns em albinos podem incluir:

(Albinismo ocular)

·       Movimento rápido e irregular dos olhos em círculo, ou para trás e para a frente.

·       Estrabismo, desalinhamento dos olhos (olhos “preguiçosos”).

·       Miopia e astigmatismo.

·       Fotofobia, hipersensibilidade à luz e ao brilho.

·       Subdesenvolvimento do nervo óptico e da retina.

·       Ambliopia, falta de vista nos dois olhos.

·       A falta de pigmentação torna a pele extremamente sensível à luz e às queimaduras solares. Os albinos têm de evitar sempre a exposição solar.

·       O albinismo não tem cura, mas podem tomar-se cuidados para melhorar a qualidade devida (e a sua duração.)

Peixes e cangurus brancos

Peixes-leão vermelhos (bom, mais ou menos vermelhos), cangurus, ratos, ratazanas, porquinhos-da-índia: parecem infinitas as espécies que podem ter albinos entre a população. Alguns têm olhos cor-de-rosa. São procurados para mascotes ou cobaias de laboratório.

(Animais fascinantes que se destacam por ser albinos)

Já houve colónias de esquilos albinos. E curiosos que procuravam desesperadamente morcegos brancos, ao romper do dia. Foram detectados corvos desta cor. Marginalizados pelo bando. E presa fácil dos predadores, graças á falta de vista. Há veados, martas, trutas, crocodilos, lagostas, rãs, cobras e macacos desta tonalidade pura.

Os albinos podem ter filhos?

O albinismo não limita a capacidade de procriar. Os filhos podem sofrer, ou não, deste problema. Depende dos genes. Mas será que os albinos têm uma esperança de vida normal? Sim.

Podem sofrer de cancro na pele – mas, normalmente, curável. E a inteligência destes seres diferentes, será normal? Contra os preconceitos, diga-se que o albinismo não implica qualquer tipo de atraso mental ou deficiência no cérebro. Os únicos entraves profissionais podem ter a ver com problemas nos olhos.

Fonte: Revista Nova Gente

Texto/Autor: Vasco Ventura

Fotos da Net

sexta-feira, 23 de março de 2007

Memória Apagada


Joseph LeDoux, cientista da Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, descobriu que um medicamento conhecido como UO26 pode actuar no cérebro, eliminando memórias traumáticas.

Fonte: Revista Sábado nº 150

Foto da net

terça-feira, 20 de março de 2007

Trujillo

Aldeia Histórica espanhola relembra tempos medievais

Com menos de dez mil habitantes, esta é uma das aldeias mais bonitas de Espanha. Trujillo, situada na província de Cáceres, está assente sobre uma grande massa de granito e conserva vestígios pré-históricos e pré-romanos.

Mas não é este o verdadeiro encanto desta terra. As ruas de Trujillo têm um charme medieval incrível e levam qualquer um que a visite a relembrar-se daquilo que lera quando estudava esta época nos bancos das aulas de História. Para além da Plaza Mayor, é importante visitar-se a Igreja de San Martín, passar e parar na rua Bellesteros, tomar uma bebida na Praça de Santiago e apreciar a grandeza da Igreja Santa Maria La Mayor, um dos importantes edifícios religiosos da comunidade autónoma da Estremadura.

Cheia de Recantos, Plaza Mayor é o coração do povoado da Estremadura.

A plaza Mayor, onde se situa a estátua do Conquistador Francisco Pizarro, é o principal ponto turístico da cidade. É nela onde se encontra, por exemplo, o posto de informações, mas também, os principais restaurantes típicos, dos quais se destaca o ilustre Mesón la Troya, que diversas personalidades espanholas e internacionais já fizeram questão de frequentar.

A Igreja de San Martín, uma importante construção deste pequeno povoado espanhol, fica também aqui situada. A sua imponência domina a praça e é um destino turístico.

Na aldeia nasceram dois grandes exploradores.

Apesar de estar longe do mar, foi na pequena aldeia de Trujillo que nasceram dois dos maiores exploradores ao serviço de Espanha.

Esta terra viu crescer Francisco Pizarro, que entrou para a História Mundial como o ‘Conquistador do Peru’, tendo submetido o Império Inca ao poderio espanhol no século XVI.

