O Barão de Forrester
Barão de Forrester
Um dos maiores paladinos
do Vinho do Porto
Foi no Pego do Cachão que
morreu tragado pelas Águas do Douro
No dia 12 de Maio de 1861
morreu afogado no rio Douro, no lugar do Cachão, com 52 anos incompletos, o
Barão de Forrester – José James Forrester -, escritor, artista e viticultor
escocês, que tanto se distinguiu na propaganda do Douro e dos vinhos do Porto.
Mapa Barão de Forrester
Camilo Castelo Branco
descreve assim, magistralmente, em algumas linhas, o desastre que tanto
impressionou o País: « No dia 12, um
alegre domingo, saíram todos, o Barão de Forrester e vários amigos, do
«Vesúvio», na intensão de jantarem na Régua. O Douro tinha engrossado com a
chuva de dois dias e a rapidez da corrente era caudalosa. Aproando ao ponto do
«Cachão», formidável sorvedouro em que a onda referve e redemoinha
vertiginosamente, o barco fez um corcovo, estalou, abriu um golpe e mergulhou
no declive da catadupa. O Barão sofrera a pancada do mastro, quando se lançava
à corrente, nadando. Ainda fez algum esforço para apegar à margem; mas,
fatigado de bracejar no teso da corrente ou aturdido pelo golpe, estrebuchou
alguns segundos na agonia e desapareceu.»
Cachão da Valeira
Este desastre, pelas
circunstâncias em que se deu e ainda pelo facto de apenas ter vitimado o Barão
de Forrester, foi durante muitos anos motivo de estranhas e singulares versões,
tanto mais que o seu cadáver nunca apareceu. Admitiram-se ou bordaram-se lendas
e fantasias à volta do sinistro do Cachão da Valeira e chegou-se mesmo a admitir um crime;
mas nada se averiguou…
Convento da Serra do Pilar
antes do cerco do Porto de 1832 – gravura do Barão de Forrester tirada da rampa
da Corticeira – á direita ficava a Capela do Senhor do Carvalhinho, erguida
pelos Padres Jesuítas e por eles mantida até 1761 quando foram expulsos. Serviu
de quartel da marinha de D. Pedro durante o cerco e, a partir de 1840, foi a
primeira fábrica de cerâmica do Carvalhinho, donde lhe veio a marca. Mais acima
ainda se vê um pouco da Muralha Fernandina. Por baixo do convento encontra-se a
Capela do Senhor d’Além e a Ponte das Barcas.
O Barão de Forrester,
comerciante e viticultor, foi uma figura destaque no Porto de há um século;
dedicou o melhor de sua inteligência e actividade ao Douro, procurando por
todas as formas acreditar o famoso Vinho do Porto; e de 1843 a 1860 publicou
trinta trabalhos, escrevendo-os e ilustrando-os com desenhos, muitos deles
excelentes cópias do natural.
Os seus opúsculos «A crise
comercial explica-se» e «A verdadeira causa da crise comercial no Porto»
contribuíram grandemente para debelar o pânico e estimular as energias dos
durienses que ficaram com as vinhas devastadas em 1859; e, seguindo os
conselhos e alvitres que lhes sugeriu, conseguiram, em breve espaço de tempo,
restabelecer o crédito da Praça do Porto.
Feira de S. Miguel, pintura do Barão de Forrester datada de 1835
Ficaram famosos os mapas
que levantou: «O País Vinhateiro do Alto Douro», publicado em legendas em
português e inglês e mandado reeditar pela Câmara dos Comuns da Grã-Bretanha, e
o «Douro Português e o País Adjacente», de grandes dimensões, que aquela mesma
Câmara mandou incorporar no «Blue Book».
As marcas que lançou nos
mercados nacionais e estrangeiros conquistaram grande prestígio, tal o cuidado
que pôs no trato e cultivo das excelentes vinhas que possuía no Douro e no
fabrico de vinhos generosos da sua lavra.História da Pousada Barão Forrester
História da Pousada Barão Forrester
José James era
popularíssimo no Porto e no Douro, tanto entre colónia inglesa como na melhor
sociedade, destacando-se pela elegância do trajar e pelos requintes de uma
educação esmerada. Afável, atencioso, escritor, artista e grande negociante de
vinhos licorosos – os vinhos que ele próprio tratava - , usufruía bem
justificado renome, tendo ficado famosas as reuniões que dava na sua casa
apalaçada da Ramada Alta.
A Gravura do Barão de Forrester 1835
Camilo publicou em 1884
uma tremenda «charge» aos saraus do Barão de Forrester, metendo impiedosamente
a ridículo os portuenses e convidados que lhe frequentavam a casa.
Desforçava-se, certamente de, de qualquer pretensa injúria dos amigos do Barão,
pois este, quando o opúsculo apareceu, já era morto há 23 anos. E no rodopio da
bordoada não escapou ninguém e até os mortos levaram para o seu tabaco, e com a
mesma crueldade com que tratou a gente da Assembleia Portuense, os de
«Palheiro», como ele os classificou.
Pousada
O folheto provocou ruidoso
escândalo, mas não diminuiu o prestígio da memória do Barão nem daqueles que
reunia à sua volta, tanto mais que, das mazelas apontadas e acerbamente
criticadas, a maior era a de gostarem e abusarem de libações do magnífico Vinho
do Porto.
Fonte: Almanaque Diário de
Notícias (1954)
Texto/Autor: Desconhecido
Fotos da Net /http://portoarc.blogspot.pt
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