sábado, 21 de julho de 2018

Maria Antonieta


O perfume da Rainha sem cabeça

Este frasquinho custa 1500 Euros. Parece-lhe caro? É o preço a pagar pelo aroma favorito de Maria Antonieta – a rainha austríaca que escandalizou a corte francesa dos finais do século XVIII, por causa dos seus refinados hábitos de higiene. O perfume, também ele de nome pomposo, Sillage de la Reine (traduzido à letra O Acordar da Rainha) passou a estar à venda desde Setembro de 2005. Mas não será fácil encontra-lo: só no Palácio de Versalhes, em Paris, onde ela viveu, ou através de encomendas directas à empresa anglo-holandesa Quest International.

E foi precisamente na antiga morada da Rainha que decorreu a apresentação da amostra, em meados de Fevereiro de 2005. Cerca de 80 pessoas escolhidas a dedo pela companhia espreitaram os seus aposentos e a mala onde ela guardava as essências. O anfitrião foi o francês Francis Kurkdjian, uma sumidade de perfumes, que resolveu recuar no tempo e criar a réplica perfeita da fragância de Jean-Louis Fargeon, o perfumista pessoal de Maria Antonieta.

Sillage de la Reine é um coquetel de luxo. Mistura jasmim, flor de íris, âmbar-cinzento, rosa e tuberosa, entre outros ingredientes. Todos com um denominador comum: eram os preferidos da Rainha.

A sua obsessão por perfumes foi provocada por um estranho motivo: para evitar desmaios. Maria Antonieta só não perdia os sentidos quando lhe vinham os odores do âmbar, almíscar e sândalo. Ao saber desta fraqueza, em 1774, Jean-Louis Fargeon apresentou-se a ela com umas luvas aromatizadas. Conquistou-a na hora.

Os livros de história descrevem-na como uma vilã frívola. “Foi a primeira fashion victim”, garante a historiadora francesa Elisabeth de Feydeau, que dedicou uma biografia ao perfumista real. Apesar de as suas práticas de higiene terem chocado a corte, Maria Antonieta deixou marca. Aliás, muitas marcas: os cabelos soltos, a maquilhagem leve e, claro, os perfumes, que viriam a transformar-se numa indústria que movimenta milhões.

Reza a lenda que na Revolução Francesa o povo apanhou a carruagem real por causa do rasto de perfume de Maria Antonieta. O desfecho já se sabe: em 1793 foi condenada à guilhotina. Mas ainda gritou ao carrasco: “Malvado, malvado, não me descomponha!”

Receita com secreções de Baleia


A receita de Sillage de la Reine tem um ingrediente original: âmbar-cinzento, retirado das secreções de baleia. Pode ser encontrado em África, na China, no Japão e na América. Quanto ao processo de fabrico, mantém a tradição da época.

Primeiro mistura-se a baunilha com rosa, tuberosa, jasmim, flor de Íris e flor de laranjeira. E fica a repousar durante dez dias, ao ar livre.

A etapa seguinte consiste em adicionar ao coquetel inicial uma outra preparação, á base de glicerina, cedro, sândalo, âmbar-cinzento e almíscar (substância aromática retirada de uma glândula do almiscareiro). Da união de todos os ingredientes resulta um perfume requintado.

Recentemente, uma equipe de perfumistas na França embarcou em uma missão intrigante: recriar o famoso perfume de Maria Antonieta. Utilizando descrições históricas e documentos da época, eles se propuseram a recriar o aroma que encantava a rainha.

A tarefa não foi fácil, pois muitos dos ingredientes originais não estão mais disponíveis ou são extremamente raros. No entanto, com dedicação e habilidade, a equipe conseguiu recriar a fragrância com precisão, usando ingredientes que evocam o mesmo aroma que Maria Antonieta conheceu e amou.

O Aroma da História

O perfume recriado de Maria Antonieta oferece uma janela olfativa para o passado. Quando você fecha os olhos e inala essa fragrância, é como se estivesse fazendo uma viagem no tempo para os salões luxuosos do Palácio de Versalhes. É uma fragrância que evoca a elegância e a sofisticação da corte francesa do século XVIII.

A Embalagem: Uma Homenagem à Época

Além do próprio perfume, a embalagem do frasco é uma verdadeira obra de arte. Inspirada na estética da época de Maria Antonieta, a embalagem é adornada com detalhes delicados e refinados, incluindo motivos florais e dourados que refletem a opulência da corte.

Fonte: Revista Sábado

Texto: Joaquim Torrinha

Foto da net

©CarlosCoelho

terça-feira, 12 de junho de 2018

Ciência

Sapos anunciam sismos?


