sábado, 25 de fevereiro de 2017

Ilhas Errantes

Que desaparecem e aparecem desafiando todas as teorias científicas


Do ponto de vista das suas constantes variações, a Ilha do Falcão, uma das que fazem parte do arquipélago de Tonga, nas românticas paragens do Pacífico Sul, é, com certeza, a mais estranha de quantas se situam nas rotas, mais ou menos frequentadas, das carreiras de navegação. Um capitão de navios que no seu diário de bordo tinha registado a sua localização, comprimento e largura, poderá, breves tempos depois, ser desmentido por outro, que em sua busca tenha consumido bastantes quilos de combustível. De facto, a Ilha do Falcão aparece, aquece-se, altera-se e desaparece com irregulares intervalos, de meses ou de anos, sem a menor consideração pelos estudos ou observações dos cientistas.


Recebeu o seu nome do que na proa ostentava o orgulhoso navio de guerra «Falcão», navegando sob a bandeira de Sua Majestade Britânica. Em 1865, o comandante de barco assinalou a presença de um recife, que imediatamente proclamou propriedade inglesa. Doze anos depois. Outro navio britânico, o »Sappho», deu conta de haver divisado fumos de proveniência vulcânica saindo do solo da ilha. No ano de 1880, um comandante francês procurou, em vão, a jovem ilha. Cinco anos mais tarde, um navio inglês demandou as águas da ilha do Falcão e o seu comandante procedeu a rigorosas medidas, que revelaram uma extensão superior em três quilómetros à observada  em 1865 e uma diferença, para mais, de 45 metros na altura. Em Abril de 1894, um veleiro passou por cima do local onde estivera a ilha; três meses depois esta era novamente assinalada, desta vez com mais 7 quilómetros de comprimento. Dois anos decorridos, novo desaparecimento. Já no século XX, em Junho de 1927, a sua altura ascendia a 110 metros.


Perante tamanhas divergências, um geógrafo americano, depois de se assegurar da consistência do solo, resolveu fazer investigações in loco. Por toda a parte, largamente disseminadas, encontrou cinzas e lavas, um quieto lago de água quente, no centro da ilha, e um monte com 150 m de altitude. A partir da data destes estudos, a ilha voltou a diminuir em extensão, largura e altura.
Durante a guerra de 1939/45 um escritor europeu sugeriu que a ilha do Falcão fosse o destino dos criminosos de guerra. Esta ideia, que não foi posta em prática recebeu entretanto, o aplauso de muitos.
Segundo uma das muitas teorias, a Ilha do Falcão é o produto das erupções intermitentes de um vulcão submarino. Nos períodos de inactividade vulcânica, ás águas do mar lavam as cinzas, desagregam a lava e a ilha desaparece.


Não se julgue, todavia, que a Ilha do Falcão é a única no Mundo a confundir navegantes e geógrafos. Duas outras ilhas, ao sul de Yokosuka, no mar do Japão, desapareceram em 1946. A Ilha de Fu, no Oceano Índico, submergiu-se no ano de 1948. No arquipélago das Novas Hébridas assinalou-se o aparecimento de uma nova Ilha em Novembro de 1949, descoberta pelo piloto de um avião comercial.
Bem perto da grande cidade de Nova Iorque há uma outra ilha, bem conhecida dos pescadores do Lago Tiorati. Esta tem o estranho hábito de vaguear, fugindo, qual tímida gazela, mal dela se afastam os olhos. Para evitar essas fugas, os pescadores atam-na a outra ilha por meio de fortes espias. Quando sopra o temporal, a ilha desaparece, voltando a surgir com a calmaria, muitas vezes longe do ponto onde se encontrava. No Inverno de 1953, os pescadores tiveram de a rebocar durante quase um quilómetro para a colocarem no local mais conveniente para as suas pescarias.

Fonte: Almanaque Diário de Notícias (1954)
Texto/Autor: Desconhecido
Foto da Net/Cnes Airbus/Orbassano
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