Também formou Francisco de Orellana, figura que integrou a expedição de Pizarro no reconhecimento da Selva da Amazónia. Foi ele o primeiro homem a percorrer o curso do Rio Amazonas, desde os Andes até ao Oceano Atlântico.

Fonte: Revista Sexta

Texto/Autor: João Monteiro de Matos

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segunda-feira, 19 de março de 2007

O SEXO DOS CARACÓIS

Alguém fez esta pergunta:

Disseram-me que os caracóis comuns não são nem machos nem fêmeas. É verdade?

Resposta:

Diria antes que são machos e fêmeas, ou seja, são hermafroditas, porque possuem os órgãos reprodutivos masculinos e femininos. Apesar disso, é sempre preciso o encontro entre dois caracóis diferentes para se gerar novos seres.

Quando se encontram (no fim da Primavera, princípio do Verão), trocam uns sacos de esperma. Depois desta troca, ambos produzem os seus óvulos que são fertilizados pelo esperma recebido e, finalmente, cerca de um mês depois da cobrição, põem cerca de cem ovos na terra húmida. Se as condições forem propícias, pequenos caracóis nascem passadas duas semanas.

Os jovens caracóis têm a casca muito mole e só atingem a maturidade ao fim de dois anos.

 

Fonte: Revista Noticias Magazine

Texto/Autor: Desconhecido

Fotos de Leonel Faria



sábado, 17 de março de 2007

Rudolfo Nureyev

 

Um dos maiores bailarinos de sempre

Desde que foi um dos maiores bailarinos clássicos do mundo já muito se escreveu. As suas qualidades, e também os defeitos, fizeram correr rios de tinta, mas com a sua morte sobrevém a sensação de perda que só se sente quando desaparecem os expoentes maiores da cultura.

Rudolfo Hametovich Nureyev nasceu numa carruagem de comboio, a 17 de Março de 1938. A sua família não tinha nenhuma tradição no campo da dança ou de qualquer outra arte. Daí que fosse a contragosto de seu pai que, com onze anos de idade, começasse a estudar bailado na escola de Ópera de UFA.

Com quinze anos terminou o curso, integrou-se no corpo de baile desta companhia, tendo sido contratado como estagiário. Um ano depois passava a efectivo e isso levá-lo-ia a Moscovo. Corria o ano de 1955 e Nureyev, aproveitado a estada na capital, faz uma audição para a Escola de Bolshoi. Acabou por ser aceite, mas como esta escola não tinha residência para os alunos resolveu tentar a sua sorte em Leninegrado, mais concretamente na Academia de Ballet Kirov.

Em Setembro iniciava o seu treino e foi aqui que encontrou o mestre que acabou por ser decisivo na evolução da sua carreira: Alexander Pushkin. Em Junho de 1958, aquando duma competição em Moscovo, conseguiu fazer-se notado por parte de alguns responsáveis por outros corpos de ballet mais importantes e acabou por ingressar na companhia de Leninegrado. A sua estreia aconteceu com o bailado Laurencia e três anos depois dançava já todo o reportório clássico, tendo por pares Irina Kolpakova ou Alla Shelest.

Em 1961 foi incluído na visita do Kirov a Paris e obteve grandes sucessos. Foi nesta altura que Nureyev resolveu pedir asilo político ao governo Francês. É o início de uma carreira mundial.

32 anos de sucesso

Rudolfo Nureyev acabou por conhecer duas pessoas extremamente importantes para a sua carreira artística: Margot Fonteyn e Erik Bruhn. Este dançarino dinamarquês acabou por ser o seu conselheiro artístico, quase até à data da sua morte, em 1986. Margot também já falecida, levou-o para o Royal Ballet inglês. Juntos formaram uma das maisaplaudidas duplas desta metade do século.

(Rudolfo Nureyev e Margot Fonteyn)

Nureyev também esteve entre nós. Lisboa pôde aplaudi-lo, em 1969, em bailados como Giselle, Corsário e Margarida e Armando, no Teatro Nacional de São Carlos e no Coliseu dos Recreios. Mais recentemente, naquela que foi anunciada como a tournée de despedida, pudemos vê-lo de novo no Coliseu com o espectáculo Nureyev e Amigos.

Mas já não era o mesmo dançarino de outrora. A doença minara-lhe o fulgor de outros tempos e só os olhos reflectiam o fogo do grande bailarino.