O Êxodo de sapos da região de Abruzzo, em Itália, onde a terra tremeu destruindo boa parte da cidade de Áquila, leva os cientistas a reforçarem a ideia de que os animais têm formas de predizer a ocorrência de tremores de terra. Até agora, estudos com várias espécies (cães, vacas, raposas e até peixes) registam algum tipo de comportamento estranho antes dos abalos, mas uma investigadora britânica deu conta do sumiço dos sapos de uma colónia que estudava, cinco dias antes do sismo – 96por cento dos machos fugiram cinco dias antes e três dias antes do abalo não restava nenhum.

Fonte: Revista Notícias Sábado

Autor: LM.

Fotos da Net

©CarlosCoelho

sábado, 5 de maio de 2018

Shakespeare

Shakespeare existiu!

 


Escreveu William Shakespeare as obras que lhe são atribuídas? Ou pior ainda: Shakespeare existiu? Mark Twain, Henry James ou Freud, entre outros, chegaram a pôr em dúvida que tivesse havido um só autor para todas as obras de Shakespeare. Se os cépticos continuam a fazer-se ouvir, há quem os desminta com base na investigação histórica. É o caso do norte-americano James Shapiro, Professor da Universidade de Columbia, que considera que as dúvidas sobre a existência do autor, filho de um comerciante, que só surgiram dois séculos após a sua morte, mas não sã do que a prova de preconceito cultural e snobismo.

Fonte: Revista Notícias Sábado

Autor: J.A.S

Foto da Net

©CarlosCoelho

 

sexta-feira, 2 de março de 2018

Morte

Morrer Islâmico

No médio Oriente é difícil morrer sozinho. O Médico, em viagem, descobre uma cultura feita de rituais diferentes, rigorosos e sem pressas.

 

(Cemitério muçulmano de Sidi el Mezri em Monastir Tunísia)

A morte é parte da vida. Uma parte da vida tão difícil de aceitar quanto mais sofisticada é a cultura e que se morre. Se alguns povos celebram a morte como um renascimento, outros são os que a choram perpetuamente inumando as suas vidas em roupa negra e cemitérios solitários. Hábitos e culturas diferentes. Nascemos a gritar no meio de muita gente. Todos se preparam para nos receber em festa. Quando morremos, muitas vezes fazemo-lo sozinhos, sem que ninguém se aperceba em silêncio.

No médio Oriente é difícil morrer sozinho. Só existe um tipo de família: aquela em que todos partilham o mesmo chão, a mesma refeição, o mesmo quotidiano, o mesmo tempo. Quando o fim se anuncia, há sempre tempo. Tempo para pegar numa mão, para beijar uma face. Tempo para trocar as últimas palavras de afecto. Tempo para começar a construção da memória, essa vida eterna que nos assiste.

A morte anuncia-se discretamente e tudo deve ser executado segundo esta regra. O ritmo acelera. Há pouco tempo para preparar o enterro. Todo o processo será feito com rigor mas rapidamente. Inicia-se a lavagem do corpo. Homens lavam mulheres e mulheres lavam mulheres. Crianças com menos de oito anos de idade podem ser lavadas por ambos os sexos. Depois de colocar o corpo num estrado elevado, circula-se à sua volte três, cinco ou sete vezes queimando incenso. É chegado o momento de lavar o corpo três vezes. Se estiver limpo não é necessário lavar outra vez. No entanto, se o corpo ainda não estiver conforme o estabelecido deve continuar a ser lavado sempre em número ímpar de vezes. Se à sexta lavagem já estiver pronto, uma sétima lavagem será executada.

A água deve ser fria, a não ser que o tempo não o permita ou o corpo demasiado sujo. Pode-se perfumar as partes do corpo que contactam com o chão durante a prostração.

O corpo correctamente lavado deve ser correctamente vestido. A escolha do vestuário é criteriosa. As roupas devem ser do próprio mas, se não existir roupa digna, é da responsabilidade do seu representante legal providenciar o traje. O cadáver só está autorizado a vestir aquilo que lhe era permitido em vida. Seda pura tingida com açafrão ou bordados com ouro são estritamente proibidos aos homens. São igualmente proibidos versos do Corão no vestido, roupa excessivamente cara ou escolhida em vida para o efeito. Deseja-se roupa branca, a estrear ou usada, simples. A oração pode ser feita em casa, na mesquita ou no cemitério, mas obedece a uma fórmula obriga ao seu reinício. O corpo é colocado diante dos crentes com a cabeça do lado direito. Uma pessoa falecida deve ser sempre acompanhada até ao local do seu enterro. Se o cortejo se fizer a pé, toda a gente segue à frente do caixão. Uma mulher só é autorizada a seguir atrás do caixão caso se trate do seu marido e apenas se se souber comportar dignamente. Chorar é permitido, mas manifestações exaltadas são completamente interditas. Disse o profeta Maomé: «Aquele que bate na sua cara, rasga a sua roupa ou chora os seus mortos como no tempo dos dias da ignorância não é um de nós.»

