A maldição dos albinos
Devem o seu nome aos
descobridores portugueses. Os albinos costumam ser rejeitados à nascença. As
partes dos seus corpos são usadas em bruxarias. E até há sacrifícios.
Albino: nome dado pelos navegadores portugueses aos misteriosos negros brancos que encontraram em África. Cinco séculos depois, são constantes as reportagens como esta, divulgada pela BBC: “Se os visitantes brancos [ocidentais] já são uma presença habitual e familiar em África, para os negros albinos a história é muito diferente. Desde tenra idade, estes rapazes e raparigas enfrentam constantemente a discriminação. Provavelmente, foram rejeitados pelos pais. A mãe terá sido acusada de infidelidade.” Isso era até há alguns anos, quando um bárbaro e lucrativo comércio de partes de corpos de albinos se iniciou.
Segundo a Cruz Vermelha,
mais de dez mil passaram à clandestinidade desde que esta matança começou, na
Tanzânia. Em 2008, aquele país colocou um albino no Parlamento. Missão:
combater os feiticeiros que encorajam a caça e sacrifício (incluindo bebés). O primeiro-ministro
revogou a licença legal de muitos bruxos. Boa parte deles usam órgãos destas
pessoas nas suas feitiçarias.
Há, até, gangues que extraem genitais albinos femininos, para feitiços que visam ganhar muito dinheiro ou terras.
Condenados à clareza – O que
é o albinismo
·
Distúrbio congénito relacionado com
pigmentação insuficiente.
·
Sinónimo de acrómia, acromasia, acromatose.
·
É uma insuficiência do pigmento melanina nos
olhos, cabelo e pele. Ou mais raramente, só nos olhos.
·
Falta parcial de melanina: hipomelanismo ou
hipomelanose.
·
Falta total: melanismo ou melanose.
·
É uma doença genética.
·
Afecta os humanos e todos os outros
vertebrados.
· Albinismo não é o mesmo que leucismo: neste, os pigmentos estão parcialmente ausentes, mas os olhos mantêm a sua cor normal.
(O
albinismo pode ocorrer em qualquer espécie animal)
· É hereditário. Não é infeccioso e não pode
ser transmitido – seja porque meio for (contacto físico, transfusões de sangue,
etc.)
· O principal gene que provoca o albinismo
impede o corpo de produzir as quantidades de melanina que seriam normais.
· Normalmente, o gene é transmitido pelo pai e
pela mãe, embora também possa ser passado, em casos raros, por um só dos
progenitores.
· Os problemas oculares comuns em albinos podem incluir:
(Albinismo
ocular)
·
Movimento rápido e irregular dos olhos em
círculo, ou para trás e para a frente.
·
Estrabismo, desalinhamento dos olhos (olhos
“preguiçosos”).
·
Miopia e astigmatismo.
·
Fotofobia, hipersensibilidade à luz e ao
brilho.
·
Subdesenvolvimento do nervo óptico e da
retina.
·
Ambliopia, falta de vista nos dois olhos.
·
A falta de pigmentação torna a pele
extremamente sensível à luz e às queimaduras solares. Os albinos têm de evitar
sempre a exposição solar.
·
O albinismo não tem cura, mas podem tomar-se
cuidados para melhorar a qualidade devida (e a sua duração.)
Peixes e cangurus brancos
Peixes-leão vermelhos (bom, mais ou menos vermelhos), cangurus, ratos, ratazanas, porquinhos-da-índia: parecem infinitas as espécies que podem ter albinos entre a população. Alguns têm olhos cor-de-rosa. São procurados para mascotes ou cobaias de laboratório.
(Animais
fascinantes que se destacam por ser albinos)
Já
houve colónias de esquilos albinos. E curiosos que procuravam desesperadamente
morcegos brancos, ao romper do dia. Foram detectados corvos desta cor.
Marginalizados pelo bando. E presa fácil dos predadores, graças á falta de
vista. Há veados, martas, trutas, crocodilos, lagostas, rãs, cobras e macacos
desta tonalidade pura.
Os albinos podem ter filhos?
O
albinismo não limita a capacidade de procriar. Os filhos podem sofrer, ou não,
deste problema. Depende dos genes. Mas será que os albinos têm uma esperança de
vida normal? Sim.
Podem
sofrer de cancro na pele – mas, normalmente, curável. E a inteligência destes
seres diferentes, será normal? Contra os preconceitos, diga-se que o albinismo
não implica qualquer tipo de atraso mental ou deficiência no cérebro. Os únicos
entraves profissionais podem ter a ver com problemas nos olhos.
Fonte:
Revista Nova Gente
Texto/Autor:
Vasco Ventura
Fotos
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