A 6 de janeiro de 1993 apagou-se a estrela de Rudolfo Nureyev, vítima de Sida, mas a sua memória vai continuar viva para sempre. Com a sua morte desaparece um dos maiores bailarinos de todos os tempos, mas o seu nome fica gravado a ouro na história do bailado. Morreu Nureyev. Viva Nureyev.


Fonte: Revista TV7Dias

Fonte/texto: Desconhecido

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sexta-feira, 16 de março de 2007

Tomate-Cereja

Concentrado de nutrientes

Pelo seu tamanho e sabor, menos ácido e bastante mais doce, é a variedade de tomate preferida dos mais pequenos e a mais aconselhada para pessoas que sofrem de acidez no estômago. Este tomate miniatura é tão apetecível, que há quem o coma como se fosse azeitona.

Protege de cancro

A cor deste vegetal denuncia o grande conteúdo em licopeno, um pigmento vegetal que, para além de atrasar o processo de envelhecimento, fortalece o sistema de defesas e actua como protector face a alguns tipos de cancro, como o da próstata, do pulmão, do pâncreas, do estômago e do cólon. Para absorver melhor os nutrientes, tempere-os com azeite ou polvilhe-os com sementes de sésamo, abóbora ou girassol.

Mais do que um elemento decorativo

100 Gramas deste tipo de tomate, também conhecido como cherry ou jardim, muito utilizado na decoração de pratos, contém, por 100 gramas, 33 por cento da quantidade de vitamina C e 25 por cento de vitamina E, que requeremos diariamente.

Fonte: Revista Maria

Texto: Dr. Custódio César (nutricionista)

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©Carlos Coelho


quinta-feira, 15 de março de 2007

Enquianto

 Uma infinidade de campainhas

Nome científico: Enkianthus

Família: Ericáceas

Origem: Japão

Ao género Enkianthus pertencem uma dezena de espécies de arbustos decíduos ou semicaducifólios (segundo a temperatura e a humidade), de cerca de 6 metros de altura. Têm folhas finamente dentadas, reunidas em grupinhos terminais em ramos pequenos.

São muito apreciados pela floração abundante, com uma multitude de flores pequenas, ligeiramente pendentes, em umbelas ou racimos terminais, com a corola em forma de sino ou vasilha, e por folhas que, no Outono, adquirem uma coloração muito viva.

O Enkianthus campanulatus é uma espécie de porte esparramado. As folhas são decíduas, verde-escuras, de forma obovada ou elíptica.

As flores são de cor amarelo-creme ou alaranjada, com nervura vermelha, reunidas em racimos e abrem-se até meados da Primavera. A variedade Rubens, com flores listadas de vermelho-vivo, está muito difundida.

O E. chinensis tem flores amarelas com gradações vermelhas maiores que as das outras espécies, que florescem até ao começo do verão. As folhas, decíduas, são amplas, com o pecíolo vermelho.

O E. perulatus (ou E. japonicus), compacto, de crescimento lento, é caracterizado pelos gomos jovens vermelhos. As folhas, decíduas, são agudas. Tem flores brancas em forma de vasilha, que se abrem na Primavera.

Cultivo

(Enkianthus campanulatus, as folhas outonais)

Os enquiantos cultivam-se na terra, como plantas isoladas, ou em pequenos grupos em parques ou jardins, em canteiros mistos e também em soutos. Nos terraços e varandas, cultivam-se em jardineiras e vasos.

Planta-se no Outono (nas zonas de invernos frios) ou na Primavera, em terras ácidas ou neutras, nunca calcárias, ricas em matéria orgânica (50-70Kg/m2). As jardineiras e os vasos devem ser suficientes grandes (pelo menos com 20-30cm de diâmetro) para evitar a transplantação das plantas, pois não gostam de ser molestadas. O substrato deve compor-se de 2/3 de terra fértil e 1/3 de turfa; na Primavera, todos os 20-30 dias, junta-se à água da rega 15 g de adubo complexo por decalitro. A poda só é necessária para se eliminarem os ramos secos, deteriorados ou desordenados.

Multiplicação

(Enkianthus campanulatus, florações  de diferentes cores)

Os enquiantos reproduzem-se na segunda metade do Verão mediantes estacas semilenhosas (ramo do ano mais uma porção do ramo portador), de uns 10 cm de comprimento, que se põem a enraizar em caixotes num substrato à base de turfa e areia em partes iguais, num lugar abrigado, mas sem aquecimento. Na Primavera seguinte, distribuem-se individualmente; a plantação realiza-se transcorridos dois ou três anos.