Fonte: Revista Única (Expresso)

Texto: Luís Mieiro

Fotos da Net

©CarlosCoelho

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Henrique VIII de Inglaterra

 O Rei Tirano


Obcecado por ter um filho varão, o monarca casou-se seis vezes, decapitou duas rainhas, rompeu com a Igreja Católica e fundou a sua própria religião.

Nomeação: Henrique tornou-se rei por acaso. A coroa pertencia ao seu irmão mais velho, Artur, que morreu precocemente, o que levou Henrique a ser nomeado e a casar-se com a cunhada.

Amor: O Rei Inglês teve seis mulheres e várias amantes. No entanto, o seu grande amor foi Ana Bolena, que o levou a divorciar-se da sua primeira mulher Catarina, e, consequentemente, a romper com a Igreja Católica. Porém, quando Ana o desiludiu por não lhe dar o tão esperado filho varão, ele mandou enforca-la.

Guerra: O segundo rei da dinastia Tudor procurou sempre a honra da guerra e na década de 50 invadiu a França.

Religião: Depois de romper com a Igreja Católica, devido ao seu divórcio, Henrique perseguiu o clero e fundou a Igreja Anglicana.

Físico: Henrique VIII recebeu o cognome de O Gordo. Quando morreu, a sua cintura tinha 137centímetros.

Sucessão: Apesar de ter um filho varão, Eduardo, foram as suas duas primeiras filhas, Maria I e Isabel I, que subiram ao trono.

1491 – Nasce Henrique, filho de Henrique VII e Elizabete de York.

1499 – O irmão mais velho de Henrique, Artur, Casa-se com Catarina de Aragão.

1502 – Artur morre.

1503 – Catarina de Aragão fica noiva de Henrique.

1509 – Henrique sobe ao trono após a morte do pai.

1525-1533 – O rei pede o divórcio, mas é recusado pelo Papa.

1533 – Henrique anula o seu casamento e é excomungado.

1534 – Henrique cria a Igreja Anglicana.

1536 – O rei apodera-se das propriedades da Igreja.

1547 – Henrique morre aos 55 anos.

As mulheres de Henrique VIII

Catarina de Aragão – (1509-1533)

Esteve grávida seis vezes, mas apenas Mary sobreviveu.

Ana Bolena (1533-1536)

Teve uma filha, Isabel, e abortou duas vezes.

Jane Saymour (1536-1537)

Deu o tão esperado varão a Henrique VIII Eduardo, mas morreu duas semanas após o parto.

Ana de Cleves (Jan a Jul. de 1540)

O casamento nunca chegou a ser consumado.

Catarina Howard (1540-1542)

Trinta anos mais nova do que o rei inglês, era estéril e foi enforcada por adultério.

Catarina Parr (1543-1547)

Cuidou de Henrique na velhice e morreu um ano depois dele.

 

Fonte: Revista Maria

Texto: Mónica Santos/Ronnie V.

