Que desaparecem e aparecem
desafiando todas as teorias científicas
Do ponto de vista das suas
constantes variações, a Ilha do Falcão, uma das que fazem parte do arquipélago
de Tonga, nas românticas paragens do Pacífico Sul, é, com certeza, a mais
estranha de quantas se situam nas rotas, mais ou menos frequentadas, das
carreiras de navegação. Um capitão de navios que no seu diário de bordo tinha
registado a sua localização, comprimento e largura, poderá, breves tempos
depois, ser desmentido por outro, que em sua busca tenha consumido bastantes
quilos de combustível. De facto, a Ilha do Falcão aparece, aquece-se, altera-se
e desaparece com irregulares intervalos, de meses ou de anos, sem a menor
consideração pelos estudos ou observações dos cientistas.
Recebeu o seu nome do que
na proa ostentava o orgulhoso navio de guerra «Falcão», navegando sob a
bandeira de Sua Majestade Britânica. Em 1865, o comandante de barco assinalou a
presença de um recife, que imediatamente proclamou propriedade inglesa. Doze
anos depois. Outro navio britânico, o »Sappho», deu conta de haver divisado
fumos de proveniência vulcânica saindo do solo da ilha. No ano de 1880, um
comandante francês procurou, em vão, a jovem ilha. Cinco anos mais tarde, um
navio inglês demandou as águas da ilha do Falcão e o seu comandante procedeu a
rigorosas medidas, que revelaram uma extensão superior em três quilómetros à
observada em 1865 e uma diferença, para
mais, de 45 metros na altura. Em Abril de 1894, um veleiro passou por cima do local
onde estivera a ilha; três meses depois esta era novamente assinalada, desta
vez com mais 7 quilómetros de comprimento. Dois anos decorridos, novo
desaparecimento. Já no século XX, em Junho de 1927, a sua altura ascendia a 110
metros.
Perante tamanhas
divergências, um geógrafo americano, depois de se assegurar da consistência do
solo, resolveu fazer investigações in loco. Por toda a parte, largamente
disseminadas, encontrou cinzas e lavas, um quieto lago de água quente, no
centro da ilha, e um monte com 150 m de altitude. A partir da data destes
estudos, a ilha voltou a diminuir em extensão, largura e altura.
Durante a guerra de
1939/45 um escritor europeu sugeriu que a ilha do Falcão fosse o destino dos
criminosos de guerra. Esta ideia, que não foi posta em prática recebeu
entretanto, o aplauso de muitos.
Segundo uma das muitas
teorias, a Ilha do Falcão é o produto das erupções intermitentes de um vulcão
submarino. Nos períodos de inactividade vulcânica, ás águas do mar lavam as
cinzas, desagregam a lava e a ilha desaparece.
Não se julgue, todavia,
que a Ilha do Falcão é a única no Mundo a confundir navegantes e geógrafos.
Duas outras ilhas, ao sul de Yokosuka, no mar do Japão, desapareceram em 1946.
A Ilha de Fu, no Oceano Índico, submergiu-se no ano de 1948. No arquipélago das
Novas Hébridas assinalou-se o aparecimento de uma nova Ilha em Novembro de
1949, descoberta pelo piloto de um avião comercial.
Bem perto da grande cidade
de Nova Iorque há uma outra ilha, bem conhecida dos pescadores do Lago Tiorati.
Esta tem o estranho hábito de vaguear, fugindo, qual tímida gazela, mal dela se
afastam os olhos. Para evitar essas fugas, os pescadores atam-na a outra ilha
por meio de fortes espias. Quando sopra o temporal, a ilha desaparece, voltando
a surgir com a calmaria, muitas vezes longe do ponto onde se encontrava. No
Inverno de 1953, os pescadores tiveram de a rebocar durante quase um quilómetro
para a colocarem no local mais conveniente para as suas pescarias.
Fonte: Almanaque Diário de
Notícias (1954)
Texto/Autor: Desconhecido
Foto da Net/Cnes Airbus/Orbassano
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