Doenças e parasitas

(Enkianthus campanulatus, florações de diferentes cores)

Os enquiantos são resistentes às doenças e aos parasitas. As cochonilhas podem infestá-los, provocando danos directos, sugando-lhes a seiva, e indirectos, dando origem à fumagina. Tratam-se com anticóccidios, após se terem eliminado as partes mais infestadas.

(Enkianthus perulatus)

Exposição

Os enquiantos podem-se colocar em posições soalheiras, na semi-sombra e também em soutos.

Temperatura

São plantas resistentes tanto às altas como às baixas temperaturas.

Rega

Só é necessária nos períodos de seca prolongada, sobretudo nas plantas jovens e nas cultivadas em jardineiras ou vasos.

Fonte:

Texto/Autor:

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quarta-feira, 14 de março de 2007

Medusa-de-Pintas

Nome comum: Medusa-de-pintas

Nome Científico: Phyllorhiza punctata

Habitat do pacífico: Oceano Pacífico

Onde encontrar no Pacífico: Habitat do pacífico

Estatuto de Conservação: não atribuído, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza.

Como ajudar? Evita poluir as praias, assim estarás a proteger as espécies marinhas.

Mais conhecidas por alforrecas, as medusas são do mesmo grupo das anémonas e dos corais. Enquanto os corais e as anémonas têm os tentáculos virados para cima, as medusas têm-nos virados para baixo, fazendo lembrar um chapéu-de-chuva. As medusas pairam nos oceanos, movimentando-se calmamente ao sabor da corrente. Para fazerem estes movimentos delicados, abrem e fecham a parte do corpo em forma de disco. Acredita que este disco pode ter sessenta centímetros de diâmetro? Aliás, esta impressionante medusa pode pesar até dez quilogramas! A medusa-de-pintas surpreende pelas pintas que apresenta no corpo!

O corpo azulado salpicado de pintas brancas torna-a muito fácil de reconhecer! O que é mais engraçado é que estas pintas são, na verdade, algas muito pequenas que vivem no corpo da medusa. Para se alimentar a medusa-de-pintas usa os seus oito braços, curtos e grossos, que têm várias «bocas» armadas com pequenos arpões, que servem para capturar pequenos organismos que vivem na água. Estas estruturas, que têm um nome muito esquisito, nematocistos, são pequenas cápsulas que contém um dardo que dispara contra uma presa ou mesmo contra um agressor! Por isso, quando se mergulha perto das medusas tem que se ter sempre muito cuidado!

As medusas são o alimento favorito de muitas tartarugas marinhas. Mas há um problema, os sacos de plástico à deriva são confundidos com medusas por estes animais, que acabam por ingeridos, pondo a sua vida em risco.

Fonte: Revista Notícias Magazine

Texto/Autor: Oceanário

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terça-feira, 13 de março de 2007

Tatuagens

 Misérias e grandeza da tatuagem

(Homem maori tatuado. Crédito: Thomas Chambers a partir de arte original de Sydney Parkinson, século 18/Wikimedia Commons)

O tempo, no seu longo e vertiginoso rodar, não conseguiu banir por completo, mesmo entre os povos de maior civilização, certas usanças e crenças dos nossos mais remotos antepassados.

A responsabilidade deste facto cabe em maior quinhão, como pretende Lombroso ao atavismo e á tradição que ele magistralmente define como outra espécie ou género de atavismo histórico.

No número dessas baldas perduráveis conta-se a tatuagem.

Vinda, presumivelmente, do paleolítico inferior, do período denominado mousteriano, ela constitui, por isso um dos múltiplos e dos mais resistentes elos desta grossa cadeia que jungue certos hábitos da época presente aos das mais antigas eras.

Como um imperturbável viandante, audacioso e resoluto, a tatuagem conseguiu, apesar de perseguida pelas religiões, pelas leis e pelo preconceito social, galgar, com serenidade e pertinácia, todas as barreiras que lhe opuseram as idades e as civilizações.

A tatuagem na antiguidade

(Nativos da Polinésia, Filipinas, Indonésia e Nova Zelândia realizavam rituais religiosos que incluíam a confecção de figuras colorizadas definitivas sob a pele.)