Fotos da net

© Carlos Coelho

segunda-feira, 20 de março de 2017

D. Maria I - A Rainha Louca

D. Maria I perdeu o juízo com medo das penas do inferno



A primeira mulher que governou Portugal morreu faz hoje dia 20 de Março, 201 anos. D. Maria I (1734-1816) subiu ao trono com a promessa de apaziguar a sociedade portuguesa, crispada pelas medidas reformadoras impostas com pulso de ferro pelo Marquês de Pombal. Logo nos primeiros meses de reinado, em 1777, decretou um indulto geral que libertou perto de 800 presos – entre nobres (incluindo familiares dos Távoras, como a Poetisa marquesa de Alorna, que estava fechada no convento de Chelas desde 1759), eclesiásticos (como o Bispo de Coimbra e vários jesuítas) e, sobretudo, gente do povo. Foram iniciativas como esta que logo associaram à nova rainha o cognome de a Piedosa.
A demissão de Pombal, a mudança de pessoal político – embora tivessem continuado no Governo alguns discípulos do marquês – e a influência recuperada pela alta nobreza caída em desgraça no reinado de D. José fizeram com que este período ficasse conhecido como a “Viradeira”.
A Aristocracia era encabeçada pelo marido (e tio) da rainha, D. Pedro III, irmão de D. José. À falta de atractivos físicos aliava o rei consorte a pouca inteligência. Na corte puseram-lhe a alcunha de “capacidónio”: era uma das suas palavras preferidas e com ela se referia às pessoas a quem tencionava atribuir um cargo, depois de ter apanhado de ouvido que alguém era “capaz e idóneo” para determinado emprego…
Além da sua nobreza, também a Igreja regressou ao poder com a Viradeira. D. Maria era extremamente devota e a sua religiosidade exacerbada tocava as raias da superstição, já desde os tempos de princesa na corte do avô D. João V. Por altura da sua aclamação, um viajante francês escreveu que o confessor a convencia a gastar em penitências o tempo que deveria empregar com mais utilidade para o bem do povo. No entanto, era precisamente esse confessor – D. Frei Inácio de S. Caetano, arcebispo de Tessalónica e inquisidor-geral, nomeado ainda pelo Marquês de Pombal – quem acalmava os exageros da devoção que atormentavam D. Maria.

A Rainha Maria I e o rei D. Pedro III de Portugal

A morte de D. Pedro III, em 1786, afectou-a, mas o grande golpe na sua saúde mental foi a dupla perda que sofreu em 1788. A 11 de Setembro, morreu com um ataque de bexigas, o filho mais velho, o príncipe herdeiro D. José, com 27 anos.
Poucos meses depois, a 29 de Dezembro, morreu D. Frei Inácio de S. Caetano. Sucedeu-lhe como confessor da rainha o inquisidor-geral o bispo do Algarve, D. José Maria de Melo, um dos homens mais reaccionários da corte.
O novo confessor atormentava constantemente a soberana, lembrando-lhe as penas que o pai, D. José I, estaria a sofrer no inferno por ter consentido a política de Pombal. Não perdia uma oportunidade de alimentar a perturbação de D. Maria, dividida entre os deveres de rainha e de filha – recusava-se a condenar a memória paterna, o que resultava numa incessante tortura psicológica. As notícias da Revolução Francesa encontraram-na num estado de grande fragilidade. Acabou por perder completamente o juízo.
No princípio de 1792, a rainha foi sangrada e levada a banhos, mas, no dia 10 de Fevereiro, os mais prestigiados médicos do reino assinaram um boletim confirmando que “a saúde de Sua Majestade no estado em que se acha” não lhe  permitia ocupar-se dos assuntos de Estado. Tinha 57 anos e estava, oficialmente, louca.

D. João VI

O príncipe D. João (futuro D. João VI) passou a governar em nome da mãe, mas só em Julho de 1799 assumiu o título de príncipe regente. A última aparição pública de D. Maria I em Portugal foi a 27 de Novembro de 1807, no dia em que a corte embarcou para o Brasil, para escapar à evasão francesa, comandada por Junot. Perante a confusão geral da fuga, a rainha, já com 73 anos, teve um assomo de lucidez, resistindo a descer do coche: “Mais devagar! Diriam que fugimos.”
Morreu no Rio de Janeiro, com 81 anos. Está sepultada na Basílica da Estrela, em Lisboa.

Basílica da Estrela

Basílica da Estrela


A Basílica da Estrela, em Lisboa, entregue às Carmelitas Descalças de Santa Teresa, foi a grande obra edificada no reinado de D. Maria I. Mas outras medidas ficaram para a história.
A Iluminação pública das ruas da capital; imposta à força (e paga com um tributo legal) pelo intendente da polícia Pina Manique, em 1780, foi um acto de civilização. Tal como a criação da Academia das Ciências de Lisboa, em 1779, por iniciativa do Duque de Lafões e do Abade Correia da Serra. Pina Manique foi também o impulsionador da Casa Pia, em 1783.

Fonte: Revista Notícias Sábado
Texto/Autor: João Ferreira (Histórias da História)
Fotos da Net
𺰘¨¨˜°ºðCarlosCoelho𺰘¨¨˜°ºð

terça-feira, 7 de março de 2017

Índia

 Índia - Em busca do Império Vijayanagara


Tesouro incalculável, as ruínas da antiga Cidade de Hampi são dos destinos mais procurados do estado de Karnataka, no sul da Índia. Os seus 35º templos são a memória do esplendor de Vijayanagara, o maior império depois do mongol.