Servindo quase sempre a vaidade, se a vemos muitas vezes, rastejando pelos antros e ruelas da amargura, dando o braço ao vício, ao crime e á ignomínia, também a encontramos, a cada passo, altaneira e triunfante, pondo os seus préstimos ao serviço do amor, da mística, do patriotismo e de todos os mais elevados e belos sentimentos. Por esta razão entra nos templos, ornamentando os braços das vestais; desenhando o instrumento do suplício de Cristo, patenteia-se nos braços e nas mãos dos pagãos, convertidos ao cristianismo pelos Apóstolos; adorna o corpo dos sacerdotes romanos, na pele, de cada um dos quais, mostra o símbolo de Deus a que ele rende culto.

(Crédito: Christina Enrich, H2Fotografie)

E, nessas épocas da velha Roma dos Césares e do antigo Egipto dos Faraós, ainda mais alto se vê erguer o prestígio, a honra e a grandeza da tatuagem: os imperadores ostentaram-na, sobranceira ao seu «braçarium», em emblemas com o desenho duma águia, que define e sintetiza todo o poder Imperial Romano. Da sua passagem gloriosa pelo Egipto colhe-se notícia na «Biblioteca das Colunas», sobre as margens do Lago Meris, conhecida também por «Tesouro dos Remédios da Alma».

Nesta vetusta biblioteca, a mais velha das que a História faz referência, pois remonta ao ano 2188 a.C., se pode ir conhecer o ensinamento de que Osimandias, o Faraó promotor da conquista dos Bactros, vindos da Ásia, em sinal de regozijo por este feito e em acção de graças aos deuses, fez gravar nas carnes do seu peito o desenho do «Ocaso do Sol», símbolo de Osíris.

A tatuagem de Eduardo VII

Igual aura e destino lhe têm proporcionado, algumas vezes, estas últimas dezenas de anos, que continuaram a abrir-lhe as portas dos paços reais e dos palácios imperiais.

Assim, a princesa Maria, enamorada do principe Valdemar, da Dinamarca, oficial da marinha de guerra, saiu um dia do palácio vestida com o fato da sua criada particular, para mandar tatuar na pele do seu braço uma âncora, em homenagem ao seu futuro marido.

Para ninguém é também estranho que o rei Eduardo VII, quando Príncipe de Gales, viajou pelos lugares santos, e aí, sensibilizado e cativado pelos olhos negros aveludados e meigos da filha de um tatuador, pagou ao pai para lhe gravar no braço esquerdo o símbolo da religião cristã. Parece, até, que este facto lhe deu uma certa satisfação, segundo o afirma Gabriel de Charmes, no artigo «Viagens na Síria», publicado no número de Junho de 1881 da «Revue des Deux Mondes», corroborando-o com esta certidão passada ao tatuador:

«Ceci est le certificat de Francis souwan. A grave la croix de jerusalem sur le bras de S. A. Le prince de Galles. La satisfaction de Sa Magesté a éprouvée de cette opération prouve qu’elle peut être recommandée. Signé: Vanne, Courrier de la suite de S. A. Le prince de Galles. Jerusalem, le 2 Avril 1862».

Este gesto do monarca rapidamente se divulgou. Então, a tatuagem espalha-se profusamente entre a gente e a corte Inglesa. Além do Duque de Saxe-Coburgo Gotha e do seu cunhado grão-duque Alexis, tatuaram-se o sobrinho daquele, duque de York, muitos lords, damas e a fina flor aristocrática.

 

Pela leitura e ilustrações das revistas e jornais ingleses fez-se ideia nítida e perfeita da autêntica epidemia de tatuagem, que assolou a pele do povo da Grã-Bretanha, para solenizar a coroação do rei Jorge VI.

(Sutherland Macdonald)

Durante o reinado do seu avô, um professor Williams especialista em tatuação, tornou-se notável e rico pois estipulava para as suas tatuagens o preço mínimo de 50 libras; posteriormente, um outro artista londrino, de nome Macdonald, montou um escritório e uma oficina de tatuador na Jeremyn-street, que foi largamente visitada e utilizada pela gente mais distinta e celebre da corte. Este tatuador conseguiu também amealhar uma boa fortuna.