Já contávamos encontrar grandes surpresas na Índia. No entanto, Hampi, o imponente complexo de Templos históricos do sul do estado de Karnataka, superou as espectativas. Aqui não afloram vãs nostalgias daquele poderio distante ou da magnificência das suas construções, cenários de uma vida de ostentação e requinte. Pelo contrário, tudo é mais uma recordação imortalizada do distante esplendor indiano. Sentimos isso ao lado dos brâmanes e das belas mulheres de sari, cuja pele dourada contrasta com os tons turquesa brilhantes das fúchsias, os vermelhos e os azuis, como há mil anos. 


Frequentado principalmente por viajantes nacionais, o local é uma espécie de espelho no qual a grandeza desses tempos idos, do místico e do sagrado, dos ritos e histórias de séculos perdidos, fazem reviver pedras e pintura como se tudo estivesse a acontecer aqui e agora. “Like the painting, right? “, Pergunta Suri, o guia, que esconde um sorriso malicioso a cada paragem. 


Nestes templos, as origens reconstroem-se no presente. Os trajes antigos, as jóias falsas das adolescentes, as inúmeras vacas deambulantes e um elefante que entrega bênçãos de água parecem cenas tiradas dos quadros e estátuas de 1300.


Elefante santifica família

Partindo de Bangalore, a capital do Sul. Famosa por dominar o mercado mundial de software, em concorrência com a China e Estados Unidos, o encontro com o parque arqueológico exige que se percorra um caminho que se contorce ao ritmo do mudra (dança com as mãos). 

    
A estrada segue a sua melodia em cada aldeia por onde passamos, enquanto nos campos entre aldeias predominam os verdes dos campos de arroz, em plena época de colheita. Há também mulheres e meninas que caminham pelos bordos destes ressaltos em busca de um rio ou canal para lavar as roupas que levam á cabeça, em grandes tinas coloridas.

Hemakuta Hill 

Algumas horas depois, chegamos ao espectacular Royal Orchid, o hotel de cinco estrelas que nos introduzirá no esplendor asiático, nas massagens ayuevédicas e nos alimentos afrodisíacos, dando inicio a um turbilhão de contrastes difícil de acomodar na mente. The Sacred Center . O Centro Sagrado
The Sacred Center . O Centro Sagrado

Perto dali, a cidade vizinha de Hospet é a passagem intermédia para chegar ao destino: lá vamos nós, evitando as ultimas vacas a toque de buzina, uma habilidade demonstrada por Suri, também nosso motorista. Conduzirá o grupo durante vários dias para percorrer Karnataka, o diamante em bruto do sul da Índia, de Hampi é a estrela.

Virupaksha Temple ou Templo Pampapati

Meca turística da região e Património da Humanidade consagrado pela UNESCO na década de 1980, a reserva tem grande valor para arqueólogos e arquitectos de todo o mundo. Ainda hoje é preservada e estudada pelo Archaeological Survey of Índia. Hampi foi a capital de quase toda a Índia austral, onde se fundou um dos reinos mais ricos da terra, o Império Vijayanagara, recordando entre outras coisas pelos seus comerciantes de diamantes.

Krishna Temple

Os seus 350 templos em ruínas, 83 deles recuperados e visitáveis, foram esculpidos até ao inimaginável, ornamentando-se cantos, ângulos, tetos e lugares que vemos apenas com o auxílio de uma lanterna, dando vida a cenas de dançarinos e músicos, de sexo e espiritualidade, de animais míticos e deuses virtuosos de mãos múltiplas. 

Lakshmi Narasimha Templo

Situa-se a sul de Hampi. Num único bloco de pedra com cerca de 6.7 m de altura foi esculpida a estátua de Narasimha. Narasimha (significa nas línguas locais meio-homem, meio leão-leão) é esta é uma das dez encarnações de Vishnu. A estátua foi recentemente restaurada. 

Em frente ao tempo está o famoso carro de pedra (Stone Charriot ou Kallina Ratha), um símbolo da perfeição artística do Império Vijayanagara. Não é um carro, como um nome sugere, mas sim um santuário construído em forma de um carro.


Stone Charriot ou Kallina Ratha

Todos vivem esculpidos na rocha. Não muito longe, logo que amanhece desperta um mundo que flutua entre o comércio e a vida religiosa quotidiana. Montam-se ali as tendas dos feirantes e arranca a venda de tecidos, alimentos e pós sagrados, bem como sabão e champô para quem quiser banhar no Rio Tungabhadra. Suri conta que por detrás da torre de Virupaksha, ao longe, o rio fornece imagens menos turísticas, mais rurais, onde os habitantes locais rezam e lavam as suas roupas. “Eu quero estar allí agora que nace el sol.

The King's Balance 

Esta estrutura, o Tulapurushandana, fica a sudoeste do templo Vittala. É composto por dois pilares esculpidos em granito, unidos por uma trave horizontal também de granito.

Podemos fazer muito bonitas imágenes”, explica em portunhol Fernando Quevedo, conhecido fotógrafo de O Globo e intrépido perseguidor de leões na savana africana. Claro que o seguimos. Em poucos minutos chegamos à costa e imediatamente somos surpreendidos por um desses rituais de que tanto tínhamos ouvido falar: algumas mães dão banho aos filhos, enquanto um elefante santifica com água da sua tromba a família de um bebé recém-nascido. Longos saris estão estendidos nas escadas e anciãos com metade do corpo debaixo de água agradecem aos céus, rodeados de templos que depressa ficam sob a fúria do sol escaldante. Uma autêntica porta aberta para a Índia milenária.



Ramachandra Temple ou Hazara Rama Temple 

O templo fica num pátio rectangular, com entradas viradas para o leste. Encontram-se vários relevos nas paredes internas e externas. O Templo pode ter sido exclusivamente para uso real.

O fim do Imperio Vijayanagara

Também chamada “Cidade da Vitória”, Hampi deu três gerações de chefes hindus durante dois séculos. No seu Centro Sagrado erguem-se os templos de Krishna e Achyuta Raya, assim como pinturas, gravuras, esculturas e estátuas sagradas. 


Lotus Mahal - (Palácio da Rainha)

Era um palácio para a rainha, que tem, entre outras coisas, tubos com água corrente. a sua construção foi posterior ao período Vijayanagara, mostrando esta estrutura influências islâmicas.

Uma destas chama especialmente a atenção: é Narasimha, divindade sulista de mãos virtuosas, a reencarnação do deus Vishnu em homem-leão. A ele e aos outros dois deuses centrais do hinduísmo, Brahma e Shiva, não pouparão honrarias os sacerdotes, brâmanes e pagadores de promessas. 


Pushkarani 

Também chamado Stepped Bath, ou Queen's Bath, era um projecto desenhado para banhos. Estes poços submersos foram criados para proporcionar alívio do calor durante o dia. Teria sido coberto quando a cidade era ocupada. 

Ali perto, no Centro Real, ergue-se o templo de Hazara Rama, os estábulos de pedra onde a rainha recolhia os elefantes., a piscina para festas e o seu incrível palácio. Mas é o templo Vitthala e o seu Palácio da Música que nos deixam fascinados. 


Elephant stables - Estábulo dos Elefantes

Este quadro mostra  a posição de soldados e comerciantes, uma amostra da prosperidade do Império

Era um conjunto de grandes estábulos, para abrigar os elefantes cerimoniais da casa real. a área na frente deles era um ponto de parada para os elefantes e para as tropas. esta estrutura mostra também a influência islâmica nas suas cúpulas e pórticos arqueados. o quartel dos guardas estavam localizados ao lado do estábulo dos elefantes.

Vittala Temple

Situado a nordeste de Hampi, em frente à vila de Anegondi, é um dos principais monumentos da cidade. É dedicado a Vittala, acredita-se que data do século 16. Uma das características notáveis do Templo Vittala são os pilares musicais. Cada um dos pilares que sustentam o telhado do templo principal é suportado por um pilar que representa um instrumento musical.

Pilares de Pedra no Templo de Vittala 

“Cada uma das colunas que aqui vêem foi construída com uma nota musical, do dó ao si. Think at the time… quando cada canto deste templo, iluminado pelas estrelas, soava segundo os golpes que os mestres da música davam com pequenos ferros em cada coluna. É nem mais nem menos que o triunfo da beleza, da arte e da mente, há séculos e séculos atrás.”, Pode ler-se. É uma maravilha musical esculpida à mão.

Mas tudo tem um fim, e o Império Vijayanagara e dos seus palácios foi em 1565. Apesar do seu grande poderio (o maior depois dos mongóis), os sultões muçulmanos do Decão aliaram-se e venceram-nos na batalha de Talikota, recorrendo a uma antiga prática de conquista e subjugação: a destruição imediata dos santuários e templos que hoje percorremos. Apesar de estarem em ruinas são muito visitados. 

Este Templo dedicado as Senhor Shiva foi construido muitos metros abaixo do nível do solo. Por esta razão, o Templo está alagado muitas vezes, limitando assim a entrada para as áreas interiores.