As epidemias da tatuagem

Estas epidemias e endemias da tatuagem, originadas por acontecimentos de natureza patriótica ou de natureza política e outros, são vulgares dentro das fronteiras de alguns países, alastrando, mesmo, pelo mundo civilizado.

No decurso da chamada Grande Guerra, desde 1914 a 1918, houve nas trincheiras milhares de tatuações. Indivíduos pertencentes às mais diversas classes sociais, que, no geral, não costumavam ser portadores desses desenhos dérmicos, resolveram deixar-se tatuar. Assim foi com médicos, advogados, empregados comerciais e de escritório, operários, etc.

Entre nós, durante os agitados tempos das lutas e da implementação do regime liberal, bem como no período da propaganda da Républica e nos primeiros anos após a sua proclamação, registou-se um notável acréscimo da tatuagem, apresentada em emblemas políticos, respectivamente, coroas reais, barretes frígios, figuras e bustos da república, bandeiras, etc.

E por estar estudado e averiguado, desde há muito, este recrudescimento dos desenhos da derme, sempre que aparece uma nova mística ou que um novo regime se interpõe na mancha política de uma nação, não deve surpreender-nos que os nazis se tivessem tatuado á farta com o símbolo sectário da cruz suástica.

«Morte aos reis»

E inconveniente destas ideias extravagantes são as surpresas que o futuro reserva, por vezes, aos portadores desses desenhos, que os colocam em sérios embaraços. É que esses símbolos num dado momento podem tornar-se altamente comprometedores e prejudiciais.

Assim aconteceu a muitos combatentes da outra guerra, assim está sucedendo aos nazis, mas com piores consequências. Já assim tinha acontecido, certo dia. Aquele general Bernardotte, que Napoleão sentou no trono da Suécia, com nome de Carlos XIV. De uma vez, sentindo-se gravemente doente, recusou com toda a sua energia a deixar-se sangrar, apesar do seu médico assistente lhe preconizar essa intervenção cirúrgica como única esperança de salvatério. Por fim julgando-se perdido e continuando a ser assediado pela insistente teimosia do clínico, conformou-se a consentiu, embora contrariado e mal disposto. Impôs, porém, uma condição: o médico prestaria juramento prévio de que a ninguém contaria o que ia observar no seu régio braço.

Assim foi. E … porque o cirurgião cumpriu religiosamente o seu juramento revelam os livros – não o médico – Esse segredo: al levantar-lhe a manga da camisa, o clínico viu, com surpresa e espanto, que o monarca, na região do sangradouro, tinha tatuado um barrete frígio e sobre ele, esta curiosa legenda: «Morte aos reis».

Beethoven tinha dedicado a sua famosa 3ª sinfonia – a «Heroica» - a Napoleão, em cujos feitos inspirara o seu trabalho. Ao saber, porém, que Napoleão, tomado de cega cobiça do mando, se fizera coroar Imperador, tirou-lhe a dedicatória e pôs-lhe este título: «Grande Sinfonia heroica, composta para festejar a memória de um grande homem».

Fonte: Revista Ver e Crer nº6 Outubro 1945

Texto/Autor: Dr. Rodolfo Xavier da Silva

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segunda-feira, 12 de março de 2007

Ben Nicholson

(1894-1982), 1936

Ben Nicholson nasce na Grã-Bretanha em 1894. Depois de uma série de viagens por França, Itália e Nova Iorque, casa com uma artista chamada Winifred Roberts e passa a viver entre Inglaterra, Estados Unidos da América e Suíça.

Mais tarde, conhece uma escultora chamada Barbara Hepworth e divorcia-se, para poder casar-se com ela. Na década de 1930 faz muitas viagens a paris e conhece muitos artistas importantes como Picasso, Braque, Hans Arp e Mondrian.

(Pintura, Vermelho Cádmio, Limão e Cerúleo)

Por influência do pai que também era artista, as suas pinturas iniciais eram naturezas mortas (que quer dizer, pintura de algo que não se mexe), mas ficou muito conhecido pelas suas obras abstratas, inspiradas no construtivismo e no cubismo.

 Esta obra, intitulada Pintura, Vermelho Cádmio, Limão e Cerúleo, é um excelente exemplo da pintura abstracta de Ben Nicholson.

Fonte: Revista Notícias Magazine

Texto/autor: desconhecido

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