Underground Shiva Temple

Os vizinhos do Norte do país, os feirantes de Hospet e das aldeias limítrofes também rezam aqui como num templo activo. Descalçam-se como fazem em casa e dão inicio a manifestações com ofertas de frutas, juntando as mãos, fazendo movimentos circulares, inclinações e alguns cânticos, até que o ritual hindu lhes chegue à alma. Alguns sacerdotes distribuem água e cada um bebe-a na palma da sua mão, enquanto o fumo do sândalo em incenso vai subindo pelas colunas esculpidas e penetra nas pequenas cavidades dos deuses de pedra. O mundo aparente e o real, o que alimenta o corpo e a alma, são aqui a mesma coisa. A Índia sagrada mantém-se viva.

Fonte: Jornal Buenos Aires /http://ferias-paratodos.blogspot.pt
Texto/Autor: Paul Donadio/ http://ferias-paratodos.blogspot.pt
Tradutora: Aida Macedo
Fotos: Wikipedia /http://ferias-paratodos.blogspot.pt
𺰘¨¨˜°ºðCarlosCoelho𺰘¨¨˜°ºð

domingo, 5 de março de 2017

Tiróide

Tiróide ou Triplo Reaquecedor?



A tiróide produz e liberta para a circulação sanguínea as denominadas hormonas tiroideias, as tiroxinas T3 e T4, cuja função é a de obter diversos efeitos no metabolismo e desenvolvimento do corpo, por exemplo, para a utilização da gordura corporal, a temperatura basal, a frequência cardíaca, a pressão arterial, os estados de humor, a velocidade cerebral…
Para a tiróide funcionar bem, há que ter em conta que ela necessita de duas hormonas que são geradas noutros órgãos, a hipófise e o hipotálamo, que produzem, respectivamente, as hormonas TSH e TRH, e ainda que exista um bom equilíbrio da imunidade, pois muitas vezes a origem das doenças da tiróide é a falha na imunidade, ou seja, quando o organismo fabrica anticorpos (“defesas”) contra si próprio, neste caso contra a tiróide, resultando quase sempre em quistos e nódulos, para além dos erros na quantidade de tiroxinas fabricadas. Acontece por exemplo, na tiróide de Hashimoto, muito frequente em Portugal. Os problemas de tiróide são muito comuns, sendo mais frequentes nas mulheres do que nos homens, e traduzem-se em hipertiroidismo quando há excesso de hormonas tiroideias e hipotiroidismo quando há falta destas.


O hipertiroidismo, torna o organismo “acelerado”, sendo o mal estar evidente, podendo desenvolver: palpitações, transpiração excessiva, ansiedade, tremores, perda de peso, intolerância ao calor, queda de cabelo, fraqueza geral, exoftalmia…
Já o hipotiroidismo, causa uma “lentidão” no organismo, promovendo por exemplo, aumento de peso, fadiga física e mental, dores sem causa aparente, obstipação, etc.
A medicina chinesa, identificou os quadros clínicos de disfunção tiroideia há três mil anos, enquadrando a tiróide num órgão não material, que designa por Triplo Reaquecedor, tendo funções que incluem as da tiróide e as da imunidade; ao regula-lo, pela acupunctura e fitoterapia, equilibra a tiróide em particular e os metabolismos em geral, tratando com sucesso os hipo e os híper “tiroidismos”. Curiosamente pelo mesmo mecanismo estabiliza a imunidade, o que beneficia igualmente os que sofrem de tiróide por auto-anticorpos.

Fonte: Revista Nova Gente
Texto: Dr. Pedro Choy
Foto da net
𺰘¨¨˜°ºðCarlosCoelho𺰘¨¨˜°ºð

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Drácula - Vlad Tepes

Drácula, sangue por sangue



Para os ocidentais, Vlad Tepes é o Conde Drácula. Para os Romenos é um príncipe sanguinário mas justo, o defensor do povo, que só empalava traidores e ladrões.

As opiniões dos historiadores romenos dividem-se alguns comparam Vlad Tepes a Drácon de Atenas (legislador grego do século VII a.C.) e veem-no como um génio político; outros consideram-no um celerado sádico.
“O Empalador” continua a ser uma figura muito presente no imaginário colectivo e dos decepcionados com a sociedade de hoje, a corrupção e a injustiça invocam-no novamente, como fez outrora o grande poeta romeno Mihai Eminescu (no final do Século XIX): “Porque não voltas, Senhor Vlad, o Empalador?”


O historiador Bogdan Ioan critica a tendência de alguns estudiosos para fantasiar sobre Vlad Tepes. Alerta para que a historiografia romena tem tendência para apresentar o voivoda (príncipe) como protector dos pobres e dos justos, bem como um governante organizador. Para Bogdan, “O Empalador” foi “um tirano brutal e um monstro desumano”. “Deviamos ter vergonha, e não apresenta-lo como um modelo de bravura e patriotismo”, escreveu.

Tanto bom quanto mau. E vilão?


Outros historiadores, como Constantine C. Giurescu, justificam os seus actos de crueldade com o superior interesse da nação: “As torturas e as execuções não eram caprichos; tinham a sua razão de ser num mundo onde ainda não tinha sido inventado o principio da  diversidade de opinião”. Os massacres teriam, portanto, justificação, já que visavam instalar ordem e a honestidade, e consolar o reino.


No entanto, a imagem mais desfavorável de Vlad, “O Empalador”, encontra-se nas crónicas germânicas e eslavas. Alguns especialistas desacreditam-nas totalmente, dizendo que são absolutamente falsas. Outros embora conscientes de que contêm elementos inventados, destinados a impressionar um público ávido de sensionalismo, acham que são documentos com valor histórico.


O historiador Lucian Boia acredita que se criou em torno de Vlad Tepes um mito de Rei duro, mas justo, que matava os nobres gananciosos e corruptos: “ É uma mitologia que ainda está muito viva na Roménia e de que os romenos  deviam passar a desconfiar. É o característico culto romeno do líder, resultado de uma sociedade camponesa, respeitosa do príncipe. Vlad Tepes é o soberano que tem sempre razão, contra uma elite ávida de riqueza e poder. O seu sucesso prendeu-se com a veneração por um povo insuficientemente politizado, que adora os dirigentes, sejam eles príncipes, reis, presidentes comunistas ou pós-comunistas”.


Outro historiador, Neagu Djuvara, descreve, no seu livro O Scurt? Istoire a Românilor Povestit? Celor Tineri (Breve história dos romenos contada aos jovens), a execução por empalação: “Era uma agonia terrível. Espetava-se uma grande estaca no chão e o condenado era como que crucificado nela. Depois – coisa terrível só de se dizer – untava-se um pau com sebo e introduzia-se-lhe entre as nádegas; mas muito lentamente, para não causar morte imediata. Não devia perfurar o fígado nem o coração, antes se pretendia que saísse pelo pescoço. E o homem ficava em exposição, para que os corvos lhe comessem os olhos”.


Embora lhe tenham criado uma imagem de monarca justo, próximo do povo, as crónicas eslavas contam, que certa vez, o voivoda ordenou a reunião dos mendigos e doentes do território, trancou-os numa casa, alimentou-os à saciedade e, em seguida, ateou fogo ao edifício.

Um tirano demente e vingativo


Os saxões da Transilvânia contam-se entre as vítimas de Vlad Tepes. Descontentes com as facilidades comerciais concedidas pelo governante romeno, os saxões de Sibiu e de Brasov deram apoio e abrigo a vários pretendentes ao trono. Como resultado, “O Empalador” cruzou várias vezes as montanhas dos Cárpatos para assolar as aldeias da região de Tara Barsei (Burzenland, no Sul da Transilvânia). Rezam as crónicas que o governante confiscou a fortuna de 600 comerciantes de Burzenland, antes de os empalar.
As crónicas descrevem também o cinismo do voivoda: terá obrigado um pretendente ao trono a cavar a sua própria sepultura antes de o matar; e terá empalado o comandante otomano Hamza com uma vara maior do que a de outros turcos.


Uma das histórias eslavas que, ao que parece, era leitura de cabeceira de Ivan, “ O Terrível”, narra um episódio em que alguns turcos se recusaram a descobrir-se perante ele; Vlad ordenou que os turbantes fossem pregados às suas cabeças. Está escrito que, certa vez, na estrada, encontrou um homem com uma camisa suja; foi a casa dele e mandou empalar a mulher ali mesmo, para puni-la pela sua preguiça.
O que é garantido, para lá das histórias improváveis surgidas da imaginação delirante dos contemporâneos, é que Vlad Tepes foi um homem de rara crueldade, mesmo para a época. O original do seu famoso retracto, que aparece nos manuais escolares, está ainda hoje no castelo de Ambras, perto de Innsbruck, num museu dos horrores, entre outras monstruosidades imortalizadas em pintura.

Fonte: Jornal Evenimentul Zilei (Bucareste)
Texto/Autor: Andreea Dogar
Fotos da net
𺰘¨¨˜°ºðCarlosCoelho𺰘¨¨˜°ºð